Uma homenagem aos 150 anos da imigração italiana para o Brasil

Para celebrar o Dia Nacional do Imigrante Italiano, a Brasiliana Fotográfica já homenageou essa comunidade e seus descendentes destacando a obra de três talentosos fotógrafos italianos que atuaram no Brasil no século XIX e nas primeiras décadas do século XX: Camillo Vedani (18? – c. 1888)Nicola Maria Parente (1847 – 1911) e Vincenzo Pastore (1865 – 1918), que já foram temas de publicações do portal. Neste artigo, destacaremos as obras dos fotógrafos, também italianos, José Boscagli (1862 -1945) e Luis Terragno (c. 1831 – 1891)

 

Significado da Bandeira da Itália (cores, formato, história,...) -  Enciclopédia Significados

Bandeira da Itália

 

 

José Boscagli (1862 – 1945)

Na maior parte de sua vida, o italiano José Boscagli, nascido em Florença ou em Siena (as fontes variam), foi pintor e desenhista, mas foi também fotógrafo, tendo trabalhado no ateliê de Jacintho Ferrari (18? – 1935), filho do italiano Rafael Ferrari, um dos fotógrafos pioneiros de Porto Alegre, onde passou a morar em torno de 1897. Foi o pintor oficial nas expedições do Marechal Rondon pelo interior do país. Retratou aspectos da fauna, flora, população e costumes locais, destacando-se, especialmente, as representações dos indígenas e aspectos de sua cultura.

 

Acessando o link para as fotografias de José Boscagli disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

Luis Terragno (c. 1831 – 1891)

Nascido em Gênova, Luis Terragno foi um dos pioneiros da fotografia no Rio Grande do Sul, onde já encontrava em torno de 1850. Dom Pedro II (1825 – 1891), fotografado por ele, outorgou a Terragno o título de Fotógrafo da Casa Imperial. Foi o fundador da Loja Maçônica Paz e Ordem, em Porto Alegre, e inventou o fixador à base de mandioca, a pistola Terragno, um aparelho para tirar fotografias instantâneas; o Sinete-Terragno e uma máquina para conservar carnes. No período em que atuou no Rio Grande do Sul, do início da década de 1850 a 1891, Luis Terragno testemunhou o crescimento e desenvolvimento de Porto Alegre que, entre 1820 e 1890, passou de cerca de 12 mil habitantes para pouco mais de 52 mil. Os colonos alemães começaram a chegar a partir de 1824 e, os italianos, a partir de 1875. Foi, no estado, contemporâneo dos fotógrafos Justiniano José de Barros (18? -?), de Madame Reeckel (1837 – 19?), de Rafael Ferrari (18? -?) e de Thomas King, dentre outros. Este último também foi agraciado com o título de Fotógrafo da Casa Imperial. Ao longo de sua carreira de fotógrafo, Terragno ofereceu diversos serviços e produtos como, por exemplo, cursos e câmeras para amadores, além de ter investido em técnicas como a estereoscopia e, depois, a impressão fotográfica sobre superfícies diversas – borracha, mármore, porcelana, tecido etc. Teve estabelecimentos fotográficos em diversos endereços de Porto Alegre.

 

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Luis Terragno. [Pedro II, Imperador do Brasil : retrato], 1865. Porto Alegre, RS / Acervo FBN

Acessando o link para as fotografias de autoria de Luis Terragno disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Dia Nacional do Imigrante Italiano

 

A data remete à chegada ao Porto de Vitória, na então província do Espírito Santo, em 17 de fevereiro de 1874, do brigue barca La Sofia, trazendo, a bordo, 388 pessoas oriundas da península itálica, na maioria das regiões do Vêneto e de Trento, esta última ainda sob o domínio austro-húngaro. A La Sofia havia partido de Gênova, em 3 de janeiro de 1874. O desembarque aconteceu, em 21 de fevereiro que, pela  Lei nº 11.687, de 2 de junho de 2008, tornou-se a data oficial, no Brasil, do Dia Nacional do Imigrante Italiano.

 

 

A imigração, após as primeiras leis abolicionistas, tornou-se uma saída para suprir a falta de mão de obra barata. Certamente, esta decisão impactou fortemente o destino dos escravizados no Brasil. Esta expedição, trazendo trabalhadores para substituir a mão de obra escravizada, foi organizada pelo italiano Pietro Tabacchi (? – 1874), que já vivia no país, é considerada o marco do início do processo da migração em massa dos italianos para o Brasil. Foi um empreendimento privado estabelecido a partir de um acordo entre Tabacchi e o Ministério da Agricultura (O Espírito-Santense, 7 de janeiro de 1873, segunda coluna). Inicialmente os colonos trabalharam nas terras de Tabacchi, na colônia de Nova Trento, atual município de Santa Cruz, mas logo houve uma rebelião. Segundo eles, as condições de trabalho eram muito diferentes das combinadas (O Espírito-Santense, 7 de maio de 1874, primeira coluna; e 7 de maio de 1874, segunda coluna).

 

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Pietro Tabacchi (? – 1874)

 

Um grupo seguiu para as colônias do Sul do país. Outro, formado por 145 italianos, se instalou na Colônia Imperial de Santa Leopoldina. Chegando à colônia, foram para o Núcleo do Timbuy, hoje Santa Teresa, primeiro município fundado por italianos, na Região Serrana do Espírito Santo.

 

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Estima-se que, atualmente, aproximadamente 35 milhões de descendentes de italianos vivam no Brasil.

Uma curiosidade: A Hospedaria de Imigrantes do Brás, em São Paulo, inaugurada em 1887, e, desde 1993, local do Museu da Imigração, acolheu cerca de 800 mil imigrantes italianos durante o final do século XIX e início do século XX.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Brasiliana Fotográfica

Folha de São Paulo

G1

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Site DW

Site Museu da Imigração

 

 

Os registros do fotógrafo e pintor italiano José Boscagli (1862 – 1945)

Em agosto deste ano, 2023, foi publicado na Brasiliana Fotográfica o artigo A Exposição Nacional de 1908 no Museu Histórico Nacional, de Maria Isabel Lenzi, historiadora do Museu Histórico Nacional, uma das instituições parceiras do portal. Nele três álbuns fotográficos foram destacados: os dos fotógrafos Augusto Malta (1864 – 1957), José Boscagli (1862 – 1945) e Luis Musso (18? – 19?).  A partir desta publicação, comecei a pesquisar sobre a vida de Boscagli, cujo álbum, com 54 fotos de sua autoria e uma de Augusto Malta, retratou a mostra do Rio Grande do Sul na Exposição Nacional.

 

Na maior parte de sua vida foi pintor e desenhista, mas foi também fotógrafo, tendo trabalhado no ateliê de Jacintho Ferrari (18? – 1935), filho do italiano Rafael Ferrari, um dos fotógrafos pioneiros de Porto Alegre. Foi o pintor oficial nas expedições do Marechal Rondon pelo interior do país. Retratou aspectos da fauna, flora, população e costumes locais, destacando-se, especialmente, as representações dos indígenas e aspectos de sua cultura.

 

Acessando o link para as fotografias de José Boscagli disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

 

 

Cronologia de José Boscagli (1862 – 1945)

 

 

1862 - Giuseppe (José) Boscagli nasceu em Florença, na Itália. Algumas fontes indicam que ele teria nascido em Siena, cidade italiana também localizada na Toscana. Em um artigo de O GLOBO, de 31 de maio de 1945, foi informado que ele descenderia de um dos doges de Veneza.

Década de 1870 – Desde os tempos de colégio, compunha paisagens e retratos coloridos a partir de pigmentos de flores. Apesar do desejo de sua família para que ele se tornasse engenheiro e arquiteto, matriculou-se na Academia de Belas Artes de Florença, onde foi influenciado por Pisani, um de seus professores. Ainda na Itália, conheceu os pintores brasileiros Pedro Américo (1843 – 1905) e Décio Villares (1851 – 1931). Teria, na companhia de Villares, visto Pedro Américo pintando a Batalha do Avaí, um dos mais importantes quadros brasileiros do século XIX, que retrata um episódio da Guerra do Paraguai. A obra foi realizada no ateliê de Pedro Américo, em Florença, e ficou pronta em 1877.

 

 

1888 – Casou-se com Luiza Luraschi (O GLOBO, 31 de maio de 1945).

c. 1897 – Passou a morar, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Realiza retratos a óleo, aquarela e crayon, copiados de fotografia, para a Sociedade de Artes de Buenos Aires, que mantinha uma agência em Porto Alegre.

Iniciou sua carreira de pintor paisagista e fotógrafo no ateliê de Jacintho Ferrari (18? – 1935), filho do italiano Rafael Ferrari, um dos fotógrafos pioneiros de Porto Alegre. Jacintho e seu irmão Carlos (18? – 1942) sucederam o pai, em 1885 e, entre 1895 e 1901, Rafael (1880 – 1961), o irmão caçula, também colaborou no estabelecimento.

Produziu um retrato a óleo de Julio de Castilhos (1860 – 1903), cuja inauguração aconteceu em 15 de novembro de 1899, no Conselho Municipal de Porto Alegre, em comemoração à Proclamação da República.

 

Júlio de Casttilho por Giuseppe (José) Boscagli /

Júlio de Castilho por Giuseppe (José) Boscagli, c. 1897 / Acervo Artístico de Porto Alegre

 

1900 - Um lindíssimo e fino quadro a óleo executado por Boscagli, retratando Adelina Vizeu Marques, encontrava-se na vitrine do ateliê de Jacintho Ferrari (A Federação (RS), 7 de fevereiro de 1900, quinta coluna).

Participou com quatro quadros da Exposição Estadual de 15 de Novembro (A Federação (RS), 26 de julho de 1900, primeira coluna).

1901 / 1902 - Nesse período, encontrava-se em Bento Gonçalves e participou, em Porto Alegre, de uma exposição com um retrato a óleo, tendo recebido uma menção honrosa (A Federação (RS), 27 de março de 1901, primeira coluna; A Federação (RS), 28 de maio de 1901, última coluna; Folha de Hoje (Prefeitura de Caxias do Sul), 26 de outubro de 1991, primeira coluna).

1903 - No ateliê do também italiano Virgilio Calegari (1868 – 1937), importante fotógrafo do sul do Brasil, em fins do século XIX e início do XX, expôs um retrato a óleo do desembargador Epaminondas Ferreira (A Federação (RS), 8 de junho de 1903, terceira coluna).

Em companhia de sua esposa, Luiza, e da filha única do casal, Ignez, chegou em Porto Alegre, a bordo do paquete Rio Pardo (A Federação (RS), 26 de agosto de 1903, segunda coluna).

1906 - Um retrato a óleo, executado por ele, de Carlos Barbosa Gonçalves, presidente da Assembléia de Representantes do Estado, estava exposto na Drogaria Ingleza, em Poro Alegre (A Federação (RS), 25 de abril de 1906, quinta coluna).

Sucedeu J. Antonio Iglesias no estabelecimento fotográfico da rua do Riachuelo, 220, em Porto Alegre, que passou a chamar-se Photographia -Artística-Boscagli.

 

 

1908 – Fotografou um evento social em Canoas e seus registros foram expostos na vitrine da Casa Barreto, em Porto Alegre (A Federação (RS), 9 de janeiro de 1908, quinta coluna).

Foi morar no Rio de Janeiro, onde se anunciava como artista pintor e oferecia serviços fotográficos gratuitos (O Paiz, 21 de maio de 1908).

 

 

Fotografou a mostra do Rio Grande do Sul na Exposição Nacional de 1908.

 

1909 - Anunciou a venda de um equipamento de fotografia, oferecendo-se a ensinar ao comprador como operá-lo (Jornal do Brasil, 25 de outubro de 1909, primeira coluna).

 

 

Incorporou-se às expedições de Cândido Rondon ao Mato Grosso e a Goiás, onde retratou os indígenas da região. Foi por intermédio de seu genro, o major Luiz Thomaz Reis (1878 – 1940), o cineasta de Rondon, que conheceu a Comissão Rondon. Reis era o encarregado de cinematografia e fotos do Escritório Central da Comissão. Boscagli passou a ser o pintor oficial de Rondon (Correio da Manhã, 16 de outubro de 1940, sétima colunaCarioca, 19 de maio de 1945; Enciclopédia Itaú Cultural).

 

 

1910 – Seu genro, o major Reis, tornou-se o chefe da recém criada Seção de Fotografia e Cinematografia do Escritório Central da Comissão Rondon.

1910 / 1911 – O estabelecimento fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre, foi anunciado no Almanaque Henault e também no Almanak Laemmert, 1910 e 1911.

 

 

1910 - Em um artigo, Boscagli é identificado como um cavalheiro de trato delicado e gentil. Ainda segundo o artigo, ele havia vivido muitos anos no Rio Grande do Sul e havia passado pelo Rio de Janeiro. Realizou uma exposição na casa Resemini & Leone, em Vitória, no Espírito Santo (Commercio do Espírito Santo, 21 de fevereiro de 1910, terceira coluna; Diário da Manhã, 22 de fevereiro de 1910, última coluna).

 

 

Exposição de um retrato a óleo do presidente da República eleito, marechal Hermes da Fonseca (1855 – 1923), na vitrine da loja Primavera, acreditado e popular estabelecimento do Climaco Sales, em Vitória, no Espírito Santo. Foi também exposto um retrato do então governador do Espírito Santo, Jerônimo Monteiro (1870 – 1933), e do coronel Henrique Coutinho (1845 – 1915), ex-governador do estado. Todos  de autoria de Boscagli, que ficou um período na cidade, quando trabalhou no estúdio do italiano Alberto Lucarelli (1884 – 1967), então fotógrafo oficial do governador do Espírito Santo. Boscagli voltou para o Rio de Janeiro a bordo do paquete Olinda, em 10 de junho de 1910, após permancer meses em Vitória. Foi tambem exposta na loja Primavera uma paisagem de sua autoria (Diário da Manhã (ES), 29 de março de 1910, quarta coluna; Diário da Manhã (ES), 24 de abril de 1910, segunda coluna; Commercio do Espírito Santo, 25 de abril de 1910, quinta coluna; O Estado do Espírito Santo, 11 de junho de 1910, primeira colunaDiário da Manhã (ES), 11 de junho de 1910, terceira coluna; Diário da Manhã (ES), 19 de agosto de 1910, terceira coluna; Diário da Manhã (ES), 28 de outubro de 1910, penúltima coluna).

 

 

1911 -  Seu genro, o major Reis, participou da expedição da Comissão Rondon, assim como o etnólogo e antropólogo Edgard Roquete- Pinto (1884 – 1954), especialista em áudio e futuro pai da radiodifusão no Brasil e diretor do Museu Nacional.

1912 – Boscagli expôs retratos a óleo na Casa London, na rua Bahia, em Belo Horizonte, em Minas Gerais (O Paiz, 12 de setembro de 1912, primeira coluna).

O quadro do Conselheiro José Antônio de Azevedo Castro (1839 – 1911), de autoria de Boscagli, passou a integrar a Galeria dos Benfeitores da Biblioteca Nacional (Anais da Biblioteca Nacional, 1912).

 

 

1913 - No Rio de Janeiro, seu ateliê ficava na Rua Barão de Guaratiba, nº 130. Também era identificado como decorador (Almanak Laemmert, 1913, segunda coluna). Mantinha seu ateliê fotográfico em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1913, primeira coluna).

Em Belo Horizonte, na Photographia Antenor Campos, exposição dos retratos a óleo de José de Campos Seraphino e de José Maria Pinto Leite, de autoria de Boscagli (O Pharol, 29 de março de 1913, coluna).

Seu genro, o major Reis,  participou da Expedição Científica Rondon-Roosevelt, ocorrida entre 1913 e 1914.

1914 - No Rio de Janeiro, seu ateliê ficava na Rua Barão de Guaratiba, nº 130 (Almanak Laemmert, 1914, primeira coluna). Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1914, segunda coluna).

1915 – Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1915, última coluna).

Exposição na entrada da Associação dos Empregados do Comércio, na Avenida Rio Branco, de um retrato a óleo do futuro Marechal Cândido Rondon (1865 – 1958), ainda coronel, produzido por Boscagli a partir de uma fotografia também produzida por ele. Boscagli era um admirador do trabalho de Rondon. Poucos meses depois, em 5 de outubro, realização de uma festa em homenagem a Rondon no Teatro Phênix, promovida pela Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e presidida pelo general Thaumaturgo de Oliveira, quando foi inaugurado solenemente o referido retrato de Rondon realizado por Boscagli, que passou a ornar uma das paredes da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro (Gazeta de Notícias, 23 de abril de 1915O Paiz, 23 de abril de 1915; O Paiz, 27 de abril de 1915, quarta coluna; Correio da Manhã, 5 de outubro de 1915, quinta coluna; Correio da Manhã, 6 de outubro de 1915; Revista da Semana, 9 de outubro de 1915, quinta coluna).

 

 

 

Inauguração, na Sociedade Sul Riograndense, na Avenida Rio Branco,  de uma exposição de trabalhos de Boscagli, representando os indígenas de Mato Grosso, com a presença de Rondon e do professor Roquette-Pinto (1884 – 1954). Foi visitada pelo professor e escultor Rodolfo Bernardelli (1852 – 1931), que elogiou muito a mostra, dizendo que o governo deveria auxiliá-lo a adquirir algumas obras. Ele havia colhido os principais elementos para seus quadros nas expedições do coronel Rondon. Um grupo de oficiais do Exército ofertou ao coronel Rondon a tela Índia Pareci em repouso (Jornal do Commercio, 3 de outubro de 1915, penúltima coluna; O Paiz, 3 de outubro de 1915, terceira coluna; A Época, 5 de outubro de 1915, quinta colunaO Paiz, 8 de outubro de 1915, penúltima coluna; Annaes da Câmara dos Deputados, 31 de dezembro de 1915).

 

 

 

 

Na Sociedade Riograndense, também de autoria de Boscagli, exposição do retrato a óleo do general Pinheiro Machado (1851 – 1915) (O Paiz, 24 de outubro de 1915, quinta coluna).

Um retrato do coronel Marcondes Alves de Souza (1868 – 1938), governador do Espírito Santo, foi oferecido a ele por seu amigos. A autoria era de Boscagli (O Paiz, 29 de novembro de 1915, segunda coluna).

1916 - Anúncio de seu ateliê fotográfico em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1916, segunda coluna).

Foi noticiado que embarcou em Vitória, no Espírito Santo, rumo ao Rio de Janeiro, de onde retornaria em um mês (Diário da Manhã (ES), 28 de janeiro de 1916, terceira coluna).

Um belo quadro a óleo realizado por Boscagli, cópia do original de Pompeia, foi colocado no altar em homenagem a Nossa Senhora de Pompéia, construído na paróquia de Jacarepaguá, como o pagamento de uma promessa feita pelo padre Magaldi (A União, 8 de outubro de 1916, quinta coluna).

1917 - Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1917, segunda coluna).

1918 – Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1918, primeira coluna).

Ele e o também italiano Taquino realizaram uma exposição na Sociedade Riograndense. Tarquino havia trabalhado muito tempo para a revista Fon-Fon. Várias telas de Boscagli foram vendidas (O Imparcial, 12 de junho de 1918, terceira colunaO Paiz, 15 de junho de 1918, penúltima coluna; A Época, 29 de junho de 1918, quarta coluna).

 

 

 

 

Um retrato do então governador do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros (1863 – 1961), prontificado por Boscagli foi enviado pelo deputado federal João Simplício a Porto Alegre (A Federação (RS), 2 de setembro de 1918, primeira coluna).

1919 – Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1919, última coluna).

Ele e Tarquini eram os diretores artísticos do Rio Studio, na Rua Uruguaiana, nº 62, inaugurado em 4 de abril (A Noite, de 1919, penúltima coluna).

 

 

Na Confeitaria Renaissance, no Rio de Janeiro, inauguração do mostruário de fotografias do ateliê fotográfico de propriedade da firma Boscagli & Comp (Correio da Manhã, 15 de junho de 1919).

 

 

A capa da revista A Epocha trazia uma fotografia de Cândido Rondon, de autoria de Boscagli (A Epocha, 31 de outubro de 1919).

 

 

1920 – Cândido Rondon ofertou ao Museu Nacional três quadros de autoria de Boscagli retratando indígenas: Nenê, Cavagnac e Capitão Chiquinho (Gazeta de Notícias, 9 de janeiro de 1920, quarta coluna).

 

 

Exposição no Ponto Chic de um retrato a óleo do rei Alberto I da Bélgica (1875 – 1934), de autoria de Boscagli (A Rua, 18 de setembro de 1920, penúltima coluna).

Um álbum de mais de 200 fotografias artisticamente organizado pela casa Rio-Studio (artista Boscagli) foi ofertado pela Comissão Rondon aos reis da Bélgica durante a visita dos monarcas ao Brasil, realizada entre  entre 19 de setembro e 15 de outubro de 1920. Foi a primeira viagem realizada por uma monarca europeu à América do Sul (O Paiz, 17 de outubro de 1920, primeira coluna).

 

 

1921 – A fotografia de Maria Joaquina Botelho de Magalhães em seu leito de morte foi produzida por Boscagli & C, no Rio Studio. Ela era viúva do general Benjamin Constant (1836 – 1891), cujo sobrinho, Amilcar Armando Botelho de Magalhães (1880 – 1959), que havia se juntado à Comissão Rondon, em 1908, e se tornado diretor de seu Escritório Central, em 1910 (O Paiz, 3 de abril de 1921, quinta coluna).

 

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Boscagli & C. Maria Joaquina Botelho de Magalhães em seu leito de morte, 1921 / Acervo Museu Casa Benjamin Constant, Ibram / MinC

 

Também registrou a sepultura de Benjamin Constant e Maria Joaquina.

 

Boscagli & C. Sepultura de Benjamin Constant e Maria Joaquina, 1921 / Acervo Museu Casa Benjamin Constant, Ibram / MinC

Boscagli & C. Sepultura de Benjamin Constant e Maria Joaquina, 1921 / Acervo Museu Casa Benjamin Constant, Ibram / MinC

 

1924 – Participou da 31ª Exposição Geral de Belas Artes.

1925 - Anúncio de seu ateliê fotográfico, na rua Uruguaiana, nº 82, no Rio de Janeiro (Almanak Laemmert, 1925, segunda coluna).

1926 - Anúncio de seu ateiê fotográfico, na rua Uruguaiana, nº 82, no Rio de Janeiro (Almanak Laemmert, 1926, segunda coluna).

Realizou uma exposição em Porto Alegre com retratos a óleo, dentre eles do Marechal Cândido Rondon (1865 – 1958) e do general Firmino Paim Filho (1884 – 1971) (A Federação (RS), 15 de março de 1926, penúltima coluna).

Esteve em Bento Gonçalves e voltou para o Rio de Janeiro (A Federação (RS), 30 de junho de 1926, última coluna).

1927 - Estava em Juiz de Fora, onde um retrato de sua autoria do general João Nepomuceno da Costa (1870 – 1943) foi oferecido por amigos ao militar (Jornal do Brasil, 6 de outubro de 1927, sexta coluna).

1928 – Esteve em Belo Horizonte (Jornal do Commercio, 25 e 26 de junho de 1928, última coluna).

1929 - Falecimento de Rubens Boscagli Reis, seu neto, filho de Ignez (? – 1939). Era irmão de Argentina (? – 1983), Américo (? – 20?), futuro fiscal do Banco do Brasil; e Tiziano (? – 1983), futuro funcionário do Ministério da Agricultura. Desde a década de 1900, Ignez era casada com o major Luiz Thomaz Reis (1878 – 1940), que foi o responsável por inúmeros filmes cinematográficos realizados quando integrou a Comissão Rondon (Correio da Manhã, 14 de maio de 1929, quinta colunaO Paiz, 15 de maio de 1929, terceira coluna; A Noite, 25 de julho de 1931, quarta coluna; A Noite, 19 de junho de 1939, penúltima coluna; Correio da Manhã, 3 de dezembro de 1940, quarta coluna).

 

 

1930 - Com o pintor Rodolfo Amoedo (1857 – 1941) e outros, fez parte da banca examinadora de modelagem e escultura do curso geral superior do Departamento Feminino do Instituto La-Fayette (A Noite, 13 de novembro de 1930, segunda coluna).

Participou da exposição da Sociedade Brasileira de Belas Artes (Jornal do Brasil, 13 de dezembro de 1930, penúltima coluna).

1931 – Sua neta, Argentina, ficou noiva de Isaias Rosa, secretário do Jornal dos Sports e diretor da revista Medicina para todos (O Jornal, 26 de julho de 1931, segunda coluna).

Foi um dos ilustradores do livro Morfologia da mulher, de Hernani de Irajá (Jornal do Commercio, 30 de agosto de 1931, primeira coluna).

1933 - Foram inaugurados os retratos a óleo dos falecidos monsenhores João Pires de Amorim e José Francisco de Moura Guimarães, na Arquidiocese do Rio de Janeiro, ambos de autoria de Boscagli. O retrato do cardeal dom Sebastião, que se encontrava na sacristia da catedral, também era de autoria do pintor (A Cruz, 19 de março de 1933, quarta coluna).

1934 - Reproduziu o quadro da Sagrada Família, do pintor barroco espanhol Murillo (1617 – 1682), no estandarte-chefe da Liga Católica Jesus Maria José de Olaria (Jornal do Brasil, 24 de janeiro de 1934, penúltima coluna).

1935 - Realização, entre 9 e 26 de outubro, de uma exposição de obras de Boscagli no Palace Hotel. Ele dedicou a mostra à Associação Brasileira de Imprensa (A Noite, 8 de outubro de 1935, primeira coluna).

 

O Globo, 8 de outubro de 1935

O GLOBO, 8 de outubro de 1935

 

O GLOBO, 12 de outubro de 1935

O GLOBO, 12 de outubro de 1935

 

 

1936 - Tornou-se sócio da Associação dos Artistas Brasileiros (Correio da Manhã, 12 de janeiro de 1936, primeira coluna).

Com o também pintor italiano Alfredo Norfini (1867 – 1944), realizou uma exposição em São Paulo, no Salão de Chá da Casa Allemã (Diário Carioca, 9 de outubro de 1936; Correio de São Paulo, 20 de outubro de 1936, terceira coluna).

 

 

 

O Estado de São Paulo, 22 de outubro de 1936

O Estado de São Paulo, 22 de outubro de 1936

 

1937 – Participou do 9º Salão da Associação de Artistas Brasileiros, no Palace Hotel. Seu quadro e a de outros artistas expositores foram adquiridos pelo presidente Getúlio Vargas (A Noite, 13 de junho de 1937, segunda coluna; Correio da Manhã, 15 de junho de 1937, segunda colunaA Noite, 17 de junho de 1937, penúltima coluna).

 

 

Na Nova Galeria de Arte, filial da Galeria Henberger, na rua Buenos Aires, nº 79, inauguração de uma exposição de Boscagli e de Manoel Pastana (1888 – 1984) (Diário Carioca, 16 de setembro de 1937, segunda coluna; O Jornal, 19 de setembro de 1937, terceira coluna; Jornal do Brasil, 19 de setembro de 1937, terceira coluna).

 

Convite para a exposição / Acervo de Renata de Fátima da Costa Maués

Convite para a exposição / Acervo de Renata de Fátima da Costa Maués

 

 

 

 

Participou, também no Palace Hotel, do Salão de Natal de 1937 (A Noite, 22 de dezembro de 1937, quinta coluna).

1938 - Participou do II Salão de Belas Artes promovido pela prefeitura de Belo Horizonte com um quadro de uma paisagem, da coleção de Celso Werneck (Salão de Belas Artes: Anais, 1938)

Realização de uma exposição de obras de Boscagli no Palace Hotel (A Noite, 23 de novembro de 1938, sexta coluna; Illustração Brasileira, dezembro de 1938).

 

O GLOBO, 16 de novembro de 1938

O GLOBO, 16 de novembro de 1938

 

 

 

 

 

No artigo O indianismo na pintura, a obra de Boscagli é abordada (Careta, 3 de dezembro de 1938).

Participou, também no Palace Hotel, do Salão de Natal de 1938 (A Noite, 16 de dezembro de 1938, quinta coluna).

1939 - Publicação do artigo O índio na pintura brasileira sobre a obra etnográfica de Boscagli (O Malho, 19 de janeiro de 1939).

 

 

Falecimento de sua filha, Ignez Boscagli Reis (A Noite, 19 de junho de 1939, oitava coluna; Jornal do Brasil, 25 de junho de 1939, terceira coluna).

O desenho O retrato do Sr. Bocagli, do ucraniano Dimitri Ismailovitch (1890 – 1976), foi exposto no Salão de Belas Artes (Carioca, 23 de setembro de 1939, segunda coluna).

1940 - Inauguração de uma exposição de cerca de 60 obras de Boscagli, no Palace Hotel, entre paisagens do sertão do Brasil e de indígenas e seus costumes (Correio da Manhã, 5 de outubro de 1940, primeira coluna; Correio da Manhã, 17 de outubro de 1940, sétima coluna).

 

 

 

O major Luiz Thomaz Reis (1878 – 1940), genro de Boscagli, viúvo de Ignez (? – 1939), faleceu cerca de um mês após ter sofrido um acidente, quando filmava a construção do novo quartel general do Exército no Rio de Janeiro (Correio da Manhã, 3 de dezembro de 1940, quarta coluna).

Quadros de autoria de Boscagli foram expostos na Exposição Retrospectiva do Exército (Boletim da Sociedade Geográfica do Rio de Janeiro, 1940).

1941 - Identificado como nosso melhor indianista, integrou o Salão de Belas Artes (Gazeta de Notícias, 21 de setembro de 1941, segunda coluna).

 

 

Foi noticiado que o Conselho do Serviço de Proteção aos Índios iria começar a tomar providências no sentido de adquirir várias telas de autoria de José Boscagli, o único artista que acompanhou a Expedição Rondon e pintou os tipos e costumes dos indígenas nacionais. Os quadros integrariam a galeria artística da futura Casa do Índio (Diário de Notícias, 28 de setembro de 1941; O Jornal, 1º de novembro de 1941, quinta coluna).

 

 

1945 - Dias antes de seu falecimento, publicação do artigo Boscagli, de autoria de Carlos Rubens, sobre a vida do pintor (Carioca, 19 de maio de 1945).

José Boscagli faleceu em 30 de maio e foi sepultado no Cemitério São João Batista. Sua missa de Sétimo Dia foi realizada na Igreja da Candelária, em 6 de maio. Quando faleceu, ainda residia na Rua Barão de Guaratiba, nº 132 (Carioca, 19 de maio de 1945; Correio da Manhã, 31 de maio de 1945, primeira coluna; Jornal do Commercio, 6 de junho de 1945).

 

 

1946 – Obras de Boscagli integraram a Exposição Foto-Etnográfica, comemorativa do Dia do Índio, realizada no hall do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro (Correio da Manhã, 21 de abril de 1946, penúltima coluna).

1956 – Publicação de um artigo sobre a escritora, jornalista e feminista Jenny Pimentel de Borba (1906 – 1984), onde aparece um retrato dela pintado por Boscagli (Walkyrias, janeiro de 1956).

1974 - Um de seus quadros, Cidade Marítima, foi leiloado no Grande Leilão de Inverno, de Ernani Thompson Mello (Jornal do Commercio, 15 de setembro  de 1974).

1976 - Foi citado no artigo Um poema de amor e trabalho, sobre a presença de estrangeiros no Rio Grande do Sul, de Antonio Bresolim (O Pioneiro (RS), 17 de junho de 1976, segunda coluna).

1979 - Seu quadro Ancião na Beira do Riacho integrou o leilão de Sebastião Barreto, em Petrópolis (Jornal do Commercio, 11 e 12 de fevereiro de 1979, quarta coluna).

1982 – Integrou a exposição Pintores Italianos no Brasil, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, promovida pela Sociarte de São Paulo em colaboração com a Secretaria de Estado da Cultura. Lançamento de um catálogo homônimo, apresentado por Augusto Carlos Veloso (Manchete, 29 de maio de 1982; Jornal do Commercio, 6 e 7 de jullho de 2003, terceira coluna).

2007 – Um de seus quadros foi leiloado pela Century´s, no Rio de Janeiro (O GLOBO, 24 de março de 2007, primeira coluna).

 2015 - Integrou a exposição Mater Fecunda a Pinacoteca Aldo Locatelli de 1884 a 1943, na Pinacoteca Aldo Locatelli, em Porto Alegre, realizada entre 22 de março e 29 de maio de 2015.

2018 - No Museu do Imigrante, em Bento Gonçalves, realização da exposição I Pittori Dei Nonni: Boscagli e Bertoni, entre 8 de outubro e 19 de novembro de 2018, com a curadoria de Luiz Pasquali. Bertoni é o pintor italiano Walter Angelo Bertoni (1854 – 1952) (Jornal Semanário, 17 de outubro de 2018).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

DAMASCENO, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre : Globo, 1971.

DAMASCENO, Athos. Colóquios em minha cidade. Porto Alegre : Globo, 1974.

Dicionário Fotográfico Capixaba

Enciclopedia Itaú Cultural

FROZZA, Marilia de Oliveira. Os retratos de militares e políticos na Pinacoteca Municipal Aldo Locatelli: herança da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Porto Alegre : Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.

LOPES, Marcos Felipe de Brum. Migrantes e fantasmas: imagens e figuras de Benjamin Constant. Estudos Ibero-Americanos, Porto Alegre, v. 44, n. 1, p. 76-92, jan.-abr. 2018.

MAUÉS, Renata de Fátima da Costa. O álbum do artista Manoel Pastana: memórias em recortes. Revista Arteriais, Universidade Federal do Pará, junho de 2021.

O GLOBO, 31 de maio de 1945.

RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Nacional, 1941.

Cronologia de José Boscagli (1862 – 1945)

Cronologia de José Boscagli (1862 – 1945)

 

 

1862 - Giuseppe (José) Boscagli nasceu em Florença, na Itália. Algumas fontes indicam que ele teria nascido em Siena, cidade italiana também localizada na Toscana. Em um artigo de O GLOBO, de 31 de maio de 1945, foi informado que ele descenderia de um dos doges de Veneza.

Década de 1870 – Desde os tempos de colégio, compunha paisagens e retratos coloridos a partir de pigmentos de flores. Apesar do desejo de sua família para que ele se tornasse engenheiro e arquiteto, matriculou-se na Academia de Belas Artes de Florença, onde foi influenciado por Pisani, um de seus professores. Ainda na Itália, conheceu os pintores brasileiros Pedro Américo (1843 – 1905) e Décio Villares (1851 – 1931). Teria, na companhia de Villares, visto Pedro Américo pintando a Batalha do Avaí, um dos mais importantes quadros brasileiros do século XIX, que retrata um episódio da Guerra do Paraguai. A obra foi realizada no ateliê de Pedro Américo, em Florença, e ficou pronta em 1877.

 

 

1888 – Casou-se com Luiza Luraschi (O GLOBO, 31 de maio de 1945).

c. 1897 – Passou a morar, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Realiza retratos a óleo, aquarela e crayon, copiados de fotografia, para a Sociedade de Artes de Buenos Aires, que mantinha uma agência em Porto Alegre.

Iniciou sua carreira de pintor paisagista e fotógrafo no ateliê de Jacintho Ferrari (18? – 1935), filho do italiano Rafael Ferrari, um dos fotógrafos pioneiros de Porto Alegre. Jacintho e seu irmão Carlos (18? – 1942) sucederam o pai, em 1885 e, entre 1895 e 1901, Rafael (1880 – 1961), o irmão caçula, também colaborou no estabelecimento.

Produziu um retrato a óleo de Julio de Castilhos (1860 – 1903), cuja inauguração aconteceu em 15 de novembro de 1899, no Conselho Municipal de Porto Alegre, em comemoração à Proclamação da República.

 

Júlio de Casttilho por Giuseppe (José) Boscagli /

Júlio de Castilho por Giuseppe (José) Boscagli, c. 1897 / Acervo Artístico de Porto Alegre

 

1900 - Um lindíssimo e fino quadro a óleo executado por Boscagli, retratando Adelina Vizeu Marques, encontrava-se na vitrine do ateliê de Jacintho Ferrari (A Federação (RS), 7 de fevereiro de 1900, quinta coluna).

Participou com quatro quadros da Exposição Estadual de 15 de Novembro (A Federação (RS), 26 de julho de 1900, primeira coluna).

1901 / 1902 - Nesse período, encontrava-se em Bento Gonçalves e participou, em Porto Alegre, de uma exposição com um retrato a óleo, tendo recebido uma menção honrosa (A Federação (RS), 27 de março de 1901, primeira colunaA Federação (RS), 28 de maio de 1901, última colunaFolha de Hoje (Prefeitura de Caxias do Sul), 26 de outubro de 1991, primeira coluna).

1903 - No ateliê do também italiano Virgilio Calegari (1868 – 1937), importante fotógrafo do sul do Brasil, em fins do século XIX e início do XX, expôs um retrato a óleo do desembargador Epaminondas Ferreira (A Federação (RS), 8 de junho de 1903, terceira coluna).

Em companhia de sua esposa, Luiza, e da filha única do casal, Ignez, chegou em Porto Alegre, a bordo do paquete Rio Pardo (A Federação (RS), 26 de agosto de 1903, segunda coluna).

1906 - Um retrato a óleo, executado por ele, de Carlos Barbosa Gonçalves, presidente da Assembléia de Representantes do Estado, estava exposto na Drogaria Ingleza, em Poro Alegre (A Federação (RS), 25 de abril de 1906, quinta coluna).

Sucedeu J. Antonio Iglesias no estabelecimento fotográfico da rua do Riachuelo, 220, em Porto Alegre, que passou a chamar-se Photographia -Artística-Boscagli.

 

 

1908 – Fotografou um evento social em Canoas e seus registros foram expostos na vitrine da Casa Barreto, em Porto Alegre (A Federação (RS), 9 de janeiro de 1908, quinta coluna).

Foi morar no Rio de Janeiro, onde se anunciava como artista pintor e oferecia serviços fotográficos gratuitos (O Paiz, 21 de maio de 1908).

 

 

Fotografou a mostra do Rio Grande do Sul na Exposição Nacional de 1908.

 

1909 - Anunciou a venda de um equipamento de fotografia, oferecendo-se a ensinar ao comprador como operá-lo (Jornal do Brasil, 25 de outubro de 1909, primeira coluna).

 

 

Incorporou-se às expedições de Cândido Rondon ao Mato Grosso e a Goiás, onde retratou os indígenas da região. Foi por intermédio de seu genro, o major Luiz Thomaz Reis (1878 – 1940), o cineasta de Rondon, que conheceu a Comissão Rondon. Reis era o encarregado de cinematografia e fotos do Escritório Central da Comissão. Boscagli passou a ser o pintor oficial de Rondon (Correio da Manhã, 16 de outubro de 1940, sétima colunaCarioca, 19 de maio de 1945Enciclopédia Itaú Cultural).

 

 

1910 – Seu genro, o major Reis, tornou-se o chefe da recém criada Seção de Fotografia e Cinematografia do Escritório Central da Comissão Rondon.

1910 / 1911 – O estabelecimento fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre, foi anunciado no Almanaque Henault e também no Almanak Laemmert, 1910 e 1911.

 

 

1910 - Em um artigo, Boscagli é identificado como um cavalheiro de trato delicado e gentil. Ainda segundo o artigo, ele havia vivido muitos anos no Rio Grande do Sul e havia passado pelo Rio de Janeiro. Realizou uma exposição na casa Resemini & Leone, em Vitória, no Espírito Santo (Commercio do Espírito Santo, 21 de fevereiro de 1910, terceira colunaDiário da Manhã, 22 de fevereiro de 1910, última coluna).

 

 

Exposição de um retrato a óleo do presidente da República eleito, marechal Hermes da Fonseca (1855 – 1923), na vitrine da loja Primaveraacreditado e popular estabelecimento do Climaco Sales, em Vitória, no Espírito Santo. Foi também exposto um retrato do então governador do Espírito Santo, Jerônimo Monteiro (1870 – 1933), e do coronel Henrique Coutinho (1845 – 1915), ex-governador do estado. Todos  de autoria de Boscagli, que ficou um período na cidade, quando trabalhou no estúdio do italiano Alberto Lucarelli (1884 – 1967), então fotógrafo oficial do governador do Espírito Santo. Boscagli voltou para o Rio de Janeiro a bordo do paquete Olinda, em 10 de junho de 1910, após permancer meses em Vitória. Foi tambem exposta na loja Primavera uma paisagem de sua autoria (Diário da Manhã (ES), 29 de março de 1910, quarta colunaDiário da Manhã (ES), 24 de abril de 1910, segunda colunaCommercio do Espírito Santo, 25 de abril de 1910, quinta coluna; O Estado do Espírito Santo, 11 de junho de 1910, primeira colunaDiário da Manhã (ES), 11 de junho de 1910, terceira colunaDiário da Manhã (ES), 19 de agosto de 1910, terceira colunaDiário da Manhã (ES), 28 de outubro de 1910, penúltima coluna).

 

 

1911 -  Seu genro, o major Reis, participou da expedição da Comissão Rondon, assim como o etnólogo e antropólogo Edgard Roquete- Pinto (1884 – 1954), especialista em áudio e futuro pai da radiodifusão no Brasil e diretor do Museu Nacional.

1912 – Boscagli expôs retratos a óleo na Casa London, na rua Bahia, em Belo Horizonte, em Minas Gerais (O Paiz, 12 de setembro de 1912, primeira coluna).

O quadro do Conselheiro José Antônio de Azevedo Castro (1839 – 1911), de autoria de Boscagli, passou a integrar a Galeria dos Benfeitores da Biblioteca Nacional (Anais da Biblioteca Nacional, 1912).

 

 

1913 - No Rio de Janeiro, seu ateliê ficava na Rua Barão de Guaratiba, nº 130. Também era identificado como decorador (Almanak Laemmert, 1913, segunda coluna). Mantinha seu ateliê fotográfico em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1913, primeira coluna).

Em Belo Horizonte, na Photographia Antenor Campos, exposição dos retratos a óleo de José de Campos Seraphino e de José Maria Pinto Leite, de autoria de Boscagli (O Pharol, 29 de março de 1913, coluna).

Seu genro, o major Reis,  participou da Expedição Científica Rondon-Roosevelt, ocorrida entre 1913 e 1914.

1914 - No Rio de Janeiro, seu ateliê ficava na Rua Barão de Guaratiba, nº 130 (Almanak Laemmert, 1914, primeira coluna). Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1914, segunda coluna).

1915 – Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1915, última coluna).

Exposição na entrada da Associação dos Empregados do Comércio, na Avenida Rio Branco, de um retrato a óleo do futuro Marechal Cândido Rondon (1865 – 1958), ainda coronel, produzido por Boscagli a partir de uma fotografia também produzida por ele. Boscagli era um admirador do trabalho de Rondon. Poucos meses depois, em 5 de outubro, realização de uma festa em homenagem a Rondon no Teatro Phênix, promovida pela Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e presidida pelo general Thaumaturgo de Oliveira, quando foi inaugurado solenemente o referido retrato de Rondon realizado por Boscagli, que passou a ornar uma das paredes da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro (Gazeta de Notícias, 23 de abril de 1915O Paiz, 23 de abril de 1915O Paiz, 27 de abril de 1915, quarta colunaCorreio da Manhã, 5 de outubro de 1915, quinta colunaCorreio da Manhã, 6 de outubro de 1915Revista da Semana, 9 de outubro de 1915, quinta coluna).

 

 

 

Inauguração, na Sociedade Sul Riograndense, na Avenida Rio Branco,  de uma exposição de trabalhos de Boscagli, representando os indígenas de Mato Grosso, com a presença de Rondon e do professor Roquette-Pinto (1884 – 1954). Foi visitada pelo professor e escultor Rodolfo Bernardelli (1852 – 1931), que elogiou muito a mostra, dizendo que o governo deveria auxiliá-lo a adquirir algumas obras. Ele havia colhido os principais elementos para seus quadros nas expedições do coronel Rondon. Um grupo de oficiais do Exército ofertou ao coronel Rondon a tela Índia Pareci em repouso (Jornal do Commercio, 3 de outubro de 1915, penúltima coluna; O Paiz, 3 de outubro de 1915, terceira colunaA Época, 5 de outubro de 1915, quinta colunaO Paiz, 8 de outubro de 1915, penúltima colunaAnnaes da Câmara dos Deputados, 31 de dezembro de 1915).

 

 

 

 

Na Sociedade Riograndense, também de autoria de Boscagli, exposição do retrato a óleo do general Pinheiro Machado (1851 – 1915) (O Paiz, 24 de outubro de 1915, quinta coluna).

Um retrato do coronel Marcondes Alves de Souza (1868 – 1938), governador do Espírito Santo, foi oferecido a ele por seu amigos. A autoria era de Boscagli (O Paiz, 29 de novembro de 1915, segunda coluna).

1916 - Anúncio de seu ateliê fotográfico em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1916, segunda coluna).

Foi noticiado que embarcou em Vitória, no Espírito Santo, rumo ao Rio de Janeiro, de onde retornaria em um mês (Diário da Manhã (ES), 28 de janeiro de 1916, terceira coluna).

Um belo quadro a óleo realizado por Boscagli, cópia do original de Pompeia, foi colocado no altar em homenagem a Nossa Senhora de Pompéia, construído na paróquia de Jacarepaguá, como o pagamento de uma promessa feita pelo padre Magaldi (A União, 8 de outubro de 1916, quinta coluna).

1917 - Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1917, segunda coluna).

1918 – Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1918, primeira coluna).

Ele e o também italiano Taquino realizaram uma exposição na Sociedade Riograndense. Tarquino havia trabalhado muito tempo para a revista Fon-Fon. Várias telas de Boscagli foram vendidas (O Imparcial, 12 de junho de 1918, terceira colunaO Paiz, 15 de junho de 1918, penúltima colunaA Época, 29 de junho de 1918, quarta coluna).

 

 

 

 

Um retrato do então governador do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros (1863 – 1961), prontificado por Boscagli foi enviado pelo deputado federal João Simplício a Porto Alegre (A Federação (RS), 2 de setembro de 1918, primeira coluna).

1919 – Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1919, última coluna).

Ele e Tarquini eram os diretores artísticos do Rio Studio, na Rua Uruguaiana, nº 62, inaugurado em 4 de abril (A Noite, de 1919, penúltima coluna).

 

 

Na Confeitaria Renaissance, no Rio de Janeiro, inauguração do mostruário de fotografias do ateliê fotográfico de propriedade da firma Boscagli & Comp (Correio da Manhã, 15 de junho de 1919).

 

 

A capa da revista A Epocha trazia uma fotografia de Cândido Rondon, de autoria de Boscagli (A Epocha, 31 de outubro de 1919).

 

 

1920 – Cândido Rondon ofertou ao Museu Nacional três quadros de autoria de Boscagli retratando indígenas: NenêCavagnac e Capitão Chiquinho (Gazeta de Notícias, 9 de janeiro de 1920, quarta coluna).

 

 

Exposição no Ponto Chic de um retrato a óleo do rei Alberto I da Bélgica (1875 – 1934), de autoria de Boscagli (A Rua, 18 de setembro de 1920, penúltima coluna).

Um álbum de mais de 200 fotografias artisticamente organizado pela casa Rio-Studio (artista Boscagli) foi ofertado pela Comissão Rondon aos reis da Bélgica durante a visita dos monarcas ao Brasil, realizada entre  entre 19 de setembro e 15 de outubro de 1920. Foi a primeira viagem realizada por uma monarca europeu à América do Sul (O Paiz, 17 de outubro de 1920, primeira coluna).

 

 

1921 – A fotografia de Maria Joaquina Botelho de Magalhães em seu leito de morte foi produzida por Boscagli & C, no Rio Studio. Ela era viúva do general Benjamin Constant (1836 – 1891), cujo sobrinho, Amilcar Armando Botelho de Magalhães (1880 – 1959), que havia se juntado à Comissão Rondon, em 1908, e se tornado diretor de seu Escritório Central, em 1910 (O Paiz, 3 de abril de 1921, quinta coluna).

 

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Boscagli & C. Maria Joaquina Botelho de Magalhães em seu leito de morte, 1921 / Acervo Museu Casa Benjamin Constant, Ibram / MinC

 

Também registrou a sepultura de Benjamin Constant e Maria Joaquina.

 

Boscagli & C. Sepultura de Benjamin Constant e Maria Joaquina, 1921 / Acervo Museu Casa Benjamin Constant, Ibram / MinC

Boscagli & C. Sepultura de Benjamin Constant e Maria Joaquina, 1921 / Acervo Museu Casa Benjamin Constant, Ibram / MinC

 

1924 – Participou da 31ª Exposição Geral de Belas Artes.

1925 - Anúncio de seu ateliê fotográfico, na rua Uruguaiana, nº 82, no Rio de Janeiro (Almanak Laemmert, 1925, segunda coluna).

1926 - Anúncio de seu ateiê fotográfico, na rua Uruguaiana, nº 82, no Rio de Janeiro (Almanak Laemmert, 1926, segunda coluna).

Realizou uma exposição em Porto Alegre com retratos a óleo, dentre eles do Marechal Cândido Rondon (1865 – 1958) e do general Firmino Paim Filho (1884 – 1971) (A Federação (RS), 15 de março de 1926, penúltima coluna).

Esteve em Bento Gonçalves e voltou para o Rio de Janeiro (A Federação (RS), 30 de junho de 1926, última coluna).

1927 - Estava em Juiz de Fora, onde um retrato de sua autoria do general João Nepomuceno da Costa (1870 – 1943) foi oferecido por amigos ao militar (Jornal do Brasil, 6 de outubro de 1927, sexta coluna).

1928 – Esteve em Belo Horizonte (Jornal do Commercio, 25 e 26 de junho de 1928, última coluna).

1929 - Falecimento de Rubens Boscagli Reis, seu neto, filho de Ignez (? – 1939). Era irmão de Argentina (? – 1983), Américo (? – 20?), futuro fiscal do Banco do Brasil; e Tiziano (? – 1983), futuro funcionário do Ministério da Agricultura. Desde a década de 1900, Ignez era casada com o major Luiz Thomaz Reis (1878 – 1940), que foi o responsável por inúmeros filmes cinematográficos realizados quando integrou a Comissão Rondon (Correio da Manhã, 14 de maio de 1929, quinta colunaO Paiz, 15 de maio de 1929, terceira colunaA Noite, 25 de julho de 1931, quarta colunaA Noite, 19 de junho de 1939, penúltima colunaCorreio da Manhã, 3 de dezembro de 1940, quarta coluna).

 

 

1930 - Com o pintor Rodolfo Amoedo (1857 – 1941) e outros, fez parte da banca examinadora de modelagem e escultura do curso geral superior do Departamento Feminino do Instituto La-Fayette (A Noite, 13 de novembro de 1930, segunda coluna).

Participou da exposição da Sociedade Brasileira de Belas Artes (Jornal do Brasil, 13 de dezembro de 1930, penúltima coluna).

1931 – Sua neta, Argentina, ficou noiva de Isaias Rosa, secretário do Jornal dos Sports e diretor da revista Medicina para todos (O Jornal, 26 de julho de 1931, segunda coluna).

Foi um dos ilustradores do livro Morfologia da mulher, de Hernani de Irajá (Jornal do Commercio, 30 de agosto de 1931, primeira coluna).

1933 - Foram inaugurados os retratos a óleo dos falecidos monsenhores João Pires de Amorim e José Francisco de Moura Guimarães, na Arquidiocese do Rio de Janeiro, ambos de autoria de Boscagli. O retrato do cardeal dom Sebastião, que se encontrava na sacristia da catedral, também era de autoria do pintor (A Cruz, 19 de março de 1933, quarta coluna).

1934 - Reproduziu o quadro da Sagrada Família, do pintor barroco espanhol Murillo (1617 – 1682), no estandarte-chefe da Liga Católica Jesus Maria José de Olaria (Jornal do Brasil, 24 de janeiro de 1934, penúltima coluna).

1935 - Realização, entre 9 e 26 de outubro, de uma exposição de obras de Boscagli no Palace Hotel. Ele dedicou a mostra à Associação Brasileira de Imprensa (A Noite, 8 de outubro de 1935, primeira coluna).

 

O Globo, 8 de outubro de 1935

O GLOBO, 8 de outubro de 1935

 

O GLOBO, 12 de outubro de 1935

O GLOBO, 12 de outubro de 1935

 

 

1936 - Tornou-se sócio da Associação dos Artistas Brasileiros (Correio da Manhã, 12 de janeiro de 1936, primeira coluna).

Com o também pintor italiano Alfredo Norfini (1867 – 1944), realizou uma exposição em São Paulo, no Salão de Chá da Casa Allemã (Diário Carioca, 9 de outubro de 1936Correio de São Paulo, 20 de outubro de 1936, terceira coluna).

 

 

 

O Estado de São Paulo, 22 de outubro de 1936

O Estado de São Paulo, 22 de outubro de 1936

 

1937 – Participou do 9º Salão da Associação de Artistas Brasileiros, no Palace Hotel. Seu quadro e a de outros artistas expositores foram adquiridos pelo presidente Getúlio Vargas (A Noite, 13 de junho de 1937, segunda colunaCorreio da Manhã, 15 de junho de 1937, segunda colunaA Noite, 17 de junho de 1937, penúltima coluna).

 

 

Na Nova Galeria de Arte, filial da Galeria Henberger, na rua Buenos Aires, nº 79, inauguração de uma exposição de Boscagli e de Manoel Pastana (1888 – 1984) (Diário Carioca, 16 de setembro de 1937, segunda colunaO Jornal, 19 de setembro de 1937, terceira colunaJornal do Brasil, 19 de setembro de 1937, terceira coluna).

 

Convite para a exposição / Acervo de Renata de Fátima da Costa Maués

Convite para a exposição / Acervo de Renata de Fátima da Costa Maués

 

 

 

 

Participou, também no Palace Hotel, do Salão de Natal de 1937 (A Noite, 22 de dezembro de 1937, quinta coluna).

1938 - Participou do II Salão de Belas Artes promovido pela prefeitura de Belo Horizonte com um quadro de uma paisagem, da coleção de Celso Werneck (Salão de Belas Artes: Anais, 1938)

Realização de uma exposição de obras de Boscagli no Palace Hotel (A Noite, 23 de novembro de 1938, sexta coluna; Illustração Brasileira, dezembro de 1938).

 

O GLOBO, 16 de novembro de 1938

O GLOBO, 16 de novembro de 1938

 

 

 

 

 

No artigo O indianismo na pintura, a obra de Boscagli é abordada (Careta, 3 de dezembro de 1938).

Participou, também no Palace Hotel, do Salão de Natal de 1938 (A Noite, 16 de dezembro de 1938, quinta coluna).

1939 - Publicação do artigo O índio na pintura brasileira sobre a obra etnográfica de Boscagli (O Malho, 19 de janeiro de 1939).

 

 

Falecimento de sua filha, Ignez Boscagli Reis (A Noite, 19 de junho de 1939, oitava colunaJornal do Brasil, 25 de junho de 1939, terceira coluna).

O desenho O retrato do Sr. Bocagli, do ucraniano Dimitri Ismailovitch (1890 – 1976), foi exposto no Salão de Belas Artes (Carioca, 23 de setembro de 1939, segunda coluna).

1940 - Inauguração de uma exposição de cerca de 60 obras de Boscagli, no Palace Hotel, entre paisagens do sertão do Brasil e de indígenas e seus costumes (Correio da Manhã, 5 de outubro de 1940, primeira colunaCorreio da Manhã, 17 de outubro de 1940, sétima coluna).

 

 

 

O major Luiz Thomaz Reis (1878 – 1940), genro de Boscagli, viúvo de Ignez (? – 1939), faleceu cerca de um mês após ter sofrido um acidente, quando filmava a construção do novo quartel general do Exército no Rio de Janeiro (Correio da Manhã, 3 de dezembro de 1940, quarta coluna).

Quadros de autoria de Boscagli foram expostos na Exposição Retrospectiva do Exército (Boletim da Sociedade Geográfica do Rio de Janeiro, 1940).

1941 - Identificado como nosso melhor indianista, integrou o Salão de Belas Artes (Gazeta de Notícias, 21 de setembro de 1941, segunda coluna).

 

 

Foi noticiado que o Conselho do Serviço de Proteção aos Índios iria começar a tomar providências no sentido de adquirir várias telas de autoria de José Boscagli, o único artista que acompanhou a Expedição Rondon e pintou os tipos e costumes dos indígenas nacionais. Os quadros integrariam a galeria artística da futura Casa do Índio (Diário de Notícias, 28 de setembro de 1941O Jornal, 1º de novembro de 1941, quinta coluna).

 

 

1945 - Dias antes de seu falecimento, publicação do artigo Boscagli, de autoria de Carlos Rubens, sobre a vida do pintor (Carioca, 19 de maio de 1945).

José Boscagli faleceu em 30 de maio e foi sepultado no Cemitério São João Batista. Sua missa de Sétimo Dia foi realizada na Igreja da Candelária, em 6 de maio. Quando faleceu, ainda residia na Rua Barão de Guaratiba, nº 132 (Carioca, 19 de maio de 1945Correio da Manhã, 31 de maio de 1945, primeira colunaJornal do Commercio, 6 de junho de 1945).

 

 

1946 – Obras de Boscagli integraram a Exposição Foto-Etnográfica, comemorativa do Dia do Índio, realizada no hall do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro (Correio da Manhã, 21 de abril de 1946, penúltima coluna).

1956 – Publicação de um artigo sobre a escritora, jornalista e feminista Jenny Pimentel de Borba (1906 – 1984), onde aparece um retrato dela pintado por Boscagli (Walkyrias, janeiro de 1956).

1974 - Um de seus quadros, Cidade Marítima, foi leiloado no Grande Leilão de Inverno, de Ernani Thompson Mello (Jornal do Commercio, 15 de setembro  de 1974).

1976 - Foi citado no artigo Um poema de amor e trabalho, sobre a presença de estrangeiros no Rio Grande do Sul, de Antonio Bresolim (O Pioneiro (RS), 17 de junho de 1976, segunda coluna).

1979 - Seu quadro Ancião na Beira do Riacho integrou o leilão de Sebastião Barreto, em Petrópolis (Jornal do Commercio, 11 e 12 de fevereiro de 1979, quarta coluna).

1982 – Integrou a exposição Pintores Italianos no Brasil, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, promovida pela Sociarte de São Paulo em colaboração com a Secretaria de Estado da Cultura. Lançamento de um catálogo homônimo, apresentado por Augusto Carlos Veloso (Manchete, 29 de maio de 1982Jornal do Commercio, 6 e 7 de jullho de 2003, terceira coluna).

2007 – Um de seus quadros foi leiloado pela Century´s, no Rio de Janeiro (O GLOBO, 24 de março de 2007, primeira coluna).

 2015 - Integrou a exposição Mater Fecunda a Pinacoteca Aldo Locatelli de 1884 a 1943, na Pinacoteca Aldo Locatelli, em Porto Alegre, realizada entre 22 de março e 29 de maio de 2015.

2018 - No Museu do Imigrante, em Bento Gonçalves, realização da exposição I Pittori Dei Nonni: Boscagli e Bertoni, entre 8 de outubro e 19 de novembro de 2018, com a curadoria de Luiz Pasquali. Bertoni é o pintor italiano Walter Angelo Bertoni (1854 – 1952) (Jornal Semanário, 17 de outubro de 2018).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

 

No Dia do Imigrante Italiano, a trajetória do fotógrafo Nicola Maria Parente (1847 – 1911) no Brasil

Inspirada pela celebração do Dia Nacional do Imigrante Italiano e pela recente publicação do livro Italianos detrás da câmara: trajetórias e olhares marcantes no florescer da fotografia no Brasil, de autoria de Livia Raponi e Joaquim Marçal, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica, escrevo sobre mais um importante fotógrafo italiano que atuou no Brasil no século XIX: Nicola Maria Parente (1847 – 1911), introdutor do cinematógrafo na Paraíba. Em destaque, imagens de sua autoria que pertencem à Fundação Biblioteca Nacional, uma das fundadoras da Brasiliana Fotográfica; e à Fundação Joaquim Nabuco e ao Museu Histórico Nacional, às instituições parceiras do portal.

 

 

Nicola Maria Parente se junta aos também italianos Camillo Vedani (18? – 1888)João Firpo (1839 – 1899) e Elvira (1876 – 1972) e Vincenzo Pastore (1930 – 1918), que já foram temas de artigos publicados no portal.

 

 

Acessando o link para as fotografias de autoria de Nicola Maria Parente disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Pela importância que a comunidade italiana tem na história do Brasil, a lei nº 11.687, de 2 de junho de 2008 instituiu oficialmente o Dia Nacional do Imigrante Italiano no calendário de todo o território nacional. O dia 21 de fevereiro foi escolhido devido à expedição que Pietro Tabacchi fez ao Espírito Santo, em 1874, marco do início do processo da migração em massa dos italianos para o Brasil. Estima-se que atualmente aproximadamente 30 milhões de descendentes de italianos vivam em terras brasileiras.

 

Bandeira da Itália

Bandeira da Itália

 

Breve perfil do fotógrafo italiano Nicola Maria Parente (1847 – 1911)

 

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A biografia de Nicola Maria Parente ainda tem diversas lacunas. Ele nasceu em Marsico Nuovo, província de Potenza, na região de Basilicata, em 13 de março de 1847, filho de Giovannantonio Parente e Maria Carmela Perci (Site Cápsula do Tempo). Relatos de seus familiares informam que ele teria participado nas lutas de Giuseppe Garibaldi (1807-1882) pela unificação da Itália, mas este fato ainda não foi confirmado.

 

 

Provavelmente veio para o Brasil, em 1865. Também de acordo com relatos de familiares, chegou com seu irmão Carmino, seus primos João, Georgina e Luigi; e com sua esposa Carolina Rotunda e seus filhos Galileu e Margarida. Durante a viagem Carolina teria dado à luz a Garibaldi e teria falecido logo depois do parto. No Porto de Santos, Nicola teria conhecido a italiana Giusephina Calliari, que viajava com dois filhos, Marcella e Giulio. Casaram-se e, posteriormente, tiveram uma filha, Carmelita. Há informações de que teriam se estabelecido em Taquari, no Rio Grande do Sul. Quanto à nacionalidade dos filhos há uma divergência ainda não resolvida pela pesquisa da vida de Nicola: no anúncio de sua morte é dito que todos nasceram no Brasil.

Percorreu alguns estados do Brasil e, o que se sabe, é que, na década de 1880, estabeleceu-se em João Pessoa, que na época chamava-se Parahyba do Norte, onde abriu a Photographia Vesúvio, na rua d´Areia, 73.

 

 

Na Paraíba, foi contemporâneo do italiano João Firpo (1839 – 1899) e do alemão Bruno Bourgard (18? – 19?), dentre outros fotógrafos itinerantes, e da pioneira Roza Augusta (18? -19?).

 

 

 

Também trabalhou como dentista.

 

 

Gênio de artista investigador, Nicola foi, além de fotógrafo e dentista, comerciante e inventor. Foi também ele que apresentou o cinematógrafo aos moradores de João Pessoa, na Paraíba, entre julho e agosto de 1897, durante a Festa das Neves, que homenageia a padroeira da cidade, Nossa Senhora das Neves, e que, na época, era o maior acontecimento social e religioso do estado. Em frente à Photographia Vesúvio, na rua Nova, nº 2, foi colocado um grande cartaz com frases em francês anunciando o espetáculo. Segundo anotações do fotógrafo, cineasta, diretor e pesquisador paraibano Walfredo Rodriguez (1893 – 1973), que estava presente ao acontecimento, em seu Roteiro Sentimental de uma Cidade:

“O autor destas desativadas evocações, recorda-se, ainda, envoltas em névoas das imagens remotas, das fitas ali exibidas, numa Festa das Neves de 1897 – “Chegada de um trem a Gare de Lion”, Um macaco pulando um arco” e “Crianças jogando bolas de neve em Biarritz”.

Parece que Nicola Parente conhecia os irmãos Louis e Auguste Lumière, franceses responsáveis pelo invento do cinematógrafo, cuja primeira exibição pública aconteceu em Paris, em 28 de dezembro de 1895. Em 1896, Parente viajou para a Europa e de lá trouxe a novidade. Segundo o bisneto de Nicola, o jornalista Pedro Parente, seu bisavô teria ido aFrança, em 1900, quando teria sido convidado pelos irmãos Lumière para a Exposição Universal de Paris.

 

 

Nicola itinerou com o cinematógrafo por diversos estados do Nordeste, como Bahia, Ceará, Pará e Rio Grande do Norte; e pelo interior de São Paulo. O organizador do livro A crítica de cinema em Belém, Pedro Veriano, aventa a possibilidade de Nicola ter sido o responsável  pelas primeiras filmagens no Pará, “mas não deixou provas concretas do trabalho” .

 

Em 1899,  transferiu-se para Abaeté, atual Abaetetuba, no Pará, onde criou o estabelecimento comercial Casa Italiana, da firma Nicola Parente & Filhos. Também colaborou com o Jornal da Mata.

Em 19 de maio de 1911, faleceu, vítima da explosão de um novo aparelho gerador de gás oxigênio que pretendia inventar em seu laboratório em Abaeté. De acordo com a notícia veiculada pelo Estado do Pará, era sócio de seu filho Garibaldi na firma comercial Parente & Cia.  Seu outro filho, Galileu, era jornalista, poeta e fotógrafo. Como já mencionado, tinha também duas filhas, Margarida e Carmelita. Foi identificado como muito estimado, honesto e caridoso (Estado do Pará, 29 de maio de 1911, última coluna).

 

Acesse aqui a Cronologia de Nicola Maria Parente (1847 – 1911) 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ALIPRANDI, E.; MARTINI, V. (orgs.). Gli italiani nel nord del Brasile. Rassegna delle vite e delle opere della stirpe italica negli stati del nord brasiliano. Belém: Tip. da Livraria Gilet, 1932.

BARRO, Máximo. Participação italiana no cinema brasileiro. São Paulo : SESI-SP Editora.

Fotografia Paraibana Revista, 2012, pág 73

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

GOLZIO, Derval Gomes. Utilização Político-Ideológica da Fotografia: estudo das imagens publicadas no jornal A União durante a disputa política no Estado da Paraíba-1930. Dissertação de Mestrado em Multimedios, Unicamp, 1997.

Italianos detrás das câmeras: trajetórias e olhares marcantes no florescer da fotografia no Brasil / Organizado por Joaquim Marçal, Livia Raponi, traduzido por Livia Raponi, Vittorio Cappelli. – São Paulo : Editora Unesp, 2022.

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

LAPA, José Roberto do Amaral. A cidade: os cantos e os antros : Campinas, 1850-1900. São Paulo : Editora da Universidade de São Paulo, 1996.

LEAL, Wills. O Discurso Cinematográfico dos Paraibanos: a história do cinema na/da Paraíba. João Pessoa: Ed. A União, 1989.

LEITE, Ary Bezerra. Cidade de Fortaleza: 1897-1945: do Cinematógrafo aos Anos de Guerra.

LEITE, Ari Bezerra. História da fotografia no Ceará do século XIX. Edição do autor, 2019.

LEITE, Ary Bezerra. Memória do cinema: os ambulantes do Brasil (Cinema itinerante no Brasil: 1895 – 1914). Fortaleza : Premius, 2011.

PETIT, Pere. Filmes, Cinemas e Documentários no fim da Belle Époque no Pará (1911-1914). Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011,

VERIANO, Pedro (coord.). A crítica de cinema em Belém. Belém: Secult/PA, 1983.

SANTOS, Alex. Cinema e Revisionismo. João Pessoa, SEC/PB, 1982.

Site Cápsula do Tempo

Site Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro

Site Crônicas Taipuenses

Site Fatos e Fotos de Natal Antiga

Site Fortaleza Nobre

Site Italian Genealogy

Site Paraíba Criativa

Site Pró-Memória de Campinas – SP

Autorretratos de fotógrafos – Uma homenagem no Dia Internacional da Fotografia

A Brasiliana Fotográfica homenageia o Dia Internacional da Fotografia com a publicação de quatro autorretratos de importantes fotógrafos que atuaram no Brasil entre os séculos XIX e XX: o alemão Christoph Albert Frisch (1840 – 1918), o carioca Marc Ferrez (1843 – 1923), o francês Revert Henrique Klumb (c.1826 – c.1886) e o italiano Vincenzo Pastore (1865 – 1918). Interessante observar que o único autorretrato produzido fora de um estúdio fotográfico foi o de Frisch, que se fotografou, entre 1967 e 1868, em um barco em um rio na Amazônia, quando produziu os primeiros registros que chegaram até nós de índios brasileiros da região, além de aspectos de fauna e flora e de barqueiros de origem boliviana que atuavam como comerciantes itinerantes nos rios amazônicos. Os quatro fotógrafos já foram temas de artigos publicados no portal.

 

Acessando o link para os autorretratos de fotógrafos disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

A data escolhida para a comemoração do Dia Internacional da Fotografia tem sua origem no ano de 1839, quando, em 7 de janeiro, na Academia de Ciências da França, foi anunciada a descoberta da daguerreotipia, um processo fotográfico desenvolvido por Joseph Nicèphore Niépce (1765-1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). Cerca de sete meses depois, em 19 de agosto, durante um encontro realizado no Instituto da França, em Paris, com a presença de membros da Academia de Ciências e da Academia de Belas-Artes, o cientista François Arago (1786 – 1853), secretário da Academia de Ciências, explicou o processo e comunicou que o governo francês havia adquirido o invento, colocando-o em domínio público e, dessa forma, fazendo com que o “mundo inteiro” tivesse acesso à invenção. Em troca, Louis Daguerre e o filho de Joseph Niépce, Isidore, passaram a receber uma pensão anual vitalícia do governo da França, de seis mil e quatro mil francos, respectivamente.

A velocidade com que a notícia do invento do daguerreótipo chegou ao Brasil é curiosa: cerca de 4 meses depois do anúncio da descoberta, foi publicado no Jornal do Commercio, de 1º de maio de 1839, sob o título “Miscellanea”, na segunda coluna, um artigo sobre o assunto – apenas 10 dias após de ter sido o tema de uma carta do inventor norte-americano Samuel F. B. Morse (1791 – 1872), escrita em Paris em 9 de março de 1839 para o editor do New York Observer, que a publicou em 20 de abril de 1839.

 

Vincenzo Pastore (1865 – 1918)

 

 

A obra do fotógrafo italiano Vincenzo Pastore, importante cronista visual de São Paulo da segunda metade do século XIX e do início do século XX, ficou, durante décadas, em uma caixa de charutos, sem negativos. As ampliações foram produzidas pela própria mulher do fotógrafo, Elvira, que o ajudava no estúdio. Com sua câmara Pastore capturava tipos e costumes de um cotidiano ainda pacato de São Paulo, uma cidade que logo, com o desenvolvimento econômico, mudaria de perfil. Captava as transformações urbanas e humanas da cidade, que passava a ser a metrópole do café. Com seu olhar sensível, o bem sucedido imigrante italiano flagrava trabalhadores de rua como, por exemplo, feirantes, engraxates, vassoureiros e jornaleiros, além de conversas entre mulheres e brincadeiras de crianças. Pastore, ao retratar pessoas simples do povo, realizou, na época, um trabalho inédito na história da fotografia paulistana.

Acessando o link para as fotografias de Vincenzo Pastore disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Marc Ferrez (1843 – 1923)

 

 

Marc Ferrez (1843 – 1923) foi um brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Sua vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo. Estabeleceu-se como fotógrafo com a firma Marc Ferrez & Cia, em 1867, na rua São José, nº 96, e logo se tornou o mais importante profissional da área no Rio de Janeiro. Cerca de metade da produção fotográfica de Ferrez foi realizada na cidade e em seus arredores, onde registrou, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais.

Acessando o link para as fotografias de Marc Ferrez disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Christoph Albert Frisch (1840 – 1918)

  

 

Christoph Albert Frisch (1840 – 1918) foi o fotógrafo responsável pela impressionante e pioneira série de 98 fotografias realizadas em 1867 na Amazônia: foram os primeiros registros que chegaram até nós de índios brasileiros da região, além de aspectos de fauna e flora e de barqueiros de origem boliviana que atuavam como comerciantes itinerantes nos rios amazônicos. Ele foi o fotógrafo que acompanhou a expedição pela Amazônia liderada pelo engenheiro alemão Joseph Keller e pelo fotógrafo, desenhista e pintor Franz Keller (1835 – 1890). Este último era genro de Georges Leuzinger ( 1813 – 1892), considerado um dos mais importantes fotógrafos e difusores para o mundo da fotografia sobre o Brasil no século XIX, além de pioneiro das artes gráficas no país.

Acessando o link para as fotografias de Christoph Albert Frisch disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886)

 

Um dos primeiros fotógrafos estrangeiros a se estabelecer no Brasil, o francês Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) foi o fotógrafo preferido da família imperial brasileira, tendo sido agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial”, em 1861. Um dos pioneiros na produção comercial de imagens sobre papel fotográfico e uso de negativo de vidro em colódio no Brasil, inaugurou seu estabelecimento fotográfico em 1855 ( Correio Mercantil , de 4 de novembro de 1855, na última coluna ). Foi professor de fotografia da princesa Isabel e, provavelmente, o introdutor da técnica estereoscópica no Brasil, com a qual entre os anos de 1855 e 1862 produziu ampla documentação sobre o Rio de Janeiro.

Foi também o autor do livro Doze horas em diligência. Guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, única obra do Brasil do século XIX a ser idealizada, fotografada, escrita e publicada por uma só pessoa. Também foi o primeiro livro de fotografia inteiramente litografado e produzido no país. Dois exemplares estão conservados na Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional.

Acessando o link para as fotografias de Revert Henrique Klumb disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Leia aqui os artigos já publicados na Brasiliana Fotográfica sobre o Dia Internacional da Fotografia:

 

Dia Internacional da Fotografia – 19 de agosto, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2015

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Pequeno histórico e sua chegada no Brasil, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2019

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Os álbuns da Comissão Geológica do Império com fotografias de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2019

No Dia Internacional da Fotografia, fotógrafas pioneiras no Brasil, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2022

Dia Internacional da Fotografia, uma retrospectiva de artigos,  de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2023

De Gênova, Itália, a Maruim, Sergipe: João Firpo, um artífice de imagens

Para comemorar a independência do estado de Sergipe, ocorrida há 200 anos, seguida pela nomeação como seu primeiro governador de Carlos Cesar Burlamaqui (1775 – 1844) (Gazeta do Rio de Janeiro, 26 de julho de 1820, segunda coluna), a Brasiliana Fotográfica publica o artigo “De Gênova, Itália, a Maruim, Sergipe: João Firpo, um artífice de imagens”, da historiadora e museóloga sergipana Sayonara Viana, leitora e entusiasta do portal. O italiano Giovanni Firpo chegou no Recife, em 1866, e três anos depois naturalizou-se brasileiro e adotou o nome João. Como fotógrafo itinerante percorreu diversas províncias do Nordeste brasileiro: Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe, estado que foi sua última residência. Sua obra fotográfica registrou cidades e paisagens e documentou a construção de ferrovias. Além disso, teve uma grande produção de retratos.

 

Acessando o link para as fotografias de Sergipe disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Bandeira e brasão de Sergipe

Bandeira e brasão de Sergipe

 

Carta Régia que desanexou da Capitania da Bahia o território de Sergipe, emancipando-o politicamente

“Isenta a Capitania de Sergipe da sujeição ao Governo da Bahia, declarando-a independente totalmente.
Convido muito ao bom regimen deste Reino do Brasil, e a prosperidade a que me proponho elevá-lo, que a Capitania de Sergipe de El Rei tenha um Governo independente do da Capitania da Bahia.
Hei por bem isentala absolutamente da sugeição em que até agora tem estado do Governo da Bahia, declarando-a independente totalmente para que o Governador della a governe na forma praticada nas mais Capitanias independentes, communicando-se directamente com as Secretarias de Estado competentes, e podendo conceder sesmarias na forma das Minhas Reaes Ordens.
Thomas Antonio de Villanova Portugal, Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Reino, o tenha assim entendido, e faça executar com as participações convenientes às diversas estações. Palácio do Rio de Janeiro e 8 de julho de 1820. (Com a rubrica de S.M.)”

 

De Gênova, Itália, a Maruim, Sergipe: João Firpo, um artífice de imagens

                                                                                        Sayonara Viana*

 

 

O movimento das imagens evidencia seus diferentes contornos, revelando sentidos e significados produzidos pela arte fotográfica de João Firpo, que deixou vestígios documentais para a história da fotografia no Brasil ao registrar e elucidar traços peculiares de algumas cidades do país. Giovanni Firpo nasceu em Nervi, Gênova, na Itália, em 20 de fevereiro de 1839, filho de Domenico Firpo e Catterina Corsi. O registro encontra-se no Livro de Registro n°. 93, linha 422, do ano de 1839, na Lista Di Leva da cidade de Gênova. Até o momento são poucos os dados que conseguimos obter sobre esse fotógrafo. Existem muitas lacunas entre o seu nascimento e o ano em que imigrou para a América. O que se sabe é que Firpo foi proprietário de um laboratório fotográfico na cidade de Gênova.

 

figura 1

Cópia do livro de registro de nascimento em 1839 / Acervo Aroldo A. Firpo

 

Fotógrafo profissional e itinerante, viajou de Gênova com destino ao Brasil em 13 de agosto de 1866 e aportou no Recife, em Pernambuco, em 18 ou 19 de outubro desse mesmo ano. As informações contidas em seu passaporte permitem-nos construir a imagem de um jovem de 27 anos com “cabelo negro, sobrancelha escura, olhos castanhos, barba curta e cicatriz na testa“. Veio acompanhado da esposa Maria Lydia Firpo e dos seus três filhos menores: Domenico, de cinco anos; Giulio, de três anos; e Antônio, com oito meses. Viajaram na polaca italiana Linda (Diário de Pernambuco, 20 de outubro de 1866, quinta coluna).

 

figura 2

Cópia do passaporte utilizado na viagem para o Brasil em 1866 / Acervo Aroldo A. Firpo.

 

No Brasil, Giovanni Firpo adotou o nome de João Firpo, aprovado em sessão do Parlamento Brasileiro no Rio de Janeiro, em 25 de agosto de 1870, quando naturalizou-se brasileiro. Em 1867, fixou residência na cidade do Recife comprando o estabelecimento comercial de fotografia do Sr. Leon Chapelin, à Rua da Imperatriz, n° 14, conforme anúncio publicado no Diário de Pernambuco de 23 de abril de 1867.

 

 

Posteriormente, inaugurou um ateliê fotográfico, à Rua Nova n° 29, na cidade da Parahyba, onde estaria de passagem (O Publicador,  16 de dezembro de 1867).

 

 

Nesse período, os fotógrafos itinerantes anunciavam seus serviços nos periódicos locais informando que estavam vendendo material fotográfico e fotografando nas residências e fazendas das vilas e cidades. Sobre a itinerância fotográfica no Brasil, Segala (1998) descreve:

 

“Placas de vidro, frascos e drogas amarrados nas caixas, nos balaios das mulas. Os panos negros, os alaranjados, feitios da tenda fotográfica, cobrem das poeiras e dos ciscos a câmera escura. A viagem começa cedo, protegendo as águas e as químicas do sol alto”.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                (SEGALA, 1998, p.62).

 

João Firpo, como fotógrafo itinerante, viajou pelas Províncias do Norte do Brasil – Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe -, documentando famílias, personagens ilustres e paisagens urbanas, preservadas por instituições de memória desses estados.

 

Mapa das províncias por onde João Firpo itinerou

Mapa das províncias por onde João Firpo itinerou

 

Destacou-se pela densidade e intensidade de capturar “as vistas” da cidade da Parahyba ao fotografar prédios públicos, vistas, ruas e as mudanças na paisagem urbana. Residiu em vários locais da cidade procurando sempre se instalar próximo a uma potencial clientela e sempre buscando fixar as imagens em outro suporte para atingir a um público maior. Como informa  Lira (1997):

” No ano de 1876, já atuava na rua da Viração 17, o fotógrafo João Firpo com sua “Photographia Italiana”, oferecendo ao público, através de anúncio no Jornal da Paraíba de 09 de junho, seus “cartões sobre sistema de porcelana e photographia simples”. No ano seguinte, Firpo encontra-se instalado na rua Barão da Passagem (atual Rua da Areia), n° 92″.

Provavelmente por ter grande aceitação junto ao público, continuou atuando na cidade, acompanhando as mudanças na sua paisagem e Há indícios da sua atuação na Rua Direita n° 62 e, em 1885, na rua Duque de Caxias, n° 62, indicando a sua atividade na cidade entre 1877 e 1885 (BECHARA FILHO, 1983).

Sobre esses registros históricos, Azevedo (2017), assinala que:

“Em 1878, quando, provavelmente, o fotógrafo João Firpo tomou as primeiras imagens do Largo do Colégio, ele iniciou o registro uma série de informações sobre o ambiente construído que chegaram até os nossos dias em uma espécie de testemunho da conformação física de como já foi a paisagem urbana da cidade da Parahyba. De modo particular, essas fotografias nos contam o percurso histórico de como o Largo do Colégio e o seu entorno foram sendo construídos e, também, desconstruídos, ao longo de sete décadas, entre 1870 e 1930′.

(AZEVEDO, 2011, p. 2027).

 

Outra atuação que marcou a sua trajetória fotográfica foi o trabalho sistemático de documentação fotográfica da expansão ferroviária da Parahyba, muito comum no final do século XIX e utilizada pela administração pública para compor os relatórios das obras e as reportagens dos periódicos. João Firpo foi contratado  para acompanhar o progresso da ferrovia da Companhia Inglesa Conde D’Eu Railway Company Limited, responsável pela construção da primeira etapa do trecho entre Natal e Recife.

João Firpo deixou importante legado iconográfico pelas cidades e vilas por onde andou. Entretanto, várias imagens atribuídas a ele estão sem identicação porque durante um período da sua atuação nem sempre as fotografias eram carimbadas. No que diz respeito aos retratos, principalmente o modelo carte de visite’,  ao longo da sua produção ele utilizou diversas vinhetas.

Uma curiosidade: na primeira figura abaixo, que é o verso da fotografia “Retrato de criança”, destacada nessa publicação, estão impressos à esquerda, o brasão do Segundo Império, e, à direita, o do Reino da Itália.

 

 

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Verso de fotografia de João Firpo / Acervo Fundação Joaquim Nabuco

 

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Verso de fotografia de João Firpo / Acervo Fundação Joaquim Nabuco

 

Em 1893, provavelmente atraído pela prosperidade econômica da Província de Sergipe, cuja região da Cotinguiba era o centro da produção açucareira, escolheu a Villa de Maruim para residência de sua família e instalação do seu laboratório fotográfico e continuou a viajar pelo Norte anunciando nos periódicos locais o seu ofício.

João Firpo faleceu em Maruim, em 1899, aos 61 anos. Está sepultado no cemitério Cruzeiro do Novo Século. Deixou nove filhos: três nascidos na Itália, três nascidos no Rio Grande do Norte e três nascidos na cidade da Parahyba.

  • Domenico Firpo (Gênova – 1861 -?).
  • Giulio Firpo (Gênova – 1863 – ?)).
  • Antônio Firpo (Gênova – 1865- ?).
  • João Firpo Júnior (RN – 1869 -?).
  • Eládio Firpo (RN – 1874- ?).
  • Arthur Firpo (RN – 1876 -?).
  • Maria Augusta Firpo (Parahyba – 1877 – ?).
  • Leopoldina Firpo (Parahyba – 1878 – ?).
  • José Firpo (Parahyba – 1883 -?).

O seu falecimento está registrado no Livro de Óbitos de 1893 a 1948, da Paróquia do Senhor Bom Jesus dos Passos. De acordo com as palavras escritas pelo vigário Antônio Leonardo da Silveira Dantas:

No dia 10 de outubro de 1899, encomendei o cadáver de João Firpo, natural de Gênova, de 61 anos de idade, filho legítimo de Domenico Firpo e Catharina Corse (sic), casado com D. Maria Lydia Firpo, fallecido de ontem de moléstia cardíaca. Vigário Antônio Leonardo da Silveira Dantas”.

 

figura 5

Livro de Óbitos de 1893 a 1948. / Acervo Paróquia de Senhor Bom Jesus dos Passos. Maruim/SE

 

Seus filhos Arthur e Antônio Firpo deram continuidade ao ofício do pai, documentando indivíduos e grupos familiares através dos retratos: suas fisionomias, seus eventos mais representativos e suas celebrações, que foram registrados em suportes fotográficos por esses “artífices de imagens” e estão presentes nos acervos do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e na Biblioteca Pública Epifânio Dória/SE  “como vestígios documentais de múltiplas existências: deles próprios enquanto retratistas e dos seus retratados”.

As dimensões poéticas do passado materializadas na obra fotográfica de João Firpo produzem as rimas, as harmonias e as sintonias necessárias para que os versos e a consonâncias das imagens/palavras possam consolidar a impressão de quem as observam e interpretam, buscando nos aproximar dos caminhos percorridos e das realidades registradas e eternizadas que se perderiam ao longo de tempo.

 

*A historiadora e museóloga Sayonara Viana é pesquisadora do campo das Artes Visuais, no Patrimônio Cultural e História da Fotografia em Sergipe.

 

Cronologia de João Firpo (1839 – 1899)

Andrea C. T. Wanderley**

 

1839 - Meses antes do anúncio da invenção do daguerreótipo, feito por François Arago (1786 – 1853), secretário da Academia de Ciências da França, em 19 de agosto de 1839 , nascimento de Giovanni (João) Firpo em Nervi, Gênova, na Itália, em 20 de fevereiro de 1839, filho de Domenico Firpo e Catterina Corsi.

1861 – Em Gênova, nascimento de seu primeiro filho, Domenico.

1863 - Em Gênova, nascimento de seu segundo filho, Giulio

1865 Em Gênova, nascimento de seu terceiro filho, Antônio.

1866 – Firpo viajou para o Brasil 13 de agosto de 1866, na polaca Linda, em companhia de sua mulher, Maria Lydia Firpo, e de seus três filhos genoveses. Aportaram no Recife, em Pernambuco, em meados de outubro desse mesmo ano. Segundo informações de seu passaporte, era um jovem de 27 anos com “cabelo negro, sobrancelha escura, olhos castanhos, barba curta e cicatriz na testa(Diário de Pernambuco, 20 de outubro de 1866, quinta coluna).

 

 

1867 – Fixou residência na cidade do Recife comprando o estabelecimento comercial de fotografia do Sr. Leon Chapelin, à Rua da Imperatriz, n° 14. Chapelin havia sido o sucessor do estabelecimento do fotógrafo Augusto Stahl (1828 – 1877 ) no endereço mencionado (Diário de Pernambuco de 23 de abril de 1867; e Diário de Pernambuco, 26 de abril de 1867, quarta coluna).

Em 28 de abril, Firpo inaugurou, no Recife, a Photographia Italiana (Diário de Pernambuco, 27 de abril de 1867).

 

 

Anunciou que todas as chapas de Augusto Stahl e Leon Chapellin estavam com ele e que reproduções das mesmas poderiam ser encomendadas. Oferecia também vistas de Pernambucos e seus arrebaldes (Diário de Pernambuco, de 23 de julho de 1867, primeira coluna).

 

 

Houve uma confusão entre João Firpo, uma senhora e o delegado Martins Pereira(O Conservador, 2 de novembro e 9 de novembro de 1867).

Nesse mesmo ano, inaugurou um ateliê fotográfico, à Rua Nova n° 29, na cidade da Parahyba, onde estaria de passagem (O Publicador,  16 de dezembro de 1867).

1868 – Firpo e sua mulher embarcaram em João Pessoa no vapor Ipojuca com destino a Natal (O Publicador, 26 de junho de 1868, primeira coluna).

Foi noticiado que em um dos armazéns da Alfândega de Pernambuco havia para João Firpo, dentre outros produtos, 70 libras de massas alimentícias. A mercadoria havia chegado em 10 de janeiro de 1868, no vapor Bourgogne, de Marseille, na França (Jornal do Recife, 21 de julho de 1868, quinta coluna). Fica a questão: teria ele pensado em ser importador de massas italianas para o Brasil?

1869 - No Rio Grande do Norte, nascimento de seu primeiro filho brasileiro, João Firpo Júnior.

1870 –  Giovanni Firpo adotou o nome de João Firpo, aprovado em sessão do Parlamento Brasileiro no Rio de Janeiro, em 25 de agosto de 1870, quando naturalizou-se brasileiro. Na época, ele residia no Rio Grande do Norte (Annaes do Parlamento Brasileiro, Tomo 4, 1870).

1874 - No Rio Grande do Norte, nascimento de seu segundo filho brasileiro, Eládio.

1876 - No Rio Grande do Norte, nascimento de seu terceiro filho brasileiro, Arthur.

Nesse ano, possuia um ateliê fotográfico, a Photographia Italiana, na rua da Viração, nº 17, em João Pessoa (Diário da Prahyba, 9 de junho de 1876).

1877 - Nascimento de sua primeira filha, Maria Augusta, na Paraíba.

Transferiu seu ateliê fotográfico para a rua Barão da Passagem, 92, em João Pessoa. Anunciou que iria “a qualquer parte mediante prévia convenção” e que também dava lições de fotografia. Na época,já comercializa retratos de homens públicos (A Opinião, 12 de julho de 1877 e 28 de outubro de 1877).

1878 - Nascimento de sua segunda filha, Leopoldina, na Paraíba.

Esteve No Recife (Diário de Pernambuco, 6 de abril de 1878, quarta coluna).

1883 - Nascimento de seu filho caçula, José, na Paraíba.

1885 – Anunciou a Grande Fotografia, na rua Duque de Caxias, 52, em João Pessoa (Diário da Parahyba, 24 de maio de 1885).

 

 

 

Foi um dos compatriotas que se solidarizou com o comerciante italiano F. de Angelo, preso, acusado de tramar uma fuga e de se esconder de credores (Diário da Parahyba, 16 de junho de 1885, primeira coluna).

Anunciou a venda de retratos de Joaquim Nabuco e de Victor Hugo no seu estabelecimento (Diário da Parahyba, 27 de outubro de 1885).

 

 

1886 – João Firpo estava no Recife, vindo da Paraíba. Segundo o jornal, havia armado sua tenda para aumentar sua galeria (Diário de Pernambuco, 9 de junho de 1886, segunda coluna).

Partiu do Recife rumo aos portos do Norte no vapor Pirapama (Jornal de Recife, 21 de outubro de 1886, quarta coluna).

1889 –  Partiu do Recife rumo aos portos do Norte no vapor Espírito Santo (Jornal de Recife, 30 de maio de 1889, quarta coluna).

1893 – Mudou-se com sua família para a Villa de Maruim, em Sergipe, e lá instalou seu ateliê fotográfico.

1896 - Esteve no Rio de Janeiro e  uma nota no jornal O Paiz se referiu a ele como um cavalheiro geralmente estimado e conceituado na cidade de Maruim, onde é comerciante e conselheiro municipal (O Paiz, 23 de agosto de 1896, segunda coluna).

1897 – Esteve de novo no Rio de Janeiro, de onde embarcou para Aracaju no vapor Penedo (Jornal do Commercio, 23 de outubro de 1897, última coluna).

1899 – João Firpo faleceu em Maruim, em 9 de outubro de 1899, aos 61 anos.

2018 – Em 18 de agosto, familiares de João Firpo reuniram-se em Maruim para a comemoração dos 152 nos da migração do patriarca da Itália para o Brasil. Foi reinaugurado o mausoléu de João Firpo e depois foi celebrada uma missa em ação de graças na Igreja Matriz Senhor dos Passos (Facebook).

 

**Andrea C. T. Wanderley é pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Link para o artigo  Aracaju – 160 anos de fundação, publicado em 25 de setembro de 2015 na Brasiliana Fotográfica

 

Fontes: 

AZEVEDO, Maria Helena. De Largo do Colégio a Praça João Pessoa: a transformação de uma paisagem urbana vista em fotografias. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/eneimagem/anais2011/trabalhos/pdf/Maria%20Helena%20Azevedo.pdf. Acesso em 31.05.2020.

BECHARA FILHO, Gabriel. Os Primórdios da Fotografia na Paraíba. Correio das Artes. Jornal A União,  João Pessoa. 27. Nov. 1983

FIRPO, Aroldo Andrade.  Folder Comemorativo aos 152 anos da migração da Família João Firpo de Gênova para o Nordeste do Brasil. Agosto/2018.

GONÇALVES, Eveline Filgueiras. A fotoautobiografia como espaço de recordação: fragmentos em álbuns de memórias sobre a Universidade Federal da Paraíba no arquivo Afonso Pereira.  Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/8846?locale=pt_BR. Acesso em 31.05.2020.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

LIRA, Bertrand de Souza. Fotografia na Paraíba: um inventário dos fotógrafos através do retrato (1850 a 1950). João Pessoa: Editora Universitária, 1997.

SEGALA, Lygia. Itinerância fotográfica e Brasil pitoresco. Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Rio de Janeiro, 1998, v. 27, p. 62-87.

Site Biblioteca Clodomir Silva

Dia Nacional do Imigrante Italiano

Para celebrar o Dia Nacional do Imigrante Italiano, a Brasiliana Fotográfica homenageia essa comunidade e seus descendentes destacando a obra de dois talentosos fotógrafos de origem italiana que atuaram no Brasil no século XIX e nas primeiras décadas do século XX: Camillo Vedani (18? – c. 1888) e Vincenzo Pastore (1865 – 1918) – eles já foram temas de publicações do portal. Pela importância que a comunidade italiana tem na história do Brasil, a lei nº 11.687, de 2 de junho de 2008 instituiu oficialmente o Dia Nacional do Imigrante Italiano no calendário de todo o território nacional. O dia 21 de fevereiro foi escolhido devido à expedição que Pietro Tabacchi fez ao Espírito Santo, em 1874, marco do início do processo da migração em massa dos italianos para o Brasil. Estima-se que atualmente aproximadamente 30 milhões de descendentes de italianos vivam em terras brasileiras.

Camillo Vedani foi o desenhista da comissão encarregada do estudo do traçado da ferrovia Madeira-Mamoré, em 1883. Identificava-se como “Photographo Paizagista” e era também professor de desenho e da língua italiana, tendo se estabelecido no Rio de Janeiro em torno de 1853. Produziu excelentes registros da cidade e também da Bahia, onde residiu entre 1860 e 1865. Na ocasião, trabalhou para a Bahia and São Francisco Railway.  Voltou para o Rio de Janeiro e morou durante um período em Campos.

 

 

Acessando o link para as fotografias de Camillo Vedani disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

A obra do bem sucedido imigrante italiano, o fotógrafo italiano Vincenzo Pastore, importante cronista visual de São Paulo da segunda metade do século XIX e do início do século XX, ficou, durante décadas, em uma caixa de charutos, sem negativos. O segredo de família chegou ao fim quando as fotografias foram herdadas por seu neto, o pianista e professor Flávio Varani, que as doou – 137 imagens – para o Instituto Moreira Salles, em 1997. Com sua câmara, Pastore capturava tipos e costumes de um cotidiano ainda pacato de São Paulo e com seu olhar sensível flagrava trabalhadores de rua. Ao retratar pessoas simples do povo, Pastore realizou, na época, um trabalho inédito na história da fotografia paulistana.

 

 

Acessando o link para as fotografias de Vincenzo Pastore disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

Para mais informações sobre Camillo Vedani e Vincenzo Pastore acessar as publicações:

O fotógrafo paisagista Camillo Vedani (18?, Itália – c. 1888, Brasil)

Vincenzo Pastore (Casamassima, Itália 5 de agosto de 1865 – São Paulo, Brasil 15 de janeiro de 1918)

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

 

O fotógrafo paisagista Camillo Vedani (18?, Itália – 1888, Brasil)

Um dos mais talentosos fotógrafos que atuou no Brasil no século XIX, o italiano Camillo Vedani foi o desenhista da comissão encarregada do estudo do traçado da ferrovia Madeira e Mamoré, em 1883. Identificava-se como “Photographo Paizagista” e no verso do cartão-suporte de suas fotografias apareciam os endereços Rua da Assembleia, 76 e  Rua do Ouvidor, 143. Apresentava-se também como professor de desenho e da língua italiana. Segundo Gilberto Ferrez, no livro A fotografia no Brasil: 1840 – 1900, Vedani estabeleceu-se no Rio de Janeiro, em 1853. Produziu excelentes registros da cidade e também da Bahia, onde residiu entre 1860 e 1865. Na ocasião, trabalhou para a Bahia and São Francisco Railway.  Voltou para o Rio de Janeiro e morou durante um período em Campos.

 

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Verso do cartão-suporte das fotografias de Camillo Vedani

 

Pedro Karp Vasquez considera a fotografia abaixo a obra-prima de Vedani. É uma vista do Largo do Paço “tomada do ângulo oposto ao que seus colegas costumavam utilizar , mostrando a praça a partir da rua Direita, com a fachada lateral do Paço Imperial reduzida a mero elemento auxiliar da composição. Nessa única obra ele soube demonstrar todo o seu talento, afiado em anos de prática do desenho, elaborando uma composição irretocável, em que as linhas diagonais das canaletas embutidas no calçamento dialogam admiravelmente com aquelas formadas pelo prédio do Paço e por outros elementos secundários do enquadramento – uma fotografia que é uma verdadeira aula de perspetiva e composição”.

 

Acessando o link para as fotografias de Camillo Vedani disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Breve Cronologia de Camillo Vedani (18? – 1888)

 

Década de 1850 – O fotógrafo italiano Camillo Vedani se estabeleceu no Rio de Janeiro.

1860 / 1865 – Durante esse período viveu em Salvador, capital da Bahia. Produziu belas vistas da cidade, além de ter trabalhado na Bahia and São Francisco Railway. Provavelmente esteve também em Alagoas e em Sergipe.

1869 – Na Bahia, realizou um trabalho de engenharia: o estabelecimento de uma linha telegráfica que faria a comunicação entre o Palácio da Presidência, o Comando das Armas e a Secretaria de Polícia. Pelo serviço, ganhou  575 réis (Relatório dos Trabalhos do Conselho interino do Governo, 1869).

Década de 1870 – Durante algum tempo, nos últimos anos dessa década, residiu em Campos (RJ), onde trabalhou como engenheiro desenhista na construção da ferrovia do Carangola, cuja pedra fundamental foi lançada em 14 de junho de 1875.

1875 – Em 11 de agosto, Camillo Vedani foi naturalizado brasileiro. Foi identificado como italiano, católico, casado e engenheiro (Diário do Rio de Janeiro, 13 de agosto de 1875, na segunda coluna e Ministério do Império, 1876).

1876 - Notícia de que a esposa de Camillo, dona Antonieta Novelli Vedani, havia embarcado no Rio de Janeiro, em um vapor, com destino a Imbitiba, cidade perto de Campos (O Globo, 22 de maio de 1876, na quarta coluna).

1878 – Vedani participou de uma reunião na casa do sr. Francisco Portella, propagador do Café Liberia (O Monitor Campista, 29 de maio de 1878, na terceira coluna sob o título “Café da Libéria”).

Esclareceu não ser o autor de um pasquim insultando o sr. Biolchini, com quem era brigado (O Monitor Campista, 15 de dezembro de 1878, na terceira coluna sob o título “A pedido”).

A partir de 25 de dezembro, Vedani expôs um presépio de sua autoria, na rua Direita, nº 99, na cidade de Campos. Foi elogiado por sua inteligência e apresentado como engenheiro desenhista da estrada de ferro do Carangola. A renda dos ingressos para apreciar o presépio foi revertido para uma obra beneficente (O Monitor Campista, 28 de dezembro de 1878, na primeira coluna).

1879 - Camillo Vedani, como um dos engenheiros da estrada de ferro do Carangola, assinou uma manifestação em homenagem ao Sr. Julio Barbosa, diretor da construção da ferrovia, que havia sido exonerado da função (O Monitor Campista, 24 de outubro de 1879, na última coluna sob o título “A pedido”).

1880 – Ele e o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923) foram contratados foram contratados para documentar os trabalhos realizados na Estrada de Ferro Central do Brasil.

1882 –  Notícia da formação de uma comissão para estudos do traçado da ferrovia Madeira e Mamoré. Vedani era o desenhista do grupo, que partiria no dia 10 de janeiro de 1883 para efetuar o trabalho, sob a direção do engenheiro-chefe Carlos Morsing ( Revista de Engenharia, 1882).

1883 – Camillo Vedani foi cumprimentar, com os outros membros da comissão para estudos da ferrovia Madeira e Mamoré, suas majestades imperiais, na primeira semana de janeiro ( Gazeta de Notícias, 20 de janeiro de 1883, na quinta coluna).

Notícia com o histórico da construção da ferrovia Madeira e Mamoré (Jornal do Commercio, 9 de janeiro de 1883, na quarta coluna, sob o título “Gazetilha”).

Vedani e sua esposa embarcaram para o Pará no vapor Espírito Santo. Os demais membros da comissão para estudos da ferrovia Madeira e Mamoré também viajaram para o norte (Gazeta de Notícias, 10 de janeiro de 1883, na sexta coluna sob o título “Passageiros” e Jornal do Commercio, 9 de janeiro de 1883, na quarta e quinta colunas, sob a seção “Gazetilha” ).

1884 – Em Manaus, faleceu, em fevereiro, Antonieta Novelli  Vedani, esposa de Camillo, identificado como o desenhista da comissão de estudo do Madeira e Mamoré. Ela teve um ataque cerebral (Diário de Notícias, 16 de fevereiro de 1884, terceira coluna e Gazeta de Notícias, 4 de março de 1884, na segunda coluna).

Notícias de 10 de abril de 1884 sobre a comissão para estudos da ferrovia Madeira e Mamoré: dos 17 que embarcaram no Rio de Janeiro, só dois continuavam no Amazonas: Vedani e o chefe da comissão, o engenheiro Carlos Morsing. Os outros tiveram problemas de saúde (Brazil, 9 de maio de 1884, na terceira coluna).

De volta ao Rio de Janeiro, Vedani mostrou fotografias do Amazonas de sua autoria. Algumas eram de Manaus e da Cachoeira do Xingu (Folha Nova, 30 de abril de 1884, na quinta coluna).

Em reunião do Club de Engenharia, Vedani ofereceu 11 fotografias de sua autoria (Jornal do Commercio, 6 de dezembro de 1884, na terceira coluna, sob o título “Club de Engenharia”)

1888 -  Falecimento de Vedani (Gazeta de Notícias, 13 de maio de 1888, na última coluna). A notícia é que um amigo havia mandado celebrar uma missa pela alma do fotógrafo.

Esse post contou com a colaboração do historiador Rodrigo Bozzetti, do Instituto Moreira Salles.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Enciclopédia Itaú Cultural

FERREZ, Gilberto. A fotografia no Brasil: 1840 – 1900. Rio de Janeiro: Fundação Nacional Pró-Memória/Funarte, 1985.

Guia Geográfico Salvador Antiga

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: IMS, 2002.

VASQUEZ, Pedro Karp. A fotografia no império. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.

 

 

 

 

Vincenzo Pastore, um fotógrafo entre dois mundos (Casamassima, Itália 5 de agosto de 1865 – São Paulo, Brasil 15 de janeiro de 1918)

A obra do italiano Vincenzo Pastore, um fotógrafo entre dois mundos, um importante cronista visual de São Paulo da segunda metade do século XIX e do início do século XX, ficou, durante décadas, em uma caixa de charutos, sem negativos. As ampliações foram produzidas pela própria mulher do fotógrafo, Elvira, que o ajudava no estúdio. Mas o segredo de família chegou ao fim quando as fotografias foram herdadas por seu neto, o pianista e professor Flávio Varani, que as doou – 137 imagens – para o Instituto Moreira Salles, em 1996.

Com sua câmara Pastore capturava tipos e costumes de um cotidiano ainda pacato de São Paulo, uma cidade que logo, com o desenvolvimento econômico, mudaria de perfil. Captava as transformações urbanas e humanas da cidade, que passava a ser a metrópole do café. Com seu olhar sensível, o bem sucedido imigrante italiano flagrava trabalhadores de rua como, por exemplo, feirantes, engraxates, vassoureiros e jornaleiros, além de conversas entre mulheres e brincadeiras de crianças. Pastore, ao retratar pessoas simples do povo, realizou, na época, um trabalho inédito na história da fotografia paulistana.

Registrou cenas de ruas de São Paulo com uma câmara de pequeno formato, produzindo imagens diferentes das realizadas, durante o século XIX, com câmeras de grande formato sobre tripés, tendo sido um dos pioneiros da nova linguagem da fotografia do século XX:

… a linguagem do instantâneo produzida pelas emulsões fotográficas de maior sensibilidade à luz, que libertaram as câmeras fotográficas dos tripés e permitiram também a simultânea diminuição no tamanho dos aparelhos fotográficos, possível em função dos papéis fotográficos mais sensíveis que possibilitavam a ampliação dos negativos de menor formato em laboratório por meio do emprego de fontes de luz artificial (“Sobre Vincenzo Pastore”, IMS).

É o autor de uma panorama de São Paulo a partir do Largo de São Bento e também fotografou eventos e prédios da capital paulista. Em seu estúdio, dedicava-se, com sucesso, ao retrato. Produzia retratos mimosos, que tinham como padrão o recorte losangular, mas os tamanhos e os tipos de cartões variavam. Oferecia serviços variados como imagens em esmaltes para broches, autocromos, platinotipias e fotominiaturas. Fazia montagens com desenhos e retratos de múltipla exposição, revelando um traço de humor. Também contemplou temas bucólicos e produziu ensaios com temas religiosos, muitas vezes com o uso de composições alegóricas. 

Acessando o link para as fotografias de Vincenzo Pastore disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

Texto escrito por Pastore intitulado Fotografia e arte:

 

Breve Cronologia de Vincenzo Pastore (1865 – 1918)

 

1865 – Em 5 de agosto, nascimento de Vincenzo Pastore, em Casamassima, na região de Puglia, na Itália, filho de Francesco Pastore e Costanza Massara.

1890 – Pastore chegou ao Brasil, em São Paulo, provavelmente no início dessa década, quando houve um grande fluxo de imigração de italianos para a cidade, em busca de novas oportunidades de trabalho. Entre sua chegada ao Brasil e sua morte, em 1918, volta algumas vezes à Itália.

1894 – Iniciou suas atividades de fotógrafo em São Paulo.

1898 – Pastore tem um estabelecimento fotográfico na Itália, em Potenza, na região de Basilicata. Casou-se com Elvira Leopardi Pastore (1876-1972) com quem teve 10 filhos: Costanza (1899-?), Beatriz (1902-?), Maria Lucia (1903-1988), Francisco (1905-1985), Pion Donato (1906-?), Eleonora ( 1908-1992), Olga (1909-?), Carmelita (1910 -?), Dante (1912-?) e Redento (1915-1918).

1899 -  Voltou para São Paulo.

Recebeu uma carta protocolada do município de Potenza, transcrevendo carta do prefeito agradecendo pelo retrato do rei, que seria colocado na sala do Conselho Provincial.

1900 – Possuia um estabelecimento fotográfico na Rua da Assembleia, nº 12 (depois rua Rodrigo Silva), onde também residia. Em nota no Estado de São Paulo, edições de 22 e 23 de outubro de 1900, anunciava: “Dá de presente aos seus clientes seis photographias / novo formato Elena, em elegantíssimos cartõezinhos ornados, só 4$500 e por poucos dias”.

Sua esposa, Elvira, trabalhava no estúdio e era a responsável pelos serviços de fotopintura e acabamento. Era ela, também, que registrava em um caderno de anotações, intitulado “A arte de fotografar e revelar”, o trabalho realizado no laboratório e as técnicas de fotopintura.

1905 – Recebeu uma carta do Consulado Geral da Itália em São Paulo, transmitindo os agradecimentos do Ministro da Casa Real pelo envio de fotos de índios bororos.

1906 - Recebeu uma carta de Giacomo della Chiesa (1854 – 1922), futuro papa Bento XV, agradecendo o envio de fotografias de índios bororós para o papa Pio X.

1907 – Inauguração de um novo estúdio, na Rua Direita nº 24-A. Em notas sobre a abertura do novo estabelecimento, foi anunciada a distribuição de Retratos Mimosos, pequenas fotos com moldura especial de flores e arabescos, a cada visitante. Posteriormente, Pastore abriu um novo estúdio na Praça da República, nº 95.

1908 – Participou da Exposição Nacional, realizada no Rio de Janeiro, em comemoração ao centenário da abertura dos portos no Brasil, com um conjunto de fotopinturas e trabalhos de grandes dimensões.

Realizou também um concurso de beleza infantil, do dia 10 de maio a 10 de julho, em seu ateliê fotográfico de São Paulo (O Paiz, edição de 8 de maio de 1908, última nota da primeira coluna).

1911 – Ganhou a medalha de bronze na Espozione Internazionale delle industrie e dell lavoro, em Turim, na Itália.

1914 – Viajou com a família para a Europa (Correio Paulistano, edição de 10 de fevereiro de 1914, na terceira coluna, sob o título “Hóspedes e Viajantes” ).

Em novembro, inaugurou o estabelecimento Fotografia Italo-Americana – ai Due Mondi, na Via Sparano, nº 117, em Bari, na Itália. O nome do estúdio italiano indicava sua condição de imigrante bem sucedido, que pertencia a dois mundos.

Realizou uma grande exposição de fotografias.

1915 – Devido à Primeira Guerra Mundial, encerrou as atividades na Itália e voltou a São Paulo.

1916 - Sob os títulos Bellezas Paulistanas, Melancholia, Quem é a moça dos óculos pretos? e Oração, foram publicadas fotografias de autoria de Pastore, na revista Cigarra, nas edições  de 31 de março 30 de abril  , 17 de agosto14 de setembro e 26 de outubro.

No dia 17 de junho, foi publicada no O Estado de São Paulo, a seguinte nota: “O Sr. Vincenzo Pastore, proprietario da Photographia Pastore, a rua Direita, recebeu communicação official, do sr. Giannetto Cavasola, ministro da Agricultura da Italia, e do prefeito da provincia de Bari, de que, a 4 de maio passado, foi nomeado pelo duque de Genova, principe regente, cavalheiro da Ordem da Corôa da Italia. O sr. Pastore é muito conhecido nesta capital, onde conta com muitas amizades. Em 1914, o sr. Pastore fez, em Bari, uma grande exposição italo-brasileira de photographias, que mereceu francos elogios da imprensa. Os seus esforços acabam de ser merecidamente recompensados”. Em 18 de dezembro, o prêmio foi concedido.

1918 – Em 15 de janeiro, Pastore faleceu, em São Paulo, devido a complicações após uma cirurgia de hérnia. Era alérgico e foi anestesiado com clorofórmio (Correio Paulistano, 19 de janeiro de 1918, na terceira coluna).

 

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BELTRAMIN, Fabiana Marcelli S. Entre o estúdio e a rua: a trajetória de Vincenzo Pastore, fotógrafo do cotidiano. Tese de dotoutado em História Social apresentada ao Programa de História Social da Faculdade de Filosfia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Doutor em História Social. São Paulo, 2015.

Cadernos de Fotografia Brasileira. Número 2: São Paulo, 450 Anos (jan.04; 2.ed., ago 04). IMS, 2004.

Catálogo São Paulo de Vincenzo Pastore – IMS, 1997.

Depoimentos de familiares feitos ao pesquisador Ricardo Mendes, na década de 90.

Dois países sob o olhar do fotógrafo-cronista Vincenzo Pastore, estudo de Atilio Avancini, publicado em 2005, na revista PJ:BR.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.

Site do Instituto Moreira Salles