Dom Pedro II ( RJ, 2/12/1825 – Paris, 5/12/1891), um entusiasta da fotografia

 

Dom Pedro II ( RJ, 2/12/1825 – Paris, 5/12/1891), um entusiasta da fotografia*

 

Dom Pedro II foi um entusiasta da fotografia, seja como mecenas seja colecionador. Foi o primeiro brasileiro a possuir um daguerreótipo, e, provavelmente, o primeiro fotógrafo nascido no Brasil. Devido ao seu interesse no assunto, implantou e ajudou decisivamente o desenvolvimento da fotografia no país. Sua filha, a princesa Isabel (1846-1921), foi, inclusive, aluna do fotógrafo alemão Revert Henrique Klumb (c. 1826- c. 1886). Ao ser banido do país, em 1889, pelos republicanos, Pedro II doou à Biblioteca Nacional a coleção de cerca de 25 mil fotografias, que então denominou, juntamente com a coleção de livros, de Coleção Dona Theresa Christina Maria.  Segundo Pedro Vasquez, essa coleção é, até hoje, “o mais diversificado e precioso acervo dos primórdios da fotografia brasileira jamais reunido por um particular, e tampouco por uma instituição pública”.

A velocidade com que a notícia do invento do daguerreótipo chegou ao Brasil é curiosa: em 7 de janeiro de 1839, na Academia de Ciências da França, foi anunciada a descoberta da daguerreotipia, um processo fotográfico desenvolvido por Joseph Nicèphore Niépce (1765-1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851); cerca de 4 meses depois, foi publicado no Jornal do Commercio, de 1º de maio de 1839, sob o título “Miscellanea”, na segunda coluna, um artigo sobre o assunto – apenas 10 dias após de ter sido o tema de uma carta do inventor norte-americano Samuel F. B. Morse (1791 – 1872), escrita em Paris em 9 de março de 1839, para o editor do New York Observer, que a publicou em 20 de abril de 1839.

Acessando o link para as fotografias de dom Pedro II disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

O interesse de dom Pedro II pela fotografia teve quase a mesma idade do próprio daguerreótipo: menos de um ano após o anúncio oficial da invenção, feito por François Arago, em 19 de agosto de 1839, na França, ele, aos 14 anos, adquiriu o equipamento, em março de 1840, mesmo ano em que o abade francês Louis Comte (1798 – 1868) apresentou-lhe o invento, no Rio de Janeiro (Jornal do Commercio, de 17 de janeiro de 1840, na primeira coluna; e de 20 de janeiro de 1840, na terceira coluna).

Por sediar o Império, o Rio de Janeiro foi a capital da fotografia no Brasil. O imperador foi retratado por diversos fotógrafos, dentre eles Marc Ferrez (1843-1923) e Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912), tendo conhecido praticamente o trabalho de todos eles. A fotografia passou a ser o instrumento de divulgação da imagem de dom Pedro II, “moderna como queria que fosse o reino”, segundo comenta Lilia Moritz Schwarcz no livro As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos, e tornou-se também mais um símbolo de civilização e status.

Foi um dos primeiros monarcas a oferecer seu real patrocínio a um fotógrafo, juntamente com a rainha Victoria da Inglaterra (1819 – 1901), quando, em 1851, permitiu que Buvelot & Prat, que haviam realizado uma série de daguerreótipos de Petrópolis – todos desaparecidos – usassem as armas imperiais na fachada de seu estabelecimento fotográfico.

Dom Pedro II governou o Brasil de 23 de julho de 1840 a 15 de novembro de 1889 e, segundo José Murilo de Carvalho, o fez “com os valores de um republicano, com a minúcia de um burocrata e com a paixão de um patriota. Foi respeitado por quase todos, não foi amado por quase ninguém”. Em seus quase 50 anos de governo – só superados pelas rainhas Vitória (1819 – 1901) e Elizabeth II (1926 -), ambas da Inglaterra – o tráfico de escravizados e a escravidão foram abolidos, a unidade do Brasil foi consolidada, as principais capitais brasileiras se modernizaram, a ciência e a cultura se desenvolveram. Sinais, sobretudo estes últimos, de um reinado que, não obstante o conservadorismo escravista dominante, perseguiu sempre uma pauta liberal, humanista e civilizatória.

Em seu diário de 1862, Pedro II declarou: “Nasci para consagrar-me às letras e às ciências, e, a ocupar posição política, preferia a de presidente da República ou ministro a imperador”. De fato, no século XIX, muito do que se fez no Brasil nos campos das letras e das ciências deveu-se a ele, um dos monarcas mais eruditos de sua época.

Lista dos Fotógrafos Imperiais, na ordem cronológica em que foram agraciados com este título, segundo Guilherme Auler (1914-1965), sob o pseudônimo de Ricardo Martim, em dois artigos publicados na Tribuna de Petrópolis, em 1º e 8 de abril de 1956, segundo o livro O Brasil na fotografia oitocentista, de Pedro Vasquez:

Buvelot & Prat, título concedido em 8 de março de 1851 (província do Rio de Janeiro)

Joaquim Insley Pacheco, título concedido em 22 de dezembro de 1855 (província do Rio de Janeiro)

João Ferreira Villela, título concedido em 18 de setembro de 1860 (província de Pernambuco)

Revert Henrique Klumb, título concedido em 24 de agosto de 1861 (província do Rio de Janeiro)

Stahl & Wahnschaffe, título concedido em 21 de abril de 1862 (província do Rio de Janeiro)

Diogo Luiz Cipriano, título concedido em 20 de setembro de 1864 (província do Rio de Janeiro)

Antonio da Silva Lopes Cardoso, título concedido em 30 de novembro de 1864 (província da Bahia)

Thomas King, título concedido em 18 de maio de 1866 (província do Rio Grande do Sul)

José Ferreira Guimarães, título concedido em 13 de setembro de 1866 (província do Rio de Janeiro)

Pedro Satyro da Silveira*, título concedido na década de 1870  (província do Rio de Janeiro)

José Tomás Sabino, título concedido em 13 de agosto de 1873 (província do Pará)

Henschel & Benque, título concedido em 7 de dezembro de 1874 (província do Rio de Janeiro)

Pedro Hees *, título concedido em 1876 (província do Rio de Janeiro)

Antonio Henrique da Silva Heitor, título concedido em 2 de março de 1885 (província do Rio de Janeiro)

Fernando Skarke, título concedido em 14 de dezembro de 1886 (província de São Paulo)**

Juan Gutierrez de Padilla, título concedido em 3 de agosto de 1889 (província do Rio de Janeiro)

Ignácio Mendo, título concedido em 6 de agosto de 1889 (província da Bahia)

Apesar de não estarem na lista de Auler, os fotógrafos Mangeon & Van Nyvel, radicados no Rio de Janeiro e Luiz Terragno (c. 1831 – 1891), do Rio Grande do Sul, também anunciavam esse título e as armas imperiais no verso de suas fotografias. Já Marc Ferrez foi o único com a distinção de Fotógrafo da Marinha Imperial. Seis fotógrafos estrangeiros também foram agraciados com o título de fotógrafos imperiais: o francês Alphonse Liebert, o português Joaquim Coelho da Rocha, o austríaco Guilherme Perimutter, os tchecos Franz Piedrich e Charles Molock; e o italiano Francesco Pesce.

Pedro Hees e Pedro Satyro da Silveira foram incluídos na lista desse artigo em março de 2019. A inclusão foi baseada no trabalho Photographos da Casa Imperial: A Nobreza da Fotografia no Brasil do Século XIX, de Danielle Ribeiro de Castro.

Cronologia de dom Pedro II 

Alphonse Léon Nöel; Victor Frond. Dom Pedro II, 1861. Paris, França / Acervo FBN

 

1825 – Em 2 de dezembro, nascimento de Pedro II, às 2h30 da manhã, no Paço de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, filho mais novo do imperador dom Pedro I do Brasil (1798 – 1834) e da imperatriz dona Maria Leopoldina de Áustria (1797 – 1826) (Diário do Rio de Janeiro, de 5 de dezembro de 1825).

Foi batizado, em 9 de dezembro, e seu nome completo era Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Bourbon. Um pouco menor que o nome do seu pai, Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon (Império do Brasil: Diário Fluminense, de 10 de dezembro de 1825).

1826 – Em agosto, foi oficialmente reconhecido como herdeiro do trono brasileiro com o título de príncipe imperial .

Sua mãe, a imperatriz Leopoldina, faleceu em 11 de dezembro de 1826, poucos dias após dar a luz a um menino natimorto (Diário do Rio de Janeiro, de 15 de dezembro de 1826). Foi com a monarca que Carl Friedrich Phillip von Martius (Erlanger, Alemanha, 1794 – Munique, Alemanha, 1868), renomado naturalista do século XIX, veio ao Brasil, onde ficou de 1817 a 1820, como um dos integrantes da Missão Austríaca, que a acompanhou na ocasião de seu casamento com D.Pedro I.

1829 – O imperador Pedro I casou-se com a duquesa Amélia de Leuchtenberg (1812 – 1873), com quem, apesar de ter convivido pouco, o príncipe Pedro estabeleceu um relacionamento afetuoso (Imperio do Brasil: Diário Fluminense, de 8 de outubro de 1829, sob o título “Baviera”).

1831 – Em 7 de abril, o imperador Pedro I abdicou (Aurora Fluminense, de 11 de abril de 1831). O príncipe imperial Pedro tornou-se “Dom Pedro II, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil“, sendo aclamado por uma multidão. Dom Pedro I deixou seu filho aos cuidados do tutor José Bonifácio de Andrada (1763 – 1838), de dona Mariana Carlota de Verna Magalhães Coutinho (? – 1855), tornada condessa de Belmonte, em 5 de maio de 1844, aia de Pedro II desde seu nascimento, a quem ele chamava de Dadama; e de Rafael, que era um empregado do paço em quem Pedro I possuía grande confiança.

No mesmo dia da abdicação, foi eleita, no Senado, a Regência Provisória, formada pelos senadores Nicolau do Campos Vergueiro (1788 – 1859), por José Joaquim de Campos (1768 – 1836), o Marquês de Caravelas, e pelo senador Francisco de Lima e Silva (1785 – 1853), pai de Luís Alves de Lima e Silva (1803 – 1880), o Duque de Caxias.

Dom Pedro I partiu para a Europa com dona Amélia, em 13 de abril (Diário do Rio de Janeiro, de 14 de abril de 1831). Links para as cartas de despedida de dona Amélia, disponível no Correio IMS, e de Pedro I, ambas para dom Pedro II.

Em 17 de  junho, a Regência Trina Permanente foi eleita pela Assembleia Geral. Era composta pelo deputado da Bahia, José da Costa Carvalho (1796 – 1860), o Marquês de Monte Alegre; do Maranhão, João Bráulio Moniz (1796 – 1835), e pelo senador Francisco de Lima e Silva (1785 – 1853), do Rio de Janeiro (Aurora Fluminense, de 20 de junho de 1831, na primeira coluna, sob o título “Rio de Janeiro”).

1833 - Em 15 de dezembro, José Bonifácio foi substituído pelo marquês de Itanhaém, Manuel Inácio de Andrada Souto Pinto Coelho (1782 – 1867), que passou a ser, por decreto, tutor de dom Pedro II (Jornal do Commercio, 17 de dezembro de 1833, na segunda coluna, sob o título “Rio de Janeiro”).

1834 - Em 12 de agosto foi aprovado o Ato Adicional, que estipulou o fim da Regência Trina e alterou a Constituição de 1824, autorizando cada uma das províncias a criar uma Assembleia Legislativa. A situação política do país se acalmou.

Em 24 de setembro, morreu, em Portugal, dom Pedro I (Diário do Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 1834).

1835 - Em 7 de janeiro, teve início a Cabanagem no Pará.

Em abril, realizaram-se as eleições para a primeira Regência Una. Venceu o padre Diogo Antônio Feijó (1784 – 1843), um dos líderes progressistas e antigo ministro da Regência Trina Permanente.

Em 20 de setembro, iniciou-se a revolta Farroupilha, no Rio Grande do Sul.

Diogo Antônio Feijó (1784 – 1843) assumiu a Regência Una em outubro (Aurora Fluminense, de 12 de outubro de 1835).

1837 - Para tentar acabar com o avanço da Cabanagem e da Farroupilha, movimentos revoltosos contra o governo, Feijó pediu a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do aumento dos efetivos militares do governo. Seu pedido foi negado e ele renunciou. O presidente da Câmara dos Deputados e líder da facção regressista, o marquês de Olinda, Pedro Araújo Lima (1793 – 1870), assumiu provisioriamente a regência (Jornal do Commercio, de 25 de setembro de 1837, na primeira coluna).

Em novembro, teve início a Sabinada, na Bahia.

Em 2 de dezembro, por decreto, foi fundado o Colégio Pedro II.

1838 – O senador Pedro Araújo Lima (1793 – 1870) foi eleito o novo regente, cujo mandato se prolongaria até 1842.

Foi criado, em 21 de outubro, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (Jornal do Commercio, de 18 de outubro de 1838, na primeira coluna).

Em 13 de dezembro, teve início a Balaiada no Maranhão.

1839 – O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro recebeu o patronato do imperador dom Pedro II , que além de seu protetor, tornou-se um ativo membro, tendo presidido centenas de sessões.

1840 – O abade francês Louis Comte (1798 – 1868), capelão da corveta L´Oriental-Hydrographe, fez na hospedaria Pharoux, a primeira apresentação do daguerreótipo no Brasil e na América Latina, realizando um ensaio fotográfico (Jornal do Commercio, de 17 de janeiro de 1840, na primeira coluna). Dias depois, apresentou o invento a dom Pedro II (Jornal do Commercio, de 20 de janeiro de 1840, na terceira coluna). Em março do mesmo ano, com menos de 15 anos, dom Pedro II adquiriu o equipamento, através do negociante Felício Luzaghy.

O Brasil encontrava-se em uma situação delicada com as revoltas e dom Pedro II só poderia ser declarado maior com 18 anos de idade. Além disso, a Regência sempre motivaria conflitos políticos. Em abril, o senador do Partido Liberal, José Martiniano de Alencar (1794 – 1860), pai do romancista José de Alencar, propôs a criação da Sociedade Promotora da Maioridade, que passou a se chamar Clube da Maioridade. Seu presidente, Antônio Carlos de Andrada (1773 – 1845), levou a campanha para as ruas, conseguindo a adesão do povo.

Em 23 de julho, dom Pedro II foi emancipado pela Assembleia Geral Legislativa do Brasil (Diário do Rio de Janeiro, de 27 de julho de 1840, sob o título “Rio de Janeiro”).

1841 – Em 18 de julho, realização da sagração e da coroação de dom Pedro II, imperador do Brasil (Diário do Rio de Janeiro, de 19 de julho de 1941Jornal do Commercio, de 18 e 19 de julho de 1941, na segunda coluna e de 20 de julho, com ilustração de dom Pedro II coroado e da varanda da coroação). A cidade do Rio de Janeiro foi embelezada para a cerimônia e as festas se estenderam até o dia 24 de julho, quando foi realizado um grande baile de gala no Paço da cidade.

Terminou a revolta da Balaiada.

1842 / 1843 – Entre dezembro de 1842 e princípio de 1843, d.Pedro II foi apresentado ao fotógrafo norte-americano Augustus Morand, que ficou no Rio de Janeiro até abril de 1843, tendo produzido daguerreótipos do monarca, da família imperial e vistas dos arredores do Palácio Real de São Cristóvão.

1843 – Em 30 de maio, dom Pedro II e dona Teresa Cristina (1822 – 1889), princesa das Duas Sicílias, casaram-se por procuração, em Nápoles. Como eles eram primos, tiveram que obter licença de Roma. Em 3 de setembro, ela chegou ao Rio de Janeiro. Eles se encontraram pela primeira vez, a bordo da fragata Constituição (Jornal do Commercio, de 4 de setembro, na última colunae de 5 de setembro de 1843, na primeira coluna, ambas sob o título “Jornal do Commercio”)Dom Pedro II ficou muito decepcionado com a aparência de sua esposa .

1845 – Em 23 de fevereiro, nasceu o primeiro filho do casal, dom Afonso (Diário de Rio de Janeiro, de 24 de fevereiro de 1845, sob o título “O Diário”).

Em 1º de março, fim da Farroupilha.

Em 6 de agosto, dom Pedro II viajou para o sul do Brasil e visitou as províncias de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.

1846 – Nasceu a primeira filha do casal real, a princesa Isabel, em 29 de julho (Diário do Rio de Janeiro, edição de 30 de julho de 1846, sob o título “Parte official”).

1847 – Morreu dom Afonso, em 11 de junho (Diário do Rio de Janeiro, de 12 de junho de 1847) e nasceu a princesa Leopoldina, segunda filha do casal, em 13 de julho (Diário do Rio de Janeiro, de 14 de julho de 1847, sob o título “O Diário”). Dom Pedro II percorreu a província do Rio de Janeiro.

1848 – Nasceu dom Pedro Afonso, segundo filho do casal, em 19 de julho (Diário do Rio de Janeiro, de 20 de julho de 1848).

Teve início a Revolução Praieira, em Pernambuco. De caráter liberal e federalista, ganhou o nome de Praieira, pois a sede do jornal Diário Novo, comandado pelos revoltosos, ficava na rua da Praia.

1849 – O primo de d. Pedro II, Henrique Guilherme Adalberto da Prússia (1811-1873), em seu diário sobre a visita que havia feito ao Brasil, comentou que d. Pedro II fazia experimentos com o daguerreótipo.

1850 – Morreu dom Pedro Afonso, em 10 de janeiro (Diário do Rio de Janeiro, de 11 de janeiro de 1850). O túmulo dos únicos filhos homens de Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina, os Príncipes Imperiais Afonso Pedro de Bragança (1845 – 1847) e Pedro Afonso de Bragança (1848 – 1850) estão no Mausoleu do Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro.

Foram promulgados o Código Comercial, baseado nos Códigos de Comércio de Portugal, França e Espanha; e a Lei de Terras,  que foi regulamentada em 1854. Esta lei estabelecia a compra como a única forma de acesso à terra e abolia, em definitivo, o regime de sesmarias.

Fim da Revolução Praieira (O Brasil, de 16 de abril de 1850, sob o título “Notícias Provinciaes”, na primeira coluna).

Em 4 de setembro, a Lei Eusébio de Queiroz pôs fim ao tráfico negreiro (Diário do Rio de Janeiro, de 5 de setembro de 1850).

O governo brasileiro rompeu relações com a Confederação Argentina, governada por Juan Manuel de Rosas (1793 – 1877).

1851 – Brasil, Uruguai e as províncias argentinas de Entre Ríos e Corrientes firmaram, em Montevidéu, uma aliança ofensiva e defensiva contra Rosas, que declarou guerra ao Império brasileiro.

Tornou-se um dos primeiros monarcas a oferecer seu real patrocínio a um fotógrafo, juntamente com a rainha Victoria da Inglaterra (1819 – 1901), quando, em 8 de março de 1851, permitiu que Buvelot & Prat, que haviam realizado uma série de daguerreótipos de Petrópolis – todos desaparecidos – usassem as armas imperiais na fachada de seu estabelecimento fotográfico.

1852 – Em fevereiro, Rosas foi derrotado pelo general Justo José de Urquiza (1801-1870) com o apoio do Brasil, na Batalha de Monte Caseros (Correio da Tarde, de 24 de fevereiro de 1952).

Início da telegrafia elétrica no Brasil. Telegramas foram trocados entre o imperador, que se encontrava na Quinta de São Cristóvão, e o ministro da Justiça, Eusébio de Queiroz (1812 – 1868), e o professor Guilherme Schüch de Capanema (1824 – 1908), que estavam no Quartel General, no Campo da Aclamação, atual Campo de Santana.

1854 – No Rio de Janeiro, instalação da iluminação à gás (Jornal do Commercio, de 25 de março de 1854, na penúltima coluna).

Inauguração da estrada de ferro que ligava a Corte à Petrópolis (Jornal do Commercio, de 1º de maio de 1854, na última coluna).

1855 - Em 17 de outubro, morte de Mariana Carlota de Verna Magalhães Coutinho (1779 – 1855), a Dadama, aia e governanta de dom Pedro II, vitimada pela cólera-morbo (Diário do Rio de Janeiro, 18 de outubro de 1855, na segunda coluna).

1856 – Dom Pedro II conheceu a tutora de suas filhas, a condessa de Barral, Luisa Margarida Portugal de Barros (1816 – 1891), por quem se apaixonou e se correspondeu intensamente ao longo de 26 anos de relacionamento. Cartas trocadas entre os dois estão disponíveis no Correio IMS: em 12 de junho de 1876, em 15 de março de 1877, em 29 de março de 1877 e em 7 de junho de 1880.

1857 – Foi criada a Imperial Academia de Música e a Ópera Nacional (Jornal do Commercio, de 7 de junho de 1857, sob o título “Publicações a pedido”).

1859 – Publicação de um esboço biográfico de dom Pedro II, de autoria, segundo a historiadora Cristiane Garcia Teixeira, doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina, de Machado de Assis (1839 – 1908) (O Espelho, 6 de novembro de 1859; Uol, 17 de setembro de 2020).

Dom Pedro II viajou para as províncias do Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Quando visitou Recife, em outubro, o fotógrafo João Ferreira Villela (18? -?) ofereceu a ele seis molduras douradas com imagens obtidas sobre chapas metálicas: do Pavilhão construído a mando da Câmara Municipal para a recepção do imperador, do porto de desembarque do imperador com quiosque, dois barracões, chafariz e cais do Colégio; da continuação da citada vista com o mastro norte do pavilhão da Câmara e mosqueiro com todas as embarcações ali fundeadas; de uma marinha, do Templo dos Ingleses, na rua da Aurora; e do fim da rua da Cruz com o princípio do arsenal de Marinha. S. Majestade, com a bondade que todos conhecem, dignou-se receber o mimo, declarar que conhecia todas as vistas e achava bom o trabalho. Encomendou a Villela vistas de locais no interior de Pernambuco que havia conhecido. Ficou combinado que seriam remetidas para o Rio de Janeiro. É mais uma prova do quanto nosso adorado monarca aprecia e anima as artes assim como do valor e importância que dá ao que é nosso (Diário de Pernambuco, 26 de dezembro de 1859, quarta coluna).

1861 - Em dezembro, início da Questão Christie com o naufrágio e posterior pilhagem do navio inglês Prince of Wales nas costas do Rio Grande do Sul. O incidente diplomático envolvendo o Brasil Império e a Inglaterra foi batizado com esse nome porque o embaixador britânico no Brasil era William Dougal Christie (1816-1874).

1862 - Em 5 de dezembro, foram presos por terem causado distúrbios três oficiais da fragata inglesa Fort. Eles estavam bêbados e à paisana. O embaixador Christie exigiu a punição do chefe da polícia. Também cobrou o pagamento da indenização de 6 mil libras esterlinas pela pilhagem do navio inglês Prince of Wales. Esse fato teria gerado, segundo o historiador Bóris Fausto, um clima de “exaltação patriótica”. Houve manifestações populares contra a Grã-Bretanha, no Rio de Janeiro

1863 – Em janeiro, o governo brasileiro não atendeu às exigências de Christie e a Marinha inglesa fundeada no Rio de Janeiro bloqueou a baía de Guanabara e apreendeu 5 navios brasileiros. Sob protesto, em 26 de fevereiro, o Brasil pagou a indenização pelo Prince of Wales e Christie foi obrigado a deixar o país. O governo imperial brasileiro rompeu relações diplomáticas com a Inglaterra, em 25 de maio, pela ausência de desculpas do governo britânico.

1864 – Em 15 de outubro, casamento da princesa Isabel com o conde d´Eu (Diário do Rio de Janeiro, edição de 16 de outubro de 1864) e, em 15 de dezembro, casamento da princesa Leopoldina com o duque de Saxe (Diário do Rio de Janeiro, de 16 de dezembro de 1864). O conde d´Eu e o duque se Saxe eram primos.

O Paraguai declarou guerra ao Brasil, em dezembro.

1865 – Em 1º de maio, foi assinado o Tratado da Tríplice Aliança – Argentina, Brasil e Uruguai – contra o Paraguai.

Em 10 de julho, dom Pedro II partiu para o Rio Grande do Sul, devido à Guerra do Paraguai (Correio Mercantil, 20 de julho de 1865, primeira coluna). Foi publicado o poema O Embarque de Sua Majestade Imperial para o Rio Grande do Sul, de Sanches de Frias (1845 – 1922) (Correio Mercantil, 19 de julho de 1865, quinta coluna).

No Rio Grande do Sul, foi fotografado pelo italiano Luiz Terragno (c. 1831 – 1891).

Em 23 de setembro, as relações diplomáticas entre o Brasil e a Inglaterra foram reatadas (Jornal do Commercio, de 5 de outubro de 1865, na sétima coluna, sob o título “27 de setembro”).

1870 - Solano López morreu e a Guerra do Paraguai terminou (O Paiz, suplemento de 14 de abril de 1870).

1871  – Em 7 de fevereiro de 1871, a filha de dom Pedro II, a princesa Leopoldina de Saxe-Coburgo faleceu, em Viena (Diário de Notícias, de 7 de março de 1871).

Em 28 de de setembro de 1871, foi promulgada a Lei do Ventre Livre (Diário do Rio de Janeiro, edição de 30 de setembro de 1871).

1871 / 1872 – Em 25 de maio de 1871, dom Pedro II viajou pela primeira vez para a Europa e para o Oriente Médio. A princesa Isabel tornou-se, pela primeira vez, regente provisória. Em Lisboa, seu primeiro destino, dom Pedro visitou dona Amélia (1812 – 1873), viúva de dom Pedro I (1798 – 1834), no palácio das Janelas Verdes. Conheceu diversos intelectuais portugueses, entre eles, Alexandre Herculano (1810 – 1877). Depois foi à Espanha, à França, onde encontrou a condessa de Barral (1816 – 1891) e o filósofo Arthur de Gobineau (1816 -1882); à Inglaterra, à Bélgica, à Alemanha, onde conheceu o compositor Richard Wagner (1813 – 1883); à Áustria, à Itália, ao Egito, à Creta e à Suíça. Em 31 de março de 1872, retornou ao Rio de Janeiro (Diário do Rio de Janeiro, 1º de abril de 1872), trazendo o duque de Saxe, viúvo de de sua filha Leopoldina, e seus dois netos, Pedro Augusto (1866 – 1934) e Augusto Leopoldo (1867 – 1922), que seriam educados no Brasil.

1874 – Em 22 de junho, foi efetivada a ligação do Brasil a Portugal por telégrafo.

Teve início a revolta do Quebra-Quilos, quando várias cidades do nordeste se rebelaram contra o decreto que impunha a implantação de um novo sistema métrico. No ano seguinte, com a forte repressão promovida pelo governo imperial, a região foi pacificada.

1876 – Em março, dom Pedro II viajou para os Estados Unidos e para a Europa. Embarcou no Rio de Janeiro, no navio americano Hevelius, sob o comando do capitão Markwell (Diário do Rio de Janeiro, 26 de março de 1876, na terceira coluna). Acompanhando a comitiva real, estava o repórter J. O´Kelly, do jornal New York Herald. Chegou em Nova York, em 15 de abril (Diário do Rio de Janeiro, 20 de bril de 1876, segunda coluna). Visitou outras cidades como Chicago, Pittsburg e Washington. Inaugurou a Exposição da Filadélfia, que abriu ao lado do presidente Ulysses S. Grant (1822 – 1885), em 10 de maio, em meio a uma multidão de cerca de 200 mil pessoas. A cerimônia de abertura terminou no pavilhão de máquinas e equipamentos com Grant e Dom Pedro II acionando o motor a vapor Corliss Steam Engine (Diário do Rio de Janeiro, 12 de maio de 1876, primeira coluna).  Na exposição, esteve com os cientistas Thomas Edison (1847 – 1931) e Grahan Bell (1847 – 1922), que apresentou ao imperador sua invenção – o telefone. Foi também à Niagara Falls. Em 12 julho, partiu para a Europa no vapor Russia, da Cunard Line: foi a Londres e Bruxelas, onde encontrou o famoso médico francês Jean-Marie Charcot (1825 – 1893). Deixou a imperatriz Teresa Cristina em Gastein, na Áustria, para tratamento de saúde e partiu para a Grécia. No Oriente, a imperatriz e a condessa de Barral o encontraram. Foi à Roma, Viena e Paris, onde conheceu os intelectuais Jean Louis Quatrefages (1810 – 1892), Ernest Renan (1823 – 1892), Louis Pasteur (1822 – 1895) e Victor Hugo (1802 – 1885). Retornou em setembro.

1877 – Por ordem de dom Pedro II, foram instaladas linhas telefônicas entre as residências dos ministros e o palácio da Quinta da Boa Vista.

New York Herald relembrou a visita de Pedro II aos Estados Unidos, e apresentou a seguinte proposta: “Para nossa chapa Centenária, indicamos Dom Pedro II e Charles Francis Adams, para presidente e vice-presidente. Estamos cansados de gente comum, e sentimo-nos dispostos a apoiar gente de estilo”. O advogado, político, diplomata e escritor americano Charles Frances Adams ( 1807 – 1886) era neto do presidente John Adams e filho do presidente John Quincy Adams.

1878 – Dom Pedro II viajou para a província de São Paulo.

1879 – Inauguração da iluminação elétrica na Estação Central da Estrada de Ferro Dom Pedro II.

Em 28 de dezembro de 1879, início no Rio de Janeiro da Revolta do Vintém, contra a cobrança de um tributo instituído pelo ministro da fazenda, o visconde de Ouro Preto, Afonso Celso de Assis Figueiredo (1836 – 1912), de vinte réis, ou seja, um vintém, nas passagens dos bondes. O ministério, desmoralizado, caiu no ano seguinte e o imposto foi revogado.

1880 – Criação da Telephone Company of Brazil, primeira companhia telefônica nacional.

Dom Pedro II viajou ao Paraná, onde participou do lançamento da pedra fundamental da estrada de ferro Paranaguá – Curitiba, a ferrovia do Paraná (Dezenove de Dezembro, 9 de junho de 1880).

1881 – Em 9 de janeiro, aprovação da Lei Saraiva, que estabeleceu o voto direto e proibiu o voto dos analfabetos.

Dom Pedro II viajou para Minas Gerais.

1882 –  Caso do “Roubo das jóias da Coroa”: na madrugada de 17 para 18 de março de 1882, um ladrão invadiu o Palácio de São Cristóvão, residência da família imperial, e roubou  todas as jóias da imperatriz Teresa Cristina e da princesa Isabel. O tesouro foi avaliado em 400 contos de réis – verdadeira fortuna na época (Gazeta de Notícias, de 19 de março de 1882, na primeira coluna). As jóias foram encontradas dias depois na casa de um ex-empregado do palácio, Manuel de Paiva (Gazeta de Notícias, de 22 de março de 1882, na segunda coluna).

1883 – A cidade de Campos (RJ) tornou-se o primeiro município da América do Sul a receber iluminação elétrica pública.

Início da Questão Militar, uma série de conflitos entre autoridades da monarquia e os oficiais do Exército brasileiro, que fortaleceu a campanha republicana.

1885 – Promulgação da Lei dos Sexagenários, em 28 de setembro.

1886 – Dom Pedro II, dona Teresa Cristina e a comitiva imperial viajaram para a província de São Paulo entre outubro e novembro (Correio Paulistano, 19 de outubro 20 de novembro de 1886).

1887 / 1888 – Em 30 de junho de 1887, dom Pedro II viajou pela terceira vez para a Europa. Seu primeiro destino foi Portugal. De lá, seguiu para Paris. Aconselhado por médicos, seguiu para Baden-Baden, e retornou a Paris, onde visitou intelectuais, entre eles, Louis Pasteur. Fez um cruzeiro pela Riviera italiana e foi para a estação de cura de Aix-les-Bains, na França. Também visitou, atendendo a um desejo de sua esposa, dona Teresa Cristina Maria, as ruínas de Pompeia (Gazeta de Notícias, 17 de junho de 1888, quarta coluna). Em 22 de agosto de 1888, retornou ao Rio de Janeiro (Gazeta de Notícias, 23 de agosto de 1888, primeira coluna).

1888 – Foi abolida a escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888 (O Paiz, de 14 de maio de 1888).

1889 – O imperador Pedro II sofreu um atentado (O Paiz, 16 de julho de 1889, sexta coluna).

Em 9 de novembro, foi realizado o baile da Ilha Fiscal (Gazeta de Notícias, de 11 de novembro de 1889), que passou à história como o último baile da monarquia no Brasil. Reza a lenda que dom Pedro II, durante a festividade, teria tropeçado em um tapete e teria comentado: “O monarca tropeçou, mas a monarquia não caiu“. Ironia do destino?

Em 15 de novembro, foi proclamada a República (Gazeta de Notícias, 16 de novembro de 1889). Quando foi deposto, dom Pedro II tinha governado por 49 anos, três meses e 22 dias. Só foi superado pela rainhas Vitória (1819-1901) e Elizabeth II (1926-), ambas da Inglaterra.

Em 17 de novembro, a família real partiu para o exílio, na Europa, a bordo do Alagoas (Gazeta de Notícias, edição de 18 de novembro de 1889, sob o título “O Embarque do Imperador”, na segunda coluna).

Chegaram em Lisboa em 7 de dezembro. Visitaram Coimbra e o Porto, onde a imperatriz Teresa Cristina faleceu, em 28 de dezembro.

1890 / 1891 – Pedro II passou esses anos entre Cannes, Vichy, Versalhes e Baden-Baden.

1891 – Em 14 de janeiro, faleceu a Condessa de Barral, em Paris (Diário de Notícias, 16 de janeiro de 1891).

Em 24 de outubro, dom Pedro II chegou em Paris, onde se hospedou no Hotel Bedford, número 17 da rua de l’Arcade.

Em 5 de dezembro, Pedro II faleceu, de pneumonia (O Paiz, de 6 de dezembro de 1891, e Gazeta de Notícias, de 6 de dezembro de 1891).

Registro de morte de dom Pedro II

Registro de morte de dom Pedro II

Tradução do registro de morte do imperador:

Nós, abaixo assinados, Professores da Faculdade de Medicina e doutores em medicina, certificamos que Dom Pedro II d’Alcantara morreu em 5 de Dezembro de 1891 à meia noite e 35 (da manhã) no hotel Bedford, 17 rue de l’Arcade, em Paris, em conseqüência de uma pneumonia aguda do pulmão esquerdo.

Paris, 5 de dezembro de 1891

J.M Charcot

C. de Motta Maia

Bouchard

Link para o registro da morte de Pedro II.

 

 

Quando seu corpo estava sendo preparado para o velório, foi encontrado um pacote lacrado nos aposentos do imperador com a mensagem: “É terra de meu país. Desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha pátria”. Em seu leito de morte, um livro, simbolizando que sua mente descanava sobre o conhecimento, foi colocado sob sua cabeça.

 

 

Ao final da tarde do dia 5, centenas de coroas de flores, uma delas enviada pela rainha Vitória , e mais de cinco mil telegramas já haviam chegado ao Hotel Bedford. O caixão foi coberto pela bandeira imperial e o presidente francês, Sadi Carnot (1837 – 1894), determinou honras militares, fatos que irritaram o governo brasileiro.

Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, a morte do imperador teve grande repercussão no Brasil “apesar dos esforços do governo para a abafar. Houve manifestações de pesar em todo o país: comércio fechado, bandeiras a meio pau, toques de finados, tarjas pretas nas roupas, ofícios religiosos“.

Na noite do dia 8, seu corpo, já embalsamado, foi levado, em cortejo oficial no mesmo carro usado nos funerais do ex-presidente Adolphe Thiers (1797 – 1877), para a igreja da Madeleine. No dia seguinte,  houve exéquias solenes com a presença de autoridades francesas e de outros países, além de personalidades como sua filha, a princesa Isabel; o escritor português Eça de Queirós (1845 – 1900) e o diplomata Joaquim Nabuco (1849 – 1910), na época correspondente do Jornal do Brasil na França, que escreveu:

Mais do que isso, infinitamente, D. Pedro II preferia ser enterrado entre nós, e por certo que o tocante simbolismo de fazerem o seu corpo descansar no ataúde sobre uma camada de terra do Brasil interpreta o seu mais ardente desejo. Ao brilhante cortejo de Paris ele teria preferido o modesto acompanhamento dos mais obscuros de seus patrícios, e daria bem a presença de um dos primeiros exércitos do mundo em troca de alguns soldados e marinheiros que lhe recordassem as gloriosas campanhas nas quais seu coração se enchera de todas as emoções nacionais. Mas foi a sua sorte morrer longe da Pátria. É uma consolação, para todos os brasileiros que veneram o seu nome, ver que ele, na sua posição de banido, recebeu da gloriosa nação francesa as supremas honras que ela pode tributar. No dia de hoje o coração brasileiro pulsa no peito da França.”

Jornal do Brasil, 9 de dezembro de 1891, terceira coluna

Da igreja partiu um imenso cortejo – calcula-se que cerca de 200 mil pessoas o acompanhou – e, ao som da Marcha Fúnebre de Frédéric Chopin (1810 – 1849), o corpo foi levado para a estação de Austerlitz, seguindo de trem para Portugal. No dia 12, foram realizados os funerais em São Vicente de Fora, nos arredores de Lisboa. O corpo de dom Pedro II foi colocado no jazigo da família Bragança, entre o de sua esposa, Teresa Cristina (1822 – 1889), e de sua madrasta, dona Amélia de Leuchtenberg (1812 – 1873).

 

Le Petit Journal, 26 de dezembro de 1891

Os funerais do imperador do Brasil / Le Petit Journal, 26 de dezembro de 1891

 

No New York Times, de 5 de dezembro, vários elogios foram feitos a dom Pedro II: havia sido o mais ilustrado monarca do século e havia tornado o Brasil tão livre quanto uma monarquia pode ser. A imprensa brasileira também manifestou-se, em sua maioria, elogiosamente a ele. A exceção foi o Diário de Notícias, e alguns clubes republicanos que protestaram contra as homenagens, vendo nelas, segundo o historiador José Murilo de Carvalho, “manobras monarquistas. Foram vozes isoladas“.

Mesmo os republicanos como Quintino Bocaiuva (1836 – 1912) e José Veríssimo (1857 – 1916), seus adversários políticos, salientaram suas qualidades, dentre elas a simplicidade, o patriotismo, o espírito de justiça e liberdade.

Sobre Pedro II, Quintino Bocaiuva declarou: “A república, que na hora do seu trinfo foi magnânima; hoje, no momento em que desaparece dentre os vivos o Sr. D. Pedro de Alcântara, só pode ter e só deve ter para com a sua memórioa o respeito devido a um brasileiro ilstre que, ao menos pelo seu carater e virtudes pessoais, não desonrou o Brasil e desempenhou, como pode, ou como soube, com boa intenção e ânimo reto, as altas funções de que foi investido como chefe supremo da nação brasileira ” (O Paiz, 6 de dezembro de 1891, penúltima coluna).

Segundo Veríssimo em sua coluna “Às Segundas-feiras”, intitulada Pedro II, durante o governo do monarca: “Todos pensávamos como queríamos e dizíamos o que pensávamos. Eu não sei que maior elogio se possa fazer a um estadista” (Jornal do Brasil, 8 de dezembro de 1891, última coluna).

1920 – O projeto do deputado mineiro Francisco Valadares (18? – 1933) requerendo a revogação do banimento da família imperial do Brasil, que havia sido apresentado em dezembro de 1919 e arquivado, recebeu em 1920 um parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça e foi rapidamente aprovado no Congresso. Em 3 de setembro de 1920, no Palácio do Catete, o presidente Epitácio Pessoa (1865 – 1942) assinou, com uma caneta de ouro adquirida a partir da arrecadação de dinheiro mediante subscrição pública promovida pelo jornal A Rua, o decreto que revogava o banimento da família imperial. A cerimônia foi realizada com a presença de comissões de instituições importantes como o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, a Academia Brasileira de Letras e a Associação Brasileira de Imprensa. O decreto também autorizava o Poder Executivo, mediante concordância da família do ex-imperador e do governo de Portugal, a trasladar para o Brasil os despojos mortais de dom Pedro II e de dona Teresa Christina (A Rua, 4 de setembro de 1920, primeira coluna).

1921 - Chegaram no Rio de Janeiro os corpos de dom Pedro II e de dona Teresa Cristina, que estavam no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. Viajaram no encouraçado São Paulo, que havia transportado do Brasil à Europa os reis da Bélgica. O conde d´Eu (1842 – 1922), seu filho, o príncipe Dom Pedro (1875 – 1940), e o barão de Muritiba (1839 – 1922) acompanharam a viagem dos despojos (O Paiz, de 9 de janeiro de 1921Careta, 15 de janeiro de 1921). A princesa Isabel não chegou a se beneficiar da revogação do banimento da família real do Brasil porque faleceu em 14 de novembro de 1921. Os corpos de dom Pedro II e de dona Teresa Cristina ficaram na Catedral Metropolitana.

 

 

 

1925 – Os  restos mortais dos monarcas foram para a Catedral de Petrópolis.

Foi publicada em O Jornal, primeiro órgão de comunicação dos Diários Associados, uma edição comemorativa pelo centenário de nascimento de d. Pedro II, com um artigo escrito pelo proprietário do grupo, Assis Chateaubriand, intitulado “Professor de elites – A obra mais interessante de Pedro II consistiu na formação das elites no Brasil” (O Jornal, 2 de dezembro de 1925).

1939 – Em 5 de dezembro, foram para o Mausoléu Imperial, uma capela localizada à direita da entrada da Catedral de Petrópolis, numa cerimônia na qual estava presente o presidente da República, Getulio Vargas (1882 – 1954). O túmulo foi esculpido em mármore de Carrara pelo francês Jean Magrou (1869 – 1945) e pelo brasileiro Hildegardo Leão Veloso (1899 – 1966) (Jornal do Brasil, de 6 de dezembro de 1939).

Para a elaboração dessa cronologia, além da pesquisa em inúmeros jornais da Hemeroteca da Biblioteca Nacional, a Brasiliana Fotográfica também se valeu, principalmente, dos livros Pedro II: ser ou não ser, de José Murilo de Carvalho, e As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos, de Lilia Moritz Schwarcz.

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

*Esse artigo foi atualizado em 17 de setembro de 2020.

**Essa data foi modificada em 27 de outubro de 2020, baseada no documento original enviado para a pesquisadora Andrea Wanderley pelo bisneto do fotógrafo, Luiz Pitombo.

Fontes:

BARMAN, Roderick J. Imperador cidadão: e a Construção do Brasil. São Paulo : Editora UNESP, 2012.

BESOUCHET, Lídia. Exílio e morte do Imperador. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1975

CARVALHO, José Murilo. Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

DIAS, Fabiana Rodrigues. Polifonia e consenso nas páginas da Revista do IHGB: a questão da mão de obra no processo de consolidação na nação, na revista História da Historiografia, de setembro de 2010.

FLETCHER, James Cooley ; KIDDER, Daniel Parrish. O Brasil e os brasileiros. Brasil: Companhia Editora Nacional, 1941.

HARING, Bertita. O Trono do Amazonas – a história dos Braganças no Brasil – José Olympio, RJ, 1944.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KHATLAB, Roberto. As viagens de D. Pedro II: Oriente médio e áfrica do norte, 1871 e 1876. São Paulo : Benvirá, 2015.

PAGANO, Sebastião. Eduardo Prado e Sua Época – O Cetro, SP, 1960.

REZUTTI, Paulo. D. Pedro II – A história não contada: O último imperador do Novo Mundo revelado por cartas e documentos inéditos. Portugal : Editora Leya, 2019.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

SEGALLA, Lygia: Victor Frond – Luzes sobre um Brasil pitoresco, 2007.

SILVA, Mauro Costa; MOREIRA, Ildeu de Castro. A introdução da telegrafia elétrica no Brasil (1852-1870), publicado na Revista da SBHC, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 47-62, jan | jul 2007

Site Câmara dos Deputados

Site Ministério das Relações Exteriores

Site Museu Imperial

Site MultiRio

VASQUEZ, Pedro Karp. O Brasil na fotografia oitocentista. São Paulo: Metalivros, 2003.

VASQUEZ, Pedro Karp. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 1985.

WILLIAMS, Mary Wilhelmine. Dom Pedro the Magnanimous – the second emperor of Brazil. Oxon, Inglaterra: Frank Cass & Company Limited, 1966.

O fotógrafo Augusto Stahl (Itália 23/05/1828 – França, 30/10/1877)

Théophile Auguste Stahl é considerado um dos mais importantes fotógrafos que atuaram no Brasil no século XIX, tendo se dedicado tanto aos retratos como às paisagens – rurais e urbanas -, sempre com uma alta qualidade técnica e estética. Também destacou-se na reportagem etnográfica. Nascido em Bergamo, na Itália, em 23 de maio de 1828, originário de uma família da Alsácia, na França, pouco se sabe sobre sua vida na Europa, antes de vir para o Brasil, onde desembarcou do vapor inglês Thames, na cidade do Recife, em 31 de dezembro de 1853. Não se sabe com quem e onde aprendeu a fotografar.  É autor de uma obra importante e abrangente e foi um dos primeiros fotógrafos a produzir cartões de visita, os cartes de visite, no país. Teve estúdios no Recife e, a partir de 1862, estabeleceu-se no Rio de Janeiro. Foi agraciado por d. Pedro II (1825 – 1891) com o título de “Fotógrafo de S.M , o Imperador”. O ex-curador de fotografia do Museu Getty, na Califórnia, e do Museu Metropolitano de Nova York, Weston Naef (1942 – ), no livro Pioneer photographers of Brazil, de 1976, referiu-se a Stahl como um dos fotógrafos da vanguarda dos anos 1850 … a acuidade de sua visão e notável aptidão para descobrir o ângulo mais apropriado para fotografar um tema o coloca entre os 12 mais importantes fotógrafos de todos os tempos….

Acessando o link para as fotografias de Augusto Stahl disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

No Recife, onde ficou de 1853 a 1861, teve três estúdios: na rua do Crespo, na rua Nova e no Aterro da Boa Vista, posteriormente rebatizada como rua da Imperatriz. Além de produzir retratos, fotografou as paisagens do Recife, de Olinda, de Goiana e do interior de Pernambuco. Também registrou a estrada de ferro Recife – São Francisco. Em 1858, associou-se ao químico fotógrafo Adolpho Schmidt e ao artista pintor Germano Wahnschaffe, alemão de Hamburgo. Uma das pinturas de Germano, a Cachoeira de Paulo Afonso, foi publicada no artigo O interesse de d. Pedro II pelo rio São Francisco, da Brasiliana Iconográfica.

Em 1859, mesmo ano em que Schmidt deixou a sociedade, dom Pedro II e a imperatriz Teresa Cristina (1822 – 1889) visitaram o norte do país. No Recife, Stahl fotografou o evento e o próprio casal real, em 1º de dezembro. Stahl inovou registrando a chegada e o desembarque dos monarcas na direção contrária, ou seja, do mar para a terra. Stahl & C. receberam de Pedro II a licença de usar o título de Fotógrafo de Sua Majestade Imperial.

 

 

O imperador sugeriu que ele fotografasse as quedas de Paulo Afonso, no norte da Bahia. Uma imagem que ele produziu de Paulo Afonso é considerada muito importante na história da fotografia no Brasil. Segundo Bia Correa do Lago, no livro Os fotógrafos do império: ...Justapõe dois negativos para transmitir plenamente – dentro dos limites técnicos da época – toda a monumentalidade do fenômeno natural , e escolhe deliberadamente como personagem central, para aumentar a escala, uma criança negra.

Stahl participou de diversas mostras, tendo sido premiado com uma menção honrosa na Primeira Exposição Nacional, em 1861. Na Segunda Exposição Nacional, em 1866, participou com fotografias, retratos da família real em fotopintura por Ulrich Steffen, retratos de negros, vistas de subúrbios e um panorama do Rio de Janeiro. Foi premiado com a medalha de prata.

 

 

Em 4 de fevereiro de 1862, embarcou para o Rio de Janeiro a bordo do vapor Paraná e deixou como sucessor, no Recife, Leon Chapelin. Estabeleceu-se na rua do Ouvidor, 117 , e, nos cerca de oito anos durante os quais possuiu estúdio no Rio de Janeiro, fez inúmeros e importantes registros da cidade, sendo o Panorama em cinco partes da cidade do Rio de Janeiro vista da Ilha das Cobras, produzida em torno de 1863, considerada uma de suas obras-primas. Stahl & Wahnschaffe foram agraciados, em 21 de abril de 1862, com o título de “Fotógrafos da Casa Imperial”. Entre 1862 e 1863, Stahl voltou à Europa, onde se casou com Marie Julie Bing (1835 – 1921), nascida em Ostheim, na Alsácia. O casal teve dois filhos, Olga Marie e Paul Theodor Waldemar, ambos nascidos no Rio de Janeiro, em 1864 e 1865, respectivamente.

Em 1865, Stahl produziu para a missão científica Thayer, chefiada pelo naturalista suíço naturalizado norte-americano Louis Agassiz (1807 – 1873), retratos de “tipos” do país: portraits e fotografias antropométricas de chineses que residiam no Rio de Janeiro e de escravos negros. A obra Voyage au Brésil – 1865 – 1866 foi resultado dessa missão, realizada sob os auspícios de dom Pedro II. 

Provavelmente, as atividades do estúdio de Stahl & Wahnschaffe terminaram em 1870, já que o estabelecimento não foi anunciado pelo almanaque Laemmert de 1871. Os equipamentos teriam sido vendidos para os fotógrafos Cypriano & Silveira (Jornal do Commercio, 22 de maio de 1870). A família de Stahl retornou à Europa. Em 1875, ele partiu do Rio de Janeiro no paquete francês Senegal (O Globo, 26 de julho de 1875, na primeira coluna). Augusto Stahl faleceu em 30 de outubro de 1877, no Estabelecimento Público de Saúde Alsace Nord.

 

 

Breve Cronologia de Augusto Stahl (1828 – 1877)

1828 - Em Bergamo, na Itália, nascimento de Théophile Auguste Stahl, em 23 de maio de 1828, filho do pastor luterano Fréderic Stahl, que entre 1825 e 1841 trabalhou em Bergamo, e de Marie Elise Stahl (nascida Stamm). Sua famíla era da Alsácia, na França, e seu avô, Jean Georges, estabeleceu-se em Estrasburgo como açougueiro. Auguste Stahl, segundo de oito filhos, foi batizado em 8 de junho e seus padrinhos foram Giovanni Steiner e Orsola Andreozzi.

1853 - Stahl chegou no Recife, a bordo do vapor Thames, da Mala Real Inglesa, em 31 de dezembro de 1853 (Diário de Pernambuco, 2 de janeiro de 1854, na quarta coluna sob o título “Movimento do Porto”).

1854 / 1856 – Nesse período, seu estabelecimento ficava na rua do Crespo, 21, esquina com a rua da Cadeia (Diário de Pernambuco, 14 de abril de 1856, na primeira coluna).

1855 - Realizou uma série de fotografias de Olinda.

1856 - Anunciou a mudança de seu estúdio para a rua Nova, 21 (Diário de Pernambuco, 13 de maio de 1856, na penúltima coluna, sob o título “Retratos”).

Publicação de uma propaganda do estabelecimento de Stahl com o título “O mais belo presente para noivos”(Diário de Pernambuco, 28 de agosto de 1856, na primeira coluna).

 

1857 - Stahl anunciou a chegada do segundo pintor para trabalhar em seu estabelecimento (Diário de Pernambuco, 24 de março de 1857, na última coluna).

Mudou-se para o Aterro da Boa Vista, 12, logradouro que, posteriomente, passaria a chamar-se rua da Imperatriz (Diário de Pernambuco, 24 de outubro de 1857, sexta coluna). O fotógrafo Agio Rio Pedro da Fonseca era seu ajudante.

1858 –  Realizou uma série de registros das obras da estrada de ferro Recife-São Francisco. Também fotografou Olinda, Goiana e o interior de Pernambuco.

Na barca francesa Tampico, chegada de uma encomenda de objetos para fotografia para Stahl (Diário de Pernambuco, 11 de janeiro de 1858, na quinta coluna).

Anunciou os melhoramentos em seu estabelecimento e sua associação ao “químico fotógrafo” Adolpho Schmidt e ao “artista pintor” Germano Wahnschaffe, que haviam chegado de Hamburgo (Diário de Pernambuco, 23 de setembro de 1858, na última coluna).

Foi noticiado que Stahl viajaria para a Europa (Diário de Pernambuco, 12 de outubro de 1858, na sexta coluna).

1859 - Stahl participou da terceira exposição fotográfica da Société Française de Photographie – SFP -, realizada entre 15 de abril e 1º de julho em Paris. Apresentou vistas de Pernambuco e retratos de negros. Acredita-se, até o momento, que foi o primeiro fotógrafo atuante no Brasil que enviou obras para uma exposição da SFP. Nessa exposição, foi desencadeada uma discussão acerca dos rumos da pintura após o surgimento da fotografia.

 

 

O “químico fotógrafo” Adolpho Schmidt deixou a sociedade (Diário de Pernambuco, 29 de julho de 1859).

Foi anunciado a chegada há pouco tempo da Europa do artista suíco Ulrich Steffen (1816 -) que realizava retratos a óleo em tamanho natural (Diário de Pernambuco, 6 de agosto de 1859).

Dom Pedro II e a imperatriz Teresa Cristina, chegaram no Recife, em 22 de novembro. Foi a primeira viagem do imperador ao norte do Brasil (Diário de Pernambuco, 2 de dezembro de 1859). Stahl fotografou o evento e os fotografou em 1º de dezembro, ocasião em que ofereceu a eles o álbum Memorando pitoresco de Pernambuco, com imagens do desembarque dos dois no Recife, da própria cidade e da estrada de ferro Recife-São Francisco. O imperador mandou fazer mais 6 álbuns iguais, o que prova o quanto apreciou o trabalho do sr. Stahl, a quem concedeu a premissão de retratá-lo assim como a S.M. a Imperatriz.

 

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Jornal do Recife, 3 de dezembro de 1859

 

Stahl & C. receberam de Pedro II a licença de usarem o título de Fotógrafo de Sua Majestade Imperial.

 

 

1860 – Fotografou as quedas de Paulo Afonso, sob encomenda da Casa Imperial. Baseado nessas imagens o artista alemão Germano Wahnschaffe pintou o óleo “Cachoeira de Paulo Afonso”, entre esse ano e 1861 (Jornal do Recife, 23 de novembro de 1861, segunda coluna). 

Anunciava o ensino de fotografia em seu estabelecimento e também a produção de retratos em cartões de visita “como se usa em Paris” (Diário de Pernambuco, 10 de setembro de 1860, na última coluna). Provavelmente foi o introdutor dos cartões de visita em Pernambuco e também um dos primeiros fotógrafos a realizá-los no Brasil.

Por volta de 1860, foi o autor da única fotografia de uma natureza morta – até hoje conhecida – produzida no Brasil durante o século XIX.

 

 

1861 - Participou da Exposição Provincial de Pernambuco, aberta no Recife, em 16 de novembro de 1861, com retratos, dentre eles um retrato do presidente da província de Pernambuco, Antônio Marcelino Nunes Gonçalves (1823 – 1899); e uma vista da Cachoeira de Paulo Afonso. A maior parte dos trabalhos eram retratos sobre papel pintados por Ulrich Steffen e Germano Wahnschaffe. O quadro a óleo da Cachoeira de Paulo Afonso foi pintado por Germano Wahnschaffe (18? – ?), entre 1860 e 1861, copiado da fotografia da cachoeira de Paulo Afonso executada por Stahl, a pedido de Pedro II, em 1860, e foi considerado considerado o quadro mais imponente da exposição (Jornal do Recife, 23 de novembro de 1861, segunda coluna). O quadro pertence à Coleção Brasiliana Itaú, uma das parceiras da Brasiliana Iconográfica.

Vendeu à Corte Imperial uma coleção de vistas de Goiana e Paulo Afonso.

Participou da Primeira Exposição Nacional com trabalhos em halótipos e recebeu uma menção honrosa.

Fechou seu ateliê fotográfico no Recife em 31 de dezembro.

1862 -  Em 23 de janeiro, no Diário de Pernambuco, foi anunciado que Stahl, Wahnschaffe e Ulrich Steffen iriam para o Rio de Janeiro. Stahl embarcou para o Rio de Janeiro em 4 de fevereiro a e deixou como sucessor, no Recife, Leon Chapelin (Diário de Pernambuco, 6 de fevereiro de 1862, na terceira coluna).

Segundo publicado na Tribuna de Petrópolis de 1º de abril de 1956, por Ricardo Martim, pseudônimo de Guilherme Auler (1914-1965), Stahl & Wahnschaffe foram agraciados, em 21 de abril de 1862, com o título de “Fotógrafos da Casa Imperial”. Porém, em janeiro de 1860, a sociedade Stahl & Cia já se identificava em anúncios no jornal como “Fotógrafos de S.M. o Imperador do Brasil” (Diário de Pernambuco, 10 de janeiro de 1860, na segunda coluna).

Participou da Exposição Universal de Londres com fotografias.

Entre 1862 e 1863, voltou à Europa, onde se casou com Marie Julie Bing (1835 – 1921), nascida em Ostheim, na Alsácia.

1863 a 1870 - Nesse período, era publicado anualmente, no Almanack Laemmert, o endereço do estabelecimento de Stahl & Wahnschaffe, na rua do Ouvidor, 117. Anteriormente, até 1862, Maupoint & Robin ocuparam esse mesmo endereço (Almanack Laemmert, edição de 1870).

1864 - Nascimento de Olga Marie, primeira filha do casal, no Rio de Janeiro.

1865 - Stahl & Wahnschaffe participaram da Exposição da Academia Real de Belas Artes com várias fotografias, dentre elas um retrato da imperatriz Leopoldina.

Produziu para a missão científica Thayer, financiada pelo empresário e filantropo norte-americano Nathaniel Thayer, Jr. (1808-1883), pelo interior do Brasil chefiada pelo naturalista suíço naturalizado norte-americano Louis Agassiz (1807 – 1873),  retratos de “tipos” do país: portraits e fotografias antropométricas de chineses que residiam no Rio de Janeiro e de escravos negros. A obra Voyage au Brésil – 1865 – 1866 foi resultado dessa missão. Agassiz era professor no Museu de Zoologia Comparada da Universidade de Harvard. Charles Frederick Hartt (1840 – 1878), futuro chefe da Comissão Geológica do Império, integrou a Expedição Thayer – foi a primeira vez em que veio ao Brasil.

Nascimento de Paul Theodor Waldemar, segundo filho de Stahl, no Rio de Janeiro.

1866 - Stahl & Wahnschaffe participaram da Segunda Exposição Nacional, realizada entre 19 de outubro e 16 de dezembro de 1866, com fotografias, retratos da família real em fotopintura por Ulrich Steffen, retratos de negros, vistas de subúrbios e uma panorama do Rio de Janeiro. Foram premiados com a quarta medalha de prata. Sobre a participação, o pintor Victor Meirelles (1833-1903) comentou no Relatório sobre a II Exposição Nacional:

“São ainda dignos de toda atenção os trabalhos fotográficos destes senhores. As provas que representam diversos tipos da raça africana reúnem as qualidades essenciais, que sem elas a fotografia seria imperfeita. As de grandes dimensões, dos retratos de SS. MM. Imperiais obtidos também pelo sistema de amplificação pecam um pouco por não serem mais firmes e caírem excessivamente no efeito oposto, que os artistas chamam mole. Bem sabemos quanto é difícil em uma prova dessa dimensão obter-se melhor resultado. Acreditamos que essas provas foram antes ali representadas para que o público julgue o quanto são suscetíveis de serem depois coloridas a guache ou retocadas a óleo, como as que se acham expostas. As vistas do panorama da cidade do Rio de Janeiro e de algumas outras localidades pitorescas dos nosso subúrbios são trabalhos que ficam recomendados também por sua perfeição”.

A Revista Ilustrada de 18 de dezembro referiu-se a Stahl & Wahnschaffe como “mestres nas paisagens e vistas da cidade, tão bons aí como nos retratos”.

1867 - Stahl & Wahnschaffe participaram da Exposição Universal de Paris com paisagens do Rio de Janeiro.

1870 – Provavelmente, as atividades do estúdio de Stahl & Wahnschaffe terminaram neste ano, já que o estabelecimento não foi anunciado pelo Almanak Laemmert de 1871. Os equipamentos teriam sido vendidos para os fotógrafos Cypriano & Silveira (Jornal do Commercio, 22 de maio de 1870). A família de Stahl retornou à Europa.

Foi doada pelo sr. Manoel Figueiroa ao Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco uma fotografia das quedas de Paulo Afonso, de autoria de Stahl (Diário de Pernambuco, 16 de setembro de 1870, na penúltima coluna).

1875 - Stahl partiu do Rio de Janeiro no paquete francês Senegal (O Globo, 26 de julho de 1875, na primeira coluna).

1877 – Augusto Stahl faleceu em 30 de outubro, no Estabelecimento Público de Saúde Alsace Nord.

1921 - Sua mulher, Marie Julie, faleceu em Genebra, em 30 de maio.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Catalogue de la troisième exposition de la Société Française de Photographie

ERMAKOFF , George. Rio de Janeiro 1840 – 1900 – Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006.

FERREZ, Gilberto. A Fotografia no Brasil: 1840-1900 / Gilberto Ferrez; [prefácio por Pedro Vasquez] – 2ª ed. – Rio de Janeiro: FUNARTE: Fundação Nacional Pró-Memória, 1985.

FERREZ, Gilberto; NAEF, Weston J.. Pioneer Photographers of Brazil, 1840-1920. New York: Center for Inter-American Relations, 1976.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.

LAGO, Bia Correia do. Augusto Stahl : obra completa em Pernambuco e Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora Capivara, 2001.

LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Coleção Princesa Isabel: fotografia do século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2008.432p.:il., retrs.

LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Os Fotógrafos do Império. Rio de Janeiro: Capivara, 2005. 240p.:il

LAGO, Pedro Corrêa do. Brasiliana Itaú: uma grande coleção dedicada ao Brasil / curadoria da coleção: Pedro Corrêa do Lago, Ruy Souza e Silva. Rio de Janeiro: Capivara, 2009.

MARTIM, Ricardo (pseudônimo de Guilherme Auler). Dom Pedro II e a fotografia. Tribuna de Petrópolis. Petrópolis, 1 de abril de 1956.

MEIRELLES, Victor. “Photographia” In BRASIL. Exposição Nacional. Relatório da Segunda Exposição Nacional de 1866, publicado […] pelo Dr. Antonio José de Souza Rego, 1o secretário da Commissão Directora. Rio de Janeiro: Typ. Nacional, 1869, 2ª parte, pp. 158-170

MELLO, José Antonio Gonsalves de. Diário de Pernambuco: arte e natureza no Segundo Reinado. Recife:Fundação Joaquim Nabuco/Editora Massangana, 1985.

Site Encilopédia Itaú Cultural

Site Instituto Moreira Salles

Site Société Française de Photographie

TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Prefácio Pedro Karp Vasquez. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p., il. p&b. (Coleção Luz & Reflexão, 4). ISBN 85-85781-08-4.

VASQUEZ, Pedro Karp. Mestres da fotografia no Brasil. Centro Cultural do Banco do Brasil Rio de Janeiro, 1995.

 

O retratista português Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 14 de outubro de 1912)

Um dos mais prestigiados e famosos retratistas do Brasil no século XIX, o fotógrafo e pintor português Joaquim José Pacheco, posteriormente Joaquim Insley Pacheco, nasceu em Cabeceiras de Bastos, em 1830. Era muito requisitado pela corte imperial brasileira e, além de ter sido muito procurado para a execução de retratos, era reconhecido por seu trabalho com fotopintura.

Uma crônica do poeta e jornalista Xavier de Novais (1820 – 1869) de 24 de outubro de 1863 chamava atenção para a popularidade de Insley Pacheco no Rio de Janeiro:

“…Pouco distante do meu pouso eleva-se uma casa cuja fachada pintada de cores vivas provoca a atenção dos que passam. É aí o palácio do fotógrafo mais afamado da capital, J. Insley Pacheco, que tem tido a honra de copiar todos os narizes do Rio…”

No fim dos anos 1840, já estava em Fortaleza, capital do Ceará, onde teve contato com a fotografia com o daguerreotipista e mágico irlandês Frederic Walter (18? – 18?), que tornou-se seu mestre. Segundo Mello Moraes Filho, Insley possuía uma natureza em demasia curiosa, índole decidida e aventureira. De acordo com o mesmo autor, Insley foi o introdutor da ambrotipia no Brasil. Ele teria adquirido, de um capitão de navio ancorado no porto do Rio de Janeiro, fórmulas e máquinas do referido processo.

O primeiro estabelecimento de Insley que se tem notícia ficava na rua Formosa, em Fortaleza. Entre 1949 e 1951, viajou pelos Estados Unidos, onde estudou com os fotógrafos Mathew Brady (c.1822 – 1896), Jeremiah Gurney (1812 – 1895) e Henry E. Insley (1811 – 1894). Acredita-se que em homenagem a esse último adotou o sobrenome Insley.

 

Acessando o link para as fotografias de Joaquim Insley Pacheco disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas. 

 

Em 1851, de volta a Fortaleza, seu estúdio ficava na rua da Palma Unidos (O Cearense, 9 de maio de 1851, na última coluna).  Um ano depois, vendeu por menos de seu valor todos os utensílios pertencentes a sua profissão de retratista (Pedro II, 21 de agosto de 1852, na terceira coluna). Partiu para Sobral (Pedro II, 8 de dezembro de 1852) e depois de uma rápida permanência em Pernambuco, em 1854, onde seu ateliê ficava no Aterro da Boa Vista, nº 4, no Recife, foi para o Rio de Janeiro e anunciava, em 1855, sua Novíssima e esplêndida galeria de retratos pelo sistema cristalotipo, em seu novo estúdio fotográfico, na rua do Ouvidor, nº 31, posteriormente 40 (Jornal do Commercio  7 de fevereiro de 1855 e Correio Mercantil, 9 de fevereiro de 1855 ). Já assinava com o sobrenome Insley. No estabelecimento, também eram comercializados quadros, caixas, molduras e alfinetes (Jornal do Commercio, 2 de agosto de 1855). O ateliê também funcionava, eventualmente, como uma galeria para exposições de artes plásticas.

Insley Pacheco fotografou, em 11 de agosto de 1855, o imperador Pedro II (1825 – 1891), a imperatriz Teresa Cristina (1822 – 1829) e a filha do casal, princesa Leopoldina (1847 – 1871), na Quinta da Boa Vista (Diário do Rio de Janeiro, 9 de janeiro de 1856). Em 22 de dezembro desse ano, foi agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial” (segundo Guilherme Auler (1914-1965), sob o pseudônimo de Ricardo Martim, em dois artigos publicados na Tribuna de Petrópolis, em 1º e 8 de abril de 1956, conforme informado no livro O Brasil na fotografia oitocentista, de Pedro Vasquez). Tudo isso contribuiu para que seu público fosse consistentemente de representantes da elite e retratos realizados em seu estabelecimento eram presenças constantes em álbuns fotográficos de famílias da alta sociedade do século XIX.

Em 1858, foi anunciado um grande passo na arte fotográfica no ateliê de Insley Pacheco: É o ambrotipo e a pintura dando-se as mãos para reunirem a fidelidade da cópia à duração e à persistência das cores (Diário do Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1858, na quarta coluna). No mesmo ano, em um anúncio de seu estabelecimento, apresentava-se como primeiro e único retratista em vidro (Jornal do Commercio, 13 de maio de 1858).

Em 1860, a firma Pacheco e Irmão Ambrotypista da Augusta Caza Imperial abriu um estúdio em Salvador, que fecharia no mesmo ano, e outro em São Luís, fechado em 1861. Em 1863, abriu um novo estabelecimento, na rua do Ouvidor, nº 102, no Rio de Janeiro (Diário do Rio de Janeiro , 1º de abril de 1863, na quarta coluna).

Após diversas tentativas fracassadas, o Ministério do Império, com o decreto 5613, de 25 de abril, concedeu privilégio de cinco anos a Joaquim Insley Pacheco, para fazer fotografias de sua invenção, aplicadas à porcelana, vidro opalino e marfim (Diário do Rio de Janeiro, 15 de maio de 1874, na última coluna).

Insley Pacheco foi condecorado pelo governo português com a Ordem de Cristo  (Semana Ilustrada, 3 de março de 1866) e participou das exposições universais de Paris (1867 e 1889), de Viena (1873), e da Filadéfia (1876) e de outras exposições internacionais como as do Porto (1865), de Santiago do Chile (1875), de Buenos Aires (1882) e de Chicago (1893). No Brasil, esteve presente em diversas exposições nacionais e também em várias exposições da Academia Imperial de Belas Artes.

Em torno de 1892, na folha de proteção sobreposta às suas fotografias, Insley Pacheco identificava-se como Fotógrafo e pintor. Cavaleiro da Real Ordem de Cristo. Premiado com a Menção de Honra nas exposições de Vienna e mais 16 medalhas nas exposições de Philadelphia, Porto, Brazil, Chile, Buenos Aires e Chicago. Novo sistema de platinotipia – Rua dos Ourives, 38 – Rio de Janeiro.

Nas artes plásticas, seu mestre foi o pintor Arsênio da Silva (1833 – 1883) e seus quadros foram muitas vezes premiados. Eram adquiridos por destacadas figuras da sociedade como o Barão do Rio Branco (1845 – 1912). Insley Pacheco foi, em 1903, o primeiro presidente da Associação dos Aquarelistas. Em seu ateliê foram realizadas diversas exposições de pintores como Firmino Monteiro (1855 – 1888) e Pedro Weingarten (1853 – 1929).

Em 14 de outubro de 1912, faleceu Joaquim Insley Pacheco, o fotógrafo tradicional do Rio (Jornal do Brasil, 15 de outubro de 1912 e O Paiz, 16 de outubro de 1912, ambos na penúltima coluna).

 

 

Comentário de Boris Kossoy sobre o retrato acima: …um retrato do imperador, entretanto, datado de 1883, isto é, quando contava 58 anos de idade, é particularmente interessante pelo “clima” tropical criado no ateliê: cenário de natureza “plantada” como fundo para o retrato (bem ao contrário dos tradicionais fundos com paisagens europeias complementados por uma mescla de mobiliário vitoriano e clássico, recursos tão utilizados pelos fotógrafos no século XIX). Com a nova montagem do velho teatro tem-se explicitada a ideologia de uma civilização nos trópicos” (KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.).

 

  Cronologia de Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912)

c. 1830 - Provavelmente em março, nascimento de Joaquim José (depois Insley) Pacheco, em Cabeceiras de Basto, em Portugal. Era filho de José Antonio Pacheco e Maria Antonia da Conceição. Joaquim era o mais novo de três irmãos: Bernardo, nascido em 1824, e Joaquina, nascida em 1827. Ficaram órfãos de pai em 1835 e, de mãe, em 1839. 

Anos 1840 -  Provavelmente em fins de 1843 veio para o Brasil juntar-se ao seu irmão Bernardo, que teria partido de Portugal em 1837. Também em torno de 1843 sua irmã Joaquina veio para o Brasil. Joaquim fixou-se em Pernambuco, onde trabalhava como mascate ou caixeiro viajante. Nos últimos anos dessa década, estava em Fortaleza, no Ceará, onde teve contato com a fotografia com o daguerreotipista e mágico irlandês Frederic Walter, que tornou-se seu mestre.

Seu ateliê ficava na rua Formosa e ainda como Joaquim José Pacheco anunciou que havia recebido dos Estados Unidos uma excelente máquina e mais utensílios para tirar retratos pelo daguerreótipo (O Cearense, 17 de maio de 1849, na última coluna).

Provavelmente no período entre 1849 e 1851, viajou pelos Estados Unidos, onde estudou com os fotógrafos Mathew Brady (c. 1822 – 1896), Jeremiah Gurney (1812 – 1895) e Henry E. Insley (1811 – 1894). Acredita-se que em homenagem a esse último adotou o sobrenome Insley.

Anos 1850 – Provavelmente casou-se ao longo dessa década.

1851 - Anunciou que estava de volta à Fortaleza, depois de uma viagem aos Estados Unidos (O Cearense, 9 de maio de 1851, na última coluna). Seu ateliê ficava na rua da Palma.

Tinha um ateliê na rua Nova , 61, no Recife, e anunciava sua despedida da cidade (Diário de Pernambuco, 19 de novembro de 1851, primeira coluna).

1852 – Avisou que havia chegado de uma viagem às províncias do sul e divulgava seus retratos pelo sistema electrotypo (Pedro II, 30 de junho de 1852, na terceira coluna).

Provavelmente a falta de clientela levou-o a vender por menos de seu valor todos os utensílios pertencentes a sua profissão de retratista. Anunciava também possuir uma máquina eletro-magnética, que além de servir para choques contra reumatismo, ou gota, paralisia ou dores e S. Victor e todas as moléstias provenientes de um distúrbio do sistema nervoso tem a vantagem de servir para galvanizar!  (Pedro II, 21 de agosto de 1852, na terceira coluna).

Anunciou sua iminente partida de Fortaleza e aconselhava às pessoas a se deixarem retratar (Pedro II, 21 de setembro de 1852, na primeira coluna).

Partiu para Sobral, no Ceará (Pedro II, 8 de dezembro de 1852).

1854 – Em anúncio, ainda como J. J. Pacheco ou Joaquim José Pacheco, divulgava seu novo estilo de retratar e informava que seu estabelecimento, no Recife, ficava na casa em que havia morado o sr. Augustin Lettarte (Diário de Pernambuco, 23 de março de 1854, na primeira coluna)Seu estabelecimento fotográfico localizava-se a no Aterro da Boa Vista, nº 4 (Diário de Pernambuco, 29 de março de 1854, na terceira coluna). Neste mesmo endereço trabalharam os fotógrafos norte-americano Charles DeForest Fredricks (1823 – 1894), em 1851 (Diário de Pernambuco, 23 de julho de 1851, última coluna), Augustin Lettarte, em 1854 (Diário de Pernambuco, 6 de fevereiro de 1854, segunda coluna), e o pernambucano João Ferreira Villela, de 1856 a 1857 (Diário de Pernambuco, 3 de outubro de 1856, primeira coluna).

Houve entre o primeiro daguerreotipista pernambucano, Cincinato Mavignier (18? -?), e Insley Pacheco, um desentendimento em relação à venda de um daguerreótipo (Diário de Pernambuco, 29 de agosto de 1854, última coluna).

Mudou-se para o Rio de Janeiro.

Thomaz Oxford Smith, futuro sócio de Insley, apresentava-se como um professor de daguerreótipo recém chegado de Nova York  (Jornal do Commercio, 10 de dezembro de 1854).

1855 – Anúncio da Novíssima e esplêndida galeria de retratos pelo sistema cristalotipo, novo estúdio fotográfico de Insley Pacheco na rua do Ouvidor, nº 31, posteriormente 40 (Jornal do Commercio,  7 de fevereiro de 1855 e Correio Mercantil, 9 de fevereiro de 1855 ). Já assinava com o sobrenome Insley. Foi publicada uma propaganda da nova galeria em inglês (Jornal do Commercio, 9 de fevereiro de 1855). No estabelecimento, anunciado como o primeiro a realizar retratos pela técnica mencionada na América Meridional, também eram comercializados quadros, caixas, molduras e alfinetes (Jornal do Commercio, 2 de agosto de 1855). 

Um homem do público o acusa de charlatanismo, questionando o anúncio de retratos em cristotipo em seu novo estúdio fotográfico (Diário do Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 1855, na quinta coluna). Insley Pacheco respondeu a seu acusador (Correio Mercantil, 12 de fevereiro de 1855, primeira coluna), que por sua vez replicou (Correio Mercantil, 14 de fevereiro de 1855, na primeira coluna).

Foi publicado um convite para uma exposição à noite na galeria de retratos de Insley Pacheco (Jornal do Commercio, 5 de abril de 1855, na quarta coluna). Elogio à exposição e comentário sobre as duas soberbas molduras destinadas às augustas efígies de SS. MM. II (Jornal do Commercio, 11 de abril de 1855, na sexta coluna).

Foi anunciada a nova iluminação a gás da galeria de Insley Pacheco (Jornal do Commercio, 4 de maio de 1855).

Insley Pacheco fotografou o imperador Pedro II, a imperatriz Teresa Cristina e a filha do casal, princesa Leopoldina (1847 – 1871), na Quinta da Boa Vista, em 11 de agosto (Diário do Rio de Janeiro, 9 de janeiro de 1856).

Propaganda de seu ateliê, agora batizado de Photographia Moderna (Diário do Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1855).

Foi noticiado que o estabelecimento de Insley Pacheco havia recebido dos Estados Unidos um rico e variado sortimento de molduras, caixas, passe-partouts (franceses) e outros produtos (Jornal do Commercio, 20 de dezembro de 1855).

Foi agraciado com o título de “Photographo da Caza Imperial”, em 22 de dezembro de 1855 (segundo Guilherme Auler, sob o pseudônimo de Ricardo Martim, em dois artigos publicados na Tribuna de Petrópolis, em 1º e 8 de abril de 1956, conforme informado no livro O Brasil na fotografia oitocentista, de Pedro Vasquez).

1856 - Propaganda do estabelecimento de Insley Pacheco, destacando uma técnica que beneficiava a execução de retratos de crianças (Correio Mercantil, 7 de dezembro de 1856).

Nascimento de sua filha Emilia (1856 – 1858), que viria a falecer em 1858.

1857 -  O fotógrafo Thomaz Oxford Smith anunciou o fim de sua sociedade com Insley Pacheco no ateliê fotográfico da rua do Ouvidor, 40 (Gazeta Mercantil, 23 de outubro de 1857, na penúltima coluna). 

Foi noticiado que Insley Pacheco havia sido agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial” (Diário do Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 1857).

Em anúncio de seu estabelecimento fotográfico, apresentava-se como Photografista da augusta Casa Imperial e miniaturista em marfim (Jornal do Commercio, 22 de dezembro de 1857).

1858 -  Foi anunciado um grande passo na arte fotográfica no ateliê de Insley Pacheco: É o ambrotipo e a pintura dando-se as mãos para reunirem a fidelidade da cópia a duração e a persistência das cores (Diário do Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1858, na quarta coluna). Publicação de uma carta de Insley Pacheco sobre o assunto (Diário do Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1858, na terceira coluna). Foi feito um elogio a seu trabalho (Correio Mercantil, 17 de março de 1858, na segunda coluna).

De mesenterites, falecimento de Emilia, filha de Insley Pacheco de 18 meses (Correio da Tarde, 22 de abril de 1858, na primeira coluna).

Em anúncio de seu estabelecimento, Insley Pacheco apresentava-se como “primeiro e único retratista em vidro” (Jornal do Commercio, 13 de maio de 1858).

Insley Pacheco ofereceu ao liceu de artes e ofícios da sociedade Propagadora das Belas-Artes material para ser usado nas aulas de desenho (Diário do Rio de Janeiro, 24 de setembro de 1958).

Na casa do sr. Bernascone, na rua do Ouvidor, nº 143, exposição de um retrato do próprio Insley Pacheco colorido a óleo pelo pintor Giovanni Bruschetti (Jornal do Commercio, 29 de setembro de 1958, na terceira coluna).

Passou a integrar a comissão artística da sociedade Propagadora das Belas Artes (Diário do Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1958, na segunda coluna).

1859 - Insley Pacheco, sua mulher (Edvina?) e dois filhos retornaram de uma viagem ao norte, a bordo do paquete a vapor “Oiapoque” (Correio Mercantil, 26 de junho de 1859, na sexta coluna). Voltou ao comando de seu ateliê (Correio Mercantil, 29 de junho de 1859, na primeira coluna).

Foi anunciada a exposição do retrato de uma dama da sociedade tendo ao fundo um bosque, primeiro trabalho desse gênero obtido pelo sistema ambro-cromo-tipo, inventado pelo sr. J. Insley Pacheco (Correio Mercantil, 10 de outubro de 1859, na segunda coluna).

Tornou-se suplente da comissão artística da sociedade Propagadora das Belas Artes (Correio Mercantil, 10 de dezembro de 1859).

1860 – “Pacheco e Irmão Ambrotypista da Augusta Caza Imperial” anunciaram sua presença em Salvador, na Ladeira de São Bento, 17 (Jornal da Bahia, 3 de janeiro de 1860). Pouco tempo depois, foi anunciado que o estabelecimento fecharia em junho (Jornal da Bahia, 15 de maio de 1860).

A firma abriu um ateliê em São Luís (Jornal do Commercio, Instrutivo, Agrícola e Recreativo, 7 de setembro de 1860). Provavelmente, foi seu irmão que seguiu para o Maranhão.

O fotógrafo João Ferreira Villela (18? – ?) anunciou sua volta a Recife, depois de temporada no Rio de Janeiro, apresentando-se como único discípulo de Insley Pacheco (Diário de Pernambuco, de 4 de outubro de 1860, na última coluna).

Insley Pacheco foi um dos subscritores de uma carta enviada ao escritor  francês Victor Hugo (1802-1885) na ocasião da construção de um monumento em homenagem ao jornalista e político francês Charles Ribeyrolles (1812-1860) (Courrier du Brésil, 9 de dezembro de 1860, na segunda coluna).

1861 – Anunciou que a “Pacheco e Irmão Ambrotypista da Augusta Caza Imperial” deixaria São Luís no fim de fevereiro (O Commercio, 2 de fevereiro de 1861, na quarta coluna).

Realização de uma exposição de retratos em cartões de visita na loja de Insley Pacheco, no Rio de Janeiro (Jornal do Commercio, 27 de abril de 1861, na terceira coluna).

Propaganda de Insley Pacheco anunciando o processo “hallotypo” (Jornal do Commercio, 7 de setembro de 1861).

1862 - Foi agraciado com a medalha de cobre na Exposição Nacional de 1861 / 1862, na qual participou na seção de Belas Artes com retratos da família imperial e com fotopinturas de paisagens (Correio da Tarde, 13 de março de 1862, na última coluna).

1863 - Foi noticiada a abertura do novo estabelecimento de Insley Pacheco, na rua do Ouvidor, nº 102 (Diário do Rio de Janeiro , 1º de abril de 1863, na quarta coluna).

Foi nomeado sócio efetivo da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (Diário do Rio de Janeiro, 13 de maio de 1863, na quarta coluna).

1864 -  O irmão e sócio de Insley Pacheco, Bernado José Pacheco, chegou da Europa, depois de uma temporada entre Bruxelas, Paris e Londres, onde estudou em diversas oficinas fotográficas (Diário do Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 1864, na quarta coluna).

O escritor Machado de Assis (1839 – 1908), que nasceu no mesmo ano em que nasceu a fotografia, 1839, escreveu em sua coluna do Diário do Rio de Janeiro de 7 de agosto de 1864 sobre suas visitas à casa do Pacheco (justamente Insley Pacheco), que definiu como o mais luxuoso Templo de Delos do Rio de Janeiro, exaltando poder ver no mesmo álbum fotográfico os rostos mais belos do Rio de Janeiro, falo dos rostos femininos. Contou também a história da chegada do daguerreótipo na cidade e, em seguida, elogiou o trabalho realizado pelo artista  J.T. da Costa Guimarães, uma miniatura de Diane de Poitiers, exposto no estabelecimento de Insley Pacheco. Finalmente, revelou que havia chegado há pouco tempo no referido ateliê um aparelho fotográfico destinado a reproduzir em ponto grande as fotografias de cartão. Termina seu passeio perguntando-se “Até onde chegará o aperfeiçoamento do invento de Daguerre?”

Um grande temporal ocorrido em 10 de outubro, no Rio de Janeiro, atingiu seriamente o estabelecimento fotográfico de Insley Pacheco (O Paiz, 8 de novembro de 1864, na segunda coluna).

1865 – Na Revista da Semana, de 3 de setembro de 1865, foi publicada uma charge mencionando Insley Pacheco.

Enviou para a Exposição Internacional do Porto diversos retratos de pessoas “notáveis” e da família real, de dom Pedro II, da imperatriz Teresa Cristina, além de duas paisagens e dois estudos (Correio Paulistano, 3 de outubro de 1865, na segunda coluna). Esses trabalhos foram elogiados (O Despertador, 10 de outubro de 1865, na primeira coluna). Ele ganhou uma medalha de primeira classe por suas fotografias (Jornal do Commercio, 7 de novembro de 1865, na segunda coluna).

1866 - Anúncio de seu estabelecimento fotográfico, que já era na rua do Ouvidor, 102 (Índice Alfabético, edição de 1866).

No Club Fluminense, com a presença de dom Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina, realização do Salão Literário e Artístico da Arcadia Fluminense, cuja galeria de arte havia sido arrumada por Insley Pacheco (O Publicador Maranhense, 3 de janeiro de 1866, na terceira coluna sob o título “Arcadia Fluminense”).

Foi publicado um comentário sobre o governo português ter condecorado Insley Pacheco com a Ordem de Cristo (Semana Ilustrada, 3 de março de 1866).

Insley Pacheco foi premiado com a segunda medalha de prata da secão de “Fotografia” na Exposição Nacional de 1866, realizada pela Academia Real de Belas Artes, 19 de outubro a 16 de dezembro de 1866. Pela primeira vez a fotografia apareceu como categoria específica, separando-se do grupo destinado às Belas Artes. Sobre sua participação, o pintor Victor Meirelles (1833-1903) comentou no Relatório sobre a II Exposição Nacional:

“Pelos seus retratos que se recomendam pela perfeição do trabalho, nitidez e beleza das meias tintas, efeitos de luz agradáveis, tornando-se sobretudo notável nessa parte, que é tratada artisticamente, a bela prova fotográfica representando uma senhora, que graciosamente e com bastante naturalidade descansa sobre o espaldar de uma poltrona”.

1867 - Notícia de sua conquista da medalha de prata na Segunda Exposição Nacional, realizada pela Academia Real de Belas Artes, na qual participou com fotografias, retrato de uma senhora e fotopinturas (Diário do Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1867, na última coluna).

Participou da Exposição Universal de Paris com fotopinturas.

Integrava o conselho da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (Jornal do Commercio, 16 de outubro de 1867, na segunda coluna).

Foi concedido a Joaquim Insley Pacheco o privilégio do período de cinco anos para fazer fotografias de sua invenção, aplicadas à porcelana, vidro opalino e marfim. Ele havia pedido 20 anos (Jornal do Commercio, 19 de dezembro de 1867, na quinta coluna ).

1868 - O privilégio foi suspenso, impugnado por Carneiro & Gaspar (Jornal do Commercio, 1° de abril de 1868, na sexta coluna).

Na loja do sr. Bernasconi, estavam expostos retratos de dom Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina, de autoria de Insley Pacheco (Diário do Rio de Janeiro, 5 de abril de 1868, na coluna “Folhetim”).

1870 - Insley Pacheco foi cumprimentar dom Pedro II (Diário do Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 1870, na terceira coluna).

Foi eleito conselheiro da Sociedade Propagadora das Belas Artes (Dezesseis de Julho, de 1870).

1871 -  Insley Pacheco foi cumprimentar dom Pedro II (Diário do Rio de Janeiro, 27 de março de 1871, na sexta coluna).

1872 – Insley Pacheco foi cumprimentar dom Pedro II (Diário do Rio de Janeiro1º de agosto de 1872, na segunda coluna).

Elogio aos trabalhos expostos no estabelecimento de Insley Pacheco (A Reforma, 25 de setembro de 1872, na quinta coluna).

1873 - Na Terceira Exposição Nacional, participou com pinturas a guache e pastel (fotopinturas) e com paisagens a óleo. Ganhou medalhas de prata e de cobre (Diário do Rio de Janeiro, 13 de março de 1873, na segunda coluna).

Na Exposição Universal de Viena, Insley recebeu uma menção honrosa no grupo das Artes Gráficas (Diário de São Paulo, 13 de setembro de 1873, na quinta coluna)

1874 - O Ministério do Império, com o decreto 5613, de 25 de abril, “concedeu privilégio de cinco anos a Joaquim Insley Pacheco, para fazer fotografias de sua invenção, aplicadas à porcelana, vidro opalino e marfim” (Diário do Rio de Janeiro, 15 de maio de 1874, na última coluna).

Anúncio do ateliê de Insley, já na rua do Ouvidor, 102 (A Vida Fluminense, 3 de julho de 1875, na terceira coluna).

1875 – Foi premiado com medalha de prata e menção honrosa na Terceira Exposição Nacional de 1873 (A Reforma, 12 de janeiro de 1875, nas primeiras e segunda colunas).

Insley Pacheco agradeceu à perícia do capitão Marques Sobrinho no combate a três incêndios ocorridos na rua dos Ourives (Diário do Rio de Janeiro, 5 de novembro de 1875, na sexta coluna).

No Despertador de 26 de novembro de 1875, transcrição de matéria do jornal O Globo de 13 de novembro do mesmo ano sobre a participação do Brasil na Exposição Internacional de Santiago, mencionando Insley Pacheco.

Participou da Quarta Exposição Nacional com desenhos e pinturas e foi premiado com a medalha de mérito (Diário do Rio de Janeiro, 4 de fevereiro de 1876, na segunda coluna).

Na coluna “Folhetim da Gazeta de Notícias –  Bellas Artes”, o português Julio Huelva (1840 – 1904), pseudônimo do arquiteto e músico Alfredo Camarate, elogiou a fotografia produzida no Brasil e destacou os trabalhos dos ateliês de José Ferreira Guimarães  (1841 –1924), Joaquim  Insley Pacheco (c. 1830 – 1912) e de Albert Henchel (1827 – 1892) e Franz (Francisco) Benque (1841-1921). O autor cobrou também a presença de fotógrafos do Rio de Janeiro na Exposição Universal da Filadélfia, que se realizaria em 1876 (Gazeta de Notícias, 21 de dezembro de 1875).

1876 - Insley Pacheco e o folhetinista Julio Huelva, travaram uma espécie de duelo em torno da questão entre os estilos idealista e realista da arte, entre dezembro de 1875 e janeiro de 1876 (Gazeta de Notícias12 de dezembro de 1875Jornal do Commercio, 1º de janeiro de 1876, sétima colunaGazeta de Notícias6 de janeiro16 de janeiro, 17 de janeiro e 20 de janeiro de 1876). Esse confronto foi refletido em uma caricatura produzidas por Ângelo Agostini (1843 – 1910), para a Revista Illustrada.

 

Elogio às pinturas de paisagens de autoria de Insley Pacheco expostas na Exposição Internacional de Santiago, no Chile (Diário de Maranhão, 13 de janeiro de 1876, sob o título “O Brasil na exposição de Santiago”).

Insley Pacheco recebeu uma medalha na Exposição Universal da Filadélfia por suas fotografias (O Liberal do Pará, 28 de novembro de 1876, na segunda coluna e Diário do Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1876, na sexta coluna).

1877 -  A casa de Insley Pacheco foi atingida por um temporal ocorrido em setembro. Sua esposa, Elvira Laura Garcia Pacheco (c. 1831 – 1877) estava “gravemente enferma (Diário do Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1877, na última colunaO Despertador, 23 de outubro de 1877, na quarta coluna). Ela faleceu de tuberculose, depois de “longos e dolorosos sofrimentos”, em 24 de outubro (Revista Ilustrada, 27 de outubro de 1877 e Diário do Rio de Janeiro, 27 de outubro de 1877, na quarta coluna).

1882 - Segundo informações dadas em anúncio do fotógrafo, foi premiado na Exposição Continental de Buenos Aires.

1883 - Em 18 de outubro, dom Pedro II visitou a exposição de pinturas de Arsênio da Silva (1833 – 1883), no estabelecimento de Insley Pacheco.

1884 - Insley Pacheco anunciou melhoramentos em seu estúdio fotográfico com a introdução da platinotipia, mencionando que Marc Ferrez (1843 – 1923) também já fazia uso da nova técnica (Jornal do Recife, 11 de maio de 1884, na terceira coluna).

Foi anunciada a exposição do artista plástico Firmino Monteiro (1855 – 1888) no ateliê de Insley Pacheco (Jornal do Recife, 3 de junho de 1884, na sexta coluna).

1885 a 1897 – Entre esses anos, o estabelecimento já pertencia à sociedade Joaquim Insley Pacheco & Filho.

1888 - Em 27 de janeiro, Antônio Parreiras (1860 – 1937) inaugurou uma exposição na Casa Insley Pacheco com 22 estudos de paisagem. Duas foram adquiridas pela própria princesa Isabel: “Ocaso no Arraial” e “Aldeia do Pontal” (O Paiz, 29 de janeiro de 1888, sob o título “Noticiário“, e Revista Illustrada, 4 de fevereiro de 1888).

Também na Casa Insley Pacheco realização da primeira exposição individual do artista plástico Pedro Weingartner (1853 – 1929) (Cidade do Rio, 28 de agosto de 1888, última coluna; Gazeta de tarde, 30 de agosto de 1888, última coluna; Gazeta de Notícias, 3 de outubro de 1888, última coluna).

1891 - Seu ateliê continuava localizado em um sobrado na rua do Ouvidor, 102 (Almanak Laemmert, 1891).

A neta de Insley Pacheco, Maria, faleceu (O Paiz, 18 de janeiro de 1891, na quarta coluna).

No salão nobre do Teatro São Pedro de Alcântara, participou do banquete oferecido por jornalistas e homens das letras ao corpo docente da Escola de Belas Artes para comemorar a inauguração de seus “trabalhos letivos” (Gazeta de Notícias, 17 de junho, na primeira coluna).

Falecimento de dom Pedro II (1825 – 1891), em Paris. Insley Pacheco reproduziu uma das fotografias do post-mortem do imperador, realizada por Felix Nadal (1820 – 1910), e as distribuiu no Brasil no formato carte-cabinet.

 

 

 

1892 - No ateliê de Insley Pacheco, exposição de quadros do artista alemão Breno Treidler (1857 – 1931) (O Tempo, 23 de janeiro de 1892, na última coluna, sob o título “Cabriolas”).

Em torno desse ano, na folha de proteção sobreposta às suas fotografias, Insley Pacheco identificava-se como “Photographo e pintor. Cavaleiro da Real Ordem de Cristo. Premiado com a Menção de Honra nas exposições de Viena e mais 16 medalhas nas exposições de Philadelphia, Porto, Brazil, Chile, Buenos Aires e Chicago. Novo sistema de platinotipia – Rua dos Ourives, 38 – Rio de Janeiro”.

1893 - Com fotografias e pinturas a óleo, Insley participou da Exposição Universal Colombiana de Chicago, que aconteceu em 1893 para celebrar os 400 anos da chegada de Cristóvão Colombo (1451 – 1506) ao Novo Mundo, em 1492 (Gazeta de Notícias, 19 de janeiro de 1893, na última coluna).

Comentário sobre um quadro do pintor espanhol Fortuny (1838 – 1874), de propriedade de Insley (Gazeta de Notícias, 13 de março de 1893, na terceira coluna).

Seu filho, Joaquim Insley Pacheco Junior, casou-se em São João del Rei com Elvira de Oliveira Coelho (O Paiz, 16 de maio de 1893, na última coluna).

1895 – Seu filho, o engenheiro Alfredo Henrique Pacheco (? – 1895), faleceu. Ele era membro do Club de Engenheiros Civis de Londres e trabalhava no 2º distrito de obras públicas do Rio de Janeiro (O Paiz, 16 de fevereiro de 1895, na primeira coluna).

O estabelecimento de Insley Pacheco foi roubado (O Paiz, 10 de dezembro de 1895, na penúltima coluna).

1896 - Seu estabelecimento ficava no endereço Ourives, 40, no segundo andar (Almanak Laemmert, 1896).

Os pintores Augusto Petit (1844 – 1927), Madruga Filho (1882 – 1951) e Insley Pacheco receberam a terceira medalha na Exposição Geral de Belas Artes (Minas Gerais, 10 de outubro de 1896, na última coluna).

Inauguração do Club dos Repórteres em 12 de outubro. Em uma das salas havia uma pintura de Insley (Jornal do Commercio, 14 de outubro, na quarta coluna).

1897 - No toucador principal do Palácio do Catete, o novo palácio do governo no Rio de Janeiro, que seria inaugurado em poucos dias, havia uma aquarela de Insley Pacheco (Diário de Pernambuco, 6 de março de 1897, na terceira coluna).

1898 - O endereço de seu estabelecimento era Ourives, 38, 2º andar (Almanak Laemmert, 1898).

Participou da Exposição Retrospectiva do Centro Artístico expondo um guache de Arsenio Silva (1833 – 1883), uma marinha de Edoardo De Martino (1838 – 1912) , uma paisagem de Henri Langerock (1830 – 1915) e miniaturas de Thomaz da Costa Guimarães. O Centro Artístico, associação de jornalistas e literatos, criada em 1897,  tinha como objetivo a promoção da arte brasileira. A exposição, realizada durante o mês de julho, na Escola Nacional de Belas Artes, foi o primeiro evento organizado pela associação. Reuniu um grande número de objetos de arte, cedidos por proprietários e colecionadores (A Notícia, 28 e 29 de julho de 1898, na quarta coluna e 12 e 13 de agosto de 1898).

Participou com 37 quadros da 5ª Exposição Geral de Belas Artes (Gazeta da Tarde, 1º de setembro de 1898, na penúltima coluna).

1899 - Algumas vezes ao longo desse ano, foram publicados o anúncio: Retratos – Admiráveis pelo novíssimo processo a platina, unicamente feitos por Insley Pacheco a rua do Ourives n.38 (Jornal do Commercio, 17 de janeiro de 1899, na sexta coluna).

Insley Pacheco, Marc Ferrez (1843 – 1923) e José Ferreira Guimarães (1841 – 1924) foram nomeados para formar a comissão de propaganda da classe de fotografia da Exposição do Quarto Centenário do Brasil, em 1900, promovida pela Sociedade Propagadora das Belas Artes (A Imprensa, 31 de outubro de 1899, na quarta coluna).

Insley Pacheco estava presente na cerimônia de exéquias mandada celebrar pelos alunos da Escola de Belas Artes pelo pintor Almeida Júnior (1850 – 1899), realizada na matriz da Candelária (Jornal do Commercio, 23 de novembro de 1899, na quinta coluna).

1901 - Insley Pacheco foi um dos jurados do 2º concurso entre fotógrafos amadores, promovido pela “afamada fotografia Leterre”. Os outros jurados foram o escultor Rodolfo Bernardelli (1852 – 1931), diretor da Escola Nacional de Belas Artes, e o artista Hilário Teixeira (A Imprensa, 2 de março de 1901, na terceira coluna).

Insley Pacheco exibiu uma fotografia em estereoscópio, reprodução em cores naturais de um vaso de flores , obtida por um processo inteiramente novo, ao que se diz superior ao de Lippman e de outros…A propósito desse processo de fotografia foi apresentado pelos seus inventores A.L. Lumière, um interessante relatório (Jornal do Brasil, 7 de março de 1901,na terceira coluna).

Insley estava presente na inauguração da quinta exposição de paisagens de Antônio Parreiras ( 1860 – 1937) (O Fluminense, 12 de março de 1901, na segunda coluna).

Insley Pacheco foi um dos jurados do 3º concurso entre fotógrafos amadores, promovido pela fotografia Leterre, ocorrido no dia 3 de agosto de 1901. Os outros jurados foram o escultor Rodolfo Bernardelli (1852 – 1931), diretor da Escola Nacional de Belas Artes, e o artista Hilário Teixeira (Jornal do Brasil, 2 de agosto de 1901, na terceira coluna).

Estava presente na Central do Brasil durante o embarque do presidente Prudente de Morais (1841 – 1902) para São Paulo (Jornal do Brasil, 30 de outubro de 1901, na terceira coluna).

1902 – Publicação do “Artigo Infamante – Aos Amadores de Fotografia no Brasil – Aos profissionais e a meus clientes e amigos “, de autoria de A. Laterre em resposta a uma publicação de 5 de abril na Gazeta do Commercio, em Porto Alegre, que relatava que durante uma reunião do Sploro Photo-Club haviam sido feitos protestos contra um artigo publicado pela revista parisiense Photographie Française, de janeiro de 1902, e também protestos contra o fotógrafo sr. A. Leterre, acusado de prejudicar os fotógrafos amadores do Rio Grande nos concursos que promovia. Nele Insley Pacheco, um dos juízes dos concursos, era mencionado (Jornal do Brasil, 20 de abril de 1902).

Integrou a Exposição Geral de Belas Artes com 60 quadros (A Notícia, 30 e 31 de agosto de 1902, na última coluna). Alguns de seus quadros foram adquiridos pelo Barão Sampaio Vianna (O Paiz, 5 de setembro de 1902, na penúltima coluna). Foi um dos participantes da festa dos artistas da exposição, realizada no restaurante do Silvestre (A Notícia, 12 e 13 de setembro de 1902, na quinta coluna, sob o título “Festa entre artistas”).

Insley Pacheco foi à delegacia dar queixa sobre o não pagamento de uma dívida a seu filho Insley Pacheco Júnior pelo estabelecimento Jupiter Almeida & Comp (O Pharol, 12 de outubro de 1902, na penúltima coluna).

Foi um dos organizadores do Rancho das Reisadas (Gazeta de Notícias, 25 de dezembro de 1902).

1903 - Publicação de um daguerreótipo de Ludovina Soares da Costa, “primeira dama trágica do teatro brasileiro”, produzido em 1860 por Insley Pacheco (Brasil-Theatro, 1903).

Em São João del Rei, faleceu a neta de Insley Pacheco, Maria de Lourdes, filha de Joaquim Insley Pacheco Junior (Correio Paulistano, 31 de janeiro de 1903, na segunda coluna).

Ao longo de abril e maio de 1903, foram publicadas quatro colunas no Correio da Manhã, intituladas “Artistas do meu Tempo” – Carlos Kornis e Insley Pacheco, de autoria de Mello Moraes Filho (Correio da Manhã, 5 de abril de 1903, 12 de abril, 19 de abril3 de maio de 1903, quarta coluna).

Em uma reunião de artistas, promovida pelo pintor Rodolfo Amoedo (1857 – 1941), na Escola de Belas Artes, foi fundada a Associação de Aquarelistas e Insley foi eleito para presidi-la. A primeira exposição da associação foi inaugurada em 1º de julho e Insley participou com oito marinhas. Outros artistas que participaram da mostra foram Eliseu Visconti (1866 – 1944), Henrique Bernardelli  (1858 – 1936) e Rodolfo Amoedo, dentre outros (A Notícia, 24 e 25 de abril de 1903, na terceira colunaJornal do Brasil, 2 de julho de 1903, na oitava coluna, e Correio da Manhã, 3 de julho de 1903, quinta coluna).

Na matéria “Problema histórico” sobre o motivo de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746 – 1792), sempre ser representado com a fisionomia de Jesus Cristo, seu autor, Carlos Laet (1847 – 1927), afirmou que Insley Pacheco era responsável pelo fato. Uma das duas filhas de Insley estava copiando uma estampa da coleção Julien de uma cabeça de Cristo quando o estatuário Cândido Caetano de Almeida Reis (1838 – 1889) chegou para uma visita. Durante sua conversa com Insley, mencionou que haviam lhe feito uma encomenda de um busto de Tiradentes e ele não havia encontrado nenhuma representação em que ele pudesse se basear. Foi então que Insley ofertou a ele o desenho de sua filha (Jornal do Brasil, 20 de julho de 1903, na primeira coluna, sob o título “Problema histórico”).

1904 - Participou da Exposição Universal de Saint Louis, realizada entre 30 de abril e 1º de dezembro de 1904, em conjunto com os III Jogos Olímpicos, e obteve a medalha de ouro em fotografia e a de bronze na seção de arte (Almanak Laemmert, 1905).

Insley inaugurou uma exposição de seus últimos trabalhos, em seu ateliê, na rua dos Ourives, 38 (Correio da Manhã, 15 de maio de 1904, na segunda coluna).

O Barão de Rio Branco (1845 – 1912), na época ministro das Relações Exteriores do Brasil, adquiriu uma paisagem de Insley Pacheco, exposta no Club Petrópolis (Correio da Manhã, 24 de março de 1904, na quarta coluna).

A segunda exposição da Associação de Aquarelistas foi realizada na casa 70 da rua Gonçalves Dias e Insley apresentou quatro aquarelas a guache (A Notícia, 15 e 16 de junho de 1904, na segunda coluna).

Em 7 de setembro, reabriu seu ateliê na rua do Ouvidor esquina com Gonçalves Dias (Correio da Manhã, 7 de setembro de 1904, na penúltima coluna).

Participou da Exposição da Escola Nacional de Belas Artes de 1904 com 15 guaches (O Tagarela, 15 de setembro de 1904 e O Paiz, 25 de setembro de 1904, na primeira coluna).

1905 - O estabelecimento de Insley Pacheco ficava na rua do Ouvidor, 124, esquina com Gonçalves Dias, 70 (Almanak Laemmert, 1905).

Foi publicado que os participantes da Exposição de Saint Louis, ocorrida em 1904, podiam retirar os produtos enviados para o evento que lhes pertencessem (Jornal do Brasil, 6 de junho de 1905, na segunda coluna).

Foi noticiado que Insley Pacheco havia conseguido “em fotografia colorida um belo triunfo”  (Gazeta de Notícias, 11 de julho de 1905, na sexta coluna).

Foi um dos jurados da 2ª Exposição Artística do Photo Club (O Paiz, 26 de julho de 1905, na primeira coluna). Foi publicado um artigo de A. Leterre intitulado “Rapto de honra – Fotografia” sobre o resultado da 2ª Exposição Artística do Photo Club (Jornal do Brasil, 19 de agosto de 1905, nas penúltima e última colunas).

Nos “suntuosos salões” do Cassino Fluminense, realização de um baile, no qual Insley era um dos convidados (Jornal do Brasil, 22 de agosto de 1905, na terceira coluna).

1907 - No Palácio Monroe, em 2 de junho, foi realizada a entrega dos prêmios aos participantes brasileiros da Exposição Universal de Saint Louis, de 1904 (O Século, 3 de junho de 1907Relatórios do Ministério da Agricultura, 1908).

Participou da Exposição da Escola Nacional de Belas Artes (Jornal do Brasil, 31 de agosto de 1907, na sexta coluna).

1908 - Na Exposição Nacional de 1908, ganhou a medalha de prata na categoria de pintura e o grande prêmio de fotografia (Almanak Laemmert, 1909).

Insley Pacheco havia “iniciado um processo…para a impressão de clichês à tinta, processo esse que torna indelével a fotografia …” (O Paiz, 13 de outubro de 1908, nas quarta e quinta colunas).

1909 – Seu estabelecimento ficava na rua Gonçalves Dias, 74 (Almanak Laemmert, 1909).

Insley instalou em seu ateliê a tipocromia, “um novíssimo e interessante invento” (A Notícia, 6 e 7 de abril de 1909, nas quarta e quinta colunas , O Século, 7 de abril de 1909, na primeira coluna e O Paiz, 19 de maio de 1909, na segunda coluna).

Participou da Exposição de Belas Artes com uma coleção de guaches (O Paiz, 1º de setembro, na terceira coluna).

1910 - Pela última vez seu estabelecimento foi listado pelo Almanak Laemmert.

Participou da 17ª Exposição Geral de Belas Artes com guaches (A Imprensa, 29 de setembro de 1910).

O comendador Insley Pacheco estava presente ao desembarque do ex-diplomata português Camelo Lampreia, no Cais Pharoux (Gazeta de Notícias, 12 de março de 1911).

1912 - Falecimento de Insley Pacheco, “o fotógrafo tradicional do Rio” (O Século, 15 de outubro de 1912, na sexta colunaJornal do Brasil, 15 de outubro de 1912, na sétima coluna , O Paiz, 16 de outubro de 1912, na penúltima coluna).

1936 - Insley Pacheco foi o biografado da coluna “Figuras do Passado” (O Malho, de 3 de setembro de 1936).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ERMAKOFF , George. Rio de Janeiro 1840 – 1900 – Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006.

FERREZ, Gilberto. A Fotografia no Brasil: 1840-1900 / Gilberto Ferrez; [prefácio por Pedro Vasquez] – 2ª ed. – Rio de Janeiro: FUNARTE: Fundação Nacional Pró-Memória, 1985.

FERREZ, Gilberto; NAEF, Weston J.. Pioneer Photographers of Brazil, 1840-1920. New York: Center for Inter-American Relations, 1976.

GONÇALVES, Joaquim Castro. O fotógrafo do imperador. O Castro Manco, 9 de fevereiro de 2016.

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.

LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Coleção Princesa Isabel: fotografia do século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2008.432p.:il., retrs.

MEIRELLES, Victor. “Photographia” In BRASIL. Exposição Nacional. Relatório da Segunda Exposição Nacional de 1866, publicado […] pelo Dr. Antonio José de Souza Rego, 1o secretário da Commissão Directora. Rio de Janeiro: Typ. Nacional, 1869, 2ª parte, pp. 158-170

MORAES FILHO, Melo. Artistas do meu tempo. Rio de Janeiro: Garnier, 1904.

PINHO, Wanderley. Salões e Damas do Segundo Reinado. São Paulo:Martins, 1942.

Site da Encilopédia Itaú Cultural

Site O Castro Manco

TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Prefácio Pedro Karp Vasquez. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p., il. p&b. (Coleção Luz & Reflexão, 4). ISBN 85-85781-08-4.

VASQUEZ, Pedro Karp. Mestres da fotografia no Brasil. Centro Cultural do Banco do Brasil Rio de Janeiro, 1995.

A Brasiliana Fotográfica também pesquisou em diversos periódicos na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

O Palácio Imperial de Petrópolis

 

A Brasiliana Fotográfica traz para seus leitores fotografias do Palácio Imperial de Petrópolis, que começou a ser construído em 1845 e foi concluído em 1862. São imagens produzidas por Georges Leuzinger (1813 – 1892), Phillip Peter Hees (1841 – 1880), que ficou conhecido como Pedro Hees; e Revert Henrique Klumb ( 18? – c. 1886). Em 16 de março de 1843, dom Pedro II assinou o decreto da criação de Petrópolis e muitos imigrantes da Europa, principalmente da Alemanha, comandados pelo major e engenheiro alemão Julius Friedrich Koeler (1804 – 1847), começaram a colonização da região.

Acessando o link para as fotografias do palácio imperial de Petrópolis disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

Dom Pedro I se encantou com a região serrana, em 1822, quando viajava para Minas Gerais na busca de apoio à independência do Brasil. Ficou hospedado na fazenda do Padre Correia (1759 – 1824), cuja sede ficava na confluência dos rios Morto e Piabanha. A fazenda oferecia hospedagem e alimentação aos tropeiros. O padre Correia recusou uma oferta feita pelo imperador para a compra de sua propriedade. Então, em 1830, dom Pedro I comprou a fazenda do Córrego Seco, localizada no topo da Serra da Estrela, por considerá-la situada em uma região de salubridade e beleza ideais, o que beneficiaria sua filha, a princesa dona Paula (1823 – 1833), que tinha sérios problemas de saúde. D. Pedro I queria construir ali um palácio para o verão, o Palácio da Concórdia. Porém, sua abdicação, em 1831, e sua morte, em 1834, o impediram de realizar seu desejo. Seus credores entraram nas justiças europeia e brasileira e a fazenda foi destinada para cobrir suas dívidas. Em 1839, o governo do Brasil foi autorizado a comprar a propriedade ( Diário do Rio de Janeiro, 21 de setembro de 1839, na primeira coluna ) e, em 1840, ela passou a pertencer a dom Pedro II e a seus sucessores ( Diário do Rio de Janeiro, 15 de outubro de 1840, na terceira coluna). A fazenda foi então arrendada por Frederico Koeler, que se tornou seu superintendente. Ele teria que edificar um palácio para o imperador, uma igreja e um cemitério, além de povoar a região.

Foi da dotação pessoal de Pedro II que vieram os recursos para a construção do palácio. O projeto original foi de Koeler e depois de seu falecimento, em 1847 (Diário de Notícias, 24 de novembro de 1847, na segunda coluna), foi alterado pelo italiano Cristóforo Bonini, responsável pelo acréscimo do pórtico de granito ao corpo central do edifício. Sob orientação de Pedro II, o botânico e paisagista francês Jean-Baptiste Binot (1810-1894) planejou e executou os jardins imperiais. O barão de Santo Ângelo, Manuel Araújo Porto Alegre (1806 – 1879), colaborou na decoração. Os arquitetos João Cândido Guillobel (1787 – 1859) e José Maria Jacinto Rebelo (1821 – 1871), ambos ligados à Academia Imperial de Belas-Artes, também participaram da obra. 

Com o banimento e o exílio da família real na Europa, ocorrido logo após a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, e com a morte da imperatriz dona Teresa Cristina na cidade do Porto, em Portugal, em 28 dezembro de 1889, e o falecimento, em 5 de dezembro de 1891, de dom Pedro II , a princesa Isabel (1846 – 1921) tornou-se a única herdeira do palácio. Ela o alugou para o Educandário Notre Dame de Sion, entre 1893 e 1908. Entre 1909 e 1939, o Colégio São Vicente de Paulo funcionou no prédio.

O político e historiador Alcindo de Azevedo Sodré (1895 – 1952), que havia estudado no Colégio São Vicente de Paulo, foi o mentor da transformação do seu antigo colégio em um museu histórico. O presidente Getulio Vargas criou, em 29 de março de 1940, pelo Decreto-Lei n° 2.096, o Museu Imperial, inaugurado em 16 de março de 1943, na comemoração do centenário de Petrópolis (Jornal do Brasil, 18 de março de 1943). Azevedo Sodré foi seu primeiro diretor.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

CARVALHO, José Murilo. Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

Site A História de Petrópolis

Site do Museu Imperial de Petrópolis

 

Real Gabinete Português de Leitura

Hoje o Real Gabinete Português de Leitura completa 179 anos. O portal Brasiliana Fotográfica homenageia a instituição com a publicação de uma fotografia produzida por Marc Ferrez (1843 – 1923), o brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX.

Fundado em 14 de maio de 1837, o Real Gabinete Português de Leitura é a mais antiga associação criada pelos portugueses do Brasil após a independência do país, em 1822. Teve sua origem numa reunião realizada por 43 emigrantes portugueses no Rio de Janeiro, dentre eles o advogado e jornalista José Marcelino Rocha Cabral, que iria ser eleito primeiro presidente da instituição. O encontro aconteceu na casa do Dr. Antonio José Coelho Lousada, na antiga rua Direita, nº 20 – hoje rua Primeiro de Março. Na ocasião, o grupo decidiu criar uma biblioteca para uso de seus sócios e dos portugueses residentes no Rio de Janeiro. No dia 28 de maio, duas semanas depois, reuniram-se para discutir os estatutos da recém-fundada instituição cultural (Diário do Rio de Janeiro, de 26 de maio de 1837, na primeira coluna).

A primeira sede do Real Gabinete localizava-se em um sobrado, na rua de São Pedro, número 83. Em 1842, transferiu-se para a rua da Quitanda, e oito anos depois, para a rua dos Beneditinos. A sede atual, construída em estilo neo-manuelino e fotografada por Ferrez, foi projetada pelo arquiteto português Rafael da Silva Castro, inspirado no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa. Em sua fachada, ficam as estátuas de quatro ilustres portugueses: Pedro Álvares Cabral (1467 – 1520), Luis de Camões (1524 – 1580), Infante Dom Henrique (1394 – 1460) e Vasco da Gama (c. 1468 – 1524).

Teve sua pedra inaugural lançada pelo imperador Dom Pedro II (1825 – 1891) em 10 de junho de 1880, data do tricentenário de morte do grande escritor português Luis de Camões (Gazeta de Notícias, de 11 de junho de 1880, na quinta coluna sob o título “Terceiro Centenário de Camões”).  Foi inaugurada em 10 de setembro de 1887 pela Princesa Isabel (1846 – 1921) e por seu marido, o Conde d´Eu (1842 – 1922) (Gazeta de Notícias, de 11 de setembro de 1887, na última coluna). Os monarcas foram recebidos ao som do Hino Nacional, executado por uma orquestra regida por Arthur Napoleão (1843 – 1925). Depois, foi executada a sinfonia “O Guarani”, e Ramalho Ortigão, presidente da diretoria do Real Gabinete, fez um discurso.

 

 

Estão sob a guarda do Real Gabinete Português de Leitura cerca de 350.000 volumes, incluindo milhares de obras raras, dentre elas um exemplar da edição princeps de Os Lusíadas, de Luis de Camões, de 1572, e de Amor de Perdição, obra do escritor português Camilo Castelo Branco. O acervo pode ser consultado por qualquer pessoa pois o Real Gabinete tornou-se biblioteca pública, em 1900. Funciona também como centro de estudos e polo de pesquisas literárias. A biblioteca do Real Gabinete possui a maior coleção de obras portuguesas fora de Portugal. Na biblioteca foram realizadas as cinco primeiras sessões solenes da Academia Brasileira de Letras, sob a presidência de Machado de Assis.

Na edição de 28 de julho de 2014 da Revista Time o Real Gabinete Português de Leitura foi destacado como uma das 20 bibliotecas mais bonitas do mundo. Localiza-se na rua Luís de Camões, 30, no Centro do Rio de Janeiro.

Dom Pedro II ( RJ, 2/12/1825 – Paris, 5/12/1891), um entusiasta da fotografia

 

Dom Pedro II ( RJ, 2/12/1825 – Paris, 5/12/1891), um entusiasta da fotografia*

Dom Pedro II foi um entusiasta da fotografia, seja como mecenas seja colecionador. Foi o primeiro brasileiro a possuir um daguerreótipo, e, provavelmente, o primeiro fotógrafo nascido no Brasil. Devido ao seu interesse no assunto, implantou e ajudou decisivamente o desenvolvimento da fotografia no país. Sua filha, a princesa Isabel (1846-1921), foi, inclusive, aluna do fotógrafo alemão Revert Henrique Klumb (c. 1826- c. 1886). Ao ser banido do país, em 1889, pelos republicanos, Pedro II doou à Biblioteca Nacional a coleção de cerca de 25 mil fotografias, que então denominou, juntamente com a coleção de livros, de Coleção Dona Theresa Christina Maria.  Segundo Pedro Vasquez, essa coleção é, até hoje, “o mais diversificado e precioso acervo dos primórdios da fotografia brasileira jamais reunido por um particular, e tampouco por uma instituição pública”.

A velocidade com que a notícia do invento do daguerreótipo chegou ao Brasil é curiosa: em 7 de janeiro de 1839, na Academia de Ciências da França, foi anunciada a descoberta da daguerreotipia, um processo fotográfico desenvolvido por Joseph Nicèphore Niépce (1765-1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851); cerca de 4 meses depois, foi publicado no Jornal do Commercio, de 1º de maio de 1839, sob o título “Miscellanea”, na segunda coluna, um artigo sobre o assunto – apenas 10 dias após de ter sido o tema de uma carta do inventor norte-americano Samuel F. B. Morse (1791 – 1872), escrita em Paris em 9 de março de 1839, para o editor do New York Observer, que a publicou em 20 de abril de 1839.

Acessando o link para as fotografias de dom Pedro II disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

O interesse de dom Pedro II pela fotografia teve quase a mesma idade do próprio daguerreótipo: menos de um ano após o anúncio oficial da invenção, feito por François Arago, em 19 de agosto de 1839, na França, ele, aos 14 anos, adquiriu o equipamento, em março de 1840, mesmo ano em que o abade francês Louis Comte (1798 – 1868) apresentou-lhe o invento, no Rio de Janeiro (Jornal do Commercio, de 17 de janeiro de 1840, na primeira coluna; e de 20 de janeiro de 1840, na terceira coluna).

Por sediar o Império, o Rio de Janeiro foi a capital da fotografia no Brasil. O imperador foi retratado por diversos fotógrafos, dentre eles Marc Ferrez (1843-1923) e Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912), tendo conhecido praticamente o trabalho de todos eles. A fotografia passou a ser o instrumento de divulgação da imagem de dom Pedro II, “moderna como queria que fosse o reino”, segundo comenta Lilia Moritz Schwarcz no livro As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos, e tornou-se também mais um símbolo de civilização e status.

Foi um dos primeiros monarcas a oferecer seu real patrocínio a um fotógrafo, quando, em 1851, permitiu que Buvelot & Prat, que haviam realizado uma série de daguerreótipos de Petrópolis – todos desaparecidos – usassem as armas imperiais na fachada de seu estabelecimento fotográfico.

Dom Pedro II governou o Brasil de 23 de julho de 1840 a 15 de novembro de 1889 e, segundo José Murilo de Carvalho, o fez “com os valores de um republicano, com a minúcia de um burocrata e com a paixão de um patriota. Foi respeitado por quase todos, não foi amado por quase ninguém”. Em seus quase 50 anos de governo – só superados pelas rainhas Vitória (1819 – 1901) e Elizabeth II (1926 -), ambas da Inglaterra – o tráfico de escravizados e a escravidão foram abolidos, a unidade do Brasil foi consolidada, as principais capitais brasileiras se modernizaram, a ciência e a cultura se desenvolveram. Sinais, sobretudo estes últimos, de um reinado que, não obstante o conservadorismo escravista dominante, perseguiu sempre uma pauta liberal, humanista e civilizatória.

Em seu diário de 1862, Pedro II declarou: “Nasci para consagrar-me às letras e às ciências, e, a ocupar posição política, preferia a de presidente da República ou ministro a imperador”. De fato, no século XIX, muito do que se fez no Brasil nos campos das letras e das ciências deveu-se a ele, um dos monarcas mais eruditos de sua época.

Lista dos Fotógrafos Imperiais, na ordem cronológica em que foram agraciados com este título, segundo Guilherme Auler (1914-1965), sob o pseudônimo de Ricardo Martim, em dois artigos publicados na Tribuna de Petrópolis, em 1º e 8 de abril de 1956, segundo o livro O Brasil na fotografia oitocentista, de Pedro Vasquez:

Buvelot & Prat, título concedido em 8 de março de 1851 (província do Rio de Janeiro)

Joaquim Insley Pacheco, título concedido em 22 de dezembro de 1855 (província do Rio de Janeiro)

João Ferreira Villela, título concedido em 18 de setembro de 1860 (província de Pernambuco)

Revert Henrique Klumb, título concedido em 24 de agosto de 1861 (província do Rio de Janeiro)

Stahl & Wahnschaffe, título concedido em 21 de abril de 1862 (província do Rio de Janeiro)

Diogo Luiz Cipriano, título concedido em 20 de setembro de 1864 (província do Rio de Janeiro)

Antonio da Silva Lopes Cardoso, título concedido em 30 de novembro de 1864 (província da Bahia)

Thomas King, título concedido em 18 de maio de 1866 (província do Rio Grande do Sul)

José Ferreira Guimarães, título concedido em 13 de setembro de 1866 (província do Rio de Janeiro)

José Tomás Sabino, título concedido em 13 de agosto de 1873 (província do Pará)

Henschel & Benque, título concedido em 7 de dezembro de 1874 (província do Rio de Janeiro)

Antonio Henrique da Silva Heitor, título concedido em 2 de março de 1885 (província do Rio de Janeiro)

Fernando Skarke, título concedido em 14 de dezembro de 1886 (província de São Paulo)**

Juan Gutierrez de Padilla, título concedido em 3 de agosto de 1889 (província do Rio de Janeiro)

Ignácio Mendo, título concedido em 6 de agosto de 1889 (província da Bahia)

Apesar de não estarem na lista de Auler, os fotógrafos Mangeon & Van Nyvel, radicados no Rio de Janeiro e Luiz Terragno (c.1831 – 1891), do Rio Grande do Sul, também anunciavam esse título e as armas imperiais no verso de suas fotografias. Já Marc Ferrez foi o único com a distinção de Fotógrafo da Marinha Imperial. Seis fotógrafos estrangeiros também foram agraciados com o título de fotógrafos imperiais: o francês Alphonse Liebert, o português Joaquim Coelho da Rocha, o austríaco Guilherme Perimutter, os tchecos Franz Piedrich e Charles Molock; e o italiano Francesco Pesce.

Pedro Hees e Pedro Satyro da Silveira foram incluídos nessa lista desse artigo, em março de 2019. A inclusão foi baseada no trabalho Photographos da Casa Imperial: A Nobreza da Fotografia no Brasil do Século XIX, de Danielle Ribeiro de Castro.

 

 

Cronologia de dom Pedro II 

Alphonse Léon Nöel; Victor Frond. Dom Pedro II, 1861. Paris, França / Acervo FBN

 

1825 – Em 2 de dezembro, nascimento de Pedro II, às 2h30 da manhã, no Paço de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, filho mais novo do imperador dom Pedro I do Brasil (1798 – 1834) e da imperatriz dona Maria Leopoldina de Áustria (1797 – 1826) (Diário do Rio de Janeiro, de 5 de dezembro de 1825).

Foi batizado, em 9 de dezembro, e seu nome completo era Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Bourbon (Império do Brasil: Diário Fluminense, de 10 de dezembro de 1825).

1826 – Em agosto, foi oficialmente reconhecido como herdeiro do trono brasileiro com o título de príncipe imperial .

Sua mãe, a imperatriz Leopoldina, faleceu em 11 de dezembro de 1826, poucos dias após dar a luz a um menino natimorto (Diário do Rio de Janeiro, de 15 de dezembro de 1826).

1829 – O imperador Pedro I casou-se com a duquesa Amélia de Leuchtenberg (1812 – 1873), com quem, apesar de ter convivido pouco, o príncipe Pedro estabeleceu um relacionamento afetuoso (Imperio do Brasil: Diário Fluminense, de 8 de outubro de 1829, sob o título “Baviera”).

1831 – Em 7 de abril, o imperador Pedro I abdicou (Aurora Fluminense, de 11 de abril de 1831). O príncipe imperial Pedro tornou-se “Dom Pedro II, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil“, sendo aclamado por uma multidão. Dom Pedro I deixou seu filho aos cuidados do tutor José Bonifácio de Andrada (1763 – 1838), de dona Mariana Carlota de Verna Magalhães Coutinho (? – 1855), tornada condessa de Belmonte, em 5 de maio de 1844, aia de Pedro II desde seu nascimento, a quem ele chamava de Dadama; e de Rafael, que era um empregado do paço em quem Pedro I possuía grande confiança.

No mesmo dia da abdicação, foi eleita, no Senado, a Regência Provisória, formada pelos senadores Nicolau do Campos Vergueiro (1788 – 1859), por José Joaquim de Campos (1768 – 1836), o Marquês de Caravelas, e pelo senador Francisco de Lima e Silva (1785 – 1853), pai de Luís Alves de Lima e Silva (1803 – 1880), o Duque de Caxias.

Dom Pedro I partiu para a Europa com Dona Amélia, em 13 de abril (Diário do Rio de Janeiro, de 14 de abril de 1831). Links para as cartas de despedida de dona Amélia, disponível no Correio IMS, e de Pedro I, ambas para dom Pedro II.

Em 17 de  junho, a Regência Trina Permanente foi eleita pela Assembleia Geral. Era composta pelo deputado da Bahia, José da Costa Carvalho (1796 – 1860), o Marquês de Monte Alegre; do Maranhão, João Bráulio Moniz (1796 – 1835), e pelo senador Francisco de Lima e Silva (1785 – 1853), do Rio de Janeiro (Aurora Fluminense, de 20 de junho de 1831, na primeira coluna, sob o título “Rio de Janeiro”).

1833 - Em 15 de dezembro, José Bonifácio foi substituído pelo marquês de Itanhaém, Manuel Inácio de Andrada Souto Pinto Coelho (1782 – 1867), que passou a ser, por decreto, tutor de dom Pedro II (Jornal do Commercio, 17 de dezembro de 1833, na segunda coluna, sob o título “Rio de Janeiro”).

1834 - Em 12 de agosto foi aprovado o Ato Adicional, que estipulou o fim da Regência Trina e alterou a Constituição de 1824, autorizando cada uma das províncias a criar uma Assembleia Legislativa. A situação política do país se acalmou.

Em 24 de setembro, morreu, em Portugal, dom Pedro I (Diário do Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 1834).

1835 - Em 7 de janeiro, teve início a Cabanagem no Pará.

Em abril, realizaram-se as eleições para a primeira Regência Una. Venceu o padre Diogo Antônio Feijó (1784 – 1843), um dos líderes progressistas e antigo ministro da Regência Trina Permanente.

Em 20 de setembro, iniciou-se a revolta Farroupilha, no Rio Grande do Sul.

Diogo Antônio Feijó (1784 – 1843) assumiu a Regência Una em outubro (Aurora Fluminense, de 12 de outubro de 1835).

1837 - Para tentar acabar com o avanço da Cabanagem e da Farroupilha, movimentos revoltosos contra o governo, Feijó pediu a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do aumento dos efetivos militares do governo. Seu pedido foi negado e ele renunciou. O presidente da Câmara dos Deputados e líder da facção regressista, o marquês de Olinda, Pedro Araújo Lima (1793 – 1870), assumiu provisioriamente a regência (Jornal do Commercio, de 25 de setembro de 1837, na primeira coluna).

Em novembro, teve início a Sabinada, na Bahia.

Em 2 de dezembro, por decreto, foi fundado o Colégio Pedro II.

1838 – O senador Pedro Araújo Lima (1793 – 1870) foi eleito o novo regente, cujo mandato se prolongaria até 1842.

Foi criado, em 21 de outubro, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (Jornal do Commercio, de 18 de outubro de 1838, na primeira coluna).

Em 13 de dezembro, teve início a Balaiada no Maranhão.

1839 – O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro recebeu o patronato do imperador dom Pedro II , que além de seu protetor, tornou-se um ativo membro, tendo presidido centenas de sessões.

1840 – O abade francês Louis Comte (1798 – 1868), capelão da corveta L´Oriental-Hydrographe, fez na hospedaria Pharoux, a primeira apresentação do daguerreótipo no Brasil e na América Latina, realizando um ensaio fotográfico (Jornal do Commercio, de 17 de janeiro de 1840, na primeira coluna). Dias depois, apresentou o invento a dom Pedro II (Jornal do Commercio, de 20 de janeiro de 1840, na terceira coluna). Em março do mesmo ano, com menos de 15 anos, dom Pedro II adquiriu o equipamento, através do negociante Felício Luzaghy.

O Brasil encontrava-se em uma situação delicada com as revoltas e dom Pedro II só poderia ser declarado maior com 18 anos de idade. Além disso, a Regência sempre motivaria conflitos políticos. Em abril, o senador do Partido Liberal, José Martiniano de Alencar (1794 – 1860), pai do romancista José de Alencar, propôs a criação da Sociedade Promotora da Maioridade, que passou a se chamar Clube da Maioridade. Seu presidente, Antônio Carlos de Andrada (1773 – 1845), levou a campanha para as ruas, conseguindo a adesão do povo.

Em 23 de julho, dom Pedro II foi emancipado pela Assembleia Geral Legislativa do Brasil (Diário do Rio de Janeiro, de 27 de julho de 1840, sob o título “Rio de Janeiro”).

1841 – Em 18 de julho, realização da sagração e da coroação de dom Pedro II, imperador do Brasil (Diário do Rio de Janeiro, de 19 de julho de 1941Jornal do Commercio, de 18 e 19 de julho de 1941, na segunda coluna e de 20 de julho, com ilustração de dom Pedro II coroado e da varanda da coroação). A cidade do Rio de Janeiro foi embelezada para a cerimônia e as festas se estenderam até o dia 24 de julho, quando foi realizado um grande baile de gala no Paço da cidade.

Terminou a revolta da Balaiada.

1842 / 1843 – Entre dezembro de 1842 e princípio de 1843, d.Pedro II foi apresentado ao fotógrafo norte-americano Augustus Morand, que ficou no Rio de Janeiro até abril de 1843, tendo produzido daguerreótipos do monarca, da família imperial e vistas dos arredores do Palácio Real de São Cristóvão.

1843 – Em 30 de maio, dom Pedro II e dona Teresa Cristina (1822 – 1889), princesa das Duas Sicílias, casaram-se por procuração, em Nápoles. Como eles eram primos, tiveram que obter licença de Roma. Em 3 de setembro, ela chegou ao Rio de Janeiro. Eles se encontraram pela primeira vez, a bordo da fragata Constituição (Jornal do Commercio, de 4 de setembro, na última colunae de 5 de setembro de 1843, na primeira coluna, ambas sob o título “Jornal do Commercio”)Dom Pedro II ficou muito decepcionado com a aparência de sua esposa .

1845 – Em 23 de fevereiro, nasceu o primeiro filho do casal, dom Afonso (Diário de Rio de Janeiro, de 24 de fevereiro de 1845, sob o título “O Diário”).

Em 1º de março, fim da Farroupilha.

Em 6 de agosto, dom Pedro II viajou para o sul do Brasil e visitou as províncias de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.

1846 – Nasceu a primeira filha do casal real, a princesa Isabel, em 29 de julho (Diário do Rio de Janeiro, edição de 30 de julho de 1846, sob o título “Parte official”).

1847 – Morreu dom Afonso, em 11 de junho (Diário do Rio de Janeiro, de 12 de junho de 1847) e nasceu a princesa Leopoldina, segunda filha do casal, em 13 de julho (Diário do Rio de Janeiro, de 14 de julho de 1847, sob o título “O Diário”). Dom Pedro II percorreu a província do Rio de Janeiro.

1848 – Nasceu dom Pedro Afonso, segundo filho do casal, em 19 de julho (Diário do Rio de Janeiro, de 20 de julho de 1848).

Teve início a Revolução Praieira, em Pernambuco. De caráter liberal e federalista, ganhou o nome de Praieira, pois a sede do jornal Diário Novo, comandado pelos revoltosos, ficava na rua da Praia.

1849 – O primo de d. Pedro II, Henrique Guilherme Adalberto da Prússia (1811-1873), em seu diário sobre a visita que havia feito ao Brasil, comentou que d. Pedro II fazia experimentos com o daguerreótipo.

1850 – Morreu dom Pedro Afonso, em 10 de janeiro (Diário do Rio de Janeiro, de 11 de janeiro de 1850). O túmulo dos únicos filhos homens de Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina, os Príncipes Imperiais Afonso Pedro de Bragança (1845 – 1847) e Pedro Afonso de Bragança (1848 – 1850) estão no Mausoleu do Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro.

Foram promulgados o Código Comercial, baseado nos Códigos de Comércio de Portugal, França e Espanha; e a Lei de Terras,  que foi regulamentada em 1854. Esta lei estabelecia a compra como a única forma de acesso à terra e abolia, em definitivo, o regime de sesmarias.

Fim da Revolução Praieira (O Brasil, de 16 de abril de 1850, sob o título “Notícias Provinciaes”, na primeira coluna).

Em 4 de setembro, a Lei Eusébio de Queiroz pôs fim ao tráfico negreiro (Diário do Rio de Janeiro, de 5 de setembro de 1850).

O governo brasileiro rompeu relações com a Confederação Argentina, governada por Juan Manuel de Rosas (1793 – 1877).

1851 – Brasil, Uruguai e as províncias argentinas de Entre Ríos e Corrientes firmaram, em Montevidéu, uma aliança ofensiva e defensiva contra Rosas, que declarou guerra ao Império brasileiro.

Tornou-se um dos primeiros monarcas a oferecer seu real patrocínio a um fotógrafo, juntamente com a rainha Victoria da Inglaterra (1819 – 1901), quando, em 8 de março de 1851, permitiu que Buvelot & Prat, que haviam realizado uma série de daguerreótipos de Petrópolis – todos desaparecidos – usassem as armas imperiais na fachada de seu estabelecimento fotográfico.

1852 – Em fevereiro, Rosas foi derrotado pelo general Justo José de Urquiza (1801-1870) com o apoio do Brasil, na Batalha de Monte Caseros (Correio da Tarde, de 24 de fevereiro de 1952).

Início da telegrafia elétrica no Brasil. Telegramas foram trocados entre o imperador, que se encontrava na Quinta de São Cristóvão, e o ministro da Justiça, Eusébio de Queiroz (1812 – 1868), e o professor Guilherme Schüch de Capanema (1824 – 1908), que estavam no Quartel General, no Campo da Aclamação, atual Campo de Santana.

1854 – No Rio de Janeiro, instalação da iluminação à gás (Jornal do Commercio, de 25 de março de 1854, na penúltima coluna).

Inauguração da estrada de ferro que ligava a Corte à Petrópolis (Jornal do Commercio, de 1º de maio de 1854, na última coluna).

1855 - Em 17 de outubro, morte de Mariana Carlota de Verna Magalhães Coutinho (1779 – 1855), a Dadama, aia e governanta de dom Pedro II, vitimada pela cólera-morbo (Diário do Rio de Janeiro, 18 de outubro de 1855, na segunda coluna).

1856 – Dom Pedro II conheceu a tutora de suas filhas, a condessa de Barral, Luisa Margarida Portugal de Barros (1816 – 1891), por quem se apaixonou e se correspondeu intensamente ao longo de 26 anos de relacionamento. Cartas trocadas entre os dois estão disponíveis no Correio IMS: em 12 de junho de 1876, em 15 de março de 1877, em 29 de março de 1877 e em 7 de junho de 1880.

1857 – Foi criada a Imperial Academia de Música e a Ópera Nacional (Jornal do Commercio, de 7 de junho de 1857, sob o título “Publicações a pedido”).

1859 – Publicação de um esboço biográfico de dom Pedro II, de autoria, segundo a historiadora Cristiane Garcia Teixeira, doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina, de Machado de Assis (1839 – 1908) (O Espelho, 6 de novembro de 1859Uol, 17 de setembro de 2020).

Dom Pedro II viajou para as províncias do Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Quando visitou Recife, em outubro, o fotógrafo João Ferreira Villela (18? -?) ofereceu a ele seis molduras douradas com imagens obtidas sobre chapas metálicas: do Pavilhão construído a mando da Câmara Municipal para a recepção do imperador, do porto de desembarque do imperador com quiosque, dois barracões, chafariz e cais do Colégio; da continuação da citada vista com o mastro norte do pavilhão da Câmara e mosqueiro com todas as embarcações ali fundeadas; de uma marinha, do Templo dos Ingleses, na rua da Aurora; e do fim da rua da Cruz com o princípio do arsenal de Marinha. S. Majestade, com a bondade que todos conhecem, dignou-se receber o mimo, declarar que conhecia todas as vistas e achava bom o trabalho. Encomendou a Villela vistas de locais no interior de Pernambuco que havia conhecido. Ficou combinado que seriam remetidas para o Rio de Janeiro. É mais uma prova do quanto nosso adorado monarca aprecia e anima as artes assim como do valor e importância que dá ao que é nosso (Diário de Pernambuco, 26 de dezembro de 1859, quarta coluna).

1861 - Início da Questão Christie, incidente diplomático envolvendo o Brasil Império e a Inglaterra.

1863 - Brasil e Inglaterra romperam relações diplomáticas.

1864 – Em 15 de outubro, casamento da princesa Isabel com o conde d´Eu (Diário do Rio de Janeiro, edição de 16 de outubro de 1864) e, em 15 de dezembro, casamento da princesa Leopoldina com o duque de Saxe (Diário do Rio de Janeiro, de 16 de dezembro de 1864). O conde d´Eu e o duque se Saxe eram primos.

O Paraguai declarou guerra ao Brasil, em dezembro.

1865 – Em 1º de maio, foi assinado o Tratado da Tríplice Aliança – Argentina, Brasil e Uruguai – contra o Paraguai.

Em 10 de julho, dom Pedro II partiu para o Rio Grande do Sul, devido à Guerra do Paraguai (Correio Mercantil, 20 de julho de 1865, primeira coluna). Foi publicado o poema O Embarque de Sua Majestade Imperial para o Rio Grande do Sul, de Sanches de Frias (1845 – 1922) (Correio Mercantil, 19 de julho de 1865, quinta coluna).

No Rio Grande do Sul, foi fotografado pelo italiano Luiz Terragno (c. 1831 – 1891).

Em 23 de setembro, as relações diplomáticas entre o Brasil e a Inglaterra foram reatadas (Jornal do Commercio, de 5 de outubro de 1865, na sétima coluna, sob o título “27 de setembro”).

1870 - Solano López morreu e a Guerra do Paraguai terminou (O Paiz, suplemento de 14 de abril de 1870).

1871  – Em 7 de fevereiro de 1871, a filha de dom Pedro II, a princesa Leopoldina de Saxe-Coburgo faleceu, em Viena (Diário de Notícias, de 7 de março de 1871).

Em 28 de de setembro de 1871, foi promulgada a Lei do Ventre Livre (Diário do Rio de Janeiro, edição de 30 de setembro de 1871).

1871 / 1872 – Em 25 de maio de 1871, dom Pedro II viajou pela primeira vez para a Europa e para o Oriente Médio. A princesa Isabel tornou-se, pela primeira vez, regente provisória. Em Lisboa, seu primeiro destino, dom Pedro visitou dona Amélia (1812 – 1873), viúva de dom Pedro I (1798 – 1834), no palácio das Janelas Verdes. Conheceu diversos intelectuais portugueses, entre eles, Alexandre Herculano (1810 – 1877). Depois foi à Espanha, à França, onde encontrou a condessa de Barral (1816 – 1891) e o filósofo Arthur de Gobineau (1816 -1882); à Inglaterra, à Bélgica, à Alemanha, onde conheceu o compositor Richard Wagner (1813 – 1883); à Áustria, à Itália, ao Egito, à Creta e à Suíça. Em 31 de março de 1872, retornou ao Rio de Janeiro (Diário do Rio de Janeiro, 1º de abril de 1872), trazendo o duque de Saxe, viúvo de de sua filha Leopoldina, e seus dois netos, Pedro Augusto (1866 – 1934) e Augusto Leopoldo (1867 – 1922), que seriam educados no Brasil.

1874 – Em 22 de junho, foi efetivada a ligação do Brasil a Portugal por telégrafo.

Teve início a revolta do Quebra-Quilos, quando várias cidades do nordeste se rebelaram contra o decreto que impunha a implantação de um novo sistema métrico. No ano seguinte, com a forte repressão promovida pelo governo imperial, a região foi pacificada.

1876 – Em março, dom Pedro II viajou para os Estados Unidos e para a Europa. Embarcou no Rio de Janeiro, no navio americano Hevelius, sob o comando do capitão Markwell (Diário do Rio de Janeiro, 26 de março de 1876, na terceira coluna). Acompanhando a comitiva real, estava o repórter J. O´Kelly, do jornal New York Herald. Chegou em Nova York, em 15 de abril (Diário do Rio de Janeiro, 20 de bril de 1876, segunda coluna). Visitou outras cidades como Boston, Chicago, Pittsburg e Washington. Em Boston, esteve com o missionário e pastor James Cooley Fletcher (1823-1901), foi com Daniel Parrish Kidder autor da obra “O Brasil e os brasileiros” (1857 ). Atuou no Brasil nas décadas de 1850 e 1860. Foi fotografado por Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912) (O Novo Mundo, periódico illustrado do Progresso da Edade (Nova Iorque, EUA), janeiro de 1879). O imperador inaugurou a Exposição da Filadélfia, que abriu ao lado do presidente Ulysses S. Grant (1822 – 1885), em 10 de maio, em meio a uma multidão de cerca de 200 mil pessoas. A cerimônia de abertura terminou no pavilhão de máquinas e equipamentos com Grant e Dom Pedro II acionando o motor a vapor Corliss Steam Engine (Diário do Rio de Janeiro, 12 de maio de 1876, primeira coluna).  Na exposição, esteve com os cientistas Thomas Edison (1847 – 1931) e Grahan Bell (1847 – 1922), que apresentou ao imperador sua invenção – o telefone. Foi também à Niagara Falls. Em 12 julho, partiu para a Europa no vapor Russia, da Cunard Line: foi a Londres e Bruxelas, onde encontrou o famoso médico francês Jean-Marie Charcot (1825 – 1893). Deixou a imperatriz Teresa Cristina em Gastein, na Áustria, para tratamento de saúde e partiu para a Grécia. No Oriente, a imperatriz e a condessa de Barral o encontraram. Foi à Roma, Viena e Paris, onde conheceu os intelectuais Jean Louis Quatrefages (1810 – 1892), Ernest Renan (1823 – 1892), Louis Pasteur (1822 – 1895) e Victor Hugo (1802 – 1885). Retornou em setembro.

1877 – Por ordem de dom Pedro II, foram instaladas linhas telefônicas entre as residências dos ministros e o palácio da Quinta da Boa Vista.

New York Herald relembrou a visita de Pedro II aos Estados Unidos, e apresentou a seguinte proposta: “Para nossa chapa Centenária, indicamos Dom Pedro II e Charles Francis Adams, para presidente e vice-presidente. Estamos cansados de gente comum, e sentimo-nos dispostos a apoiar gente de estilo”. O advogado, político, diplomata e escritor americano Charles Frances Adams ( 1807 – 1886) era neto do presidente John Adams e filho do presidente John Quincy Adams. Dom Pedro II recebeu, na Filadélfia, mais de 4.000 votos espontâneos.

1878 – Dom Pedro II viajou para a província de São Paulo.

1879 – Inauguração da iluminação elétrica na Estação Central da Estrada de Ferro Dom Pedro II.

Em 28 de dezembro de 1879, início no Rio de Janeiro da Revolta do Vintém, contra a cobrança de um tributo instituído pelo ministro da fazenda, o visconde de Ouro Preto, Afonso Celso de Assis Figueiredo (1836 – 1912), de vinte réis, ou seja, um vintém, nas passagens dos bondes. O ministério, desmoralizado, caiu no ano seguinte e o imposto foi revogado.

1880 – Criação da Telephone Company of Brazil, primeira companhia telefônica nacional.

Dom Pedro II viajou ao Paraná, onde participou do lançamento da pedra fundamental da estrada de ferro Paranaguá – Curitiba, a ferrovia do Paraná (Dezenove de Dezembro, 9 de junho de 1880).

1881 – Em 9 de janeiro, aprovação da Lei Saraiva, que estabeleceu o voto direto e proibiu o voto dos analfabetos.

Dom Pedro II viajou para Minas Gerais.

1882 –  Caso do “Roubo das jóias da Coroa”: na madrugada de 17 para 18 de março de 1882, um ladrão invadiu o Palácio de São Cristóvão, residência da família imperial, e roubou  todas as jóias da imperatriz Teresa Cristina e da princesa Isabel. O tesouro foi avaliado em 400 contos de réis – verdadeira fortuna na época (Gazeta de Notícias, de 19 de março de 1882, na primeira coluna). As jóias foram encontradas dias depois na casa de um ex-empregado do palácio, Manuel de Paiva (Gazeta de Notícias, de 22 de março de 1882, na segunda coluna).

1883 – A cidade de Campos (RJ) tornou-se o primeiro município da América do Sul a receber iluminação elétrica pública.

Início da Questão Militar, uma série de conflitos entre autoridades da monarquia e os oficiais do Exército brasileiro, que fortaleceu a campanha republicana.

1885 – Promulgação da Lei dos Sexagenários, em 28 de setembro.

1886 – Dom Pedro II, dona Teresa Cristina e a comitiva imperial viajaram para a província de São Paulo entre outubro e novembro (Correio Paulistano19 de outubro e  20 de novembro de 1886).

1887 / 1888 – Em 30 de junho de 1887, dom Pedro II viajou pela terceira vez para a Europa. Seu primeiro destino foi Portugal. De lá, seguiu para Paris. Aconselhado por médicos, seguiu para Baden-Baden, e retornou a Paris, onde visitou intelectuais, entre eles, Louis Pasteur. Fez um cruzeiro pela Riviera italiana e foi para a estação de cura de Aix-les-Bains, na França. Também visitou, atendendo a um desejo de sua esposa, dona Teresa Cristina Maria, as ruínas de Pompeia (Gazeta de Notícias, 17 de junho de 1888, quarta coluna). Em 22 de agosto de 1888, retornou ao Rio de Janeiro (Gazeta de Notícias, 23 de agosto de 1888, primeira coluna).

1888 – Foi abolida a escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888 (O Paiz, de 14 de maio de 1888).

1889 – O imperador Pedro II sofreu um atentado (O Paiz, 16 de julho de 1889, sexta coluna).

Em 9 de novembro, foi realizado o baile da Ilha Fiscal (Gazeta de Notícias, de 11 de novembro de 1889), que passou à história como o último baile da monarquia no Brasil. Reza a lenda que dom Pedro II, durante a festividade, teria tropeçado em um tapete e teria comentado: “O monarca tropeçou, mas a monarquia não caiu“. Ironia do destino?

Em 15 de novembro, foi proclamada a República (Gazeta de Notícias, 16 de novembro de 1889). Quando foi deposto, dom Pedro II tinha governado por 49 anos, três meses e 22 dias. Só foi superado pela rainhas Vitória (1819-1901) e Elizabeth II (1926-), ambas da Inglaterra.

Em 17 de novembro, a família real partiu para o exílio, na Europa, a bordo do Alagoas (Gazeta de Notícias, edição de 18 de novembro de 1889, sob o título “O Embarque do Imperador”, na segunda coluna).

Chegaram em Lisboa em 7 de dezembro. Visitaram Coimbra e o Porto, onde a imperatriz Teresa Cristina faleceu, em 28 de dezembro.

1890 / 1891 – Pedro II passou esses anos entre Cannes, Vichy, Versalhes e Baden-Baden.

1891 – Em 14 de janeiro, faleceu a Condessa de Barral, em Paris (Diário de Notícias, 16 de janeiro de 1891).

Em 24 de outubro, dom Pedro II chegou em Paris, onde se hospedou no Hotel Bedford, número 17 da rua de l’Arcade.

Em 5 de dezembro, faleceu, de pneumonia (O Paiz, de 6 de dezembro de 1891, e Gazeta de Notícias, de 6 de dezembro de 1891).

 

Registro de morte de dom Pedro II

Registro de morte de dom Pedro II

Tradução do registro de morte do imperador:

Nós, abaixo assinados, Professores da Faculdade de Medicina e doutores em medicina, certificamos que Dom Pedro II d’Alcantara morreu em 5 de Dezembro de 1891 à meia noite e 35 (da manhã) no hotel Bedford, 17 rue de l’Arcade, em Paris, em conseqüência de uma pneumonia aguda do pulmão esquerdo.

Paris, 5 de dezembro de 1891

J.M Charcot
C. de Motta Maia Bouchard

Link para o registro da morte de Pedro II.

 

 

 

 

Quando seu corpo estava sendo preparado para o velório, foi encontrado um pacote lacrado nos aposentos do imperador com a mensagem: “É terra de meu país. Desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha pátria”. Em seu leito de morte, um livro, simbolizando que sua mente descanava sobre o conhecimento, foi colocado sob sua cabeça.

 

 

Ao final da tarde do dia 5, centenas de coroas de flores, uma delas enviada pela rainha Vitória , e mais de cinco mil telegramas já haviam chegado ao Hotel Bedford. O caixão foi coberto pela bandeira imperial e o presidente francês, Sadi Carnot (1837 – 1894), determinou honras militares, fatos que irritaram o governo brasileiro.

Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, a morte do imperador teve grande repercussão no Brasil “apesar dos esforços do governo para a abafar. Houve manifestações de pesar em todo o país: comércio fechado, bandeiras a meio pau, toques de finados, tarjas pretas nas roupas, ofícios religiosos“.

Ao final da tarde do dia 5, centenas de coroas de flores, uma delas enviada pela rainha Vitória , e mais de cinco mil telegramas já haviam chegado ao Hotel Bedford. O caixão foi coberto pela bandeira imperial e o presidente francês, Sadi Carnot (1837 – 1894), determinou honras militares, fatos que irritaram o governo brasileiro. Na noite do dia 8, seu corpo, já embalsamado, foi levado, em cortejo oficial no mesmo carro usado nos funerais do ex-presidente Adolphe Thiers (1797 – 1877), para a igreja da Madeleine. No dia seguinte,  houve exéquias solenes com a presença de autoridades francesas e de outros países, além de personalidades como sua filha, a princesa Isabel; o escritor português Eça de Queirós (1845 – 1900) e o diplomata Joaquim Nabuco (1849 – 1910), na época correspondente do Jornal do Brasil na França, que escreveu:

Mais do que isso, infinitamente, D. Pedro II preferia ser enterrado entre nós, e por certo que o tocante simbolismo de fazerem o seu corpo descansar no ataúde sobre uma camada de terra do Brasil interpreta o seu mais ardente desejo. Ao brilhante cortejo de Paris ele teria preferido o modesto acompanhamento dos mais obscuros de seus patrícios, e daria bem a presença de um dos primeiros exércitos do mundo em troca de alguns soldados e marinheiros que lhe recordassem as gloriosas campanhas nas quais seu coração se enchera de todas as emoções nacionais. Mas foi a sua sorte morrer longe da Pátria. É uma consolação, para todos os brasileiros que veneram o seu nome, ver que ele, na sua posição de banido, recebeu da gloriosa nação francesa as supremas honras que ela pode tributar. No dia de hoje o coração brasileiro pulsa no peito da França.”

Jornal do Brasil, 9 de dezembro de 1891, terceira coluna

Da igreja partiu um imenso cortejo – calcula-se que cerca de 200 mil pessoas o acompanhou – e, ao som da Marcha Fúnebre de Frédéric Chopin (1810 – 1849), o corpo foi levado para a estação de Austerlitz, seguindo de trem para Portugal. No dia 12, foram realizados os funerais em São Vicente de Fora, nos arredores de Lisboa. O corpo de dom Pedro II foi colocado no jazigo da família Bragança, entre o de sua esposa, Teresa Cristina (1822 – 1889), e de sua madrasta, dona Amélia de Leuchtenberg (1812 – 1873).

 

Le Petit Journal, 26 de dezembro de 1891

Os funerais do imperador do Brasil / Le Petit Journal, 26 de dezembro de 1891

 

No New York Times, de 5 de dezembro, vários elogios foram feitos a dom Pedro II: havia sido o mais ilustrado monarca do século e havia tornado o Brasil tão livre quanto uma monarquia pode ser. A imprensa brasileira também manifestou-se, em sua maioria, elogiosamente a ele. A exceção foi o Diário de Notícias, e alguns clubes republicanos que protestaram contra as homenagens, vendo nelas, segundo o historiador José Murilo de Carvalho, “manobras monarquistas. Foram vozes isoladas“.

Mesmo os republicanos como Quintino Bocaiuva (1836 – 1912) e José Veríssimo (1857 – 1916), seus adversários políticos, salientaram suas qualidades, dentre elas a simplicidade, o patriotismo, o espírito de justiça e liberdade.

Sobre Pedro II, Quintino Bocaiuva declarou: “A república, que na hora do seu trinfo foi magnânima; hoje, no momento em que desaparece dentre os vivos o Sr. D. Pedro de Alcântara, só pode ter e só deve ter para com a sua memórioa o respeito devido a um brasileiro ilstre que, ao menos pelo seu carater e virtudes pessoais, não desonrou o Brasil e desempenhou, como pode, ou como soube, com boa intenção e ânimo reto, as altas funções de que foi investido como chefe supremo da nação brasileira ” (O Paiz, 6 de dezembro de 1891, penúltima coluna).

Segundo Veríssimo em sua coluna “Às Segundas-feiras”, intitulada Pedro II, durante o governo do monarca: “Todos pensávamos como queríamos e dizíamos o que pensávamos. Eu não sei que maior elogio se possa fazer a um estadista” (Jornal do Brasil, 8 de dezembro de 1891, última coluna).

1920 – O projeto do deputado mineiro Francisco Valadares (18? – 1933) requerendo a revogação do banimento da família imperial do Brasil, que havia sido apresentado em dezembro de 1919 e arquivado, recebeu em 1920 um parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça e foi rapidamente aprovado no Congresso. Em 3 de setembro de 1920, no Palácio do Catete, o presidente Epitácio Pessoa (1865 – 1942) assinou, com uma caneta de ouro adquirida a partir da arrecadação de dinheiro mediante subscrição pública promovida pelo jornal A Rua, o decreto que revogava o banimento da família imperial. A cerimônia foi realizada com a presença de comissões de instituições importantes como o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, a Academia Brasileira de Letras e a Associação Brasileira de Imprensa. O decreto também autorizava o Poder Executivo, mediante concordância da família do ex-imperador e do governo de Portugal, a trasladar para o Brasil os despojos mortais de dom Pedro II e de dona Teresa Christina (A Rua, 4 de setembro de 1920, primeira coluna).

1921 - Chegaram no Rio de Janeiro os corpos de dom Pedro II e de dona Teresa Cristina, que estavam no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. Viajaram no encouraçado São Paulo, que havia transportado do Brasil à Europa os reis da Bélgica. O conde d´Eu (1842 – 1922), seu filho, o príncipe Dom Pedro (1875 – 1940), e o barão de Muritiba (1839 – 1922) acompanharam a viagem dos despojos (O Paiz, de 9 de janeiro de 1921; Careta, 15 de janeiro de 1921). A princesa Isabel não chegou a se beneficiar da revogação do banimento da família real do Brasil porque faleceu em 14 de novembro de 1921. Os corpos de dom Pedro II e de dona Teresa Cristina ficaram na Catedral Metropolitana.

 

 

 

1925 – Os  restos mortais dos monarcas foram para a Catedral de Petrópolis.

Foi publicada em O Jornal, primeiro órgão de comunicação dos Diários Associados, uma edição comemorativa pelo centenário de nascimento de d. Pedro II, com um artigo escrito pelo proprietário do grupo, Assis Chateaubriand, intitulado “Professor de elites – A obra mais interessante de Pedro II consistiu na formação das elites no Brasil” (O Jornal, 2 de dezembro de 1925).

1939 – Em 5 de dezembro, foram para o Mausoléu Imperial, uma capela localizada à direita da entrada da Catedral de Petrópolis, numa cerimônia na qual estava presente o presidente da República, Getulio Vargas (1882 – 1954). O túmulo foi esculpido em mármore de Carrara pelo francês Jean Magrou (1869 – 1945) e pelo brasileiro Hildegardo Leão Veloso (1899 – 1966) (Jornal do Brasil, de 6 de dezembro de 1939).

Para a elaboração dessa cronologia, além da pesquisa em inúmeros jornais da Hemeroteca da Biblioteca Nacional, a Brasiliana Fotográfica também se valeu, principalmente, dos livros Pedro II: ser ou não ser, de José Murilo de Carvalho, e As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos, de Lilia Moritz Schwarcz.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

*Esse artigo foi atualizado em 17 de setembro de 2020.

**Essa data foi modificada em 27 de outubro de 2020, baseada no documento original enviado para a pesquisadora Andrea Wanderley pelo bisneto do fotógrafo, Luiz Pitombo.

 

Fontes:

BARMAN, Roderick J. Imperador cidadão: e a Construção do Brasil. São Paulo : Editora UNESP, 2012.

BESOUCHET, Lídia. Exílio e morte do Imperador. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1975

CARVALHO, José Murilo. Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

DIAS, Fabiana Rodrigues. Polifonia e consenso nas páginas da Revista do IHGB: a questão da mão de obra no processo de consolidação na nação, na revista História da Historiografia, de setembro de 2010.

FLETCHER, James Cooley ; KIDDER, Daniel Parrish. O Brasil e os brasileiros. Brasil: Companhia Editora Nacional, 1941.

HARING, Bertita. O Trono do Amazonas – a história dos Braganças no Brasil – José Olympio, RJ, 1944.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KHATLAB, Roberto. As viagens de D. Pedro II: Oriente médio e áfrica do norte, 1871 e 1876. São Paulo : Benvirá, 2015.

PAGANO, Sebastião. Eduardo Prado e Sua Época – O Cetro, SP, 1960.

REZUTTI, Paulo. D. Pedro II – A história não contada: O último imperador do Novo Mundo revelado por cartas e documentos inéditos. Portugal : Editora Leya, 2019.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

SEGALLA, Lygia: Victor Frond – Luzes sobre um Brasil pitoresco, 2007.

SILVA, Mauro Costa; MOREIRA, Ildeu de Castro. A introdução da telegrafia elétrica no Brasil (1852-1870), publicado na Revista da SBHC, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 47-62, jan | jul 2007

Site Câmara dos Deputados

Site Ministério das Relações Exteriores

Site Museu Imperial

Site MultiRio

VASQUEZ, Pedro Karp. O Brasil na fotografia oitocentista. São Paulo: Metalivros, 2003.

VASQUEZ, Pedro Karp. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 1985.

WILLIAMS, Mary Wilhelmine. Dom Pedro the Magnanimous – the second emperor of Brazil. Oxon, Inglaterra: Frank Cass & Company Limited, 1966.

Dia da Abolição da Escravatura

  Dia da Abolição da Escravatura*

 

“A escravidão foi o processo mais violento, mais cruel, mas mais eficiente de obter, conservar, preservar e explorar o trabalho alheio. Ele não via em quem ele escravizava um semelhante, mas via um adversário e um ser inferior a ele.”

Alberto da Costa e Silva, diplomata, escritor e africanólogo

A escravidão no Brasil foi amplamente documentada pelos fotógrafos do século XIX. Contribuíram para isto o fato de ter a fotografia chegado cedo ao país, em 1840, sendo o imperador Pedro II um grande entusiasta do invento, além de ter sido o último país das Américas a abolir a escravatura, em 1888. Por cerca de 350 anos, o Brasil – destino de cerca de 4,5 milhões de escravizados africanos – foi o maior território escravagista do Ocidente, mantendo este sistema tanto no campo como na cidade. O lugar de trabalho era o lugar do escravizado.

 

 

Muitas vezes o objetivo das fotografias não era a denúncia e sim o estético ou, ainda, o registro do exótico. A Galeria do Dia da Abolição da Escravatura exibe fotos de escravizados em situações de trabalho, em momentos de descanso ou mesmo em poses obtidas em estúdios. São imagens apaziguadoras da escravidão e das várias funções dos escravizados. Dentre seus autores estão Alberto Henschel, Augusto Riedel, Augusto Stahl, Georges Leuzinger, João Goston, Marc Ferrez, Revert Henrique Klumb, além de alguns anônimos.

 

Acessando o link para as fotografias de escravizados disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

As fotos revelam uma representação naturalizada da escravidão, deixando a impressão de que seria normal a posse de homens por outros homens, o que fica evidenciado pela venda dessas imagens para o exterior como um produto exótico de um país tropical distante. Porém, percebe-se em não poucas dessas fotografias, segundo a antropóloga Lilia Schwarcz, que mais do que propriedades ou figurantes com papéis prévia e exteriormente demarcados, os escravizados negociam efetivamente nos registros fotográficos, nos pequenos sinais que deixaram no tempo e na imagem, seu lugar e condição.

 

 

A Abolição da Escravatura foi o acontecimento histórico mais importante do Brasil após a Proclamação da Independência, em 1822. No dia 13 de maio de 1888, após seis dias de votações e debates no Congresso, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que decretava a libertação dos escravizados no país (O Paiz, 14 de maio de 1888 e A Gazeta de Notícias, 14 de maio de 1888).

 

 

Sobre este dia, Machado de Assis escreveu na coluna “A Semana”, no jornal carioca Gazeta de Notícias de 14 de maio de 1893: Verdadeiramente, foi o único dia de delírio público que me lembra ter visto.

Até hoje se manifestam na sociedade brasileira as consequências sociais e culturais da longevidade e do alcance da escravatura no país.

 

 

Link para a série Entre cantos e chibatas – conversa com Lilia Schwarcz, produzida pelo Instituto Moreira Salles em 2011.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

*Esse artigo foi atualizado em maio de 2020