Category Archives: Efemérides

O Dia do Cinema Brasileiro

Para celebrar o Dia do Cinema Brasileiro, a Brasiliana Fotográfica destaca artigos já publicados no portal sobre Benjamin Abrahão Calil Botto (1901 – 1938)Jorge Kfuri (1893 – 1965)João Stamato (1886 – 1951), Nicola Parente (1847 – 1911)Marc Ferrez (1843 – 1923) e seus filhos; e Walter Garbe (18? – 19?), fotógrafos que fizeram parte da história do cinema no Brasil. Além disso, há ainda uma seleção de fotografias de salas de cinema disponíveis no acervo fotográfico do portal e um pequeno histórico da escolha do dia 19 de junho como Dia do Cinema Brasileiro.

 

Acessando o link para as fotografias de salas de cinema disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Artigos sobre os fotógrafos que fizeram parte da história do cinema no Brasil:

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (RJ, 07/12/1843 – RJ, 12/01/1923), 7 de dezembro de 2016,  de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

Os índios sob as lentes de Walter Garbe, em 1909, publicado em 23 de maio de 2017, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

Lampião e outros cangaceiros sob as lentes de Benjamin Abrahão, publicado em 28 de julho de 2017, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

João Stamato, um fotógrafo nos sertões, publicado em 9 de fevereiro de 2021, de autoria de Ricardo Augusto dos Santos

O fotógrafo italiano Nicola Maria Parente (1847 – 1911) e sua trajetória no Brasil, publicado em 21 de fevereiro dde 2023, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

 

Uma brevíssima história do início do cinema e da escolha do Dia do Cinema Brasileiro

 

 

Os irmãos Lumière, Louis (1864 – 1948) e Auguste (1862 – 1954), mostraram, em 28 de dezembro de 1895,  pela primeira vez ao público sua invenção, o cinematógrafo, síntese de pesquisas realizadas por muitos cientistas durante o século XIX sobre imagens em movimento. A apresentação foi realizada no salão do Grand Café, no Boulevard des Capucines, em Paris, para um público de 33 pessoas. O sucesso foi tão grande que, em pouco tempo, os Lumière passaram a apresentar 20 sessões diárias de meia hora cada uma, com os filmes O Regador Regado e A Saída dos Operários da Fábrica Lumière. Começava assim o cinema.

 

trabalhadores_lumiere

 

Alguns meses depois desta projeção inaugural, realizou-se a primeira sessão pública de cinema no Brasil, na Rua do Ouvidor, 57, em 8 de julho de 1896, às 14h, no Rio de Janeiro, em uma sala especialmente preparada para as projeções do omniógrafo. O invento foi descrito pelo Jornal do Commércio como um “aparelho que projeta sobre uma tela colocada ao fundo da sala diversos espetáculos e cenas animadas, por meio de uma série enorme de fotografias”.

 

 

Em 31 de julho de 1897,  o pernambucano José Roberto Cunha Sales (1840- 1903) e Paschoal Segreto (1868 – 1920) inauguraram a primeira sala cinematográfica do Brasil, o Pariz no Rio Salão de Novidades, na Rua do Ouvidor, 141, que passou a ser um ponto de encontro da sociedade carioca (Gazeta de Notícias, 1º de agosto de 1897). Sales e Segreto romperam a sociedade ainda em 1897. 

 

 

O estabelecimento pegou fogo em 8 de julho de 1898, mas foi reinaugurado em janeiro do ano seguinte (Gazeta de Notícias10 de agosto de 1898, sexta colunaA Notícia, 5 e 6 de janeiro de 1899, primeira coluna) .

 

 

O Dia do Cinema Brasileiro é comemorado em 19 de junho, quando, em 1898, chegou ao Rio de Janeiro, vindo da Europa, o navio Paquebot Brésil. A bordo, encontrava-se o cinegrafista brasileiro de origem italiana Affonso Segreto (1875 – 19?), que retornava de uma viagem para comprar equipamentos de filmagens e conhecer novas técnicas cinematográficas em Nova York e em Paris, onde fez um curso na Pathé Films.

Antes de desembarcar no Rio de Janeiro, Affonso filmou com uma câmara Lumière a entrada da enseada da Baía de Guanabara, as fortalezas e os navios ancorados (Gazeta de Notícias, 20 de junho de 1898, segunda coluna). Teria sido a primeira fita de cinema realizada no Brasil*. O acontecimento deu origem ao Dia do Cinema Brasileiro. Affonso Segreto filmou, posteriormente, aspectos do Rio de Janeiro, além de seus arredores, e também cerimônias e comícios.

 

 

Segundo relato de Domingos Segreto, fiho de Gaetano Segreto, em depoimento publicado no livro Palácios e poeiras, de Alice Gonzaga, ainda inexperiente, Affonso, na sessão marcada para a exibição das vistas, no já mencionado Salão Pariz no Rio, no dia 20 de junho de 1898, na Rua do Ouvidor, abriu erradamente a câmara e o filme foi danificado. Ele então exibiu vistas estrangeiras para o público. Foram convidados para o evento diversas autoridades, dentre elas o presidente da República, Prudente de Morais (1841 – 1902), e o jurista Rui Barbosa (1849 – 1923).

 

“A data de 19 de junho é simbólica da dificuldade que se tem de fazer cinema no Brasil, porque marca um filme que não existiu. Mas também retrata a perseverança”.

Hernani Heffner, Gerente da Cinemateca do MAM-RJ

 

Affonso era irmão de Paschoal (1868 – 1920) e Gaetano Segreto (1866 – 1908), empresários italianos que haviam vindo para o Brasil, em 1883. Trouxeram Affonso para o Brasil na década de 1890. Paschoal tornou-se o ministro das diversões do Rio e Gaetano foi o distribuidor exclusivo do jornal A Notícia e fundou o jornal da comunidade italiana Il Bersagliere. Os irmãos Segreto foram pioneiros da indústria do entretenimento no Brasil, figuras destacadas na cena cultural da Belle Époque do Rio de Janeiro.

 

*Existe uma polêmica em torno do assunto: alguns estudiosos consideram o primeiro filme brasileiro Chegada em Petrópolis devido a uma notícia divulgada pela Gazeta de Petrópolis convidando para uma sessão do filme no dia 1º de maio de 1897, no Theatro Cassino de Petrópolis, organizada pelo napolitano Vittorio di Maio (1852 – 1926). Posteriormente, di Maio vendeu seu projetor e acervo para Paschoal Segreto. Também é de 1897 a vista Ancoradouro de pescadores na Baía de Guanabara, do pernambucano José Roberto Cunha Sales (1840- 1903), porém sua nacionalidade brasileira é contestada por historiadores que acreditam que o cinegrafista recortou o filme de uma vista estrangeira. Ancoradouro de pescadores na Baía de Guanabara está acervado no Arquivo Nacional.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Agência Brasil

GONZAGA, Alice. Palácios e Poeiras. Rio de Janeiro : Record, 1996.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MARTINS, William de Souza Nunes. Paschoal Segreto: “Ministro das Diversões” do Rio de Janeiro (1883 – 1920). Rio de Janeiro, 2004. Dissertação (Mestrado em História Social) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004.

Site do Ministério das Relações Exteriores – Departamento Cultural

MOURA, Roberto. Verbete Afonso Segreto. In: MIRANDA, Luiz Felipe e RAMOS, Fernão Pessoa (org). Enciclopédia do cinema brasileiro. São Paulo: Senac, 2000.

O GLOBO, 18 de junho de 2023

Salas de cinema de São Paulo

Site Filmow

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica sobre teatros e cinemas

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXpublicado em 26 de fevereiro de 2016.

Os teatros do Brasil, publicado em 21 de março de 2016

A inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, publicado em 14 de julho de 2017

Cinema no Brasil – a primeira sessão e um pouco da história do Cinema Odeon, publicado em 8 de julho de 2021

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XII – O Teatro Lírico (Theatro Lyrico), publicado em 16 de setembro de 2021

O Theatro de Santa Isabel, publicado em 28 de outubro de 2021

O Teatro Amazonas (Theatro Amazonas), em Manaus, a “Paris dos Trópicos”, publicado em 28 de dezembro de 2021

O Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, no Dia Mundial do Teatro, publicado em 27 de março de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado em 5 de setembro de 2023

O Theatro da Paz, em Belém do Pará, inaugurado em 15 de fevereiro de 1878, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado em 15 de fevereiro de 2024

No Dia Mundial do Meio Ambiente, a potente imagem da Cachoeira de Paulo Afonso, por Marc Ferrez

A exuberante natureza do Brasil não passou despercebida por diversos fotógrafos do século XIX e foi retratada por muitos deles. Hoje, data do cinquentenário do estabelecimento do Dia Mundial do Meio Ambiente, a Brasiliana Fotográfica destaca uma poderosa e linda imagem da Cachoeira de Paulo Afonso, realizada por Marc Ferrez (1843 – 1923), em torno de 1875, ano em ele começou a trabalhar como fotógrafo da Comissão Geológica do Império, chefiada pelo norte-americano Charles Frederick Hartt (1840 – 1878), que se tornaria diretor da Seção de Geologia do Museu Nacional, em 1876.

Ferrez percorreu como membro da Comissão Geológica os atuais estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco e parte da região amazônica numa importante missão científica realizada no Brasil sob os auspícios do governo imperial, que gerou a primeira grande representação fotográfica de diversas regiões do território brasileiro. A fotografia em destaque, realizada no Rio São Francisco, na Bahia, pertence ao acervo Leibniz-Institut fuer Laenderkunde, uma das instituições parceiras do portal. A grandiosidade da cachoeira tem especial destaque a partir da presença de pessoas, cujas dimensões contrastam com sua extensão e potência.

 

 

O carioca Marc Ferrez, filho de franceses, foi um brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Sua vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo. Estabeleceu-se como fotógrafo com a firma Marc Ferrez & Cia, em 1867, na rua São José, nº 96, e logo se tornou o mais importante profissional da área no Rio de Janeiro. Cerca de metade da produção fotográfica de Ferrez foi realizada na cidade e em seus arredores, onde registrou, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais.

 

Brevíssimo histórico do estabelecimento do Dia Mundial do Meio Ambiente

 

Em dezembro de 1972 a Assembleia Geral da ONU designou o dia 5 de junho como Dia Mundial do Meio Ambiente, que foi  comemorado pela primeira vez em 1973, com o mote “Uma Só Terra”. A data foi escolhida em razão da primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, na Suécia, entre 5 e 16 de junho de 1972. Seu secretário-geral foi o canadense Maurice Strong (1929 – 2015). Considerada a iniciativa mais importante tomada até então no campo da conservação do meio ambiente e da luta contra a poluição, reuniu 1.200 delegados de 114 países e cerca de três mil observadores. Entre os acordos mais importantes selados durante a reunião estão a condenação das experiências nucleares, a proibição da pesca da baleia por dez anos e a redução da produção de materiais sintéticos aumentando paralelamente a manufatura de substitutivos degradáveis não poluentes.

“Desde a primeira vez em que foi celebrado, em 1973, o Dia Mundial do Meio Ambiente se desenvolveu como uma plataforma global de sensibilização e ação para questões urgentes.

Liderado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), nas últimas cinco décadas milhões de pessoas participaram dos Dias Mundiais do Meio Ambiente, ajudando a impulsionar mudanças e a motivar a política ambiental nacional e internacional. Cada comemoração se concentra em um tema específico, que abrange questões como poluição marinha, aquecimento global, consumo sustentável e crimes contra a vida selvagem”.

 Site World Environment Day

 

 

Artigos publicados na Brasiliana Fotográfica no Dia Mundial do Meio Ambiente

 

A Floresta da Tijuca no Dia Mundial do Meio Ambiente, publicado em 5 de junho de 2019

Bambus, por Marc Ferrez, publicado em 5 de junho de 2020

No Dia Mundial do Meio Ambiente, velas abertas na Baía da Guanabara, publicado em 5 de junho de 2022

 

Leia também o artigo Os Augustos, Stahl e Riedel, e a imagem da cachoeira de Paulo Afonso, de minha autoria, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de dezembro de 2019.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Publicações da Brasiliana Fotográfica em torno da obra do fotógrafo Marc Ferrez 

 

O Rio de Janeiro de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 30 de junho de 2015

Obras para o abastecimento no Rio de Janeiro por Marc Ferrez , de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 25 de janeiro de 2016

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (7/12/1843 – 12/01/1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2016

Do natural ao construído: O Rio de Janeiro na fotografia de Marc Ferrez, de autoria de Sérgio Burgi, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de dezembro de 2016

No primeiro dia da primavera, as cores de Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 22 de setembro de 2017

Marc Ferrez , a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica,  publicada em 29 de junho de 2018

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlop, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 20 de julho de 2018

Uma homenagem aos 175 anos de Marc Ferrez (7 de dezembro de 1843 – 12 de janeiro de 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2018 

Pereira Passos e Marc Ferrez: engenharia e fotografia para o desenvolvimento das ferrovias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de abril de 2019

Fotografia e ciência: eclipse solar, Marc Ferrez e Albert Einstein, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Os álbuns da Comissão Geológica do Império com fotografias de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de agosto de 2019

Celebrando o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 4 de dezembro de 2019

Uma homenagem da Casa Granado ao imperial sob as lentes de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de fevereiro de 2020

Ressaca no Rio de Janeiro invade o porão da casa do fotógrafo Marc Ferrez, em 1913, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado 6 de março de 2020

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 16 de março de 2020

Bambus, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2020

O Baile da Ilha Fiscal: registro raro realizado por Marc Ferrez e retrato de Aurélio de Figueiredo diante de sua obra, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 9 de novembro de 2020

O Palácio de Cristal fotografado por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 2 de fevereiro de 2021

A Estrada de Ferro do Paraná, de Paranaguá a Curitiba, pelos fotógrafos Arthur Wischral (1894 – 1982) e Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 22 de março de 2021

Dia dos Pais – Julio e Luciano, os filhos do fotógrafo Marc Ferrez, e outras famílias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 6 de agosto de 2021

No Dia da Árvore, mangueiras fotografadas por Ferrez e Leuzinger, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 21 de setembro de 2021

Retratos de Pauline Caroline Lefebvre, sogra do fotógrafo Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 28 de abril de 2022

A Serra dos Órgãos: uma foto aérea e imagens realizadas pelos mestres Ferrez, Leuzinger e Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2022

O centenário da morte do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 12 de janeiro de 2023

O Observatório Nacional pelas lentes de Marc Ferrez, amigo de vários cientistas, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 29 de maio de 2023

A Fonte Adriano Ramos Pinto por Guilherme Santos e Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 18 de julho de 2023

Os 180 anos de nascimento do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 7 de dezembro de 2023

 

 

 

O Dia do Trabalho

Para celebrar o Dia do Trabalho a Brasiliana Fotográfica destaca diversos registros de trabalhadores no Brasil do século XIX e do início do século XX. São imagens produzidas por Albert Frisch (1840 – 1918), Augusto Malta (1864 – 1957)Christiano Junior (1832 – 1902)Georges Leuzinger (1813 – 1892), Gomes Junior (18? – 19?), Guilherme Gaensly (1843 – 1928) J. Pinto (1884 – 1951), Jorge Kfuri (1893 – 1965)Marc Ferrez (1843 – 1923), Militão Augusto de Azevedo (1837 – 1905)Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), Therezio Mascarenhas (18? – 19?), Torres (18? – 19?) e Vincenzo Pastore (1865 – 1918),  dentre outros, além de registros realizados por  fotógrafos até hoje não identificados.

 

 

A galeria contempla trabalhadores rurais e urbanos, e escravizados, trazendo, por um lado, um pouco da história cotidiana brasileira e, por outro, imagens do mundo do trabalho na segunda metade do século XIX e primeiras décadas do século XX que ajudam a contextualizar as transformações objetivas e subjetivas que modificaram significativamente as relações sociais, econômicas e políticas no país no período.

Acessando o link para as fotografias selecionadas e relativas ao tema trabalho disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a ela.

 

 

Na seleção feita no acervo fotográfico do portal, há 45 imagens, mas existem mais de 100 relativas ao tema. A Brasiliana Fotográfica convida você, leitor, a fazer sua própria seleção. Basta entrar na página de abertura do portal, selecionar a aba “Acervo” e depois navegar na aba “Assunto”. Aí, colocar no local indicado a palavra-chave “trabalho“, “trabalhadores” e “operário“, por exemplo.

 

 

A primeira comemoração da data que se tem registro no Brasil aconteceu, em 1895, no salão do Partido Operário, em Santos, por iniciativa do Centro Socialista de Santos, em São Paulo, fundado pelo médico e líder social sergipano Silvério Martins Fontes (1858-1928), também fundador do jornal A Questão Social, órgão divulgador do socialismo no Brasil, e autor do Manifesto Socialista. Seu filho foi o poeta José Martins Fontes (1884 – 1937).

 

 

Mas a celebração da data só foi oficializada pelo governo brasileiro, em 26 de setembro de 1924, a partir do Decreto nº 4.859, sancionado pelo então presidente Arthur Bernardes (1875-1955).  Em seu artigo único declarava “feriado nacional o dia 1 de maio, consagrado à confraternidade universal das classes operárias e à comemoração dos mártires do trabalho; revogadas as disposições em contrário”.

 

 

 

O Dia do Trabalho tem sua origem numa homenagem aos trabalhadores de Chicago, nos Estados Unidos, que, em 1º de maio de 1886, iniciaram uma série de manifestações por melhores condições de trabalho e especialmente por uma jornada de trabalho de 8 horas. Em 1889, durante uma reunião da Segunda Internacional Socialista, em Paris, a data foi estabelecida.

 

 

Links para as notícias da comemoração do primeiro feriado de 1º de maio no Brasil:

O Paiz – Edição de 02/05/1925

Jornal do Brasil – Edição de 02/05/1925

 

 

Acesse aqui o outro artigo publicado na Brasiliana Fotográfica sobre o Dia do Trabalho.

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Fontes:

COGGIOLA, Osvaldo. Origens do movimento operário e do socialismo no Brasil. Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 7, n. 2, p. 51-91, dez. 2015.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Site BBC

Site Chicago Detours

Site Novo Milênio

Site Time Magazine

Série “Feministas, graças a Deus!” XV – No Dia dos Povos Índígenas, Leolinda Daltro,”a precursora do feminismo indígena” e a “nossa Pankhurst”

No Dia dos Povos Indígenas, a Brasiliana Fotográfica publica o décimo quinto artigo da série Feministas, graças a Deus com uma seleção de imagens produzidas por Alberto Frisch (1840 – 1918), Dana B. Merril (1887 – 19?), Felipe Augusto Fidanza (c.1847 – 1903), Franz Keller (1835 – 1890), Hercule Florence (1804 – 1879), Marc Ferrez (1843 – 1923), Vincenzo Pastore (1865 – 1918), Walter Garbe (18? – 19?) e também por fotógrafos ainda não identificados. O portal traz para seus leitores a história da origem da data e também o perfil de uma das primeiras e mais importantes feministas brasileiras, a baiana Leolinda Daltro (1859 – 1935), chamada de a precursora do feminismo indígena e também de a nossa Pankhurst, uma alusão à famosa e fundamental sufragista britânica Emmeline Pankhurst (1858 – 1928).

 

 

Acessando o link para as fotografias de indígenas selecionadas e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

 

A origem do Dia dos Povos Indígenas

 

Anteriormente chamado no Brasil de Dia do Índio, a data foi criada no Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado em Pátzcuaro, no México, entre 14 e 24 de abril de 1940, com a participação da grande maioria dos países americanos, exceto o Canadá, o Haiti e o Paraguai. Havia 55 delegações oficiais, 71 delegados independentes e 47 representantes de grupos indígenas de vários países. O representante brasileiro foi Edgar Roquette-Pinto (1884 – 1954), membro do Conselho Nacional do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) (Correio da Manhã, 27 de abril de 1940, sexta coluna; Jornal do Brasil, 25 de maio de 1940, primeira coluna).

Nem todos os países americanos adotaram a data como dia de celebração da cultura indígena. No Brasil, a data foi instituída pelo Decreto-Lei 5.540, de 1943, assinado pelo então presidente Getulio Vargas (1882 – 1954), convencido pelo marechal Cândido Rondon (1865 – 1958), primeiro diretor do Serviço de Proteção ao Índio, criado em 1910 e extinto em 1967, quando foi substituído pela Fundação Nacional do Índio, Funai (Correio da Manhã, 3 de junho de 1943, sexta coluna).

 

 

Passou a chamar-se oficialmente Dia dos Povos Indígenas a partir da Lei 14.402, promulgada em 8 de julho de 2022. A alteração ocorreu com a aprovação do PL 5.466/2019, que revogou o já mencionado decreto de 1943. A nova nomenclatura tem como objetivo explicitar a diversidade das culturas dos povos originários.

 

 

Breve perfil de Leolinda Daltro (1859 – 1935), “a precursora do feminismo indígena” e a “nossa Pankhurst”

 

 

Baiana e importante ativista pela incorporação da população indígena brasileira à sociedade a partir da alfabetização laica e defensora da emancipação da mulher, Leolinda de Figueiredo Daltro nasceu em 14 de julho de 1859. De origem indígena, segundo a própria  descendente em linha reta quer pelo lado paterno quer pelo lado materno de duas tribos indígenas – Tymbira e Tupynamba, viveu a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro e foi uma das precursoras do indigenismo e do feminismo no Brasil. Entusiasta do voto feminino, fundou o Partido Republicano Feminino (PRF), em 1910, e a Escola de Ciências, Artes e Profissões Orsina da Fonseca, em 1911.

“Minei, pacientemente, o terreno, sem que os inimigos do voto feminino se apercebessem do meu verdadeiro objetivo”

Leolinda Daltro,

Jornal do Brasil, 18 de dezembro de 1927

Abaixo, trecho do  artigo Mulher! Sempre a mulher, da poetisa gaúcha e ex-diretora da revista Brasil Feminino Iveta Ribeiro (1886 – 1962), publicado na revista O Malho, de 5 de abril de 1951. Nele, a autora escreve que Leolinda, por sua luta pelos ideais femininos, deveria ter um monumento em praça pública.

 

 

Leolinda foi casada duas vezes: a primeira com seu primo, Gustavo Pereira de Figueiredo, por volta de 1875; e, a segunda, com Appolonio de Castilho Daltro, em torno de 1883. Com Gustavo teve dois filhos: a futura professora Alcina de Figueiredo (1874 – 1948); e Alfredo Napoleão de Figueiredo (1877 -1931), futuro advogado e funcionário dos Correios. Com Appolonio, teve quatro: Oscar (188?- 1943), Leobino (1887-1959) – que se formaram no Mackenzie College de São Paulo em Direito e Engenharia, respectivamente -; a futura professora Áurea (1893 – 1924) e uma quarta criança, que faleceu ainda bebê.

Veio para o Rio de Janeiro com a familia, por volta de 1888, e foi nomeada professora municipal. Segundo seu relato, quando dirigia a Escola Mista de Santa Isabel, no Matadouro de Santa Cruz, recebeu a visita da princesa Isabel (1846 – 1921) e de seu marido, o conde D´Eu (1842 – 1922), acompanhados do coronel Floriano Peixoto (1839 – 1905), futuro segundo presidente do Brasil; e de outros militares. Em 1893, Leolinda apoiou o movimento que ficou conhecido como a Segunda Revolta da Armada, quando militares da Marinha se revoltaram contra o governo de Floriano.

Em 1896, Leolinda envolveu-se com a questão indígena quando um grupo de indígenas Xerente foi ao Rio de Janeiro para pedir proteção ao então presidente da República, Prudente de Moraes (1841 – 1902). Ela defendia a incorporação da população indígena brasileira à sociedade a partir da alfabetização laica – na época, o sistema vigente era a de catequização e conversão dos indígenas ao catolicismo. Para por sua ideia em prática, entre 1896 e início do século XX, percorreu o interior do país, atendendo a um pedido feito, em 1896, pelo indígena Sapé ao já citado presidente da República, para enviar pessoas capazes de instruir as crianças de sua aldeia, em Goiás. Leolinda atuou às margens do Rio Tocantins lecionando para os indígenas Xerente. Foi denominada Oaci-Zauré (estrela d’alva) pelos indígenas de Goiás. Por sua atuação junto a eles foi muitas vezes ridicularizada. Por exemplo, na peça O Filhote, de Vicente Reis, que estreou no Teatro Lucinda, em 11 de março de 1897, Leolinda era atrozmente insultada (O Paiz, 13 de março de 1897, sexta coluna).

Na sede do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, foi instalado o Instituto de Protecão aos Indigenas Brasileiros, em 21 de outubro de 1902. Leolinda, cujo ativismo foi importante para a realização da iniciativa, foi, acompanhada de seu filho Alfredo Napoleão de Figueiredo, à primeira sessão ordinária, e agradeceu sua admissão como sócia benemérita. Em um breve relato de suas viagens, Leolinda afirmou que era “urgente a fundação de um núcleo de indigenas na margem do Araguaya”.

Na década de 1900, hospedou diversas vezes indígenas em sua casa no Rio de Janeiro. Em outubro de 1908, fundou a Associação de Auxílio aos Silvícolas do Brasil e ofereceu ao governo seus serviços como coordenadora de uma equipe de educação voltada aos indígenas. Foi delegada do Primeiro Congresso Brasileiro de Geografia, que se realizou no Palácio Monroe, entre 7 e 15 de setembro de 1909. Na comissão de antropologia e etnografia apresentou uma Moção sobre os resultados de suas observações nos sertões de Goiás e Mato Grosso. Seu trabalho completo, intitulado Memória, foi incluído nos anais do evento e seu teor principal refere-se a convicção indigenista de Daltro: retirar da esfera religiosa o privilégio de civilizar os indígenas e transferi-lo para a instância governamental.

Em 23 de dezembro de 1909, fundou a Junta Feminina Hermes – Venceslau, que apoiava Hermes da Fonseca (1855 – 1923) e Venceslau Brás (1868 – 1966) para a presidência e vice-presidência da República, respectivamente. Sob a presidência de Leolinda, a ata da nova associação expressava seu protagonismo como ativista política pelos direitos das mulheres. Em 1º de março de 1910, a chapa apoiada por ela venceu as eleições. Neste mesmo ano, como já citado, Leolinda fundou o Partido Republicano Feminino (PRF).

Em 17 de junho de 1911, inaugurou a Escola de Ciências, Artes e Profissões Orsina da Fonseca, que fundou e dirigiu, com a presença da primeira-dama Orsina da Fonseca (1879 – 1912) e do presidente Hermes da Fonseca (1855 – 1923). O discurso de abertura foi feito pela poeta e ativista Gilka da Costa Machado (1893 – 1980). Na escola, que era gratuita, eram ministradas aulas de alfaiataria, datilografia, enfermagem, tipografia e até tiro e esgrima. No mesmo ano, fundou a Linha de Tiro Rosa da Fonseca, nome da mãe do presidente Hermes da Fonseca. Posteriormente denominado batalhão feminino, era presença frequente nas festas cívicas do Rio de Janeiro.

Leolinda declarou, em 1913, considerar-se a responsável pela semente da emancipação feminina no Brasil. Dois anos depois,´em 1915, já como professora catedrática, aposentou-se. Em 1916, sob sua direção foi lançado o primeiro número do periódico quinzenal A Tribuna Feminina. Ainda neste ano, em dezembro, Leolinda encaminhou à Câmara uma representação em nome do Partido Republicano Feminino, sobre o voto feminino:

“A grande maioria do professorado municipal desta cidade é constituído por mulheres. São elas que dão instrução aos futuros cidadãos, que têm sobre os ombros a difícil tarefa de preparo das novas gerações. Se a lei lhes deu tão grande responsabilidade; se o Estado reconhece a sua capacidade para tão alta função, qual seja a de educar e instruir a mocidade; se a Escola Normal, Oficial, lhes conferiu um diploma que lhes habilita para esse espinhoso mister — como admitir que esse mesmo Estado possa negar-lhes capacidade para a simples escolha dos que devam ser os representantes do país nas assembleias legislativas e nos altos postos da administração pública? É o maior dos absurdos.”

Em 1917, requereu seu alistamento eleitoral, mas seu pedido foi recusado. Cerca de um ano depois lançou o livro Início do Feminismo no Brazil – subsídios para a história. Também em 1918, ainda convalescendo da gripe espanhola, Leolinda ofereceu ao então prefeito do Rio de Janeiro, Amaro Cavalcanti (1849 – 1922), o edifício da Escola Orsina da Fonseca para tornar-se uma enfermaria de atendimento a mulheres e crianças desamparadas e o trabalho das 20 enfermeiras da instituição para ajudar no combate à epidemia.

Em 1919, lançou sua candidatura ao cargo de intendente municipal pela cidade do Rio de Janeiro, mas não foi eleita. Em 1926, voltou a concorrer e não se eleger ao cargo.

O voto feminino e Leolinda foram alvo de zombaria no desfile dos clubes do carnaval carioca de 1920. No fim deste ano, publicou o livro Da catequese dos índios do Brasil (notícias e documentos para a história). Leolinda justificou a publicação tardia de seus registros alegando que a idéia da educação laica dos indígenas fora recebida com indiferença e frieza e a tornara alvo de ridículo.

Em 1926, inaugurou o Centro das Escoteiras da Redemptora, na Escola Orsina da Fonseca. Em seu discurso afirmou ter sido a primeira escoteira do Brasil. Em 1933,foi candidata pelo Partido Nacional do Trabalho para deputada constituinte, mas não se elegeu.

 

leolinda5

 

Leolinda sobre a conquista do voto feminino (Revista da Semana, 20 de maio de 1933):

 

 

Em 1934, integrava a comissão fiscal da Aliança Nacional das Mulheres, cuja fundadora e presidente era a advogada e feminista Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993).

Em 30 de abril de 1935, foi atropelada por um automóvel quando atravessava a Praça da República. Após ficar internada por alguns dias na Casa de Saúde Pedro Ernesto, onde teve sua perna amputada, faleceu em 4 de maio. Foi enterrada no Cemitério São João Batista.

 

Leolinda Figueiredo Daltro

Mamãe – nosso ourinho

14/07/1859 04/05/1935

Precursora do verdadeiro feminismo pátrio

Propugnadora da nobilitação dos humildes e humanização dos selvícolas

Seu epitáfio no Cemitério Sao João Batista

 

 

Em 2003, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro aprovou a Resolução nº 233, que instituiu o Diploma Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro. A cada ano são escolhidas dez mulheres para receber a homenagem por seu destaque na vida pública e na defesa dos direitos femininos.

 

Cronologia de Leolinda Daltro

 

Leolinda Daltro / A Informação Goyana, maio de 1921

 leolinda29

A Informação Goyana, maio de 1921

 

1859 - Nasceu, em Nagé, na Bahia, em 14 de julho de 1859 – as fontes variam em relação ao ano, mas aqui consideraremos 1859 como o correto, já que é o que consta em seu epitáfio no Cemitério São João Batista, onde está enterrada.

Filha de Alexandrina Tupinambá de Figueiredo e de Luiz Antonio de Figueiredo, em um discurso proferido, em 1926, por ocasião da inauguração do Centro das Escoteiras da Redemptora, Leolinda afirmou ser descendente em linha reta quer pelo lado paterno quer pelo lado materno de duas tribos indígenas – Tymbira e Tupynamba. Leolinda perdeu a mãe ainda na infância e foi criada pela avó, Joana Tupinambá de Sant´Anna Barauna (Gazeta de Notícias, 21 de janeiro de 1916, penúltima colunaO Brasil, 24 de novembro de 1926, quarta colunaCorreio da Manhã, 5 de maio de 1935, sexta colunaDiário de Notícias, 7 de novembro de 1948Jornal do Brasil, 18 de março de 1956).

c. 1871 – Foi internada no Colégio Colé, em Salvador.

1873 – Seu pai, que havia lutado na Guerra do Paraguai, foi promovido a capitão.

c. 1875 – Por volta deste ano Leolinda teria se casado com seu primo, Gustavo Pereira de Figueiredo, conforme declarou em juízo seu filho Alfredo Napoleão de Figueiredo. Desse casamento, cujo desfecho é, até o momento, desconhecido, ela teve dois filhos: a futura professora Alcina de Figueiredo (1874 – 1948); e o já citado Alfredo Napoleão de Figueiredo (1877 -1931), futuro advogado e funcionário dos Correios.

c. 1883 – Casou-se com Appolonio de Castilho Daltro (? – 1943), com o qual teve quatro filhos: Oscar (188?- 1943), Leobino (1887-1959) – que se formaram no Mackenzie College de São Paulo em Direito e Engenharia, respectivamente -; a futura professora Áurea (1893 – 1924) e uma quarta criança, que faleceu ainda bebê.

Uma curiosidade: a esposa de Leobino, Iracema Amazonas, era irmã de Oscar de Siqueira Amazonas, marido de Alcina. Oscar foi casado com a professora Joaquina Daltro e Áurea com Antônio Cardoso de Gusmão Junior. Alfredo Napoleão foi casado com Antonietta de Figueiredo.

 

 

 

Nesta década, Leolinda mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Segundo entrevista dada, em 17 de junho de 2011, por seu neto Othon de Castilho Daltro a Paulete Maria Cunha dos Santos, Appolonio era funcionário da Fazenda da Província da Bahia, em Salvador, e foi transferido para o Rio de Janeiro.

1888 – Foi comunicado ao diretor das escolas suburbanas do Rio de Janeiro que Leolinda havia sido nomeada professora (Jornal do Commercio, 29 de outubro de 1888, segunda colunaJornal do Commercio, 7 de novembro de 1888, primeira coluna)

c. 1888 – Segundo relato de Leolinda, quando dirigia a Escola Mista de Santa Isabel, no Matadouro de Santa Cruz, recebeu a visita da princesa Isabel (1846 – 1921) e de seu marido, o conde D´Eu (1842 – 1922), acompanhados do coronel Floriano Peixoto (1839 – 1905), futuro segundo presidente do Brasil; de outros militares e de outras pessoas gratas, que examinaram os trabalhos escolares, assistiram aos exercícios de ginástica e às aulas de artes e profissões, e a impressão recebida por esses altos personagens foi de tal ordem e tão favorável, que suas altezas, conde d’Eu e a princesa Isabel, mandaram-me um luxuoso livro que intitularam de Livro de Ouro, em cuja primeira página, que denominaram de Página de Honra, lançaram as suas ótimas impressões relativas a sua visita à minha tenda de trabalho. (DALTRO, 1918)

 

 

1893 –  Leolinda Daltro apoiou o movimento que ficou conhecido como a Segunda Revolta da Armada, quando militares da Marinha se revoltaram contra o governo de Floriano Peixoto (1839-1895), acusando-o de desrespeitar a constituição já que após a renúncia do presidente da República, Deodoro da Fonseca, na condição de vice-presidente assumiu a presidência, sem convocar eleições presidenciais conforme previa a Constituição em vigor (Gazeta de Notícias, de 24 de novembro de 1891).

Segundo relato de Leolinda: “Por ocasião da revolta de 6 de setembro de 1893, formado pela primeira vez, em frente da prefeitura, o Batalhão Patriótico Municipal, do qual o mais velho dos meus filhos, Alfredo Napoleão de Figueiredo (com 16 anos de idade), fazia parte como simples soldado, a minha escola apresentou-se com quatrocentos alunos, quase todos uniformizados (à minha custa), fazendo evoluções ginásticas e marchando militarmente entre um delírio de palmas e vivas de quantos assistiram à festa, colocando, uma das alunas, sobre a bandeira do batalhão uma rica coroa de flores douradas, depois de ser pronunciado pela menina Amélia Pessoa um patriótico e vibrante discurso. Todos os alunos foram abraçados com entusiasmo pelos intendentes”. (DALTRO, 1918).

1894 - Seguia trabalhando como professora municipal no Rio de Janeiro (A Federação, 13 de fevereiro de 1894, quarta coluna).

1896 – Leolinda envolveu-se com a questão indígena quando um grupo de indígenas Xerente foi ao Rio de Janeiro para pedir proteção ao então presidente da República, Prudente de Moraes (1841 – 1902). Houve denúncias de negligência que motivaram protestos e reações. Em novembro, Leoinda iniciou sua viagem por Goiás. Seu filho, Augusto Napoleão, havia ido antes. Uma campanha para angariar fundos para expedição foi lançada no Rio de Janeiro e em São Paulo. Leolinda era professora da rede pública do Distrito Federal e recebeu do Conselho Municipal um ano de licença com vencimentos, renovados em 1897 e 1898 e também nos anos seguintes, até 1900. Neste período, instruiu, às margens do Rio Tocantins (Gazeta de Notícias, 30 de julho de 1896, quinta coluna; Jornal do Commercio, 22 de agosto de 1896, terceira coluna; Gazeta de Notícias, 13 de novembro de 1896, quarta colunaJornal do Recife, 6 de agosto de 1897, quarta coluna;  Colecção de Leis Municipaes e Vetos1897 e 1898; Gazeta de Notícias, 25 de julho de 1896, quarta colunaO Paiz, 19 de agosto de 1896, quarta colunaA Notícia, 3 de outubro e 1896, segunda coluna; O Commercio de São Paulo, 24 de julho de 1896, quarta colunaGazeta de Notícias, 17 de setembro de 1902, quinta coluna).

 

 

1897 – Seu retrato foi publicado na Tarde Literária, publicação quinzenal redigida pelo boêmio Raphael Gondry (Gazeta da Tarde, 17 de janeiro de 1897, terceira coluna).

Na peça O Filhote, de Vicente Reis, que estreou no Teatro Lucinda, em 11 de março de 1897, Leolinda era atrozmente insultada (O Paiz, 13 de março de 1897, sexta coluna).

 

 

Em torno deste ano, teria se separado de Appolonio.

Foi noticiado que já havia partido de Goiás para um aldeamento indígena (Jornal do Recife, 6 de agosto de 1897, quarta coluna).

Década de 1900 – Ao longo desta década tirou diversas licenças para tratar de sua saúde.

1901 – Apresentou o mapa que organizou das aldeias que visitou em sua missão pelo estado de Goiás e no Mato Grosso (Jornal do Commercio, 18 de junho de 1901, terceira coluna).

 

 

Pretendia fundar um centro agrícola, denominado Joaquim Murtinho, de 35 léguas de extensão, para onde várias tribos convergiriam.

 

 

1902 – Prestou uma homenagem a Augusto Severo (1864 – 1902), que havia falecido, em 12 de maio de 1902, em Paris, numa explosão do dirigível Pax, inventado por ele (A República (RN), 8 de julho de 1902, terceira coluna).

Leolinda hospedou em sua casa, na rua da Pedreira, em Cascadura, oito indígenas Pinagé que vieram ao Rio de Janeiro fazer reivindicações ao presidente da República, Campos Sales (1841-1913). Alguns estavam enfermos e, outros, amedrontados (Jornal do Brasil, 16 de setembro de 1902, penúltima colunaGazeta de Notícias, 17 de setembro de 1902, primeira coluna). Sua atuação foi comentada em uma crônica de Ferreiro-Mór, publicada em O Malho, de 18 de outubro de 1902. Um dos indígenas que hospedou, o Major Sabino, faleceu.

Em uma sessão do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil de 1902, foi discutida a proposta de um de seus conselheiros, Henrique Raffard, de criação de uma associação de proteção aos indígenas sob os aupícios da referida instituição (Jornal do Commercio, de outubro de 1902, antepenúltima coluna). Um de seus sócios correspondentes, Luiz de França Almeida e Sá (1847 – 1903), falou que um padre da região do Araguaia já havia ordenado o assassinato de Leolinda (Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, 1903).

 

 

Na sede do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, com o apoio do sócio comendador Julio Henrique Raffard (1851 – 1906) e do general Francisco Raphael de Mello Rego (18? – 1904) foi instalado o Instituto de Protecão aos Indigenas Brasileiros, em 21 de outubro. Leolinda, cujo ativismo foi importante para a realização da iniciativa, foi, acompanhada de seu filho Alfredo Napoleão de Figueiredo, à primeira sessão ordinária, e agradeceu sua admissão como sócia benemérita. Em um breve relato de suas viagens, Leolinda afirmou que era “urgente a fundação de um núcleo de indigenas na margem do Araguaya”.

1904 – Participou de uma homenagem feita ao Barão do Rio Branco (1845 – 1912) (Jornal do Brasil, 20 de fevereiro de 1904, última coluna).

Leu uma saudação durante uma homenagem ao coronel acriano Placido de Castro (1873 – 1908), na Pensão Beethoven, onde ele estava hospedado. Um dos líderes da Revolução Acriana, era presidente da República do Acre. Em 1906, Placido tornou-se o primeiro governador do território do Acre, cargo que ocupou até sua morte, em 1908 (Jornal do Brasil, 12 de maio de 1904, oitava coluna).

1905 – Esteve no velório do escritor e jornalista José do Patrocínio ( 1853 – 1905), no Cemitério São Francisco Xavier (O Paiz, 4 de fevereiro de 1905, última coluna).

Leolinda percorreu o acampamento de Santa Cruz com alguns indígenas Xerente e apresentou um deles, Oyama Prace,  ao presidente Hermes da Fonseca  (1855 – 1923). Oyama queria entrar para a Marinha (Jornal do Brasil, 9 de outubro de 1905, sétima coluna).

 

 

1906 – Era muitas vezes ridicularizada devido à sua atuação junto aos indígenas.

 

 

Voltou a abrigar em sua casa indígenas dessa vez guaranis, que vieram ao Rio de Janeiro fazer reivindicações ao presidente da República. Muitas vezes era ridicularizada (Jornal do Brasil, 20 de junho de 1906, sétima coluna).

Foi felicitada no dia do seu aniversário com uma mensagem no jornal (Gazeta de Notícias, 14 de julho de 1906, primeira coluna).

Em 17 de julho, estava no Cais Pharoux participando da recepção ao diplomata Joaquim Nabuco (1849 – 1910), que chegava ao Rio. Na ocasião apresentou a ele três indígenas pinajés (A República, 20 de julho de 1906, primeira colunaRevista da Semana, 29 de julho de 1906).

 

 

Cerca de um mês depois, acompanhada de vários indígenas, entregou a ele uma mensagem pedindo garantias para a educação leiga dos indígenas das Américas. Na época acontecia no Rio de Janeiro o III Congresso Pan-americano. Nabuco disse que não poderia tratar do assunto porque o tema não fazia parte do evento, mas que imprimiria a mensagem e a distribuiria no Congresso (Correio da Manhã, 17 de agosto de 1906, segunda colunaJornal do Brasil, 17 de agosto de 1906, quinta coluna). O III Congresso Pan-americano aconteceu no então Pavilhão de São Luiz, futuro Palácio Monroe. Ele foi erguido no fim da rua do Passeio, na avenida Central, atual Rio Branco, ponto mais nobre da capital do Brasil. O congresso foi aberto em 23 de julho de 1906 e prolongou-se até o dia 27 de agosto de 1906.

Quando ocorreram conflitos violentos entre os povos da etnia Kaingang e os trabalhadores da construção da estrada de ferro em Bauru, Leolinda enviou telegrama ao governador de São Paulo, Jorge Tibiriçá Piratininga (1855 – 1928), oferecendo sua colaboração.

Organizou, em 1906, o Grêmio Patriótico Leolinda Daltro destinado à proteção dos indígenas (Jornal do Brasil, 2 de novembro de 1906, oitava coluna).

1907 – Com o intuito de imprimir um cunho mais nacional ao préstito popular para o general argentino Julio Roca (1843 – 1914), no Rio de Janeiro, Leolinda quis juntar um grupo de indígenas ao festejo, mas o prefeito Francisco Marcelino de Sousa Aguiar (1855 – 1935) não autorizou a iniciativa (O Pharol (MG), 11 e 12 de março de 1907, segunda coluna).

Foi uma das representantes do professorado municipal que entregou um presente a Leôncio Correia (1865 – 1950), diretor de Instrução Pública no dia de seu aniversário(Jornal do Brasil, 3 de setembro de 1907, sétima coluna).

1908 – Foi aprovado pelo Conselho Municipal do Rio de Janeiro que o cálculo de tempo de serviço de Leolinda como professora contasse desde sua investidura no cargo de professora, em 1888, até 19 de dezembro de 1901, sem descontar o tempo que passou licenciada (Jornal do Brasil, 13 de junho de 1888, quarta colunaJornal do Brasil, 30 de dezembro de 1908, última coluna).

 

 

Fundou, em outubro, a Associação de Auxílio aos Silvícolas do Brasil e ofereceu ao governo seus serviços como coordenadora de uma equipe de educação voltada aos indígenas. Adolpho Gomes de Albuquerque era o presidente da instituição, Leolinda de Figueiredo Daltro, vice-presidente, e seu filho Leobino Castilho Daltro, secretário. A criação da nova associação, que defendia o ensino laico para indígenas e a integração desses povos por vias pacíficas, foi estimulada por um fato ocorrido em 14 de setembro, quando o cientista tcheco Alberto Vojtěch Frič (1882 – 1944) denunciou o extermínio do povo Kaingang em Santa Catarina, no XVI Congresso de Americanistas, em Viena; e pela publicação, na segunda quinzena do mesmo mês de setembro de um artigo do então diretor do Museu Paulista, Hermann von Ihering (1850 – 1930), na Revista do Museu Paulista defendendo o extermínio dos indígenas (Origem e Fundação do Serviço de Proteção aos Índios (III)).

“Os actuaes índios do Estado de S. Paulo não representam um elemento de trabalho e de progresso. Como também nos outros Estados do Brazil, não se póde esperar trabalho sério e continuado dos índios civilizados e como os Caingang selvagens são um impecilio para a colonização das regiões do sertão que habitam, parece que não há outro meio, de que se possa lançar mão, senão o seu extermínio”. 

1909 – Indígenas Xerente foram à redação do jornal O Paiz pedindo ajuda para seu aldeamento às margens do Tocantins, onde são escorraçados pelas legiões de missionários. Uma das reivindicações dos indígenas era a presença de Leolinda para lhes dar instrução e os guiar na organização e na defesa de seu aldeamento (O Paiz, 29 de janeiro de 1909, sexta colunaA Imprensa, 11 de fevereiro de 1909, quarta coluna). Ela então enviou para o ministro Miguel Calmon (1879 – 1935), Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Indústria, Viação e Obras Públicas, o pedido para ser nomeada missionária civilizadora dos indígenas de Goiás. A resposta foi a seguinte:

 

 

Os indígenas Xerente pediram que Leolinda fosse aposentada para que pudesse ir com eles para a aldeia (O Malho, 13 de março de 1909).

 

 

 

 

Foi delegada do Primeiro Congresso Brasileiro de Geografia, que se realizou no Palácio Monroe, entre 7 e 15 de setembro. Na comissão de antropologia e etnografia apresentou uma Moção sobre os resultados de suas observações nos sertões de Goiás e Mato Grosso. Seu trabalho completo, intitulado Memória, foi incluído nos anais do evento e seu teor principal refere-se a convicção indigenista de Daltro: retirar da esfera religiosa o privilégio de civilizar os indígenas e transferi-lo para a instância governamental. Foi instalada a Associação e Proteção e Auxílios aos Silvículas do Brasil e Leolinda tornou-se a segunda secretária da instituição (O Paiz, 7 de setembro de 1909, segunda colunaO Paiz, 14 de setembro de 1909, última colunaGazeta de Notícias, 15 de setembro de 1909, segunda colunaGazeta de Notícias, 18 de setembro de 1909, quinta coluna).

 

 

O então prefeito do Distrito Federal, Inocêncio Serzedelo Correia (1858 – 1932) abriu um crédito especial para pagamento de diferença de vencimentos a Leolinda (O Magistério, 30 de novembro de 1909).

 

 

Em 23 de dezembro, fundou a Junta Feminina Hermes – Venceslau, que apoiava Hermes da Fonseca (1855 – 1923) e Venceslau Brás (1868 – 1966) para a presidência e vice-presidência da República, respectivamente. Sob a presidência de Leolinda, a ata da nova associação expressava seu protagonismo como ativista política pelos direitos das mulheres (A Imprensa, 25 de fevereiro de 1910, quarta colunaO Paiz, 27 de fevereiro de 1910, primeira colunaGazeta de Notícias, 18 de setembro de 1918, terceira coluna).

1910 -  Em 1º de março, realização das eleições em que a chapa de Hermes da Fonseca e Venceslau Brás venceu a de Rui Barbosa (1849 – 1923) e Albuquerque Lins (1852 – 1926).

 

 

Participou da recepção ao marechal Hermes da Fonseca, que voltava ao Rio de Janeiro, vindo do Rio Grande do Sul (A Imprensa, 16 de março de 1910, primeira coluna).

Participou do préstito que levou o busto de Washington, adquirido por subscrição popular, ao Teatro Municipal. O recém eleitro presidente da República, Hermes da Fonseca, estava presente (Jornal do Brasil, 4 de abril de 1910, antepenúltima coluna).

Leolinda recebeu da Prefeitura do Rio de Janeiro uma gratificação adicional sobrre seus vencimentos de professora. Houve uma polêmica a respeito deste assunto envolvendo o marechal Hermes da Fonseca e um funcionário da prefeitura do Rio de Janeiro (O Paiz, 19 de abril de 1910O Paiz, 22 de abril de 1910, quinta colunaO Século, 22 de abril de 1910, primeira coluna).

Enviou à jornalista e escritora Camen Dolores (1852 – 1911) um exemplar do periódico A Política. Em resposta Carmen Dolores declarou que nem era republicana nem feminista (O Paiz, 19 de junho de 1910, segunda coluna).

Por serviços prestados à educação de indígenas no Brasil foi proposto que Leolinda tornasse-se diretora honorária da União Cívica Brasileira (O Paiz, 5 de agosto de 1910, segunda coluna).

O conferencista português João Rodrigues Moreira realizou a palestra Mulheres ilustres brasileiras e uma delas era Leolinda Daltro (A Imprensa, 1º de setembro de 1910, terceira coluna).

Anunciou a fundação da revista Tribuna Feminina, que só seria lançada em 1916 (A Imprensa, 11 de outubro de 1910, primeira coluna).

Fez um discurso em homenagem à primeira-dama do Brasil, Orsina da Fonseca (1879 – 1912), de quem era grande amiga (O Paiz, 19 de outubro de 1910, primeira coluna).

O recém criado Partido Republicano Feminino participou do préstito que acompanhou Hermes da Fonseca do Arsenal de Marinha à sua residência, onde Leolinda leu um soneto em homenagem ao marechal (A Imprensa, 26 de outubro de 1910, primeira colunaJornal do Brasil, 27 de outubro de 1910, sexta coluna).

 

 

Era uma das personalidades retratadas no Álbum Republicano, uma homenagem da Junta Republicana Hermes- Venceslau ao presidente da República, Hermes da Fonseca, ofertado a ele (O Paiz, 12 de novembro de 1910, primeira coluna).

Em 17 de dezembro, foi publicado no Diário Oficial o texto do estatuto do Partido Republicano Feminino (PRF), fundado para mobilizar as mulheres em torno do direito ao voto feminino e Leolinda passou a presidi-lo. Sua sede ficava na rua General Câmara, 387, e o prédio foi cedido pelo então prefeito do Rio de Janeiro, Serzedelo Corrêa (1858 – 1932)  (Jornal do Brasil, 27 de outubro de 1910, sexta coluna). No dia 18 de agosto de 1911, o partido recebeu o registro oficial, depositado no 1º Ofício de Títulos e Documentos do Distrito Federal.

No mês de dezembro de 1910, reuniram-se assim na cidade do Rio de Janeiro professoras, escritoras e donas de casa, somando ao todo 27 mulheres, que concordaram em assinar a ata de fundação de um partido político que tinha como objetivo integrá-las na sociedade política. O grupo buscava representar as mulheres brasileiras na capital federal e em todos os estados do Brasil, promovendo a cooperação entre elas na defesa das causas relativas ao progresso do país e de sua cidadania. Assim, o programa do partido destacava a luta pelo sufrágio feminino como primeiro passo para a plena incorporação das mulheres ao mundo público. 

CPDOC

Assim era composta sua primeira diretoria: presidente, como já mencionado, Leolinda de Figueiredo Daltro; primeira vice-presidente, Maria Carlota Vaz de Albuquerque; segunda vice-presidente, Emília Torterolli Araldo; primeira-secretária, Hermelinda Fonseca da Cunha e Silva; segunda-secretária, Gilka da Costa Machado; tesoureira, Goldemira Moreira dos Anjos; arquivista, Áurea Daltro; procuradora, Alice Esperança Arnosa; zeladora, Vitalina Faria Sena.

1911 - Em 17 de junho, inaugurou a Escola de Ciências, Artes e Profissões Orsina da Fonseca, que fundou e dirigiu, com a presença da primeira-dama Orsina da Fonseca (1879 – 1912) e do presidente Hermes da Fonseca (1855 – 1923). O discurso de abertura foi feito pela poeta e ativista Gilka da Costa Machado (1893 – 1980). Na escola, que era gratuita, eram ministradas aulas de alfaiataria, datilografia, enfermagem, tipografia e até tiro e esgrima (Jornal do Brasil, 15 de outubro de 1910, última colunaO Paiz, 17 de junho de 1911, penúltima colunaA Imprensa, 17 de junho de 1911, terceira colunaO Paiz, 19 de junho de 1911, segunda coluna).

 

 

Em 1918, foi dada à instituição uma subvenção anual (Collecção de Leis Municipaes, 1918).

 

 

No livro A Vida Vertiginosa, seu autor, João do Rio, citou Leolinda na crônica As impressões dos Bororos:

Como nunca tive a coragem civilisadora da professora Daltro, só consigo approximar-me dos authenticos proprietários deste paiz, quando por cá apparece alguma caravana de sujeitos de nariz esborrachado, a pedir ao Papae Grande instrumentos agrários“.

Fundou a Linha de Tiro Rosa da Fonseca, nome da mãe do presidente Hermes da Fonseca. Posteriormente denominado batalhão feminino, era presença frequente nas festas cívicas do Rio de Janeiro (A Imprensa, 20 de outubro de 1911, quinta coluna).

Teve concedida pela Prefeitura do Rio de Janeiro licenças de saúde neste ano, no seguinte e em 1915 (O Paiz, 7 de setembro de 1911, primeira colunaO Paiz, 23 de junho de 1912O Paiz, 10 de abril de 1915, penúltima coluna).

Para comemorar a entrada da primavera organizou um préstito com alunas da Escola Orsina da Fonseca, que foi até o Palácio do Catete, onde foram recebidas pelo presidente e pela primeira-dama. O colégio já contava com mais de mil alunas (O Paiz, 23 de setembro de 1911, quinta colunaJornal do Brasil, 23 de setembro de 1911, primeira coluna).

 

 

O Partido Republicano Feminino dedicava-se à realização de atividades de cultura física e também científica – organizou uma escola de enfermeiras  (O Paiz, 21 de outubro de 1911, segunda colunaO Paiz, 25 de outubro de 1911, segunda coluna).

1912 - Em janeiro, exposição de trabalhos realizados pelas aluna da Escola Orsina da Fonseca em 1911, Na ocasião, o general Serzedelo Corrêa (1858 – 1932) elogiou a gestão de Leolinda (A Imprensa, 14 de janeiro de 1912).

 

 

Lecionava em uma escola municipal que ficava na rua Coronel Cabrita, nº 6, no bairro de São Cristóvão. Teve aprovada pela Prefeitura verba adicional ao seus vencimentos (O Paiz, 15 de fevereiro de 1912O Paiz, 22 de março de 1912, quinta coluna).

Com a presença de mais de 100 sócias foi realizada, na Escola Orsina da Fonseca, uma assembleia para alterar os estatutos do Partido Republicano Feminino, cuja secretária-geral era a poetisa Gilka da Costa Machado (O Paiz, 22 de junho de 1912, penúltima coluna).

Com cerca de 80 senhoras do Partido Republicano Feminino, Leolinda foi ao Cemitério de Jacarepaguá prestar uma homenagem fúnebre ao político e jornalista republicano Quintino Bocaiuva (1836 – 1912), seu amigo e padrinho de sua filha Áurea. Na ocasião, discursou (O Paiz, 19 de julho de 1912, terceira coluna).

 Em 30 de novembro, falecimento da primeira-dama e grande amiga de Leolinda, Orsina da Fonseca (Jornal do Brasil, 5 de dezembro de 1912, terceira coluna).

1913 –  Sua filha, Áurea Daltro, fazia parte do corpo docente da Escola Orsina da Fonseca (O Paiz, 25 de maio de 1913, quarta coluna).

Fez um pequeno reparo ao artigo escrito por Gilka da Costa Machado publicado na edição de A Faceira, outubro e novembro de 1913. Segundo Leolinda, que não foi citada no referido artigo, ela teria sido a responsável pela semente da emancipação feminina no Brasil (A Faceira, outubro e novembro de 1913A Faceira, dezembro de 1913, segunda coluna).

Foi, com alunas da Escola Orsina da Fonseca, ao Cemitério de Jacarepaguá, prestar uma homenagem a Orsina da Fonseca, que havia falecido em de 1912 (O Paiz, 3 de novembro de 1913, penúltima coluna).

 

 

1914 – Leolinda estava presente na inauguração da Escola Prática e Profissional em uma das salas da Imprensa Nacional (A Época, 7 de janeiro de 1914, quinta coluna).

O Partido Republicano Feminino tinha cerca de duas mil associadas (Jornal do Brasil, 4 de junho de 1914, terceira coluna).

1915 – Envolveu-se numa confusão com um recebedor dos bondes da Light (Gazeta de Notícias, 19 de julho de 1915, última coluna).

Leolinda aposentou-se como professora catedrática (A Noite, 24 de julho de 1915, quarta colunaO Paiz, 6 de agosto de 1915, segunda coluna).

O Partido Republicano Feminino, sob a presidência de Leolinda, inaugurou a Escola Cívica Pinheiro Machado para adultos do sexo masculino, que funcionaria todas as noites e provisoriamente na Escola Orsina da Fonseca. Contava no início com 25 alunos que após a preleção inaugural decidiram fundar o jornal Atalaia e também uma linha de tiro (O Paiz, 8 de outubro de 1915, última coluna).

1916 - A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou que despejaria judicialmente a Escola Orsina da Fonseca, que ocupava um prédio na rua General Câmara, que pertencia à Municipalidade. Mas o despejo não se cumpriu (O Paiz, 20 de janeiro de 1916, quarta coluna;  Almanak Laemmert, 1926).

Em entrevista à Gazeta de Notícias, de 21 de janeiro, de 1916, falou sobre sua vida, sobre a fundação da Escola Orsina da Fonseca que, segundo ela, ensinava dentre vários ofícios, a fotografia (Gazeta de Notícias, 21 de janeiro de 1916 ).

 

 

Leolinda, à frente do Partido Republicano Feminino, propôs a criação do donativo patriótico, com o qual todo o funcionalismo público seria conservado com os vencimentos atuais (A Lanterna, 28 de novembro de 1916Jornal do Brasil, 19 de novembro de 1931, terceira coluna).

Lançamento do primeiro número do periódico quinzenal A Tribuna Feminina, dirigido por Leolinda (A Faceira, 1º de dezembro de 1916, última colunaA Federação, 7 de dezembro de 1916, quarta coluna).

 

 

Em dezembro, Leolinda encaminhou à Câmara uma representação em nome do Partido Republicano Feminino, sobre o voto feminino:

“A grande maioria do professorado municipal desta cidade é constituído por mulheres. São elas que dão instrução aos futuros cidadãos, que têm sobre os ombros a difícil tarefa de preparo das novas gerações. Se a lei lhes deu tão grande responsabilidade; se o Estado reconhece a sua capacidade para tão alta função, qual seja a de educar e instruir a mocidade; se a Escola Normal, Oficial, lhes conferiu um diploma que lhes habilita para esse espinhoso mister — como admitir que esse mesmo Estado possa negar-lhes capacidade para a simples escolha dos que devam ser os representantes do país nas assembleias legislativas e nos altos postos da administração pública? É o maior dos absurdos.”

 

 

 

1917 - O Partido Republicano Feminino apoiou o rompimento das relações diplomáticas do governo brasileiro com a Alemanha (A Época, 28 de abril de 1917, primeira colunaGazeta de Notícias, 28 de abril de 1917).

 

 

Requereu seu alistamento eleitoral, mas seu pedido foi recusado (O Imparcial, 10 de fevereiro de 1917, última colunaA República, 13 de fevereiro de 1917, segunda colunaJornal do Brasil, 23 de agosto de 1919, terceira coluna).

Carlos Rubens publicou um artigo exaltando a atuação da professora Leolinda Daltro (A Faceira, 1º de agosto de 1917).

O deputado Mauricio de Lacerda (1888 – 1959) propôs uma emenda à lei eleitoral para estender o alistamento eleitoral para as brasileiras maiores de 21 anos. Foi rejeitada pela Comissão de Constituição e Justiça. Tal atitude da comissão parece ter inspirado uma reação por parte do PRF, através de uma passeata de mulheres pelas ruas do Rio de Janeiro, em novembro de 1917, como uma resposta ao repúdio à proposta de Lacerda. Seguindo o exemplo das feministas de outros países as partidárias do PRF foram convocadas para participar de uma nova manifestação pública, na qual cerca de 84 mulheres foram para as ruas protestar (KARAWEJCZYK, 2014).

O Partido Republicano Feminino manifestou-se, oferecendo os serviços de suas associadas em solidariedade à participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial (O Dia, 20 de novembro de 1917). A delegação do Tiro Feminino, às vezes identificado como batalhão feminino, era formado por 89 soldadas do Tiro Feminino, alunas da Escola Orsina da Fonseca. Elas usavam uniforme militar e faziam treinamento em praças públicas do Rio de Janeiro. A iniciativa foi muito criticada e ridicularizada. Em 1920, o batalhão feminino foi rebatizado como Legionárias da Paz.

 

 

1918 - Inauguração, no Campo de Santana, da primeira Escola Popular, uma iniciativa do Partido Republicano Feminino (Correio da Manhã, 14 de julho de 1918, sétima coluna).

Lançou o livro Início do Feminismo no Brazil – subsídios para a história (Gazeta de Notícias, 18 de setembro de 1918, terceira coluna).

 

leolinda3

 

Visitou a redação do jornal A Época com Izabel de Souza Matos ou Izabel de Mattos Dillon (1861 – 1920), identificada no artigo publicado no referido periódico, em 24 de setembro de 1918, como a primeira eleitora do Brasil. Leolinda se queixou da falta de atenção da imprensa na divulgação do trabalho dela e do Partido Republicano Feminino em prol do feminismo no Brasil (A Época, 24 de setembro de 1918).

 

 

 

O Partido Republicano Feminino celebrou a posição do presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson (1913-1921), pedindo ao legislativo de seu país a aprovação do voto feminino (A Época, 2 de outubro de 1918).

 

 

Ainda convalescendo da gripe espanhola, Leolinda ofereceu ao prefeito do Rio de Janeiro, Amaro Cavalcanti (1849 – 1922), o edifício da Escola Orsina da Fonseca para tornar-se uma enfermaria de atendimento a mulheres e crianças desamparadas e o trabalo das 20 enfermeiras da instituição para ajudar no combate à epidemia. Na carta ao prefeito revelou que, além dela, 14 membros de sua família tinham contraído a gripe (A Época, 28 de outubro de 1918, quarta colunaCorreio da Manhã, 11 de novembro, sétima coluna).

 

 

1919 – Lançou o opúsculo Pela Velhice (A Noite, 8 de janeiro de 1919, segunda coluna).

O ministro da Guerra, Alberto Cardoso de Aguiar (1864 – 1935) atendeu à solicitação de Leolinda no sentido de oferecer aulas de instrução militar às alunas da Escola Orsina da Fonseca (Jornal do Brasil, 11 de julho de 1919, sexta coluna).

Participou de uma manifestação a favor do prefeito do Rio de Janeiro, Paulo de Frontin (1860 – 1933) (A Razão, 29 de julho de 1919, quarta coluna).

Foi noticiado que Leolinda havia sido escolhida para representar as classes trabalhadoras na Conferência Trabalhista de Washington, em outubro de 1919 (Jornal do Brasil, 26 de setembro de 1919, penúltima coluna).

Lançou sua candidatura ao cargo de intendente municipal pela cidade do Rio de Janeiro. Não foi eleita (A Noite, 24 de setembro de 1919, primeira colunaA Época, 7 de outubro de 1919, quarta coluna; Revista Feminina, outubro de 1919O Paiz, 22 de outubro de 1919, terceira colunaGil Blas, 13 de novembro de 1919Jornal do Brasil, 8 de dezembro de 1919, última coluna).

 

“Como mulher que sou, com um sentido superior de altruísmo, tenho me preocupado com a necessidade de minorar o sofrimento humano e de se atingir uma melhor distribuição da Justiça.”

Revista Feminina, outubro de 1919

 

 

1920 – Leolinda negava sua participação e a do Batalhão do Partido Republicano Feminino em um homenagem ao novo prefeito, Sá Freire (1870 – 1947) (Gazeta de Notícias, 24 de janeiro de 1920, quarta coluna).

 

 

O voto feminino e Leolinda foram alvo de zombaria no desfile dos clubes do carnaval carioca (Jornal do Brasil, 20 de fevereiro de 1920, última coluna).

Em entrevista publicada na capa da Gazeta de Notícias, Leolinda anuncia a adoção de um novo sistema, norte-americano, de ensino prático intuitivo na Escola Orsina da Fonseca e queixa-se do tratamento da imprensa e das autoridades em relação a seu trabalho. comenta a iminente visita dos reis belgas ao Brasil e também sobre a comemoração do centenário da Independência(Gazeta de Notícias, 22 de março de 1920, quarta coluna).

Leolinda havia perdido um memorial que havia dirigido ao Congresso Pan-americano (Jornal do Brasil, 4 de junho de 1920, quinta coluna).

Foi com alunas da Escola Orsina da Fonseca saudar o novo prefeito do Rio de Janeiro, Carlos Sampaio (1861 – 1930) (Jornal do Brasil, 10 de junho de 1920, última coluna).

Leolinda apresentou um requerimento ao prefeito pedindo para ser nomeada despachante municipal (Gazeta de Notícias, 31 de julho de 1920, quarta coluna; O Paiz, 31 de julho de 1920, sexta coluna).

À frente de um grupo de feministas, Leolinda fez uma consulta acerca do conceito de cidadão a renomados juristas, dentre eles Clóvis Bevilacqua (1859 – 1944) e Rui Barbosa (1849 – 1923), (O Norte (PB), 10 de setembro de 1920, quarta colunaRevista Feminina, outubro de 1920).

A possível participação do Batalhão Feminino do Brasil sob o comando de Leolinda na recepção aos reis da Bélgicas que visitariam o Brasil, entre 19 de setembro e 15 de outubro de 1920, foi criticada (D. Quixote, 15 de setembro de 1920).

 

 

Publicação do artigo O voto às brasileiras, no qual Leolinda é citada (Revista Feminina, outubro de 1920).

Em nome do Partido Republicano Feminino, que ainda presidia, convidou a Rainha Elizabeth da Bélgica (1876 – 1965), em visita com seu marido o Rei Alberto I, ao Brasil, para um piquenique em Paquetá. Por falta de espaço na agenda, a soberana declinou do convite (Jornal do Brasil, 7 de outubro de 1920, terceira coluna).

Publicou o livro Da catequese dos índios do Brasil (notícias e documentos para a história). Leolinda justificou a publicação tardia de seus registros alegando que a idéia da educação laica dos indígenas fora recebida com indiferença e frieza e a tornara alvo de ridículo (Jornal do Brasil, 9 de dezembro de 1920, quinta colunaGazeta Suburbana, 25 de dezembro de 1920, primeira colunaVida Carioca, 6 de janeiro de 1921).

 

 

 

 

leolinda4

 

1921 – Publicação de um artigo exaltando a atuação de Leolinda e também sua conduta pessoal (Vida Carioca, 6 de janeiro de 1921).

 

 

Na edição de maio de A Informação Goyana, a vida de Leolinda foi exaltada.

 

 

Na coluna “Eleganpcias”, Leolinda revelou seus livros de cabeceira - Justiça e Assistência, de Ataulfo de Paiva (1867 – 1955); e o primeiro volume de versos de Alberto de Oliveira (1857 – 1937), cujo poema Borboleta Azul (Sonetos e Poemas, página 33), havia sido, segundo Leolinda, inspirado nela (D. Quixote, 1º de junho de 1921, segunda coluna). Na edição de junho da mesma revista, numa enquete realizada entre acadêmicos diante da discussão da entrada de mulheres na Academia Brasileira de LetrasRui Barbosa (1849 – 1923) declarou que seu voto seria pelo ingresso de Leolinda Daltro.

Foi entrevistada: em pauta o direito do voto feminino (Gazeta de Notícias, 4 de junho de 1921, terceira coluna).

 

 

Recebeu na Escola Orsina da Fonseca os intendentes argentinos que faziam parte do Conselho Deliberante de Buenos Aires, em visita ao Brasil (Jornal do Brasil, 14 de setembro de 1921, primeira coluna).

Na Escola Orsina da Fonseca, inauguração da Escola Noturna Dr. Nascimento Silva destinada ao combate ao analfabetismo (Jornal do Brasil, 17 de novembro de 1921, quinta coluna; Jornal do Brasil, 21 de setembro de 1922, quarta coluna).

1922 – O nome de Leolinda foi lembrado para ser uma das representantes do Brasil na I Conferência Pan-americana de Mulheres, que se realizaria, em Baltimore, nos Estados Unidos, entre os dias 20 a 23 de julho, patrocinado pela National League of Women Voters, uma divisão da National Woman Suffrage Association (NAWSA), associação norte-americana vinculada ao movimento abolicionista e sufragista, fundada em 1868, em Nova York.  A também feminista Bertha Lutz (1894 – 1976) foi a escolhida como a representante oficial do governo brasileiro (O Combate, 5 de janeiro de 1922, segunda coluna).

Em carta para o jornal A Noite negou que houvesse recebido uma quantia de dinheiro do Banco Nacional Brasileiro para patrocinar a campanha do senador Nilo Peçanha (1867 – 1924) à presidência do Brasil (Diário de Notícias, 19 de março de 1922, quarta colunaA Noite, 22 de março de 1922, última coluna).

Foi receber o marechal Hermes da Fonseca (1855 – 1923) no Palace Hotel. Ele havia sido preso no dia 2 de julho. Este foi um dos eventos que antecederam a Revolta do Forte de Copacabana. O marechal Hermes foi de novo preso e só foi solto, em janeiro de 1923 (O Imparcial, 4 de julho de 1922; O Combate5 de julho de 1922, primeira coluna).

A ideia da construção de um monumento em homenagem à Princesa Isabel foi do Partido Republicano Feminino, em dezembro de 1921. Leolinda pedia que fosse aberta uma subscrição popular para financiamento do monumento e colocava para venda durante a Exposiçao de 1922 exemplares de seu livro, Da catequese dos índios do Brasil, cuja renda reverteria para esta causa. Esteve presente ao lançamento da pedra fundamental do monumento, na Praça XV, em 28 de setembro de 1922, quando leu a ata inaugural (O Jornal, 14 de dezembro de 1921, quinta colunaJornal do Commercio, 29 de setembro de 1922, quinta colunaO Jornal, 29 de setembro de 1922, primeira colunaJornal do Brasil, 22 de outubro de 1922, sétima coluna).

1923 – Foi destinado pelo governo à Escola Orsina da Fonseca uma quantia para a reforma de seu mpbiliário, mas até o momento o dinheiro ainda não havia sido dosponibilizado. No artigo, destacam-se os esforços pessoais de Leolinda para manter a instituição (O Paiz, 13 de junho de 1923, última coluna).

Alunas se formaram em radiotelegrafia na Escola Orsina da Fonseca (Jornal do Brasil, 15 de novembro de 1923).

1924 – Em 15 de abril, falecimento de Áurea Daltro Cardoso de Gusmão, filha caçula de Leolinda (Jornal do Brasil, 17 de abril de 1924, quarta colunaJornal do Brasil, 22 de abril de 1924, última coluna).

1925 – Foi muito elogiada a exposição dos trabalhos das alunas da Escola Orsina da Fonseca, que Leolinda seguia dirigindo (Jornal do Brasil, 5 de agosto de 1925, primeira coluna).

Apoiava a chapa formada por Luis Gonçalves Nogueira e Fortunato Campos de Medeiros para o Conselho de Serventuários Municipais (O Brasil, 18 de outubro de 1925, segunda coluna).

Tendo à frente Leolinda, o Partido Republicano Feminino e a Escola Orsina da Fonseca estiveram presentes, com seus estandartes, ao desembarque, do engenheiro e ex-prefeito do Rio de Janeiro, Paulo de Frontin (1860 – 1933), no Rio de Janeiro (Annuario das Estações Sportivas: Derby Club, 1925).

1926 – Em um artigo sobre a história da luta pela emancipação feminina e pelo voto feminino no Brasil a liderança de Leolinda foi adjetivada de pitoresca (Frou-Frou, fevereiro de 1926).

Concorreu ao cargo de intendente do Rio de Janeiro (Gazeta de Notícias, 2 de março de 1926, segunda coluna).

Com a presença do prefeito Antônio da Silva Prado Júnior (1880 – 1955), foi inaugurado o Centro das Escoteiras da Redemptora, na Escola Orsina da Fonseca. Em seu discurso afirma ter sido a primeira escoteira do Brasil (Jornal do Brasil, 10 de agosto de 1926, primeira colunaO Paiz, 21 de novembro de 1926, quinta coluna; O Brasil, 24 de novembro de 1926, quarta colunaJornal do Brasil, 9 de abril de 1927).

 

 

1927 – A escritora Rachel Prado (1891 – 1943), em entrevista ao jornal Correio da Manhã, referiu-se a Leolinda como a pioneira no Brasil na luta pelo voto feminino, como a nossa Pankhurst, aludindo à famosa e fundamental sufragista britânica Emmeline Pankhurst (1858 – 1928) (Correio da Manhã, 6 de dezembro de 1927). No jornal A Manhã, de 30 de novembro de 1928, a escritora de novo exaltou a atuação de Leolinda como precursora do feminismo e referiu-se a um artigo escrito por Agrippino Nazareth em que ele também elogiava a veneranda educadora (A Manhã, 30 de novembro de 1928, quarta coluna).

Leolinda declarou em entrevista que o voto feminino era seu verdadeiro objetivo (Jornal do Brasil, 18 de dezembro de 1927).

 

 

“O preparo do terreno para a conquista de hoje foi feito por mim, à custa de muito humorismo grosseiro, de muita chacota, de muitas descomposturas! Houve uma época em que durante anos seguidos eu era figura obrigatória em carros carnavalescos, num ridículo medonho!”

Leolinda sobre o voto feminino no Jornal do Brasil, 18 de dezembro de 1927

1928 – O orçamento municipal destinou uma quantia para a aquisição de material para a Escola Orsina da Fonseca. Na época, o prefeito do Rio de Janeiro ainda era Antônio da Silva Prado Junior (1880 – 1955) (O Paiz, 14 de janeiro de 1928, quinta coluna).

1929 - Reivindicava para si a primeira iniciativa de estender o escotismo às mulheres (Diário Carioca, 27 de abril de 1929).

 

 

Leolinda foi homenageada na Escola Orsina da Fonseca, que ainda dirigia, pelas Escoteiras da Redemptora (Jornal do Brasil, 17 de julho de 1929, antepenúltima coluna).

1930 – Foi homenageada pelo Conselho Metropolitano de Escoteiros (Diário Carioca, 12 de julho de 1930, primeira coluna; Correio da Manhã, 17 de julho de 1930, penúltima coluna).

Leolinda é a protagonista do artigo A Pioneira do Feminismo (Diário Carioca, 18 de julho de 1930, última coluna).

No artigo Justiça Tardia, a escritora  Iveta Ribeiro (1886 – 1962) chama atenção para a importância da atuação de Leolinda ao longo de sua vida (Correio da Manhã, 20 de julho de 1930).

 

 

Leolinda foi homenageada na coluna “A esmo…”, escrita pela poetisa e jornalista Rosalina Coelho Lisboa (1900 – 1975) e também no artigo A professora Daltro, escrito pelo jornalista Benjamin Costallat (1897 – 1961) (A Pacotilha(MA), 18 de agosto de 1930, penúltima colunaA Pacotilha (MA), 2 de setembro de 1930, penúltima coluna).

Apoiou a Revolução de 30 (A Batalha, 1º de novembro de 1930, primeira coluna).

Sofreu um acidente de carro (Correio da Manhã, 12 de novembro de 1930, sétima coluna).

1931 – Com a presença de Leolinda, cujo trabalho foi considerado uma obra de esforço e abnegação, exposição de trabalhos realizados na Escola Orsina da Fonseca (Jornal do Brasil, 6 de março de 1931Jornal do Brasil, 3 de fevereiro de 1932).

Em entrevista, Leolinda contou porque se tornou feminista (A Batalha, 2 de abril de 1931).

 

Falecimento de seu filho, Alfredo Napoleão de Figueiredo (Diário de Noticias, 9 de maio de 1931, quinta coluna).

Publicação de uma carta da escritora Maria Lacerda de Moura (1887 – 1945) a também escritora Rachel Prado, onde comenta aspectos do II Congresso Internacional Feminista e a polêmica em torno de uma homenagem que Rachel queria fazer a Leolinda Daltro como pioneira do feminismo no Brasil que foi  como dito no artigo Phosphoros Femininos, escrito por Victoria Regia, abruptamente negada. Segundo o artigo, Daltro foi discriminada por ser pobre, idosa, viúva e por não ter a cultura das feministas da atualidade, que não tiraria o valor da luta inicial pelos direitos da mulher empreendida pela professora  (Diário Carioca, 7 de julho de 1931; Diário Carioca, 21 de julho de 1931, segunda coluna).

 

 

 

Algumas participantes do II Congresso Internacional Feminista foram fazer uma visita a Leolinda (Fon-Fon, 11 de julho de 1931).

1932 - Com a presença da primeira-dama Darcy Vargas (1895 – 1968), realização da exposição de trabalhos da Escola Orsina da Fonseca, quando Leolinda falou sobre a fundação do estabelecimento (Diário Carioca, 23 de janeiro de 1932).

Foi publicada uma fotografia de uma homenagem das Escoteiras da Redemptora ao príncipe dom Pedro de Orleans (1875-1940), em 1930 (Brasil Feminino, maio de 1932).

 

No dia do aniversário de Leolinda, 14 de julho, o Jornal do Brasil publicou um artigo em sua homenagem onde elencou os principais feitos dela, dentre eles a fundação da Escola Orsina da Fonseca e do Partido Republicano Feminino, iniciativa que relacionou à recente nomeação de duas mulheres, Bertha Lutz (1894 – 1976) e Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), para participar da elaboração do ante-projeto da nova Constituição. Foram também lembradas outras iniciativas de Leolinda como a criação da Escola de Enfermeiras e da Linha de Tiro Rosa da Fonseca (Jornal do Brasil, 14 de julho de 1932, sexta coluna).

Leolinda enviou a Benevenuto Berna (1865 – 1940), presidente do Centro Carioca uma carta confiando à instituição a tarefa de perseverar na campanha para erigir um monumento em homenagem à Princesa Isabel, uma iniciativa tomada por ela em dezembro de 1921. A pedra fundamental da estátua foi lançada em 1922, mas a obra não foi adiante. Alegou que seu estado de saúde precário e abatimento pela morte de seus filhos Áurea, em 1924, e Alfredo, em 1931, a impediam de prosseguir na luta por este ideal. Em artigo de 13 de maio de 1938, a escritora Rachel Prado (1891 – 1943) cobrava a construção da estátua (Jornal do Brasil, 23 de agosto de 1932, terceira colunaCorreio da Manhã, 14 de outbro de 1932, antepenúltima colunaCorreio da Manhã, 4 de novembro de 1932, primeira colunaJornal do Brasil, 13 de maio de 1938, terceira coluna).

Fazia parte de uma comissão da Aliança Nacional de Mulheres, dirigida por Natércia da Cunha Silbeira (1905 – 1993) e foi homenageada pela instituição (Jornal do Brasil, 31 de janeiro de 1932, quarta colunaJornal do Brasil, 31 de dezembro de 1932).

 

 

1933 – Uma comissão formada por alunas da Escola Orsina da Fonseca participou do cortejo fúnebre do ex-prefeito Paulo de Frontin (1860 – 1933), que sempre apoiou o referido colégio (Jornal do Brasil, 17 de fevereiro de 1933, quinta coluna).

Foi candidata pelo Partido Nacional do Trabalho para deputada constituinte, mas não se elegeu (A Noite, 1º de maio de 1933Revista da Semana, 20 de maio de 1933Jornal do Brasil, 31 de maio de 1933, penúltima coluna).

 

leolinda5

 

Leolinda sobre a conquista do voto feminino (Revista da Semana, 20 de maio de 1933):

 

 

 

1934 – Integrava a comissão fiscal da Aliança Nacional das Mulheres (Jornal do Commercio, 24 de janeiro de 1934, quinta coluna).

Deu um entrevista para o jornal A Noite, quando elencou a criação da Escola Orsina da Fonseca e a fundação do Partido Republicano Feminino como suas maiores realizações. Revelou que o PRF estava alistando mulheres para votar no Colégio Amazonas, na rua Barão de Mesquita, dirigido por sua filha, a professora Alcina de Figueiredo Siqueira Amazonas (A Noite3 de agosto de 1934).

 

 

 

No artigo Uma heroína, Floriano de Lemos (1885 – 1968) exaltou as iniciativas de Leolinda e os obstáculos que ela enfrentou por seu pioneirismo (Correio da Manhã, 27 de setembro de 1934, primeira coluna).

1935 - Em 30 de abril foi atropelada por um automóvel quando atravessava a Praça da República. Após ficar internada por alguns dias na Casa de Saúde Pedro Ernesto, onde teve sua perna amputada, faleceu em 4 de maio. Foi enterrada no Cemitério São João Batista. Seus filhos vivos eram, na ocasião, o advogado Oscar Daltro e o engenheiro Leobino Daltro e a professora Alcina Siqueira Amazonas.

 

 

leolinda23

 

 

A advogada e feminista Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993) manifestou-se no enterro de Leolinda, que fazia parte da comissão fiscal da Aliança Nacional de Mulheres, presidida por ela (Jornal do Brasil, 3 de maio de 1935, primeira colunaDiário Carioca, 4 de maio, quinta colunaJornal do Brasil, 4 de maio de 1935, quarta colunaA Nação, 5 de maio de 1935Correio da Manhã, 5 de maio de 1935, sexta colunaJornal do Commercio, 6 e 7 de maio de 1935, quarta colunaJornal do Brasil, 8 de maio de 1935, quarta colunaO Malho, 9 de maio de 1935Revista da Semana, 11 de maio de 1935Jornal do Brasil, 15 de maio de 1935, quarta coluna).

Seu epitáfio do cemitério São João Batista:

Leolinda Figueiredo Daltro

Mamãe – nosso ourinho

14/07/1859 04/05/1935

Precursora do verdadeiro feminismo pátrio

Propugnadora da nobilitação dos humildes e humanização dos selvícolas

 

Na Câmara dos Deputados no Rio de Janeiro foi aprovado um requerimento de pesar da deputada Carlota Pereira de Queirós (1892- 1982) pelo falecimento de Leolinda. A Assembleia Constituinte da Bahia inseriu em sua ata uma nota de pesar pelo falecimento da professora Daltro (Correio Paulistano, 7 de maio de 1935, quarta colunaA Noite, 18 de maio de 1935, terceira coluna).

Foi sucedida, na direção da Escola Orsina da Fonseca por sua filha, Alcina Amazonas (1874 – 1948), que foi sucedida por seu filho, Djalma Amazonas (A Noite, 6 de maio de 1937Jornal do Brasil, 9 de maio de 1939, quinta colunaJornal do Brasil, 30 de outubro de 1941, terceira colunaO Jornal, 24 de março de 1948, segunda coluna).

1936 – O Grêmio Literário Leolinda Daltro, promovia um festival dançante (Jornal do Brasil, 16 de agosto de 1936, última coluna).

Em seu artigo Mulheres na Academia, Modesto de Abreu (1901 – 1996) comentando acerca da polêmica sobre o ingresso de mulheres na Academia Brasileira de Letras, propõe a criação de uma Academia Feminina e cita Leolinda Daltro como um ótimo nome para ser patrona de uma de suas cadeiras (Jornal do Brasil, 30 de agosto de 1936, segunda coluna).

O então prefeito do Rio de Janeiro, Henrique Dodsworth (1895 – 1975), na comemoração dos 50 anos  da abolição da escravatura do Brasil, inaugurou um marco na Praça XV indicando o local onde uma estátua da Princesa Isabel seria erigida, uma iniciativa tomada por Leolinda em dezembro de 1921. Em artigo, no Correio da Manhã, de 13 de maio de 1938, a escritora Rachel Prado (1891 – 1943) cobrava a construção da estátua. No artigo Monumento à Princesa Isabel, assinado pela escritora Maria Eugênia Celso (1886 – 1963), publicado no mesmo jornal, em 20 de maio, Leolinda foi outra vez lembrada como a idealizadora do projeto  (Jornal do Brasil, 13 de maio de 1938, terceira colunaCorreio da Manhã, 13 de maio de 1938, quinta colunaCorreio da Manhã, 20 de maio de 1938, penúltima colunaJornal do Brasil, 28 de setembro de 1947, primeira coluna).

1943 – Era a patrona da cadeira 27 da recém criada Academia Feminina sob a presidência de Adalzira Bittencourt (1904 – 1976)(Revista da Semana, maio de 1943, segunda coluna).

1944 - Foi inaugurada na sede da Organização Jurídica, dirigida por seu filho Leobino Daltro, um retrato de Leolinda e um de Oscar Daltro, seu filho já falecido (Nação Brasileira, agosto de 1944, última coluna).

1951 – Publicação da história da Escola Orsina da Fonseca, 1ª Escola Técnico-Profissional da América do Sul (Jornal do Brasil, 11 de março de 1951, primeira coluna).

1956 – Publicação de um artigo sobre Leolinda Daltro (Jornal do Brasil18 de março, quarta coluna e 25 de março, quinta coluna, de 1956).

2003 - A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro aprovou a Resolução nº 233, que instituiu o Diploma Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro. A cada ano são escolhidas dez mulheres para receber a homenagem por seu destaque na vida pública e na defesa dos direitos femininos.

 

Assista aqui o vídeo Leolinda e a luta pelo voto feminino, por Mônica Karawejczyk, pesquisadora da Fundação Biblioteca Nacional.

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Centro de Memória do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte

CORRÊA, Marisa. Os índios do Brasil elegante e a professora Leolinda Daltro. São Paulo : Revista Brasileira de História, vol 9, nº 18, agos a setembro de 1989.

DALTRO, Leolinda. Da catequese dos índios no Brasil. Notícias e documentos para a História (1896-1911). Rio de Janeiro: Typografia da Escola Orsina da Fonseca, 1920.

DALTRO, Leolinda. O início do feminismo no Brasil. [recurso eletrônico] : subsídios para história / Leolinda Daltro ; introdução, notas e posfácio de Elaine Pereira Rocha. — Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2021. – (Coleção vozes femininas).

FGV CPDOC – Leolinda Daltro

FGV CPDOC – Partido Republicano Feminino

GIRAUDO, Laura. (2017). Homenagear os índios, defender o indigenismo: o “Dia do Índio” e o Instituto Indigenista Interamericano. Estudos Ibero-Americanos, 43(1), 81–96. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2017.1.24069

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

JARDILINO, José Rubens Lima. Educadora, Feminista, Indigenista: Leolinda Figueiredo Daltro, uma “Dama” da educação brasileira no final do século XIX. Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia. Revista Historia de la Educación Latinoamericana, vol. 18, núm. 26, pp. 7-11, 2016.

KARAWEJCZYK, Mônica. Os primórdios do movimento sufragista no Brasil: o feminismo “pátrio” de Leolinda Figueiredo Daltro. Estudos Ibero-Americanos, PUCRS, v. 40, n. 1, p. 64-84, jan.-jun. 2014

MARQUES, Teresa Cristina de Novaes. O voto feminino do Brasil. Brasília : Edições Câmara, 2019.

MELO, Hildete Pereira de; MARQUES, Teresa Cristina de Novaes. Partido Republicano Feminino. Rev. hist.edu.latinoam – Vol. 18 No. 26, enero – junio 2016 – ISSN: 0122-7238 – pp. 311 – 326.

Mulheres de Luta

Observatório do Terceiro Setor

PETSCHELIES, Erik. O Museu Paulista, Hermann von Ihering (1850-1930) e os ameríndios. São Paulo : Revista de Antropologia, nº 66, 2023.

Portal da BBC

Portal do Senado Federal

ROCHA, Elaine Pereira. Entre a pena e a espada: a trajetória de Leolinda Daltro (1859-1935)- patriotismo, indigenismo e feminismo. 2002. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

SANTOS, Paulete Cunha dos. Leolinda Daltro – a Oaci-zauré – relato de sua experiência de proposta laica de educação para os povos indígenas no Brasil central. Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia. Revista Historia de la Educación Latinoamericana, vol. 18, núm. 26, pp. 15-46, 2016.

SANTOS, Paulete Cunha dos. Leolinda Daltro – a caminhante do futuro: uma análise de sua trajetória de catequista a feminista (Rio de Janeiro/Goiás – 1896 – 1920). Tese de Doutorado. Universidade do Rio dos Sinos, São Leopoldo, Rio Grande do Sul, 2014.

SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Erico Vital (organizadores). Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Ed., 2000.

Site Instituto Histórico Geográfico Brasileiro

Site Memória da Administração Pública Brasileira – Arquivo Nacional

Site Memória Política do México

Site Povos Indígenas no Brasil

STAUFFER, David Hall. Origem e Fundação do Serviço de Proteção aos Índios (III). Revista de História, [S. l.], v. 21, n. 43, p. 165-183, 1960. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.1960.120126. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/120126. Acesso em: 24 fev. 2023.

 

Acesse aqui os outros artigos da Série “Feministas, graças a Deus!

Série “Feministas, graças a Deus!” I – Elvira Komel, a feminista mineira que passou como um meteoro, publicado em 25 de julho de 2020, de autoria da historiadora Maria Silvia Pereira Lavieri Gomes, do Instituto Moreira Salles, em parceria com Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” II  – Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), o jequitibá da floresta, publicado em 20 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” III  – Bertha Lutz e a campanha pelo voto feminino: Rio Grande do Norte, 1928, publicado em 29 de setembro de 2020, de autoria de Maria do Carmo Rainha, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” IV  – Uma sufragista na metrópole: Maria Prestia (? – 1988), publicado em 29 de outubro de 2020, de autoria de Claudia Heynemann, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” V – Feminista do Amazonas: Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), publicado em 26 de novembro de 2020, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, mestre em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” VI – Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972) fotografada por Louis Piereck (1880 – 1931), publicado em 9 de dezembro de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VII – Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), uma das pioneiras do feminismo no Brasil, publicado em 26 de fevereiro de 2021, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VIII – A engenheira e urbanista Carmen Portinho (1903 – 2001), publicado em 6 de abril de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” IX – Mariana Coelho (1857 – 1954), a “Beauvoir tupiniquim”, publicado em 15 de junho de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” X – Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), a eloquente primeira deputada da Bahia, publicado em 25 de março de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XI e série “1922 – Hoje, há 100 anos” VI – A fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, publicado em 9 de agosto de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XII e série “1922 – Hoje, há 100 anos” XI – A 1ª Conferência para o Progresso Feminino, publicado em 19 de dezembro de 2022, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, historiadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” XIII – E as mulheres conquistam o direito do voto no Brasil!, publicado em 24 de fevereiro de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XIV – No Dia Internacional da Mulher, Alzira Soriano, a primeira prefeita do Brasil e da América do Sul, publicado em 8 de março de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XVI – O I Salão Feminino de Arte, em 1931, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2023

Série “Feministas, graças a Deus!” XVII – Anna Amélia Carneiro de Mendonça e o Zeppelin, equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC, em parceira com Andrea C.T. Wanderley, publicado em 5 de janeiro de 2024

 

 

 

O Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, no Dia Mundial do Teatro

No Dia Mundial do Teatro, a Brasiliana Fotográfica traz para seus leitores registros da mais antiga casa de espetáculos do Rio de Janeiro, o Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes, antigo Largo do Rocio, onde floresceu uma dramaturgia genuinamente brasileira, liderada pelo ator João Caetano (1808 – 1863), que dá nome ao teatro desde 1923. As imagens foram produzidas, já no século XX, por Augusto Malta (1864 – 1957), pelo fotógrafo amador Guilherme Santos (1871 – 1966) e por fotógrafos ainda não identificados. Não confundir nem com o Teatro João Caetano, construído na ocasião da Exposição Nacional de 1908, nem com o Teatro João Caetano de Niterói.

Vários ícones da cultura brasileira já se apresentaram no palco do João Caetano, dentre eles, Chiquinha Gonzaga (1847-1935), Dercy Gonçalves (1907 – 2008), Dulcina de Moraes (1908 – 1996), Fernanda Montenegro (1929-), Fernanda Torres (1965-), Gal Costa (1945-), Grande Otelo (1915 – 1993), Maria Bethânia (1946-), Marco Nanini (1948-), Marilia Pera (1943- 2015), Paulo Autran (1922 – 2007), Paulo Gracindo (1911 – 1995) e Procópio Ferreira (1898 – 1979). Em seu palco também foram realizados shows históricos do Projeto Seis e Meia, idealizado por Albino Pinheiro (1934 – 1999), em 1976, além das séries de grandes musicais como Rua Azusa e Sassaricando.

As fotos realizadas por Guilherme Santos são estereoscopias. Ele era um entusiasta desta técnica fotográfica, tornando-se um de seus pioneiros no Brasil, ao adquirir, em 1905, na França, o Verascope, um sistema de integração entre câmera e visor, que permitia ver imagens em 3D, produzidas a partir de duas fotos quase iguais, porém tiradas de ângulos um pouco diferentes. Eram impressas em uma placa de vidro e reproduziam a sensação de profundidade de maneira bem próxima da visão real. Antes dele, entre os anos de 1855 e 1862, o “Photographo da Casa Imperial”, Revert Henrique Klumb (1826 – c. 1886), favorito da imperatriz Teresa Christina e professor de fotografia da princesa Isabel, havia realizado vários registros utilizando a técnica da estereoscopia. A Casa Leuzinger também produziu fotografias estereoscópicas.

 

 

Acessando o link para as fotografias do Teatro João Caetano disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a ela. 

 

O alagoano Augusto Malta (1864 – 1937) foi contratado, em 1903, pela Prefeitura do Rio de Janeiro como fotógrafo oficial, cargo criado para ele. Passou a documentar a radical mudança urbanística promovida pelo então prefeito da cidade, Francisco Pereira Passos (1836-1913), período que ficou conhecido como o “bota-abaixo”. Trabalhou na Prefeitura até 1936, quando se aposentou. Foi o mais importante cronista fotográfico do Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XX, autor de um importante legado iconográfico.

 

 

O Dia Mundial do Teatro foi  instituido, em 1961, pelo Instituto Internacional do Teatro, organização não-governamental fundada pela UNESCO e por profissionais da dança e do teatro, em 1948.

 

teatro

 

Um pouco da história do Teatro João Caetano

 

O  Teatro João Caetano foi inaugurado, em 12 outubro de 1813, por dom João VI, com o nome de Real Theatro de São João, com a peça lírica O Juramento dos Nunes, de autoria do escritor e dramaturgo português dom Gastão Fausto da Câmara Coutinho (1772 – 1852), com música do também português Bernardo José de Souza e Queiroz (1865 – 1837), compositor oficial do teatro (O Patriota, outubro de 1813Gazeta do Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 1814). Suas bases foram alicerçadas com pedras destinadas à construção da catedral do Rio de Janeiro. Para os supersticiosos, isso foi a causa dos diversos incêndios ocorridos ao longo da existência do teatro.

 

 

A construção do teatro foi determinada por um decreto, de 28 de maio de 1810, assinado por dom João VI (1767 – 1826):

“Fazendo-se absolutamente necessario nesta Capital que se erija um Theatro decente, e proporcionado á população, e ao maior gráo de elevação e grandeza em que hoje se acha pela minha residencia nella, e pela concurrencia de estrangeiros, e de outras pessoas que vêm das extensas Provincias de todos os meus Estados: fui servido encarregar ao doutro Pau’o Fernandes Vianna, do Meu Conselho e Intendente Geral da Polícia, do cuidado e diligencia de promover todos os meios para elle se erigir, e conservar sem dispendio das rendas publicas, e sem ser por meio de alguma nova contribuição que grave maios ou meus fieis vassallos, a quem antes desejo alliviar de todas ellas; e havendo-me propsoto o mesmo Intendente que grande parte dos Meus vassallos residentes nesta Còrte me haviam já feito conhecer que por ser esta obra do meu real agrado, e de notoria necessidade, se prestavam de boa vontade e dar-me mais uma prova de seu amor, e distincta fidelidade, concorrendo por meio de acções a fazer o fundo conveniente, principalmente si eu houvesse por bem de tomar o dito Theatro debaixo de minha protecção, e de permittir que com realação ao meu real nome se denominasse Real Theatro de S. João (…)”..

Foi edificado em um terreno adquirido por Fernando José de Almeida e o responsável pelo projeto, neoclássico, foi o engenheiro João Manuel da Silva. Sua fachada assemelhava-se a do Real Theatro de São Carlos, em Lisboa, de autoria de José da Costa e Silva (18? -1819), que teria vindo para o Rio de Janeiro, em 1812, e que, em agosto deste ano, havia sido empossado como Arquiteto Geral de todas as obras Reais no Brasil.

“O projeto arquitetônico com sua volumetria dominava a paisagem e enobrecendo o Largo do Rossio, obedecendo ao estilo da cena italiana, seguia hierarquicamente os espaços internos do edifício teatral, separando os limites entre o palco e a plateia, com sua forma aproximada de ferradura, apresentava a curvatura dos balcões em forma de “U” alongado, definindo os foyers, o proscênio e o fosso da orquestra. Seguindo o modelo de arquitetura teatral europeia, o teatro possuía um pórtico ao corpo frontal do edifício, para proteção dos espectadores que chegavam de carruagem. Um estilo de fachada próprio para um teatro de grande importância cultural e social…Havia um terraço, ou varanda na frente do edifício que serviu de palco para importantes pronunciamentos históricos.”.

José Dias em Teatros do Rio: do século XVIII ao século XX

 

Dom João VI era um assíduo frequentador do teatro assim como pessoas de destaque da sociedade carioca, o que tornou o Real Teatro de São João, além de centro da vida artística da capital, o ponto de encontro da vida política e social da cidade.

Cerca de um ano depois do casamento por procuração de dom Pedro I (1798 – 1834) com a arquiduquesa austríaca Leopoldina (1797 – 1926), realizado, em 13 de maio de 1817, o pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768- 1848), um dos cenógrafos do Real Theatro de São João, criou um cenário povoado de figuras mitológicas e alegóricas, para um baile, que aconteceu no teatro, em 18 de maio de 1818. Posteriormente, foi o autor do pano de boca inaugurado nas festas de coroação de d. Pedro I, em 1822.

 

 

 

Debret chegou ao Brasil, em 1816, integrando um grupo de artistas que ficou conhecido como Missão Artística Francesa, do qual faziam parte o arquiteto francês Grandjean de Montigny (1776 – 1850), o gravador suíço Charles Simon Pradier (1786 – 1947), entre outros, incluindo artesãos e o músico austríaco Sigismund von Neukomm (1778 – 1858), chefiados pelo intelectual e administrador francês Joachim Lebreton (1760 – 1819), que havia sido administrador das obras de arte do Museu do Louvre, em Paris, e secretário perpétuo da classe de Belas Artes do Institut de France. Foi demitido de suas funções, em 1815, devido a seu apoio a Napoleão (1769 – 1821) e também por seu discurso proferido no Institut contra o desmembramento das coleções do Louvre. Veio para o Brasil como exilado (Gazeta do Rio de Janeiro, 6 de abril de 1816, segunda coluna; Correio Official, 29 de dezembro de 1834, terceira coluna).

Em 1821, foi feita uma reforma, o teatro foi pintado interna e externamente, forrados os camarotes, de cujos parapeitos pendiam sanefas de veludo e ouro, festões de flores, bandeiras e troféus; foi estendido um tablado que, encobrindo os camarotes da primeira ordem, corria até o soalho do proscênio. Do teto pendia grande quantidade de lustres de cristal, iluminados com velas de cera (José Dias, 2012).

Alguns momentos importantes da história do Brasil aconteceram no teatro: a leitura, pelo futuro imperador D. Pedro I, do decreto de 24 de fevereiro de 1821, pelo qual D. João VI aprovava a Constituição elaborada pelas Cortes de Lisboa. Em 5 de junho do mesmo ano, também no teatro, reuniu-se a assembleia perante a qual D. Pedro jurou as bases da futura Constituição de Portugal. Ao retornar de São Paulo, em 15 de setembro de 1822, D. Pedro surgiu num dos camarotes do São João mostrando, no braço, uma faixa verde e amarela, onde estava escrito “Independência ou Morte”, sendo ovacionado pelo público e pela multidão que irrompeu a sala (José Dias, 2012).

O Real Theatro de São João sofreu seu primeiro incêndio ao final da representação do drama sacro Vida de Santo Hermenegildo, em 25 de março de 1824, data em que se comemorava o juramento da Constituição do Império do Brasil. Aconteceu pouco depois que dom Pedro I havia deixado o recinto. O fogo se espalhou e o prédio ficou reduzido a quatro paredes (Diário do Rio de Janeiro, 24 de março de 1824, primeira colunaAbelha do Itacolomy, 13 de abril de 1824Diário do Rio de Janeiro, 20 de abril de 1824, primeira coluna).

 

 

Seu proprietário, Fernando José de Almeida, já mencionado, conseguiu um empréstimo no Banco do Brasil, estabeleceu acionistas de camarotes e obteve a concessão de loterias. Durante as obras de reconstrução, foi preparado em um salão da frente, junto à varanda, o Theatrinho Constitucional, inaugurado em 1º de dezembro de 1824, para festejar a coroação e sagração de D. Pedro I. Tinha um pequeno palco, 24 camarotes e uma plateia para 150 pessoas. Na estreia, apresentação do Hino, composto pelo Imperador e tocado pela orquestra; de um discurso recitado pela atriz Estela Joaquina de Moraes e da ópera de Rossini, O engano feliz.
O teatro foi reedificado e reinaugurado com o nome de Imperial Theatro de São Pedro de Alcântara, com a ópera Tancredo, de Giochanino Rossini (1792 – 1868), em 22 de janeiro de 1826, data de aniversário da imperatriz dona Leopoldina (1797 – 1826) (O Spectador Brasileiro, 23 de janeiro de 1826, segunda coluna). Foi em seguida fechado para a conclusão da reforma e reaberto em 4 abril do mesmo ano, aniversário da princesa dona Maria da Glória (1819 – 1853) (O Spectador Brasileiro, 12 de abril de 1826, primeira coluna).

“O Imperial Theatro de São Pedro de Alcântara conservou todas as características do projeto anterior (Real Theatro de São João, 1813).”  “O teatro possuía 100 camarotes, distribuídos em quatro ordens, com capacidade para umas 300 pessoas, separadas por um gradil dourado da platéia que acomodava aproximadamente 600 espectadores. Ao centro ficava o camarote imperial, ornado com o brasão do império, com lindos trabalhos de talha dourada e guarnecido de cortinas de seda azul, bordadas a ouro (essa decoração deve ter sido substituída por verde e ouro, cores a que se refere Carlos Seidler). A iluminação era feita por 220 velas de cera, resguardadas em mangas de vidro. A não ser no camarote imperial, onde havia um grande lustre e várias arandelas, do teto não pendia nenhum candelabro para não prejudicar a visão. O edifício era bastante arejado, atendendo aos rigores do clima. À entrada havia um buffet.”

Teatros do Centro Histórico do Rio de Janeiro

 

O teatro ficou temporariamente fechado em 1831 e José Fernando de Almeida, filho do antigo proprietário, arrendou o teatro ao Banco do Brasil. Reabriu, no mesmo ano, em 3 de maio, com o nome de Theatro Constitucional Fluminense com a apresentação da peça Tolita ou O Império das Leis (Jornal do Commercio, 3 de junho de 1831, primeira coluna). Após o distúrbio ocorrido no teatro, em 28 de setembro de 1831, iniciado por uma briga entre o tenente brasileiro Antônio Caetano e o oficial português Paiva, do Estado-Maior do Exército, que tomou proporções maiores, deixando dois feridos e três mortos, o teatro foi novamento fechado (Distúrbios no Theatro Constitucional FluminenseJornal do Commercio, 1º de outubro de 1931, segunda coluna).

 

 

Foi reaberto em 02 de dezembro de 1831, com a representação do drama O aldeão magistrado, encenado por uma companhia constituida pelo arrendatário do teatro. Em 3 de maio de 1832, foi encenado no teatro o drama A reconciliação das duas tribos pelo poder da inocência (Correio Mercantil, 2 de maio de 1832, segunda coluna). João Caetano dos Santos (1808 – 1863), o mais importante ator brasileiro do século XIX, fazia parte do elenco.

 

Para liquidação total da dívida, o Banco do Brasil, em 1838, levou o imóvel à praça, sendo arrematado por Manuel Maria Bregaro e Joaquim Valério Tavares que formaram uma sociedade por ações, composta por quarenta acionistas, um dos quais, o ator João Caetano dos Santos.

A representação da tragédia Antônio José ou o Poeta e a Inquisição, de Gonçalves de Magalhães (1811-1882) , em 13 de março de 1838, no Teatro Constitucional Fluminense, é considerada fundamental para a definição individual do teatro brasileiro. O drama foi apresentado pela companhia de João Caetano, composta exclusivamente de atores brasileiros (Jornal do Commercio, 6 de março de 1838, primeira coluna).

Em outubro de 1838,  foi novamente fechado, dessa vez para uma reforma, quando foi construído o segundo andar, o teto foi pintado pelo artista Olivier e, o pano de boca, pintado por Manuel Araújo Porto Alegre (1806-1879), discípulo do já mencionado Grandjean de Montigny. Em 7 de setembro de 1839, foi reaberto com seu antigo nome: Theatro de São Pedro de Alcântara. Em cena, João Caetano na peça Olgiato, de J. G. de Magalhães (Diário do Rio de Janeiro, 3 de setembro de 1839, primeira coluna).

João Caetano tornou-se seu principal acionista, tomando a si a empresa do Teatro Constitucional Fluminense, em 1843.

O segundo incêndio no teatro aconteceu em 9 de agosto de 1851, após de uma representação de O cativo de Fez, de João Antônio da Costa.

“Ardeu o arquivo das companhias líricas e dramáticas, avaliado em mais de 12.000$; vestimentas, cenário, instrumentos de música, tudo o fogo devorou. Salvaram-se somente os livros do escritório, uma mesa com algum dinheiro e os móveis da sala de entrada do camarote particular do Imperador”

Henrique Marinho em O teatro brasileiro…(1904)

 

João Caetano, então diretor e empresário do teatro, decidiu reconstrui-lo e o Theatro São Pedro de Alcântara foi reinaugurado, com a presença de dom Pedro II (1825 – 1891) e da imperatriz Teresa Cristina (1822 – 1889), em 18 de agosto de 1852, com o espetáculo O Livro Negro, protagonizado por João Caetano. Os arquitetos Olivier e Hosxe participaram da reconstrução e o cenógrafo Joaquim Lopes de Barros Cabral foi o responsável pela pintura (Diário do Rio de Janeiro, 20 de agosto, terceira coluna; 21 de agosto, primeira coluna; e 25 de agosto de 1852, penúltima coluna). 

 

 

Em 26 de janeiro de 1856, outro incêndio, ocorrido após a apresentação do drama de Mendes Leal, D. Maria de Alencastro, em benefício da atriz Isabel Maria Nunes, que reduziu a cinzas todo aquele edificio (Correio Mercantil, 27 de janeiro de 1856, última coluna). Cerca de um ano depois, em 3 de janeiro de 1857, foi, com a presença do imperador Pedro II (1825 – 1891), mais uma vez reinaugurado, com o drama Affonso Pietro, protagonizado por João Caetano, e o vaudeville Ketly ou A volta à Suiça. A reforma foi comandada pelo ator José Romualdo de Noronha, que idealizou um teatro com todas as características das salas de espetáculos da Europa. Entretanto, as condições técnicas ainda e a acústica eram insatisfatórias.

 

caetano1

 

“O teatro com efeito corresponde à expectação de todos. Ornado com simplicidade e elegância, todo branco com flores de ouro, forrados os seus camarotes de papel azul e branco fabricados no país, apresenta algumas inovações muito bem entendidas. O fundo dos camarotes tem a forma circular aconselhada pelas leis da acústica; a quarta ordem apresenta um avarandado de muito bom gosto, a abóbada do forro em vez de começar na linha em que terminam os camarotes, começa na linha em que estes principiam, e assim erguendo- -se o forro, dá a essa quarta ordem uma elevação que perfeitamente contrasta com o acachapado das nossas torrinhas. Reduzindo a menores proporções a tribuna imperial, o construtor do teatro ganhou espaço para mais dois camarotes em cada ordem, ao mesmo tempo que estabelecendo a orquestra no vão por baixo do arco do proscênio deu mais extensão ao espaço destinado às cadeiras”.

Jornal do Commercio, 5 de janeiro de 1857

 

Mesmo com o falecimento de João Caetano, em 24 de agosto de 1963, o teatro continuou  a ser o mais frequentado da Corte.

Na década de 1880, apresentaram-se em seu palco duas das maiores atrizes do século XIX: a italiana Eleonora Duse (1858 – 1924), em 1885; e a francesa Sarah Bernhartd (1844 – 1923), em 1886, quando sua atuação em Fedra, de Jean Racine (1639 – 1699) arrebatou a plateia (Jornal do Commercio, 29 de junho de 1885, última colunaA Semana, 17 de julho de 1885Diario do Brazil, 7 de agosto de 1885, primeira coluna; Gazeta de Notícias, 3 de junho de 1886, última coluna).

Em 1885 foi feita realizada outra reforma desta vez por iniciativa dos diretores do Banco Industrial e Mercantil, que eram, na ocasião, proprietários do teatro. O projeto arquitetônico foi de Pedro Leonardo Lamberti. As condições de visibilidade e acústica foram melhoradas e a instalação da iluminção a gás foi supervisionada pelo próprio imperador Pedro II. A pintura das paredes se assemelhava à mármore e as cadeiras ficaram mais espaçosas. O pano de boca foi pintado pelo cenógrafo Rossi, baseado em uma ideia de Ângelo Agostini (1843 – 1910). Em 1888, foi novamente reformado.

Com a Proclamação da República, o teatro foi atingido pela crise econômica que afetou atividades artísticas. Passou a abrigar companhias circenses e de variedades.

Em 3 de maio de 1891, foi inaugurada numa praça que existia defronte ao edifício da antiga Academia Imperial de Belas-Artes, hoje Museu de Belas-Artes, uma estátua em tamanho natural de João Caetano como o protagonista da peça Oscar, filho de Ossion, de Antoine-Vincent Arnault (1766 – 1834), de autoria do escultor carioca Francisco Manuel Chaves Pinheiro (1822 – 1884) e fundida em Roma.

 

 

Por escritura pública datada de 14 de junho de 1898, passada no Cartório do Tabelião Evaristo, o Banco do Brasil, mais uma vez, passou a ser o proprietário do imóvel, por permuta feita com o Conde de Santa Marinha, Comendador Antônio Teixeira Rodrigues, e sua esposa.

Em 1916, a estátua de João Caetano foi transladada do Campo de Santana – onde estava desde 1909 – para a Praça Tiradentes, diante do Teatro de São Pedro de Alcântara (O Paiz, 3 de setembro de 1909, primeira colunaO Paiz, 20 de agosto de 1916, última colunaO Paiz, 6 de outubro de 1916, segunda coluna).

 

 

O Teatro de São Pedro de Alcântara foi remodelado, em dezembro de 1916. Custou mais de 300 contos ao Banco do Brasil e foi executada pelo engenhero Silveira da Mota com a firma construtora Andrade Lima & Cia. Os encarregados pela iluminação e pelos aparelhos elétricos, foi a firma F. R. Moreira & Cia e a decoração e o pano de boca foram realizados pelos irmãos Timóteo.

Por escritura lavrada em Notas do 18º Ofício, Cartório do Tabelião Álvaro Borgert Teixeira, no Livro n. 23, folhas 2, em 22 de dezembro de 1920, o teatro tornou-se propriedade da Prefeitura do Distrito Federal.

Finalmente, a partir de 24 de agosto de 1923, pelo Decreto nº 1891 do prefeito Alaor Prata (1882 – 1964), o teatro passou a chamar-se Teatro João Caetano, em homenagem ao ator, considerado o pai do teatro brasileiro (O Paiz, 25 de agosto de 1923, quarta colunaRevista da Semana, 1º de setembro de 1923, primeira coluna).

Durante a gestão do prefeito Antônio da Silva Prado Junior (1880 – 1955), em 15 de junho de 1928, realizava-se o último espetáculo do antigo teatro pela companhia Margarida Max, com a revista Rio nu, de autoria de Moreira Sampaio. Foi demolido, reconstruído e o prédio atual foi inaugurado em 28 de junho de 1930, com a opereta Rose Marie, com música de Rudolf Friml (1879 – 1972) e Herbert Stothart (1885 – 1949), e livro e letra de Otto Harbach (1873 – 1963) e Oscar Hammerstein II (1895 – 1960), apresentado por uma companhia francesa do Morgadu, com Jane Marney como estrela. Devido à apresentação, as músicas da opereta, já conhecidas, voltaram a fazer muito sucesso (O Imparcial, 29 de novembro de 1928O Paiz, 27 de junho de 1930; O Cruzeiro, 21 de junho de 1930; e O Malho, 19 de julho de 1930, coluna do meio). Foi essa obra que deu ao teatro a estrutura que mantém até os dias de hoje, sem o pórtico por onde passavam as carruagens (Correio da Manhã, 24 de junho e 20 de julho de 1930).

 

 

Houve uma acirrada polêmica entre o arquiteto francês Joseph Gire (1872 – 1933) que tinha um projeto de remodelar e modernizar o Teatro João Caetano, mantendo a estrutura original e o urbanista francês Alfred Agache (1875 – 1959), convidado, em 1927, para trabalhar em um projeto de remodelação urbana do Rio de Janeiro a convite de Prado Júnior. Agache venceu e viabilizou a proposta do projeto de Alejandro Baldassini, que demoliu o imóvel. Nos primeiros anos da década de 1930, Baldassini foi editor da revista Forma juntamente com o engenheiro teuto brasileiro Emilio Baumgart, calculista de suas principais obras.

O projeto e sua execução ficaram a cargo da empresa Gusmão, Dourado & Baldassini. Com uma fachada futurista e com sua volumetria purista, em um estilo bem moderno, o novo edifício, considerado um ícone art déco do Rio de Janeiro, não agradou a todos (Fon-Fon, 24 de maio de 1930O Malho, 7 de junho de 1930; O Jornal, 13 de julho de 1930, penúltima colunaO Cruzeiro, 9 de agosto de 1930; Jornal do Brasil, 21 de dezembro de 2008).

 

 

“Conquanto os principais teatros do mundo sejam considerados obras de arte do primeiro renascimento arquitetônico, o nosso é, no século atual, um monumento de época. Como construção, encarado sob o ponto de vista técnico, é a última palavra no arrojo a que tem chegado a engenharia moderna, utilizando-se do concreto armado, heterogêneo e monolítico. Assim, observa-se na estrutura óssea do novel edifício, como no indumento arquitetônico, a ausência absoluta de arcos. E as poucas vigas que se vêem apresentam originalidades de perfis. Os camarotes, balanceados em quase quatro metros, não são suportados por nenhuma coluna que embarace a vista nem vigas ou consolos, o que no campo da lógica dá  a pensar até onde chegaremos. A questão da acústica foi baseada nos métodos modernos análogos aos usados na construção do grande Salão de Música Pleyel, em Paris.”

 

 

Os painéis de temática musical, Samba e Carnaval, que foram pintados a óleo diretamente sobre a parede do foyer superior do Teatro João Caetano são de autoria do pintor Emiliano Di Cavalcanti (1897 – 1976). Foram projetados em 1929.

 

 

As datas 1931 e 1964 grafadas sob a assinatura do artista referem-se, respectivamente, ao ano da pintura e ao da intervenção feita pelo próprio artista. A obra é considerada o primeiro mural modernista brasileiro e foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro – Inepac -, em 27 de outubro de 1967.

 

dicavalcanti

 

dicavalcanti1

 

 

 

Nas décadas de 40 e 50, o João Caetano foi o palco de diversas revistas musicais e também de bailes de carnaval como os registrados nas matérias Dalva, a rainha – Baile do Rádio – Texto de Josué Guimarães e fotos de José Medeiros e Flávio Damm (O Cruzeiro, 17 de fevereiro de 1951); Paz e alegria no Baile das Atrizes – Texto de Arlindo Silva e fotos de João Martins, Flávio Damm e Jorge Audi (O Cruzeiro, 13 de março de 1954), Rainha do Rádio – Texto de Ary Vasconcelos e fotos de Jorge Audi, Mário de Moraes e José Medeiros (O Cruzeiro, 25 de fevereiro de 1956), Baile das Atrizes – Texto de Mário de Moraes e fotos de Walter Luiz, Antônio Ronek, José Medeiros, Jorge Audi e Hélio Passos (O Cruzeiro, 25 de fevereiro de 1956).

 

 

Na década de 1960, durante três anos, no governo de Carlos Lacerda (1914 – 1977), foi realizada uma reforma no teatro, cujo responsável pelas obras foi o engenheiro Stélio de Morais, diretor do Departamento de Prédios e Aparelhamentos Escolares. O projeto foi de Roberto Thompson Motta e a inspeção da execução ficaram a cargo de Celso Torreão Campos.

Sobre a reforma, João Bethencourt (1924 – 2006), então Diretor do Serviço de Teatro, comentou:

“…além da nova pintura geral, assoalhos, ladrilhos, espelhos, lustres etc., as 650 poltronas da plateia serão estofadas; as frisas e camarotes terão novo acabamento; o palco, os camarins e os sanitários serão totalmente remodelados; além do pano de boca e das passadeiras. Só o pano de boca, em veludo, custou 4 milhões de cruzeiros e as obras totais custarão cerca de 30 milhões. É sabido que uma das muitas deficiências do Teatro João Caetano sempre foi a acústica, considerada péssima por quantos ali têm atuado. Sobre tal problema dos mais importantes, disse-nos o diretor do Serviço de Teatros que, segundo a opinião do engenheiro Piragibe, técnico no assunto, além de Administrador Regional do Centro, as pequenas reformas e melhoramentos por que está passando o teatro serão suficientes para modificar completamente a acústica da casa. Se, porém, tal não se der, o problema será atacado futuramente, com novas verbas especiais para atendê-lo, pois se trata de dispositivo caríssimo”.

A Noite, 28 de janeiro de 1964

 

O João Caetano reabriu suas portas em 7 de setembro de 1965. Na programação: execução do Hino Nacional; concerto da Orquestra Sinfônica Brasileira, regida pelo maestro Eleazar de Carvalho (1912 – 1996), apresentando a Sétima Sinfonia de Beethoven; os Choros nº 10 de Villa-Lobos e um concerto de Schumann (1810 – 1856), com a pianista Guiomar Novaes (1894 -1979) (Jornal do Brasil, 8 de setembro de 1965, penúltima coluna).

Ainda nos anos 60, foram montados no João Caetano grandes musicais como, Hello Dolly! (1938), do escritor norte-americano Thornton Wilder (1897 – 1975), estrelado por Bibi Ferreira (1922 – 2019), que contracenou com o barítono Paulo Fortes (1923 – 1997) , em março de 1966. Também no elenco: Augusto César Vanucci (1934 – 1992), Lisia Demôro (19?- ?), Hilton Prado (1935 – 2021), Marly Tavares (1940-) e Milton Carneiro (1923 – 1999), entre outros (Jornal do Brasil, 2 de março de 1966, segunda coluna). Aliás, foi no Teatro João Caetano que Bibi esteve pela primeira vez em um palco: com apenas 24 dias de nascida entrou em cena no colo da mãe, a atriz espanhola Aida Izquierdo Ferreira (1903 – 1985).

De março de 1978 até março de 1979, passou por uma nova remodelação. Adolfo Bloch era o presidente da Fundação dos Teatros do Rio e Rafael Peres foi o responsável pelo projeto arquitetônico. Roberto Thompson Motta ficou ccom o projeto acústico e Fernando Pamplona ficou encarregado parte cênica, de iluminação e mecânica do palco. A  supervisão foi do engenheiro Carlos Lafayette.

 

 

O Teatro João Caetano foi reinaugurado com a comédia protagonizada por Paulo Gracindo (1911 – 1995), O Rei de Ramos, de Dias Gomes (1922 – 1999), em 11 de março de 1979 (Jornal do Brasil, 11 de março de 1979). A direção foi de Flavio Rangel (1934 – 1988) e a música de Chico Buarque de Holanda (1944-) e Francis Hime (1939-).

 

 

Nas décadas de 1970 e 80, o João Caetano teve seu nome associado a shows musicais. Em 1980, o teatro vinculou-se à Funarj – Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro ou Fundação de Artes do Estado do Rio de Janeiro.

Em julho de 1989, o forro do telhado no segundo balcão do Teatro João Caetano caiu sobre as cadeiras durante um show do cantor Belchior (1946 – 2017). A causa do desabamento foi a infiltração generalizada no telhado e a má conservação do prédio (Jornal do Brasil, 15 de julho de 1989, quinta coluna).

Em abril de 1992, o teatro entrou em uma nova reforma. Nesta ocasião, o painel Samba, pintado por Di Cavalcanti, foi restaurado (O Fluminense, 2 de abril de 1991, primeira coluna; Jornal do Commercio, 2 de abril de 1992, primeira coluna).

Em 22 de abril de 1994, foi inaugurado o Sótão do Teatro João Caetano com a encenação da peça Casa de Prostituição Anaïs Nin, de Francisco Azevedo, dirigido por Ticiana Studart (Jornal do Brasil, 18 de abril de 1994, quarta coluna). A sala, por não ter tido uma boa aceitação, deixou de funcionar. No ano seguinte, o João Caetano passou por outra reforma.

Em 2009, foram realizadas novas intervenções que incluíram a restauração dos dois painéis de Di Cavalcanti, tratamento cênico de Gringo Cardia (1957-) e reforma de foyers, plateia e balcões. Foram adquiridos um novo carpete e novas poltronas.

Para comemorar seus 200 anos, em outubro de 2013, houve apresentações gratuitas do balé , de Deborah Colker. A Orquestra Sinfônica, o Coro e Orquestra de Música Popular da Escola de Música Villa-Lobos, além do grupo Chorando Baixinho e da Banda Sinfônica do Corpo de Bombeiros, participaram da programação do aniversário realizada no Largo Albino Pinheiro, ao lado do teatro. Houve também um evento fechado para convidados, no dia 12 de outubro, quando foi lançada uma medalha comemorativa pela Casa da Moeda e realizada uma homenagem ao ator Rogério Fróes (1934-), representando a classe artística. No foyer do teatro, realização de uma exposição com peças raras da história do João Caetano como programas do século XIX e a ata de reinauguração do teatro, em 1930, com as assinaturas do presidente Washington Luís (1869 – 1957) e do prefeito do Distrito Federal, Prado Junior (1880 – 1955).

 

 

Em 2022, os dois painéis, Samba e Carnaval, de Di Cavalcanti, foram restaurados por uma equipe de técnicos, alguns que haviam participado do restauro o mural Guerra e Paz, de Cândido Portinari (1903 – 1962), na sede da ONU. A equipe foi liderada pelo professor Edson Motta Júnior, da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (O GLOBO, 16 de julho de 2022).

 

joaocaetano

 

O Teatro João Caetano da Exposição de 1908

 

Em 1908, por ocasião da Exposição Nacional Comemorativa do 1º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil, no Rio de Janeiro, o então Teatro Constitucional ergueu, no local do evento, um pavilhão temporário para apresentar peças e concertos para o público. Vários espetáculos foram montados num espaço confortável, batizado de Teatro João Caetano, organizado em platéia, galeria e camarotes.

 

 

A exposição foi inaugurada, em 11 de agosto de 1908, na região da Urca, no Rio de Janeiro, em comemoração ao centenário da Abertura dos Portos às Nações Amigas, decretada em 28 de janeiro de 1808, pelo então príncipe regente de Portugal, dom João de Bragança, futuro dom João VI (1767 – 1926)(O Paiz, 11 de agosto de 1908). A exposição exibiu um “inventário” do Brasil através de seus produtos industriais, agrícolas, pastoris e artísticos. Promovida pelo governo federal, apresentou a cidade do Rio de Janeiro, recém urbanizada e saneada pelo então prefeito Francisco Pereira Passos (1936 – 1913) e pelo cientista Oswaldo Cruz (1872 – 1917), respectivamente. O evento foi encerrado em 15 de novembro de 1908 (O Paiz, 16 de novembro de 1908, sexta coluna).

 

 

Com projeto de Francisco Isidro Monteiro, o Teatro João Caetano da Exposição de 1908 foi construído em madeira revestida de estuque ocupando uma área de 870 m² com capacidade para 800 espectadores. A decoração interna em tons de verde e com capitéis dourados foi realizada pelo caricaturista Raul Pederneiras (1874 – 1953) e equipe.

Foi inaugurado, em 12 de agosto de 1908, no dia seguinte à abertura da Exposição Nacional, com a apresentação das peças O Noviço, de Martins Penna (1815 – 1848); e Não consultes médico, de Machado de Assis (1839 – 1908) (O Paiz, 13 de agosto de 1908, terceira coluna). Nos meses da exposição, foram apresentadas diversas peças, dentre elas Vida e morte, de Artur Azevedo (1855 – 1908); e Romance de uma moça rica, de Pinheiro Guimarães (1832 – 1877) (Revista da Semana, 27 de setembo de 1908).

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Arquivo Nacional e a história luso-brasileira

CABOT, Roberto. Joseph Gire: a construção do Rio de Janeiro moderno/RobertoCabot, – 1. ed – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014.

COSTA, Carla. Série “O Rio de Janeiro desaparecido” II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos in Brasiliana Fotográfica, 5 de abril de 2018.

DIAS, José da Silva Dias. Teatros do Rio: do século XVIII ao século XX. Fundação Nacional de Artes, FUNARTE, 2012, p. 87.

Edarc – Arquivo Nacional

Entretextos

Facebook – Museu da Música Mariana

GOUVEIA, Viviane. Vida artística no período joanino in O Arquivo Nacional e a História Luso Brasileira, agosto 2018.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

LISBOA  JUNIOR, Luiz Américo. Teatro português no Brasil: do Império à Primeira República. Tese orientada pelo Prof. Doutor Jose Damião Rodrigues, especialmente elaborada para a obtenção do grau de Mestre em História. Especialidade em História e Cultura do Brasil. Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2020.

MARINHO, Henrique. O teatro brasileiro… Rio de Janeiro: H. Garnier, 1904.

GLOBO, 5 de outubro de 2013 – João Caetano, uma história em cena há 200 anos, por Nani Rubin 

PAIXÃO, Mucio da. O teatro no Brasil. Editora Brasília Rio. Rio de Janeiro, 1936.

PRADO, Décio de Almeida. João Caetano: o ator, o empresário, o repertório. São Paulo : Perspectiva, Ed. da Universidade de São Paulo, 1972.

Site As Histórias dos Monumentos do Rio

Site Bolsa de Arte – Paralelo

Site Elenco Brasileiro

Site Funarj

Site Inepac

Site Jusbrasil

Site Paulo Fortes

Site Rio Memórias

Site SP Escola de Teatro

Site Teatros do Centro Histórico do Rio de Janeiro

Site World Theatre Day

Veja Rio, 26 de outubro de 2022

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica sobre teatros e cinemas

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXpublicado em 26 de fevereiro de 2016.

Os teatros do Brasil, publicado em 21 de março de 2016

A inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, publicado em 14 de julho de 2017

Cinema no Brasil – a primeira sessão e um pouco da história do Cinema Odeon, publicado em 8 de julho de 2021

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XII – O Teatro Lírico (Theatro Lyrico), publicado em 16 de setembro de 2021

O Theatro de Santa Isabel, publicado em 28 de outubro de 2021

O Teatro Amazonas (Theatro Amazonas), em Manaus, a “Paris dos Trópicos”, publicado em 28 de dezembro de 2021

Dia do Cinema Brasileiro, publicado em 19 de junho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado em 5 de setembro de 2023

O Theatro da Paz, em Belém do Pará, inaugurado em 15 de fevereiro de 1878, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado em 15 de fevereiro de 2024

Série “Feministas, graças a Deus!” XIII – E as mulheres conquistam o direito do voto no Brasil!

Com a publicação do 13º artigo da Série Feministas, graças a Deus!, a Brasiliana Fotográfica celebra a conquista do voto feminino no Brasil, a partir do Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, que instituiu o Código Eleitoral Provisório, assinado pelo presidente Getulio Vargas (1882 – 1954), reconhecendo o direito de voto das mulheres.

 

“Art. 2º É eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na forma deste código”.

Decreto nº 21.076, 24 de fevereiro de 1932

 

A Constituição promulgada em 16 de julho de 1934 aprovou a igualdade de direitos políticos entre homens e mulheres, desde que maiores de 18 anos e alfabetizados:

 

Art. 108. São eleitores os brasileiros de um e de outro sexo, maiores de 18 anos, que se alistarem na forma da lei.

Parágrafo único. Não se podem alistar eleitores:

a) os que não saibam ler e escrever;

b) os praças-de-pré, salvo os sargentos, do Exército e da Armada e das forças auxiliares do Exército, bem como os alunos das escolas militares de ensino superior e os aspirantes a oficial;

c) os mendigos;

d) os que estiverem, temporária ou definitivamente, privados dos direitos políticos. 

Art. 109. O alistamento e o voto são obrigatórios para os homens e para as mulheres, quando estas exerçam função pública remunerada, sob as sanções e salvas as exceções que a lei determinar.

 

Era a vitória de décadas de mobilização em favor do sufrágio feminino no Brasil.

 

 

No artigo de hoje, estão destacadas as imagens do acervo fotográfico do portal relativas às feministas e a suas pautas – os registros são do acervo do Arquivo Nacional, uma de nossas instituições parceiras, e seus autores foram J. Bonfioti, a Photo Skarke, a Fotografia Alemã, Louis Piereck (1880 – 1931), o Serviço Photographico de Vida Doméstica, além de fotógrafos ainda não identificados. Também publicamos breves perfis de sufragistas brasileiras importantes na luta pelo voto feminino.

 

Acessando o link para as imagens relativas ao feminismo disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

A trajetória da conquista do voto feminino no Brasil, um marco fundamental na história da democratização do país, começou ainda no século XIX e tornou-se o principal tema do feminismo nas primeiras décadas do século XX, quando a feminista Bertha Lutz (1894 – 1976), fundadora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, foi uma das mais importantes vozes na luta pela emancipação feminina, que também teve outras defensoras dedicadas e aguerridas.

 

Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810 – 1885), 

 precursora dos ideais de igualdade e independência da mulher brasileira

 

 

“Nísia Floresta surgiu – repita-se–como uma exceção escandalosa. Verdadeira machona entre as sinhazinhas dengosas do meado do século XIX. No meio de homens a dominarem sozinhos todas as atividades extra domésticas, as próprias baronesas e viscondessas mal sabendo escrever, as senhoras mais finas soletrando apenas livros devotos e novelas que eram quase histórias do Trancoso. causa pasmo ver uma figura como a de Nísia”.

Gilberto Freyre, Sobrados e Mocambos (1936)

 

Ainda no Brasil Império, a escritora e educadora potiguar Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810 – 1885), pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, foi a primeira mulher brasileira a defender o direito à educação científica para as meninas. A explicação do pseudônimo que criou para ela é a seguinte: “Nísia”, uma referência ao seu nome de batismo; depois, ao sítio Floresta onde nasceu; em seguida, ao seu país; e, finalmente, a Augusto, o nome do marido de quem ficou viúva. 

Nasceu, em 12 de outubro de 1810, em Papari, no Rio Grande do Norte, onde casou-se com Manuel Alexandre Seabra de Melo. Tinha apenas 13 anos, mas ainda no primeiro ano do casamento voltou para a casa dos pais, o advogado português Dionísio Gonçalves Pinto (17? – 1828) e a brasileira Antônia Clara Freire (17? – 1855). Seus irmãos eram Clara e Joaquim. Mudou-se com a família para  Pernambuco, onde morou em Goiana, Recife e Olinda. 

Em 1828, seu pai foi assassinado (Diário de Pernambuco, 22 de setembro de 1830, segunda coluna). No mesmo ano, Nísia passou a viver com Manoel Augusto de Faria Rocha, estudante de Direito da Faculdade de Olinda, natural de Goiana (Diário de Pernambuco, 16 de abril de 1829, segunda coluna), com quem teve três filhos na década de 1830: Lívia (1930-?), um filho, que viveu poucos meses (1831 – 1831 ou 1832); e Augusto Américo (1933-?). Era acusada de adúltera pelo ex-marido. 

Iniciou sua carreira literária, em 1931, publicando, com o pseudônimo de Brasileira Livre, artigos sobre a condição feminina no jornal pernambucano Espelho das Brasileiras, que pertencia ao francês Adolphe Emile de Bois Garin (Espelho das Brasileiras, 13 de maio de 1931). A defesa dos direitos das mulheres e dos indígenas no Brasil, e a crítica à escravidão foram temas recorrentes em sua produção literária.

 

“Esta foi, com certeza, uma das primeiras mulheres no Brasil a romper os limites do espaço privado e a publicar textos na grande imprensa, pois, desde 1830, seu nome era uma presença constante em periódicos nacionais, comentando questões polêmicas, como o direito das mulheres – e, também, dos índios e dos escravos – a uma vida digna e respeitável. Aliás, nesse gosto pela polêmica e no fato de viver sempre à frente de seu tempo, estariam, a nosso ver, também, traços de modernidade da autora”.

 Constância Lima Duarte sobre Nísia em Feminismo e literatura no Brasil (2003)

 

Em 1832, publicou, no Recife, o livro Direito das Mulheres e a Injustiça dos Homens, primeiro texto de uma brasileira a falar em direitos das mulheres. Existe uma polêmica em torno da autoria deste livro: alguns pesquisadores consideram o livro como uma tradução livre de A Vindication of the Rights of Woman, de Mary Wollstonecraft (1759-1797), e outros como a tradução de Woman not Inferior to Man, de Mary Wortley (1689-1762), que teria sido infuenciada pelo livro De l´egalité des deux sexes, de François Poullain de La Barre, publicado em 1673

 

nisia8

 

Em novembro de 1832, foi para o Rio Grande do Sul, com Lívia, sua filha; sua mãe viúva e com seu companheiro, Manoel Augusto, que, em agosto de 1833, poucos meses após o nascimento de Augusto Américo, em janeiro de 1833, faleceu. Manoel Augusto havia ocupado o cargo de juiz municipal de São Pedro do Rio Grande do Sul (Correio Official, 25 de outubro de 1833, primeira coluna). Ainda em 1833, Nísia publicou a segunda edição de Direito das Mulheres e a Injustiça dos Homens, em Porto Alegre, pela Typographia de V. F. Andrade. Escreveu para alguns jornais de Porto Alegre, dentre eles o Belano, que circulou entre 1832 e 1833. Entre 1834 e 1837, manteve uma escola. Segundo o professor Luis Carlos Freire, professor de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e um dos maiores pesquisadores de Nísia, provavelmente ela ensinava em casa, como era costume na época. 

Em 1837, foi para o Rio de Janeiro. Provavelmente, a tensão causada pela Guerra dos Farrapos contribuiu para essa mudança. Em 1838, fundou o Colégio Augusto, para meninas, que dirigiu com algumas interrupções até 1856. Posteriormente, o colégio, que existiu até 1894, foi dirigido por seu filho (Jornal do Commercio, 31 de janeiro de 1838, segunda coluna). Nísia tinha uma proposta de educação inclusiva para meninos e meninas, tanto na esfera pública, quanto na privada, e era influenciada pelo pensamento positivista do francês Auguste Comte (1798 – 1857), de quem era amiga. Em 1839, foi publicada, já no Rio de Janeiro, a terceira edição de Direito das Mulheres e a Injustiça dos Homens, pela Casa do Livro Azul.

 

 

 

Por ensinar Caligrafia, Dança, Desenho e Costura, Francês, Geografia, História, Inglês, Italiano, Latim, Matemática, Música, Português, Piano e Religião a suas alunas e não a fazer vestidos e camisas foi criticada (O Mercantil (MG), 17 de janeiro de 1947, primeira coluna).

 

 

Publicou, em 1847, três obras de caráter pedagógico: Fany ou o modelo das donzelasDiscurso que às suas educandas dirigiu Nísia Floresta Brasileira Augusta, um breve texto de seis páginas; e Daciz ou a jovem completa. 

Em 2 de novembro de 1849, acompanhada dos dois filhos, Nísia viajou pela primeira vez à Europa. Embarcaram, rumo a Havre, na galera francesa Ville de Paris. Ficou em Paris e em Lisboa, retornando ao Brasil em 1852 (Diário do Rio de Janeiro, 3 de novembro de 1849, última coluna). Nesse período, ela frequentou as conferências de Auguste Comte sobre História Geral da Humanidade no Palais Cardinal, em Paris. 

Em 1853, lançou o Opúsculo Humanitário, que dedicou a seu irmão, Joaquim Pinto Brasil. Nele a autora nos conta a história do papel das mulheres nas sociedades ocidentais, dando exemplos e refletindo sobre a condição feminina. Antes da primeira impressão reunida, parte dos textos foi publicada nos jornais Diário do Rio de Janeiro, sob  pseudônimo B.A.

“Dê-se ao sexo uma educação religiosamente moral, desvie-se dele todos os perniciosos exemplos que tendem a corromper-lhe, desde a infância, o espírito, em vez de formá-lo á virtude, adornem-lhe a inteligência de úteis conhecimentos, e a mulher será não somente o que ela deve ser — o modelo de família — mas ainda saberá conservar dignidade, em qualquer posição que porventura a sorte a colocar.”

Nísia Floresta em O Opúsculo Humanitário, 1853

 

Trabalhou como voluntária no combate a uma epidemia de cólera no Rio de Janeiro, em 1855 (Correio Mercantil, 4 de outubro de 1955, segunda coluna). Também entre este ano e 1856 publicou alguns artigos no Brasil Illustrado: Passeio ao Aqueduto Carioca, Páginas de Uma Vida Obscura, Um Improviso, na manhã de 1º do corrente, ao distinto literato e grande porta Antônio Castilho e O pranto Filial.

O último registro do Almanak Laemmert de Nísia como diretora do Colégio Augusto é de 1855 (Almanak Laemmert, 1855). Em 10 de abril de 1856, Nísia viajou no paquete a vapor Cadix com sua filha para a Europa, onde permaneceu até 1871.  Em 1872, um retrato e um pequeno perfil dela foi publicado no jornal ilustrado brasileiro publicado em Nova York, O Novo Mundo, fundado por José Carlos Rodrigues (Diário do Rio de Janeiro, 10 de abril de 1856, quarta colunaO Novo Mundo, 23 de maio de 1872)

 

 

Entre 1872 e 1875, Nísia esteve no Brasil. Retornou à Europa em 24 de março de 1875, rumo à Inglaterra, onde encontrou sua filha. Passaram um tempo em Londres e em Lisboa (Jornal do Commercio, 24 de março de 1875, terceira coluna). Em 1878, já morando na França, publicou seu último trabalho, Fragments d’un ouvrage inédit: Notes biographiques. Entre idas e vindas, Nísia morou na França e na Itália, visitando a Alemanha, Bélgica, Grécia, Inglaterra e Suíça. Enviava artigos para publicação em jornais cariocas (Correio do Brazil, 7 de janeiro de 1872, quinta coluna; Diário de S. Paulo, 11 de dezembro de 1875, última colunaA Reforma, 31 de dezembro de 1875, última coluna). 

Faleceu em 24 de abril de 1885, em Rouen, na França, de pneumonia. Foi enterrada no cemitério de Bonsecours (Jornal do Commercio, 26 de maio de 1885, quinta colunaNovo e Completo Indice Chronologico da Historia do Brasil (RJ) – 1842 a 1889, 1885; Jornal do Commercio, 31 de maio de 1885, quinta coluna).

 

 

 

Sua cidade natal, Papari, foi rebatizada com a aprovação da Lei n° 146, de 23 de dezembro de 1948, como Nísia Floresta. Em 1954, o Estado do Rio Grande do Norte repatriou seus restos mortais para a cidade (O Poti (RN), 22 de agosto de 1954).

 

 

A quarta edição do livro Direito das Mulheres e a Injustiça dos Homens saiu apenas em 1989, pela Cortez, com introdução posfácio de Constância Lima Duarte. Em 2012, foi inaugurado o Museu Nísia Floresta, em sua cidade natal.

Alguns de seus livros que não foram mencionados ao longo deste artigo são Conselhos a minha filha (1842), Lágrimas de um Caeté (1849) Itinerário de uma viagem à Alemanha (1857), Três anos na Itália, seguidos de uma viagem à Grécia (vol 1, em 1864, e vl 2, em 1872); e Cintilações de uma Alma Brasileira (1859). Publicou, ao todo, 15 livros.

 

 Izabel de Souza Matos ou Izabel de Mattos Dillon (1861 – 1920)

 

 

A sufragista Izabel de Souza Matos ou Izabel de Mattos Dillon (1861 – 1920) nasceu na Bahia, em 20 de janeiro de 1861 e concluiu o  curso de Cirurgia Dentária e Prótese pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em maio de 1883 (Gazeta de Notícias, 1º de maio de 1883, sexta coluna). Exerceu a profissão de cirurgiã dentista na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, e participou de atividades abolicionistas no Rio Grande (Diário do Brazil, 21 de fevereiro de 1884, última colunaA Federação, 4 de dezembro de 1884, última coluna). Casou-se, em fevereiro de 1885, com o também cirurgião-dentista Thomas Cantrell Dillon (1861 – 1933), futuro cônsul da Grã-Bretanha no Rio Grande do Sul (Almanak Laemmert, 1926). 

 

 

Em 1886, quando ainda residia no Rio Grande do Sul, exigiu na Justiça o registro de eleitora, garantido pela Lei Saraiva a todos os brasileiros com título científico. Porém, José Vieira da Cunha, juiz municipal de Rio Grande, negou o pedido (Correio Paulistano, 21 de dezembro de 1886, terceira coluna). Segundo ela, posteriormente teve o título concedido e votou no candidato republicano Julio Mendonça Moreira (1853 -?), em São José do Norte, no Rio Grande do Sul. Ele havia sido promotor na comarca de Rio Grande e não foi eleito na ocasião – foi eleito deputado estadual de 1891 a 1895. O fato foi citado por Izabel em um artigo publicado no jornal A Rua, de 20 de janeiro de 1917; e também pelo deputado Mauricio de Lacerda (1888 – 1959), este último na sessão da Câmara de 22 de dezembro de 1916 e algumas outras vezes na imprensa (Diário Carioca, 18 de setembro de 1928, terceira coluna). Terá sido então Izabel Dillon, na verdade, a primeira eleitora do Brasil, ainda no século XIX?

 

 

Em 1888, anunciou que abriria um consultório de dentista no Rio de Janeiro, onde foi colaboradora das revistas O Corymbo e  A Família (A Verdade, 29 de novembro de 1888, segunda coluna).

Em 1890, Izabel solicitou a transferência de seu título de eleitor para o Rio de Janeiro, onde voltara a residir, mas José Cesário de Faria Alvim (1839 – 1903), ministro do Interior, julgou improcedente seu pleito e assim como o de outras mulheres (A Ordem (MG), 2 de abril de 1890, última coluna).

 

 

Ainda em 1890, Izabel concorreu a deputada pela Bahia, mas não se elegeu ( Gazeta de Notícias, 25 de agosto de 1890, terceira colunaPequeno Jornal (BA), 17 de setembro de 1890, segunda colunaA Família, 18 de setembro de 1890, última colunaA Lanterna, 22 de dezembro de 1916, segunda coluna; A Rua, 20 de janeiro de 1917).

 

 

 

Era opositora de Floriano Peixoto (1839 – 1895), participou da Revolta da Armada e foi presa (A Rua, 20 de janeiro de 1917). Foi membro do Centro do Partido Operário, criado em 1890 por José Augusto Vinhais (1858 – 1941); e do Partido Republicano Feminino, fundado em 1910, por Leolinda Daltro (1859 – 1935).

 

 

Em 1913, sua única filha, Niobe Elisabeth Gonçalves (1893 – 1913) morreu, grávida de seu quarto filho com o cirurgião-dentista Basílio Gonçalves, seu marido. Houve uma investigação policial por suspeitas de aborto autoinduzido por medicamentos ingeridos por Niobe e também de imperícia médica. O caso repercutiu na imprensa do Rio de Janeiro e ficou conhecido como o Caso da Rua Paraná (O Século, 11 de fevereiro de 1913, quarta colunaCorreio da Manhã, 12 de fevereiro de 1913, quinta colunaO Paiz, 25 de janeiro de 1913, quinta coluna). 

 

 

Izabel faleceu em 19 de junho de 1920 e foi enterrada como indigente no Cemitério de Inhaúma, no Rio de Janeiro. A educadora Mariana Coelho (1857 – 1854) mencionou tanto Nísia Floresta como Izabel Dillon em seu artigo O feminismo no Brasil, publicado no Correio da Manhã, 3 de janeiro de 1937.

 

Josephina Alvares de Azevedo (1851 – 1913),  fundadora do jornal A Família

 

 

josefina2

 

“O fundamento universal de todos os que opinam contra a nossa emancipação é esse — que a mulher não tem capacidade política. Porque? perguntamos nós, e a essa pergunta não nos dão resposta cabal. Em geral, os casos de incapacidade politica são estes — menoridade, demência, inhabilitações, restriccão de liberdade por pena cominada, etc. etc. A esses addusem os legisladores a «diferença de sexo». Mas em que essa diferença pode constituir razão de incapacidade eleitoral? A mulher educada, instruída, em perfeito uso de suas faculdades mentaes, exercendo com critério as suas funcções na sociedade, é uma personalidade equilibrada, apta para discernir e competente para escolher entre duas idéas aquella que melhor convém. Não pude por conseguinte estar em pé de igualdade com os dementes, com os menores, com os imbecis. Assim sendo, é absurdo o principio de sua incapacidade electiva.” 

Josephina Alvares de Azevedo

A Família, 21 de dezembro de 1889

 

Também no século XIX, destacou-se na luta pela emancipação feminina a jornalista e literata pernambucana Josephina Alvares de Azevedo (1851 – 1913), nascida em 5 de maio de 1851, no Recife. Existem até hoje várias lacunas e dúvidas em relação a sua vida pessoal. O local e a data de seu nascimento – pode ter sido Paraíba, Recife, em Pernambuco, ou Itaboraí, no Rio de Janeiro – assim como seu grau de parentesco com o do poeta Manoel Antônio Alvares de Azevedo (1831-1852), ainda são incertos. De acordo com Augusto Victorino Blake, autor do Dicionário Bibliográfico Brasileiro, ela seria filha de Ignácio Manoel Alvares de Azevedo (?-1873) e, portanto, irmã, pelo lado paterno, do referido poeta. Porém em um artigo em A Família, de 23 de fevereiro de 1889, Josephina se refere ao poeta como primo. Sua mãe era Amália Alvares de Azevedo Cunha (? – 1896) e, sua avó materna, Emília Amália de Azevedo Coutinho (? – 1892) (Gazeta de Notícias, 29 de fevereiro de 1892, penúltima colunaO Paiz, 16 de maio de 1896, quarta coluna).

O dia, mês e ano de seu nascimento aqui publicados baseiam-se em uma noticia referente a seu aniversário e nas notícias de seu falecimento, em 1913, onde está indicado que ela tinha 62 anos na ocasião (Gazeta da Tarde, 5 de maio de 1890, quinta colunaDiário de Notícias, 5 de maio de 1890, primeira coluna; A Família, 9 de maio de 1891, primeira colunaA Época, 3 de setembro de 1913, segunda colunaO Paiz, 5 de setembro de 1913, última coluna). Em relação ao local, acredito que ela tenha nascido no Recife, conforme seu próprio depoimento em A Família, 7 de dezembro de 1889, descrevendo seu retorno à sua terra natal em julho de 1889. Na ocasião foi à Photographia Ducasble, onde foi retratada. Ainda na cidade, publicou um número especial de A Família (Diário de Pernambuco, 23 de julho de 1889, penúltima coluna. De lá, seguiu para o Ceará, onde permaneceu cerca de 10 dias (A Família, 7 de dezembro de 1889, A Constituição (CE), 11 de agosto e 1891, segunda coluna).

Josephina viveu até 1877, no Recife. Foi fundadora do jornal semanal A Família, em 1888 (A Família, 18 de novembro de 1888), cuja atuação na imprensa brasileira foi importante no período de transição entre o regime monárquico e a República no país. 

 

 

Inicialmente editado em São Paulo e impresso pela tipografia União- São Paulo, o periódico mudou-se para o Rio de Janeiro, em maio de 1889, e circulou ininterruptamente até 1897 – ficava na Travessa do Barbosa, nº 12 (A Família, 18 de maio de 1889; O Jacobino, 5 de junho de 1897, primeira coluna; Almanak Laemmert, 1898). Provavelmente, voltou a circular em 1898, mas logo deixou de existir (A Mensageira, 15 de maio de 1898). Entre as colaboradoras do jornal estavam a escritora baiana Ignez Sabino (1853 – 1911) e Izabel Dillon (1861 – 1920), além de estrangeiras como as feministas Guiomar Torrezão (1844-1898), escritora portuguesa; e a francesa Eugénie Potonié Pierre (1844 -1898), fundadora da Federação Francesa das Sociedades Feministas; que enviavam seus textos de seus respectivos países.

 

 

Josephina escreveu para A Família diversos artigos em defesa da emancipação feminina a partir da educação, do trabalho, do voto feminino e pelo direito ao divórcio. Desde o início enfrentou resistência, inclusive de mulheres e de instituições católicas, como fica exemplificado na edição do periódico de 12 de janeiro de 1889; e também na notícia publicada pelo jornal O Apóstolo, 28 de março de 1890, primeira coluna.

 

 

Destacamos os artigos O Direito ao Voto, publicado em 7 de dezembro de 1889, O Divórcio, de 2 de outubro de 1890Emancipação da Mulher, de 18 de julho de 1891 e A Questão das Mulheres, de 30 de janeiro de 1892. Às vezes, os assinava como Zefa.

 

 

Com a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, as mulheres vislumbraram a possibilidade de terem mais participação política. A própria Josephina escreveu no editorial de A Família, de 30 de novembro de 1889:

“No fundo escuro e triste do quadro de provações a que votaram a mulher na sociedade, brilhará, com a fulgente aurora da República Brasileira, a luz deslumbradora da nossa emancipação?…Queremos o direito de intervir nas eleições, de eleger e ser eleitas, como os homens, em igualdade de condições. Ou estaremos fora do regime das leis criadas pelos homens, ou teremos também o direito de legislar para todas. Fora disso, a igualdade é uma utopia, senão um sarcasmo atirado a todas nós…”

Porém, em 1891, criticou muito o fato de que na primeira Constituição da República, promulgada em 24 de fevereiro de 1891, as mulheres continuarem sendo espectadoras da vida política do país (A Família, 5 de março de 1891), circunstância retratada no quadro Compromisso Constitucional de 1891 (1896), de Aurélio de Figueiredo (1854 – 1916), onde um grupo de mulheres aparece justamente nesta condição.

 

 

Em 1891, o jornal A Família passou a pertencer à Companhia Imprensa Familiar, mas Josephina permaneceu como sua diretora mental e redatora (A Família, 25 de abril de 1891; O Paiz, 11 de maio de 1891, penúltima coluna; Diário de Notícias, 19 de julho de 1891, última coluna).

Foi homenageada com a publicação de seu retrato na primeira página de A Família, de 9 de maio de 1891.

 

josefina13

 

Foi autora da comédia O Voto Feminino, que estreou no Rio de Janeiro, em 26 de maio de 1890, no Theatro Recreio Dramático, enérgica e vibrante peça de combate em favor dos direitos políticos do bello sexo. Foi encenada pelos atores Antonio Pereira Fontana e Castro, português radicado no Brasil; Germano, Bragança e Pinto; e pelas atrizes Elisa de Castro, Isolina Monclar e Luisa. A peça foi inspirada pelas constantes recusas de alistamento eleitoral feminino, já exemplificado neste artigo pelo caso de Izabel Dillon (A Família, 31 de maio de 1890, primeira coluna).  O Voto Feminino é uma peça emblemática do sufragismo brasileiro em fins do século XIX.

 

 

Também em 1890, foi encenada sua tradução livre da peça Os Companheiros do Sol, de Paul Jay (Gazeta de Notícias, 6 de agosto de 1890, penúltima coluna).

A partir de 1892, o número de colaboradoras de A Família e os artigos escritos por Josephina diminuíram muito. Em 1893, foi noticiado que ela estava doente, vitimada pela terrível influenza (A Família, 17 de maio de 1893). Ela residia na rua da Quitanda (Almanak Laemmert, 1893).

Em 1896, ofertou à biblioteca do Grêmio Dramático Arthur Azevedo, de São Paulo, 20 obras  (A Arte, 12 de outubro de 1896, segunda coluna).

Em 1904, foi citada como uma distintíssima escritora brasileira em uma carta aberta da escritora espanhola Eva Canel (1857 – 1932), Em defesa da mulher brasileira, uma resposta a um artigo da escritora e jornalista argentina Conception Gimeno del Flaquer (1850 – 1919) (Il Bersagliere, 5 de maio de 1904, segunda coluna).

Ao longo de sua vida, Josephina publicou três livros: Retalhos (1890), A Mulher Moderna: trabalhos de propaganda (1891), que dedicou em signal de admiração e respeito à Viscondessa de Leopoldina e à D. Maria José Paranhos Mayrink; Galleria illustre (Mulheres célebres) (1897) (O Paiz, 2 de fevereiro de 1890, sexta coluna; Diário do Commercio, 9 de fevereiro de 1891, penúltima coluna).

 

josefina10

 

josefina15

 

Josephina faleceu em 1º de setembro de 1913, viúva, de acordo com as notícias veiculadas na época, no Rio de Janeiro, e foi enterrada no Cemitério de São Francisco Xavier, em 2 de setembro de 1913. Sua irmã, Maria Amelia de Azevedo Costa, e seus filhos, Alfredo e Moacyr Alvares de Azevedo, convidaram para a missa de Sétimo Dia, realizada na Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Dores, em São Cristóvão. Residia na rua Luiz Barbosa, número 102 (A Época, 3 de setembro de 1913, segunda colunaO Paiz, 5 de setembro de 1913, última coluna).

 

 

Comentando sobre a conquista do direito ao voto pelas mulheres inglesas, Antenor Thibau lembrou, em um artigo no Jornal do Brasil, a atuação de Josephina em prol da emancipação feminina no Brasil (Jornal do Brasil, 27 de fevereiro de 1918, segunda coluna).

 

 

Leolinda Daltro (1859 – 1935), Mariana de Noronha Horta (18? – 19?) e Mietta Santiago (1903 – 1995)

 

Outra sufragista importante foi a professora, feminista e indigenista baiana Leolinda Daltro (1859 – 1935), fundadora do Partido Republicano Feminino, em 1910. Ela será tema de um artigo futuro da Brasiliana Fotográfica.

 

 

A professora de Belo Horizonte Mariana de Noronha Horta (18? – 19?) também teve um atuação relevante na luta pelo voto feminino: em agosto de 1916, encaminhou um requerimento pedindo aos deputados que aprovassem o sufrágio feminino. No acervo de documentos da Câmara Federal, esta é a primeira manifestação formal de uma mulher solicitando direitos políticos (Correio Paulistano, 17 de agosto de 1916; Site da Câmara dos Deputados).

 

 

Eleitora pioneira em Minas Gerais, a escritora e advogada Mietta Santiago (1903 – 1995), como ficou conhecida Maria Ernestina Carneiro Santiago Manso Pereira, nasceu em Varginha, em 1903, e, aos 11 anos, foi viver na capital mineira, onde estudou na Escola Normal de Belo Horizonte. Casou-se, em 1923, após passar cerca de seis meses na Europa, com o médico João Manso Pereira.

Com apenas 25 anos, em 1928, impetrou um mandado de segurança alegando que o veto ao voto das mulheres seria contrário ao artigo 70 da Constituição Brasileira de 24 de fevereiro 1891, então em vigor (O Paiz, 16 de setembro de 1928, quarta coluna; (Diário Carioca, 18 de setembro de 1928, terceira colunaO Paiz, 23 de setembro de 1928).

 

 

Tornou-se eleitora e candidatou-se a deputada federal, mas não conseguiu se eleger. O fato, uma verdadeira audácia para a época, mereceu versos do poeta, também mineiro, Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987):

 

mietta

 

Além disso, Mietta fundou a Liga de Eleitoras Mineiras. Era amiga de políticos como Getulio Vargas (1882 – 1954) e Tancredo Neves (1910 – 1985) e de escritores como o memorialista Pedro Nava (1903 – 1984) e o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987). Como escritora, publicou as obras Namorada da Deus (1936), Maria Ausência (1940); e, em 1981, Uma consciência unitária para a humanidade e As 7 poesias. Faleceu, em 1995, no Rio de Janeiro.

Em 2017, foi instituída a Medalha Mietta Santiago, condecoração concedida anualmente pela Secretaria da Mulher e pela Presidência da Câmara de Deputados (Site da Câmara de Deputados).

 

Outras sufragistas brasileiras de destaque

 

Outras feministas destacadas na luta pelo voto feminino foram a urbanista, arquiteta e engenheira mato-grossense Carmen Portinho (1903 – 2001), a sindicalista alagoana Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), a advogada mineira Elvira Komel (1906 – 1932)Maria Prestia (? – 1988), líder de um minoritário grupo de feministas de São Paulo; Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972), uma das pioneiras no jornalismo, na educação e no feminismo no Rio Grande do Norte; e a advogada gaúcha Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993). Todas já foram temas de artigos publicados na Brasiliana Fotográfica.

 

 

 

 

 

Meses após à conquista do voto das mulheres no Brasil, ainda em 1932, Natércia e Bertha foram nomeadas para integrar a comissão para elaborar o anteprojeto da nova Constituição (Correio da Manhã, 14 de julho de 1932, terceira colunaCorreio da Manhã, 19 de julho de 1932, primeira colunaBrasil Feminino, dezembro de 1932). Em 1934, o sufrágio feminino estava contemplado na Constituição Federal.

 

 

Sobre a importância da conquista do sufrágio feminino, em entrevista, Carmen Portinho declarou que ela deveria ser um estímulo para outros avanços: “Obtivemos a nossa emancipação política, mas esse direito assim isolado, de que nos serve?” (A Noite, 17 de agosto de 1933, última coluna).

Cerca de seis meses antes da assinatura do Decreto nº 21.076, o jornal A Batalha, de 13 de setembro de 1931, publicou uma reportagem intitulada A nova legislação eleitoral e o voto feminino, com a história do movimento feminista no Brasil, onde a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, dirigido por Bertha, a União Universitária Feminina, sob a direção de Carmen Portinho (1903 – 2001); e a Aliança Nacional de Mulheres, liderado por Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), foram citadas como importantes iniciativas para a emancipação da mulher no país. Na matéria foi publicada também a lista dos países onde as mulheres já possuíam direito ao voto e comentada a liderança do Rio Grande do Norte na concessão de direitos políticos às mulheres, por intermédio do governador Juvenal Lamartine de Faria (1874 – 1956). Foi transcrito também o discurso proferido por Ruy Barbosa (1849 – 1923) no Teatro Lyrico em apoio à causa feminina (A Batalha, 13 de setembro de 1931).

 

 

Em 1933, houve eleição para a Assembleia Nacional Constituinte, e as mulheres puderam votar e terem seus votos reconhecidos pela primeira vez. A primeira mulher eleita foi Carlota Pereira de Queiróz (1892 – 1992), em São Paulo.

 

 

Outra pioneiras, eleitas um ano depois, em 1934, foram Bertha Lutz (1894 – 1976), no Rio de Janeiro; Lili Lages (1907 – 2003), em Alagoas; Maria Luiza Bittencourt Dória (1910 – 2001), na Bahia; Quintina Diniz de Oliveira (1878 – 1942), em Sergipe; e Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), no Amazonas.

 

 

 

 

 

 

Nas eleições de outubro de 2022 no Brasil, o número de mulheres que tiveram suas candidaturas registradas junto à Justiça Eleitoral foi de 9.415, 33,28% do total de políticos elegíveis – 91 mulheres foram eleitas a deputadas federais e quatro para o Senado. As mulheres representavam 53% do eleitorado do país – 82 milhões de votantes. Há ainda um longo caminho a percorrer.

 

 

 

O Rio Grande do Norte e a vanguarda do voto feminino

 

 

Em 1927, houve uma eleição no Rio Grande do Norte e Juvenal Lamartine de Faria (1874 – 1956), que havia renunciado ao Senado, concorreu ao governo de seu estado e venceu o pleito. Tomou posse em 1º de janeiro de 1928. Foi necessário realizar eleições complementares para a escolha de um novo senador. Juvenal apoiava a causa do voto das mulheres. Em 25 de outubro de 1927, ainda durante o governo de José Augusto Bezerra de Medeiros, passou a vigorar a Lei Estadual nº 660, com a emenda Regular o Serviço Eleitoral do Estado, que estabelecia a não distinção de sexo para o exercício do sufrágio e, tampouco, como condição básica de elegibilidade.

Há uma polêmica em torno da primeira eleitora do Brasil na historiografia do feminismo no Brasil no século XX: a natalense e professora Júlia Alves Barbosa Cavalcanti (1898 – 1943) requereu seu alistamento eleitoral no dia 22 de novembro de 1927, porém, dada à sua condição de solteira, o juiz da 1ª vara da Capital retardou o deferimento de seu pleito, que só foi publicado, no Diário Oficial do Estado, no dia 1º de dezembro do mesmo ano. Em 25 de novembro de 1927, a professora Celina Guimarães Viana (1890 – 1972), de Mossoró, deu entrada em uma petição, requerendo sua inclusão na lista de eleitores, que foi aprovada rapidamente, pelo fato de ser casada com um advogado e professor (O Paiz, 2 de dezembro de 1927, primeira coluna). Reivindicando o voto das mulheres, a escritora cearense Rachel de Queiroz (1910 – 2003), com apenas 17 anos, escreveu o artigo Essa questão do voto feminino, publicado no jornal A Jandaia, em 14 de janeiro de 1928. As eleições municipais foram realizadas no dia 5 de abril de 1928, mas os votos das eleitoras foram anulados porque o Senado não reconheceu o direito de voto das mulheres.

 

Júlia Alves Barbosa Cavalcanti foi eleita para a Câmara Municipal de Natal.

 

 

Apesar de, do ponto de vista eleitoral, o estado do Rio Grande do Norte ter reconhecido esta igualdade, faltava, porém, a concretização do “voto de saias”, o que ocorreu nas eleições municipais realizadas no dia 05 de abril de 1928. Em Natal votaram Antônia Fontoura, Carolina Wanderley, Júlia Barbosa e Lourdes Lamartine. Em Mossoró, além de Celina Guimarães, votaram Beatriz Leite e Eliza da Rocha Gurgel. Em Apodi as primeiras eleitoras foram Maria Salomé Diógenes e Hilda Lopes de Oliveira. Em Pau dos Ferros, Carolina Fernandes Negreiros, Clotilde Ramalho, Francisca Dantas e Joana Cacilda Bessa. Ainda em Caicó e Acari, respectivamente, Júlia Medeiros e Martha Medeiros. Além de votar, algumas mulheres, a exemplo de Júlia Alves Barbosa em Natal e Joana Cacilda de Bessa em Pau dos Ferros,  foram também eleitas para o cargo de intendente municipal, equivalente a vereador atualmente.

Centro de Memória do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte

 

 

 

Acesse aqui a linha do tempo da conquista do voto feminino publicada no portal da Câmara dos Deputados

 

 

Alguns países e o ano da aprovação do voto feminino

 

1893 – Nova Zelândia

1902 – Austrália

1906 – Finlândia

1907 –  Noruega

1915 - Dinamarca e Islândia

1917 - Rússia

1918 – Áustria, Alemanha, Polônia, Lituânia, Reino Unido e Irlanda

1920 - Estados Unidos

1929 – Equador

1931 – Espanha e Portugal (com limitações). Na Espanha, o direito foi suspenso em 1936 e só voltou a vigorar em 1977.

1932 – Brasil e Uruguai

1934 - Turquia

1944 - França

1945 – Itália e Japão

1947 - Argentina e Índia

1952 – Grécia

1953 - China e México

1955 – Honduras

1956 - Egito

1962 - Bahamas e Mônaco

1970 – Andorra

1971 – Suíça

1980 – Iraque

1994 – Omã

2015 – Arábia Saudita

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BARBOSA, Lia Pinheiro; MAIA, Vinicius Madureira. Nísia Floresta e ainda a controvérsia da tradução de Direitos das mulheres e injustiça dos homens. Revista Estudos Feministas, 28 (2), 2020.

BARP, Guilherme. A luta de Josefina Álvares de Azevedo pelos direitos das mulheres em A mulher moderna (1891). Nau Literária, Vol. 18, n. 01 (2022) – Dossiê: Racismo, sexismo e Direitos Humanos. Organizado pela Profa. Dra. Regina Zilberman (UFRGS), 5 de setembro de 2022.

CAMPOI, Isabela Candeloro. O livro “Direitos das mulheres e injustiça dos homens” de Nísia Floresta: literatura, mulheres e o Brasil do século XIX. História (São Paulo) v.30, n.2, p. 196-213, ago/dez 2011.

Centro de Referências em Educação Integral

COELHO, Catarina Alves. Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens: a tradução utópico-feminista de Nísia Floresta. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de filosifia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2019.

CORREA E SILVA, Laila. O direito ao voto feminino no século XIX brasileiro: a atuação política de Josephina Álvares de Azevedo (1851-1913). Aedos, Porto Alegre, v. 10, n. 23, p. 114-131, Dez. 2018

DUARTE, Constância Lima. As viagens e o discurso autobiográfico de Nísia Floresta. Matraga, Rio de Janeiro, v.16, n.25, jul./dez. 2009.

DUARTE, Constância Lima. Imprensa feminina e feminista no Brasil: século XIX . Belo Horizonte: Autêntica, 2016.

DUARTE, Constância Lima. Narrativas de viagem de Nísia Floresta. Via Atlântica, n. 2 jul. 1999.

DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta: Incompreensão em relação à sua genialidade. Ciência & Trópico, Recife, v. 26, n. 2, p. 253-260,julho /dez, 1998. 

DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta: a primeira feminista do Brasil. Florianópolis: Editora Mulheres, 2005.

DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta: vida e obra. Natal: Editora Universitária/UFRN, 1995.  

FLORESTA , Nísia. Opúsculo humanitário / Nísia Floresta ; prefácio Maria da Conceição Lima Alves ; notas Maria Helena de Almeida Freitas, Mônica Almeida Rizzo Soares. – Brasília : Senado Federal, 2019

HAHNER, June E. A mulher brasileira e suas lutas sociais e políticas: 1850-1937. São Paulo: Brasiliense, 1981.

HALLEWELL, Laurence. (2005). O livro no Brasil: sua historia. São Paulo : Edusp, 2055.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

ITAQUI, Antônio Carlos de Oliveira. Nísia Floresta: ousadia de uma feminista no Brasil do século XIX. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciatura Plena em História, do Departamento de Humanidades e Educação da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, 2013.

KARAWEJCZYK, Monica. Mulher Deve Votar? O Código Eleitoral de 1932 e a Conquista do Sufrágio Feminino através das páginas dos jornais Correio da Manhã e A Noite. São Paulo : Paco Editorial, 2019.

LEMES, Camila Assis. O jornal Familia e o debate sobre o voto feminino nos primeiros anos da república brasileira. XIV Encontro Regional de História. UEPR, 2014.

LUCA, Leonora de. A mensageira: uma revista de mulheres escritoras na modernização bra-sileira. 1999. 581 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Curso de Mestrado em Sociologia, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.

MARQUES, Teresa Cristina de Novaes. O voto feminino do Brasil. Brasília : Edições Câmara, 2019.

MELO, Ezilda. Nísia Floresta: uma mulher à frente de seu tempo. Empório do Direito, 19 de novembro de 2015.

Memorial Legislativo – Câmara Municipal de Natal

MUZART, Zahidé Lupinacci (Org.). Escritoras brasileiras do século XIX: antologia. 2. ed. vol. II. Florianópolis: Editora Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2000.

PALLARES-BURKE, Maria Lúcia Garcia. Pela liberdade das mulheresMais! Folha de São Paulo, 10 de setembro de 1995.

Portal da Câmara dos Deputados

Portal do Senado

RIBEIRO, Antônio Sérgio. A mulher e o voto. São Paulo: ALESP, 2012.

SABINO, Ignez. Mulheres Illustres do Brazil. Edição fac-similar. Florianópolis: Editora das Mulheres, 1996.

SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Erico Vital (organizadores). Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Ed., 2000.

SCHUMAHER, Schuma; CERVA, Antonia Cerva. Mulheres no Poder – trajetórias políticas a partir da luta das sufragistas do Brasil.

SOUZA DA SILVA, Ellen Carla. Uma voz feminina na luta antiescravista: Nísia Floresta. Nau Literária, Vol. 18, n. 01 (2022) – Dossiê: Racismo, sexismo e Direitos Humanos. Organizado pela Profa. Dra. Regina Zilberman (UFRGS), 5 de setembro de 2022.

SILVA, Elizabeth Maria da. A Imprensa Pedagógica e Feminista no Brasil: Nísia Floresta e a Educação das Mulheres no século XIX. Tese de Doutorado. Universidade de Salamanca. Departamento de TEoria e História da Faculdade de Educação, 2018.

Site Geledés

Site Insider

Site Superior Tribunal Eleitoral

Site Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte

Site Uvesp

SOUTO-MAIOR, Valéria Andrade. O florete e a máscara: Josephina Álvares de Azevedo, dramaturga do século XIX. Dissertação (Mestrado em Letras) – Curso de Pós-Graduação em Letras – Literatura Brasileira e Teoria Literária, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, 1995.

TRINDADE, Hélgio; NOLL, Maria Izabel. Subisídios para a história do Parlamento Gaúcho (1890-1937). Porto Alegre : CORAG, 2005.

Wikipedia

 

Acesse aqui os outros artigos da Série “Feministas, graças a Deus!

Série “Feministas, graças a Deus!” I – Elvira Komel, a feminista mineira que passou como um meteoro, publicado em 25 de julho de 2020, de autoria da historiadora Maria Silvia Pereira Lavieri Gomes, do Instituto Moreira Salles, em parceria com Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” II  – Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), o jequitibá da floresta, publicado em 20 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” III  – Bertha Lutz e a campanha pelo voto feminino: Rio Grande do Norte, 1928, publicado em 29 de setembro de 2020, de autoria de Maria do Carmo Rainha, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” IV  – Uma sufragista na metrópole: Maria Prestia (? – 1988), publicado em 29 de outubro de 2020, de autoria de Claudia Heynemann, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” V – Feminista do Amazonas: Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), publicado em 26 de novembro de 2020, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, mestre em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” VI – Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972) fotografada por Louis Piereck (1880 – 1931), publicado em 9 de dezembro de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VII – Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), uma das pioneiras do feminismo no Brasil, publicado em 26 de fevereiro de 2021, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VIII – A engenheira e urbanista Carmen Portinho (1903 – 2001), publicado em 6 de abril de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” IX – Mariana Coelho (1857 – 1954), a “Beauvoir tupiniquim”, publicado em 15 de junho de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” X – Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), a eloquente primeira deputada da Bahia, publicado em 25 de março de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XI e série “1922 – Hoje, há 100 anos” VI – A fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, publicado em 9 de agosto de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XII e série “1922 – Hoje, há 100 anos” XI – A 1ª Conferência para o Progresso Feminino, publicado em 19 de dezembro de 2022, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, historiadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” XIV – No Dia Internacional da Mulher, Alzira Soriano, a primeira prefeita do Brasil e da América Latina, publicado em 8 de março de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XV – No Dia dos Povos Índígenas, Leolinda Daltro,”a precursora do feminismo indígena” e a “nossa Pankhurst, publicado em 19 de abril de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XVI – O I Salão Feminino de Arte, em 1931, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2023

Série “Feministas, graças a Deus!” XVII – Anna Amélia Carneiro de Mendonça e o Zeppelin, equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC, em parceira com Andrea C.T. Wanderley, publicado em 5 de janeiro de 2024

Foliões do Carnaval de Diamantina por Chichico Alkmim

Para celebrar o Carnaval de 2023, a Brasiliana Fotográfica destaca uma das imagens mais líricas e belas já produzidas sobre o tema. Os personagens retratados nos seduzem com seus sorrisos, expressões, fantasias e poses, despertando nossa imaginação…É um convite para a festa, para a folia! A autoria da foto é de  Chichico Alkmim (1886 – 1978), fotógrafo mineiro, autodidata e pioneiro da fotografia de estúdio em Diamantina. Foi o primeiro cronista visual da cidade e atuou na profissão, que adotou em 1907, até 1955. Sua produção, que compreende registros da arquitetura diamantinense, sua religiosidade, costumes, ritos e retratos de seus habitantes, é uma das principais  da memória visual de Minas Gerais. A fotografia dos foliões do Carnaval de Diamantina emociona por sua poesia e beleza.

 

Tudo tão antigo e tão recente esta gente de papel convida a esquecer o tempo – até que a voz de um galo nos acorde.

Eucanaã Ferraz, poeta, sobre a obra de Chichico

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Links para artigos sobre carnaval já publicados na Brasiliana Fotográfica

 

Imagem relacionada

O carnaval nas primeiras décadas do século XX, publicado em 5 de fevereiro de 2016

 

 

O carnaval do Cordão da Bola Preta, publicado em 9 de fevereiro de 2018

 

 

As Camélias Japonesas no carnaval de Alagoas pelas lentes do fotógrafo amador Luiz Lavenère Wanderley (1868 – 1966, publicado em 21 de fevereiro de 2020

 

 

Cenas da folia em Manaus em 1913, publicado em 28 de fevereiro de 2020

 

 

Baile de Carnaval em Santa Teresa – Di Cavalcanti, Klixto e Helios Seelinger, na casa de Raul Pederneiras, publicado em 25 de fevereiro de 2022

 

Thumbnail

Baile de Carnaval, c. 1921. Santa Teresa, Rio de Janeiro / Acervo FBN Anotação manuscrito no verso da foto “63”: “baile de carnaval em casa de Raul no Largo dos Neves em Sta Tereza. Da esquerda: sentados (3) primeira fila: Di Cavalcanti, Amaro e Claudio Manuel da Costa – sentados (2ª fila) Luis Peixoto, Mario, Kalixto, Raul, o ator Brandão o popularíssimo, e Helios Seelinger. Em pé atraz: [sic] miranda, 3 deusas, Marques Pinheiro e outra deusa 1923″. – “mulher do Raul Pederneiras (Wanda)”

 

 O Rei Momo por Jean Manzon e por outros fotógrafos dos Diários Associados, publicado em 3 de fevereiro de 2023

 

 

Crianças no carnaval carioca de 1933 por Guilherme Santos publicado e 8 de fevereiro de 2024

 

 

Acessando o link para as fotografias de Carnaval disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVI – “Alguma coisa acontece no meu coração”, a Avenida São João nos 469 anos de São Paulo

“Alguma coisa acontece no meu coração que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João”. Assim começa Sampa, do compositor Caetano Veloso, uma das mais belas canções sobre a São Paulo – foi lançada no álbum Muito – Dentro da Estrela Azulada, em 1978. Então, para homenagear os 469 anos de fundação da cidade, a Brasiliana Fotográfica destaca uma foto aérea da Avenida São João, do acervo do Museu Aeroespacial, uma de suas instituições parceiras, além de registros da cidade realizados por Militão Augusto de Azevedo (1837 – 1905) e Guilherme Gaensly (1843 – 1948) na publicação do 16º artigo da Série “Avenidas e ruas do Brasil”.

Destacamos também artigos já publicados no portal sobre a cidade, que foi fundada em 25 de janeiro 1554 com a celebração de uma missa que oficializou a criação de um colégio jesuíta, no alto de uma colina entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí, por 12 padres, dentre eles José de Anchieta (1834 – 1597) e Manoel da Nóbrega (1517 – 1590). É onde fica o Pátio do Colégio.

 

 

São Paulo é o principal centro corporativo, financeiro e mercantil da América do Sul assim como a cidade mais populosa do Brasil.

 

 

Muitos fotógrafos registraram diversos aspectos da cidade de São Paulo desde o século XIX, dentre eles Alfredo Krausz (18? – 19?), Claude Lévi-Strauss (1908 – 2009), Edgard Egydio de Souza (1867 – 1956), Frédéric Manuel (18? – 19?), Guilherme Gaensly (1843 – 1928), Marc Ferrez (1843 – 1923), Militão Augusto de Azevedo (1837 – 1905), Otto Rudolf Quaas (c. 1862 – c. 1930), Valério Vieira (1862 – 1941), Vincenzo Pastore (1865 – 1918) e fotógrafos ainda não identificados, cujas imagens podem ser apreciadas nos artigos listados a final desta publicação.

Militão e Gaensly são considerados os fotógrafos que mais cultuaram São Paulo. Militão produziu o Álbum comparativo da cidade de São Paulo 1862-1887, sua obra-prima, que foi o primeiro realizado com o objetivo de mostrar as mudanças ocorridas na capital paulista, devido ao progresso. O álbum evidencia o valor que Militão dava à fotografia como documento de época inserido em projeto artístico que sugere um passeio pela cidade no período de 1862 a 1887. O trabalho do fotógrafo muito contribuiu para a formação da imagem moderna de São Paulo.

 

 

Gaensly fotografou a cidade em plena transição para a modernidade, tendo registrado todos os aspectos urbanos da nova metrópole que surgia, como a inauguração dos bondes elétricos que substituíram as carroças, o Jardim da Luz, a agitação do comércio na região do entorno da Praça da Sé, o crescimento da Avenida Paulista, além de palacetes, chácaras, edifícios públicos, igrejas, escolas, teatros e hospitais. Essas vistas de São Paulo foram comercializadas em álbuns impressos na Suíça a partir de fotografias em papel albuminado e de colotipias. Fotografou também a chegada de imigrantes italianos em Santos e em São Paulo. Dentre os prêmios que recebeu, está uma medalha de prata conquistada na Exposição Universal de Saint Louis, em 1904.

 

 

Artigos sobre a cidade de São Paulo já publicados na Brasiliana Fotográfica

 

 

Militão Augusto de Azevedo (1837 – 1905) e sua obra-prima, o “Álbum comparativo da cidade de São Paulo 1862-1887″, publicado em 24 de maio de 2015

Vincenzo Pastore, um fotógrafo entre dois mundos (Casamassima, Itália 5 de agosto de 1865 – São Paulo, Brasil 15 de janeiro de 1918), publicado em 5 de agosto de 2015

São Paulo sob as lentes do fotógrafo Guilherme Gaensly (1843 – 1928), publicado em 25 de janeiro de 2017

Os trinta Valérios, uma fotografia bem-humorada de Valério Vieira (1862 – 1941), publicado em 21 de março de 2017

O fotógrafo austríaco Otto Rudolf Quaas e o construtor Ramos de Azevedo, publicado em 28 de setembro de 2017

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IV – Rua 25 de março em São Paulo, publicado em 1º de setembro de 2020

A cidade de São Paulo e Tebas (1721 – 1811), reconhecido como arquiteto, em 2018, mais de 100 anos após sua morte, pubicado em 25 de janeiro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XI – A Rua da Esperança, em São Paulo, por Vincenzo Pastore, publicado em 14 de dezembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XII – A Avenida Paulista, o coração pulsante da metrópole, publicado em 21 de janeiro de 2022.

Série “1922 – Hoje, há 100 anos” II – A Semana de Arte Moderna, publicado em 13 de fevereiro de 2022.

O Edifício Martinelli, antigo referencial e símbolo de São Paulo, publicado em 16 de maio de 2022

 

 

Assinaturas dos membros do 1º Governo de São Paulo, 1555

Assinaturas dos membros do 1º Governo de São Paulo, 1555 / São Paulo Antigo e São Paulo Moderno

Sampa

Caetano Veloso

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Brasiliana Fotográfica

São Paulo Antigo e São Paulo Moderno – 1554-1904. São Paulo : Editores Vanorden & Cia, 1905.

 

Links para as outras publicações da série “Avenidas e ruas do Brasil”

 Série “Avenidas e ruas do Brasil” I – Avenida Central, atual Rio Branco, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 7 de setembro de 2016

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A Rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 26 de junho de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” III – A Rua do Bom Jesus, no Recife, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 6 de agosto de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IV – A Rua 25 de Março, em São Paulo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 1º de setembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” V – A Rua Direita, a Rua das Mercês e a Rua Macau do Meio, em Diamantina, Minas Gerais, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 22 de outubro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” VI  – Rua Augusto Ribas e outras, em Ponta Grossa, no Paraná, pelo fotógrafo Luiz Bianchi, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 16 de novembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” VII – A Avenida Atlântica, em Copacabana, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 23 de dezembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil VIII – A Rua da Carioca por Cássio Loredano, de autoria de Cássio Loredano, publicada em 20 de janeiro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IX – Ruas e panoramas do bairro do Catete, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 14 de julho de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” X – A Rua da Ajuda, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 9 de novembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XI – A Rua da Esperança, em São Paulo, por Vincenzo Pastore, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 14 de dezembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XII – A Avenida Paulista, o coração pulsante da metrópole, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 21 de janeiro de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XIII – A Rua Buenos Aires no Centro do Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 19 de julho de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XIV – A Avenida Presidente Vargas,, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 31 de agosto de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XV – Misericórdia: rua, largo e ladeira, no Rio de Janeiro, por Cássio Loredano, de autoria de Cássio Loredano, publicada em 8 de dezembro de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVII  e série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXIII – A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVIII – Avenida Beira-Mar, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 22 de janeiro de 2024

 

 

São Sebastião, o santo padroeiro do Rio de Janeiro

 

 

Com uma seleção de registros realizados por Augusto Malta (1864 – 1957), Guilherme Santos (1871 – 1966), Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897), Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) e também por fotógrafos ainda não identificados, a Brasiliana Fotográfica celebra o Dia de São Sebastião, o padroeiro da cidade do Rio de Janeiro. São fotos de uma imagem do próprio santo, de procissões, e do Largo, da Igreja e do Convento de São Sebastião ou Capuchinhos, no Morro do Castelo – a mais antiga, da década de 1860 e, a mais recente, de ruínas da igreja, demolida em 1922.  A maior parte das fotos selecionadas são de autoria do alagoano Augusto Malta, fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro entre 1903 e 1936, testemunha ocular da transformação urbana carioca nas primeiras décadas do século XX, período de grandes mudanças na cidade.

 

Acessando o link para fotografias referentes a São Sebastião selecionadas e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.  

 

 

A Igreja de Sebastião foi a primeira catedral do Rio de Janeiro e começou a ser construída, em 1568, apenas três anos após a fundação da cidade, ocorrida em 1º de março de 1565.

“Com a fundação da Cidade sob o Titulo de S, Sebastião do Rio de Janeiro, teve origem a do primeiro Templo dedicado ao mesmo Santo Mártir por Estacio de Sá, construindo-lhe na Villa Velha uma Casa de páo à pique, e coberta de palha, que Salvador Corrêa de Sá substituiu, levantando num monte da nova Cidade outro edifício mais decente, e de grossa taipa [“parede feita de terra piçarrenta, ou barro de certa qualidade calcado à piloens de ponta acunhada entre dous tabooens. parallelos, à cuja distancia he proporcionada a grossura da parede”], como permittiam as circunstancias do tempo, para se adorar alli o Supremo Autor das Conquistas, e ministrar os tantos Sacramentos aos povoadores portuguezes, cujo numero, à maneira de plantas novas, e bem cultivadas, crescia cada dia, e pulava com o dos Cathecumenos.” 

José de Souza Azevedo Pizarro e Araújo (1820)

 

Foi inaugurada, em 1583, e no mesmo ano os restos mortais de Estácio de Sá (1520 – 1567), fundador do Rio de Janeiro, foram trasladados para lá. Formava com o Convento dos Capuchinhos, o Colégio dos Jesuítas e outros prédios um importante conjunto arquitetônico, destruído, entre 1920 e 1922, com o arrasamento do Morro do Castelo. A última missa na Igreja de São Sebastião foi celebrada em 1º de novembro de 1921. Os restos mortais de Estácio de Sá foram transferidos para a Capela da Ajuda, residência provisória dos monges capuchinhos, na rua Conde de Bonfim, na Tijuca, em 20 de janeiro de 1922 e, desde 1931, estão na Igreja de São Sebastião dos Capuchinhos, na rua Haddock Lobo, também na Tijuca (Jornal, 21 de janeiro de 1922; O Jornal, 18 de agosto de 1931).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thumbnail

Morro do Castelo – Igreja de São Sebastião dos Capuchinhos; transladação dos restos mortais de Estácio de Sá, 20 de janeiro de 1922. Rio de Janeiro, RJ / Acervo IMS

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ARAÚJO. José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil.  Imprensa Régia, 1820.

BARROS, Paulo Cezar de. Onde nasceu a cidade do Rio de Janeiro? ( um pouco da história do Morro do Castelo)Revista geo-paisagem (online ) Vol. 1, número 2, julho/dezembro de 2002

Arquivo Nacional

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Histórias e Monumentos

MENEZ, Alexssandro. Civilização versus barbárie: a destruição do Morro do Castelo no Rio de Janeiro (1905-1922). Revista Historiador Número 06. Ano 06. Janeiro de 2014.

NONATO, José Antônio Era uma vez o Morro do Castelo. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2000.

Site MultiRio

 

Dia Nacional da Consciência Indígena

O Dia Nacional da Consciência Indígena é celebrado desde 20 de janeiro de 2013 e relembra a morte do cacique Aimberê (15? – 1567), considerado uma grande liderança da Confederação dos Tamoios ou Guerra dos Tamoios, ocorrida entre 1554 e 1567, no sul fluminense e no litoral norte do estado de São Paulo – um combate dos povos originários contra a colonização dos portugueses no Brasil. Em 20 de janeiro de 1567, aconteceu a Batalha de Uruçumirim, na atual região das praias do Flamengo e da Glória, que arrasou o reduto dos tamoios no Rio de Janeiro.

 

 

A Brasiliana Fotográfica comemora a data com a publicação de uma seleção de imagens de indígenas presentes em seu acervo fotográfico. Os índios brasileiros foram retratados por diversos fotógrafos do século XIX, muitos representados no acervo do portal. Os identificados são todos não indígenas. São registros produzidos por Albert Frisch (1840 – 1918), Dana B. Merril (1887 – 19?), Felipe Augusto Fidanza (c.1847 – 1903), Franz Keller (1835 – 1890), Hercule Florence (1804 – 1879), Marc Ferrez (1843 – 1923), Vincenzo Pastore (1865 – 1918), Walter Garbe (18? – 19?) e também por fotógrafos ainda não identificados.

É essencial que indígenas participem dos processos de catalogação, arquivamento e identificação das imagens dos acervos históricos de fotografias e também da forma de expô-las, criando novas narrativas para esses registros e gerando novos olhares sobre a história dos povos originários no Brasil. Nos últimos anos, este processo tem se intensificado significativamente.

 

 

Acessando o link para as fotografias de indígenas selecionadas e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

 

Foi em 20 de janeiro de 2013, em meio a uma polêmica em torno da demolição do antigo Museu do Índio, no Maracanã, (Jornal do Commercio, 17 de janeiro18,19 e 20 de janeiro; 29 de janeiro; 21 de fevereiro; 25 de março; 1 de agosto; 6 de agosto, 13 de agosto e 14 de agosto de 2013), no Rio de Janeiro  que os representantes indígenas da aldeia Maracanã, liderados por Carlos Tukano, lançam oficialmente o ” DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA INDÍGENA’, depois de lerem um texto de Caetano Veloso em apoio à luta dos representantes dos povos Indígenas do Brasil, que querem construir uma Embaixada Indígena na Aldeia Maracanã no Rio de Janeiro (MamaPress).

O prédio abrigou o Museu do Índio de 1953 a 1977, e, após a polêmica de 2013, foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), em 13 de agosto de 2013.

Assista aqui o vídeo do lançamento do Dia Nacional da Consciência Indígena:

 

consc

 

O GLOBO, 20 de janeiro de 2013

O GLOBO, 20 de janeiro de 2013

 

A criação da data era uma idéia que estava germinando na cabeça de Marcos Terena desde 1985, quando subiu a Serra da Barriga, acompanhando o Movimento Negro Brasileiro, que comemorava o tombamento da montanha em que Zumbi dos Palmares enfrentou os colonialistas escravizadores e morreu defendendo a liberdade e igualdade de todos no Brasil (MamaPress).

 

 

 

No Censo 2010 do IBGE, 896.917 pessoas declararam-se indígenas, pertencentes a 305 etnias que falam 274 línguas diferentes, dos quais 572.083 viviam na zona rural e 324.834 habitavam as zonas urbanas brasileiras. Ainda segundo o Censo 2010, as comunidades indígenas estão presentes nas cinco regiões do Brasil, sendo que a Região Norte é aquela que concentra o maior número de indivíduos, 305.873 mil – aproximadamente 37,4% do total. Na Região Norte, o estado com o maior número de indígenas é o Amazonas, representando 55% do total. O conjunto dos 10 municípios com maior população indígena reúne 126,6 mil indígenas, correspondendo a 15,5% do total de indígenas do país, e metade possui população superior a 10 mil indígenas. À época, os cinco municípios mais populosos desse conjunto eram os seguintes: São Gabriel da Cachoeira (Amazonas), São Paulo de Olivença (Amazonas), Tabatinga (Amazonas), São Paulo e Santa Isabel do Rio Negro (Amazonas).

 

Uma curiosidade: o quadro abaixo, O Último Tamoio, foi pintado por Rodolfo Amoedo (1857 – 1941), em 1883, e retrata justamente o cacique Aimberê com o padre José de Anchieta (1534 – 1597). Foi pintado em Paris, onde participou da Exposição de Belas Arte (Ministério do Império, 1883). Foi exibida pela primeira vez ao público brasileiro em 1884, na Exposição Geral de Belas Artes no Rio de Janeiro (Gazeta de Notícias, 4 de setembro de 1884, quinta coluna). No catálogo distribuído pela Academia Imperial de Belas Artes foi descrito assim: “O padre Anchieta encontra em deserta praia o cadáver de Aimberê, o chefe dos Tamoios, e o contempla comovido antes de prestar-lhe os últimos deveres de sacerdote cristão”.

 

 

A Brasiliana Fotográfica agradece a colaboração de Sérgio Burgi, Coordenador de Fotografia do IMS, e um dos curadores do portal.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

CAVALCANTI, Ana Maria Tavares. O último tamoio e o último romântico. In: Revista de História da Biblioteca Nacional. Nov.2007.

Depoimento da jornalista Renata Tupinambá

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

História do Rio Para Todos

O GLOBO

Mamapress

MultiRio

Portal Câmara dos Deputados

Portal Fundação Nacional dos Povos Indígenas

Portal MultiRio

Portal UOL

Site Aldeia Maracanã

Site Instituto Estadual do Patrimônio Cultural