Série “Avenidas e ruas do Brasil” V – A Rua Direita, a Rua das Mercês e a Rua Macau do Meio, em Diamantina, Minas Gerais
No quinto artigo da série “Avenidas e ruas do Brasil”, a Brasiliana Fotográfica destaca imagens de três ruas na cidade de Diamantina, em Minas Gerais: a Rua Direita, a Rua das Mercês e a Rua Macau do Meio. O registro da rua Direita foi realizado, no século XIX, pelo fotógrafo alemão Augusto Riedel (1836 – ?) e os da Rua das Mercês e Macau do Meio pelo mineiro Chichico Alkmim (1886 – 1978), já nas primeiras décadas do século XX. Em suas ruas de pedras, com várias subidas e descidas, onde se encontra um casario homogêneo e bem conservado, fazemos uma viagem no tempo…
Diamantina é uma das mais importantes cidades históricas do Brasil e sua formação está ligada à exploração de ouro e de diamante. Sua ocupação inicial ocorreu com o bandeirante Jerônimo Gouveia (16? – ?) que, seguindo o curso do rio Jequitinhonha, encontrou uma significativa quantidade de ouro nas confluências dos rios Piruruca e Grande. O povoado começou a surgir nas primeiras décadas do século XVIII, em torno dos rios garimpados. A cidade de Diamantina, cuja origem foi o Arraial do Tijuco (ou Tejuco), foi oficialmente fundada em 6 de março de 1831. O conjunto arquitetônico de seu centro histórico foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 16 de maio de 1938. Em dezembro de 1999, Diamantina recebeu da Unesco o título de Patrimônio Cultural da Humanidade (Jornal do Brasil, 2 de dezembro de 1999).
“Diamantina foi o maior centro de extração de diamantes do mundo no século XVIII, condição que se refletiu na evolução da cidade, desfavorecendo a formação de um espaço urbano arquitetônico na forma de uma praça representativa do poder político e religioso, como era então regra geral. Sua arquitetura civil tem referência especial pela extrema homogeneidade do seu casario. Possui uma estética sóbria, simples, porém refinada se comparada com outras cidades de sua época. Suas fachadas são bem geometrizadas e seu padrão foi sistematicamente reproduzido pela cidade, não havendo rupturas estilísticas importantes. Essas edificações apresentam evidentes testemunhos da reprodução do modelo cultural de origem portuguesa.”
Augusto Riedel (1836 – ?) e Diamantina
Considerado um dos mais talentosos fotógrafos paisagistas dos oitocentos, o alemão Augusto Riedel (1836-?) foi proprietário de um estúdio fotográfico à Rua Direita nº 24, em São Paulo (Diário de São Paulo, de 1º de outubro de 1865, primeira coluna), na década de 1860, e na Rua Cassiano, 41, no Rio de Janeiro, entre 1875 e 1877. De sua produção, restaram 40 imagens do álbum Viagem de S.S.A.A. Reaes Duque de Saxe e seu Augusto Irmão D. Luis Philippe ao Interior do Brasil no Anno 1868 – que se tornou um dos trabalhos clássicos da documentação fotográfica do século XIX no Brasil. Os registros de Diamantina fazem parte deste conjunto. O duque de Saxe, dom Luis Augusto de Saxe Coburgo e Gotha (1845 – 1907), era genro do imperador Pedro II (1825 – 1891), marido da princesa Leopoldina de Bragança e Bourbon (1847 – 1871). A presença do nome do fotógrafo na capa do álbum indica que ele já devia ser bastante conhecido e que provavelmente devam existir outras fotos dele ainda hoje não amplamente reconhecidas.
A viagem representada no mencionado álbum durou meses , durante os quais foram percorridos os estados de Minas Gerais, onde foram retratadas, além de Diamantina, as cidades de Ouro Preto, Mariana, Sabará, Lagoa Santa e o primeiro vapor do rio das Velhas, além das minas de Morro Velho; vistas do rio São Francisco, que levaram os viajantes até Penedo, em Alagoas; Sergipe e, finalmente, Bahia, último estado visitado pela expedição. São possivelmente os mais antigos registros fotográficos dessas regiões do Brasil. O itinerário percorrido sugere um grande interesse do grupo em geologia e em assuntos relativos à mineração. Um obscuro diamantinense publicou uma homenagem à visita dos príncipes à Diamantina (Diário do Rio de Janeiro, de 10 de agosto de 1868, primeira coluna).
Chichico Alkmim (1886 – 1978) e Diamantina
O mineiro Chichico Alkmim (1886 – 1978), autodidata, pioneiro da fotografia de estúdio em Diamantina, e primeiro cronista visual da cidade, atuou na profissão de 1907 a 1955. Seu primeiro ateliê foi inaugurado em 1912 e sua obra, uma das principais referências da memória visual de Minas Gerais, compreende imagens da arquitetura diamantinense, sua religiosidade, suas ruas, costumes, ritos e retratos de seus habitantes. Chichico retratou a burguesia e também os trabalhadores ligados ao pequeno garimpo, ao comércio e à indústria. Produziu imagens de casamentos, batizados, funerais, festas populares e religiosas, paisagens e cenas de rua. De 1955, quando parou de fotografar, até 1978, ano de sua morte, continuou cuidando de seu acervo, que guardava no porão de sua casa.
Andrea C. T. Wanderley
Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica
Fontes:
Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional
Links para as outras publicações da série “Avenidas e ruas do Brasil”
Só , hoje , depois de muitos anos no internato e sem ter nenhum conhecimento da história de Diamantina , o que acho , devia fazer parte do currículo da matéria ( História ) , é que me alegro , por ainda estar sendo em tempo , para mim .