A Colônia Dona Francisca, Joinville, por Louis Niemeyer

 

 

A Brasiliana Fotográfica destaca o álbum Vistas fotográficas da Colônia Dona Francisca, importante conjunto iconográfico da colonização alemã no sul do Brasil, dedicado ao imperador dom Pedro II. As imagens foram produzidas, em 1866, por Johann Otto Louis Niemeyer, fotógrafo, provavelmente, de origem alemã*. Colônia Dona Francisca era o nome, na época, de Joinville, cidade em Santa Catarina. O álbum pertence à Coleção Dona Thereza Cristina Maria, da Fundação Biblioteca Nacional, uma das fundadoras do portal. São fotografias de casas, de engenho de açúcar, de ruas, de igreja e também de imigrantes identificados em suas profissões como engenheiro, negociante, administrador e engenheiros. Apenas na foto publicada acima a figura humana é o tema central e ela expressa justamente o espírito desbravador e aventureiro dos imigrantes. Segundo o historiador Pedro Vasquez, os registros de Niemeyer para esse álbum seriam uma espécie de brado de “nós conseguimos”, proferido em uníssono pelos imigrantes da Colônia Dona Francisca.

 

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Esses registros foram apresentados na Exposição de História do Brasil, inaugurada em 2 de dezembro de 1881, na Biblioteca Nacional, organizada pelo seu então diretor Benjamin Franklin de Ramiz Galvão (1846 – 1938). Originalmente eram 18 imagens, porém oito foram furtadas em 2005. Uma foi recuperada em 2012.

Acessando o link para as fotografias de Joinville produzida por Louis Niemeyer disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

O autor das fotografias, Louis Niemeyer, era desde 1860 diretor da Colônia Dona Francisca, assim batizada em homenagem à princesa D. Francisca de Bragança (1824 – 1898), quarta filha do imperador dom Pedro I (1798 – 1834) e de dona Leopoldina (1797 – 1826) e irmã de dom Pedro II (1825 – 1892), que se casou, em 1843, com Francisco Fernando de Orléans (1818 – 1900), Príncipe de Joinville, terceiro filho do rei francês Luís Filipe I (1773 – 1850) (O Correio Oficial (SC), 20 de março de 1861, terceira colunaCorreio Mercantil, e , 31 de outubro de 1866, segunda coluna; e Diário do Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 1867, segunda coluna). Em 1871, Niemeyer enviou ao governo um ofício tratando do desenvolvimento da agricultura na província de Santa Catarina com um mapa da colônia de Dona Francisca. Pedia auxílio para a abertura de um negócio (O Auxiliador da Indústria, 1871). Em 1873, teria deixado a diretoria da Colônia.

 

 

 

 

 

 

* De acordo com um artigo publicado no O Atibaiense sobre uma comemoração da família Niemeyer, Louis Niemeyer seria do ramo da família de Hannover, na Alemanha. Em torno de 1790, um general membro da família que fazia parte da Casa Real de Hannover se casou e teve 10 filhos. Um deles teria emigrado para Portugal, onde se casou e teve por filho Conrado Jacob Niemeyer, que teria vindo com a esquadra de d. João VI ao Brasil. Aí teria começado o ramo do Brasil da família Niemeyer, da qual Louis faria parte (O Atibaiense, 13 de outubro de 2010).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Blumenau em cadernos, março de 1982

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.FERREZ, Gilberto;

FERREZ, Gilberto;NAEF, Weston J. Pioneer photographers of Brazil : 1840 – 1920. New York: The Center for Inter-American Relations, 1976. 143 p.

FERREZ, Gilberto. A fotografia no Brasil: 1840- 1900. Prefácio Pedro Karp Vasquez. 2. ed. Rio de Janeiro: Funarte, 1985. 248 p. (História da fotografia no Brasil, 1).

VASQUEZ, Pedro Karp. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho: Companhia Internacional de Seguros: Ed. Index, 1985. 243 p.