Dia do Bibliotecário

Com quatro imagens do acervo fotográfico da Fundação Biblioteca Nacional, uma das instituições fundadoras da Brasiliana Fotográfica, o portal celebra o Dia do Bibliotecário. Dois registros são do prédio na Rua do Passeio que sediou a Biblioteca Nacional, entre 1858 e 1910, e foram produzidos por um fotógrafo ainda não identificado e por Antonio Luiz Ferreira (18? – 19?). A foto de autoria de Ferreira faz parte do Album de vistas da Bibliotheca Nacional, de 1902.

 

 

As imagens do prédio atual da Biblioteca Nacional, na Avenida Rio Branco, foram produzidas por um fotógrafo ainda não identificado e por Marc Ferrez (1843 – 1923). A de autoria de Ferrez é uma estereografia colorida.

 

 

Acessando o link para as fotografias da Biblioteca Nacional selecionadas e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

Manuel Bastos Tigre e a origem do Dia do Bibliotecário

 

“Como bibliotecário, Bastos Tigre se preocupou não só em fomentar positivamente a profissão, como contribuiu intelectualmente para área com sua principal preocupação: a organização do conhecimento”.

Débora Melo in A importância do discurso da ética na biblioteconomia:

Bastos Tigre, um exemplo de ética profissional, 2012

 

Foi em homenagem à data de nascimento do bibliotecário, engenheiro, jornalista, poeta, publicitário e teatrólogo pernambucano Manuel Bastos Tigre (1882 – 1957), 12 de março, que foi instituído, pelo Decreto nº 84.631, de 9 de abril de 1980 com efeitos em todo o território nacional, o Dia do Bibliotecário. Bastos Tigre era filho do negociante Delfino Tigre (18? – 1932) e de Maria Leontina Bastos Tigre (18? – 1926); e irmão de Hermínia Bastos Tigre, que foi casada com o fotógrafo Louis Piereck (1880 – 1931).

 

“Bastos Tigre foi um espírito alegre, que soube representar a pleno a alma do brasileiro cosmopolita do seu tempo, introduzido que fora, bem moço ainda, no mais significativo da boemia do seu tempo (…) folião poeta (…) sempre jovial, o Bastos Tigre, poeta satírico, irrefreável”.

Otacílio Colares in Bastos Tigre: bibliotecário e poeta da Belle Époque, 1982

 

Boêmio e dono de um humor fino, Bastos Tigre veio para o Rio de Janeiro com cerca de 17 anos e tornou-se uma figura conhecida da Belle Époque carioca. Em 1915, passou em primeiro lugar no primeiro concurso público para o cargo de bibliotecário – do Museu Nacional -, apresentando a tese Sobre a aplicação do Sistema de Classificação Decimal, na organização lógica dos conhecimentos, em trabalhos de bibliografia e Biblioteconomia. Ele havia conhecido esta técnica a partir de um contato com o bibliotecário Melvim Dewey, criador do sistema, que conheceu quando esteve nos Estados Unidos, entre 1906 e 1909, estudando Engenharia, na Bliss School, em Washington. Sua tese foi um marco importante na biblioteconomia brasileira, tendo sido a primeira sobre o assunto elaborada no país.

Foi bibliotecário por 40 anos, tendo trabalhado no Museu Nacional, na Biblioteca Nacional, na Biblioteca da Associação Brasileira de Imprensa e na Biblioteca Central da Universidade do Brasil, aonde foi homenageado após sua morte com uma placa (Diário de Notícias, 12 de março de 1958, penúltima coluna).

 

“É o livro amigo mudo que, calado, nos diz tudo.”

 

  

“A leitura de um bom livro afasta o tédio e estimula o pensamento.” 

 

Bastos Tigre foi o responsável pelo slogan da Bayer que se tornou famoso em todo o mundo: “Se é Bayer é bom“. É também o autor da letra da música Chopp em Garrafa, com música de Ary Barroso (1903 – 1964), que foi interpretada por Orlando Silva (1915 – 1978). Foi inspirada no produto que a Brahma passou a engarrafar. Sucesso do carnaval de 1934, é considerado o primeiro jingle publicitário do Brasil. Foi também o autor do livro Meu Bebê: livro das mamães para anotações sobre o bebê desde seu nascimento. Escreveu 17 livros, o primeiro, Saguão da Posteridade, editado pela Tipografia Altina, em 1902; além de 12 peças de teatro – a primeira, a revista musical Maxixe, estreou em 30 de março de 1906, no Teatro Carlos Gomes (Gazeta de Notícias, 30 de março de 1906, última coluna). Em 1917, fundou a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, a SBAT.

Cronista e articulista, trabalhou em inúmeros jornais como Correio da Manhã, onde por anos assinou a seção humorística “Pingos & Respingos” com o pseudônimo Cyrano & Cia, onde com humor comentava a vida cotidiana carioca, alcançando grande popularidade. Colaborou também com A ÉpocaA Gazeta, A NotíciaGazeta de Notícias, Lanterna, O Filhote da Gazeta, O GloboO Jornal,  O Malho e Rua. Em 1917, fundou a revista humorística Dom Quixote. Ele usava o pseudônimo “D. Xicote”. A revista circulou até 1927.

Faleceu em agosto de 1957, em sua casa, à rua Senador Vergueiro, 192, apartamento 12.

 

 

O primeiro curso de Biblioteconomia da América Latina, na Biblioteca Nacional

 

 

Foi instituído, em 11 de julho de 1911, por iniciativa de seu então diretor, o pernambucano Manuel Cícero Peregrino da Silva (18 – 1956), nos moldes da École de Chartres, o primeiro curso de Biblioteconomia da América Latina e o terceiro no mundo – os dois primeiros foram os da Universidade de Göttingen, na Alemanha, criado em 1886; e o do Columbia College, nos Estados Unidos, criado por iniciativa do bibliotecário norte-americano Melvin Dewey  (1851 – 1931), em 1887 (Anais da Biblioteca Nacional, 1916). Já existia desde 1821, a École des Chartes, na França, criada com a missão de formar futuros curadores patrimoniais, especialmente para bibliotecas, sem, entretanto, se constituir em curso de Biblioteconomia (Origens do ensino de biblioteconomia no Brasil, 2021).

O objetivo de Peregrino da Silva foi dar uma formação ao quadro de funcionários da instituição, que dirigiu entre 1900 e 1924. As matérias do curso eram Bibliografia, que abrangia História do Livro, Administração de Bibliotecas e Catalogação; Iconografia e Numismática; e Paleografia e Diplomática. O ensino era teórico e prático e este último era realizado na própria Biblioteca Nacional, usando seus serviços, considerados padrão.

A primeira turma foi formada em 1915 e o curso regular começou em 12 de abril com 27 alunos, sendo 12 funcionários da casa. Dois dias antes, em 10 de abril foi proferida a aula inaugural com a conferência A função do bibliotecário, realizada por Constâncio Antonio Alves (Correio da Manhã, 10 de abril de 1915, segunda colunaAnais da Biblioteca Nacional, 1916). Ao longo dos anos, foram professores do curso Afrânio Coutinho (1911 – 2000), Cecília Meireles (1901 – 1964) e Sérgio Buarque de Hollanda (1902 – 1982), dentre vários outros. O curso, uma referência na formação em biblioteconomia, funcionou na Biblioteca Nacional até 1969, quando foi transferido para a Unirio.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ANDRADE, Joaquim Marçal Ferreira de. Complemento indispensável…in Brasiliana Fotográfica, 29 de outubro de 2015.

BALABAN, Marcelo. Estilo Moderno: Humor, Literatura e Publicidade em Bastos Tigre. São Paulo : Editora da Unicamp, 2017.

BNDigital

FERNANDES, Daniel. BIBLIOTECONOMIA | MANUEL BASTOS TIGRE, UM BIBLIOTECÁRIO CHEIO DE HUMOR. BNDigital, 31 de março de 2022

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Hubner, M. L. F., Silva, J. F. M., & Atti, A. (2021). Origens do ensino de biblioteconomia no Brasil. BIBLOS35(1). https://doi.org/10.14295/biblos.v35i1.12105

TIGRE, Sylvia Bastos (Org.). Bastos Tigre: notas biográficas. Brasília, 1982

Site Biblioo

WANDERLEY, Andrea C. T. O “artista fotógrafo”Louis Piereck (1880 – 1931) in Brasiliana Fotográfica, 15 de dezembro de 2020.

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXV – O Theatro Phenix

Com imagens produzidas por um fotógrafo ainda não identificado e por N. Viggiani, a Brasiliana Fotográfica conta um pouco da história do Theatro Phenix, tema do 25º artigo da série O Rio de Janeiro desaparecido. O escritório Januzzi e Irmão foi responsável pelo projeto aprovado, em 14 de novembro de 1906, do Palace Hotel, que já foi tema de um artigo do portal; e do Theatro Phenix – ambos empreendimentos da família Guinle. Mais uma vez convidamos nossos leitores a explorar as fotografias com a ferramenta zoom e, a partir daí, fazer um passeio pela cidade nas primeiras décadas do século XX, observando mais de perto a paisagem urbana carioca e seus personagens.

 

 

No Álbum da Avenida Central, lançado, em 1907, pelo fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), havia desenhos das fachadas do Palace Hotel, que ficava na Avenida Central, e do Teatro Phenix, contiguo ao hotel, na Rua Barão de São Gonçalo, posteriormente rebatizada como Avenida Almirante Barroso. Nenhum dos dois estava construído quando o álbum foi produzido, portanto, logicamente, não puderam ser fotografados. Esse álbum é um importante registro da reforma da principal via da então capital federal, onde ele contrapôs reproduções das plantas às fotografias das fachadas de cada edifício documentado. Esse tipo de fotografia foi fundamental para a construção e para a difusão de uma nova imagem do Rio de Janeiro, uma imagem associada aos ideais de civilização e progresso.

 

Um pouco da história do Theatro Phenix

 

 

O nome do Theatro Phenix foi uma homenagem ao Theatro Phenix Dramática, que existia nos jardins do Hotel Brissac. Eduardo Balassin Guinle (1846 – 1912), patriarca de sua abastada e influente família, foi obrigado a construí-lo. A Prefeitura do Rio de Janeiro, sob a gestão de Francisco Pereira Passos (1836 – 1913)  desapropriou, demoliu e reurbanizou a área onde ficava o Phenix Dramática, localizado na Rua da Ajuda, nº 57, no processo da construção da Avenida Central, em 1904. Ele havia sido inaugurado, em 1863, com o nome de El Dorado. Foi renomeado Phenix Dramática, em 1868. Bem, o terreno foi adquirido pelo empresário Eduardo Guinle e, segundo a lei, seria obrigatória a construção de um novo teatro no lugar do demolido. Num gesto de afirmação cultural, ele ofereceu ao Rio de Janeiro uma sala de espetáculos imponente com capacidade para 1200 espectadores, cuja natureza e dimensões só eram comparáveis aos teatros Municipal e de São Pedro. Seu projeto seguia o modelo clássico dos teatros italianos com a platéia rodeada por camarotes (Última Hora, 28 de fevereiro de 1955, primeira coluna).

Segundo Augusto Mauricio:

“…e essa casa de espetáculos, que é uma das que melhor possui o Rio de Janeiro quer como platéia, camarotes, mobiliário confortável com cadeiras estofadas, sala suntuosa, e corredores amplos, revestido todo de mármore trabalhado de diversas cores, colunas de diferentes ordens, grandes espelhos e ainda instalações internas para os artistas, que contam com camarotes magníficos – custou ao proprietário àquele recuado tempo, pouco mais de dois mil contos de réis”.

O novo Teatro Phenix,  cuja construção terminou em 1908, 1912 ou 1913 –  as fontes variam -, ficava na Rua Barão de São Gonçalo, logo transformada em Avenida Almirante Barroso, em um terreno contíguo ao Palace Hotel. Sua fachada foi inspirada na Ópera Garnier, em Paris.

Desde o início foi arrendado a terceiros – o primeiro foi Angelo Balloni, principal sócio da H. Balloni e Cia, que concedeu uma entrevista ao jornal Imparcial de 26 de fevereiro de 1914, data da inauguração do teatro. Na reportagem, é ressaltado o aspecto mais inclusivo do teatro, comparando-o ao Theatro Municipal: “No Phenix achar-se-á bem instalada tanto a sociedade chic como a classe operária. É que seu ambiente é artístico sem ser solene. Nele há um único atrativo, a simplicidade artística, cuja ação se estende por todas as pessoas, sejam elas quais forem, Isso, aliás, é pouco comum em nosso meio. Haja vista, por exemplo, o Municipal” (O Imparcial, 26 de fevereiro de 1914, antepenúltima coluna).

 

 

Anunciado como a mais ampla e luxuosa sala de espetáculos da América do Sul, antes de sua inauguração oficial, lá foram realizados bailes de carnaval nos dias 21, 22, 23 e 24 de fevereiro de 1914 (Correio da Manhã, 23 de fevereiro de 1914, primeira colunaO Paiz, 19 de fevereiro de 1914, sexta colunaO Paiz, 23 de fevereiro de 1914, primeira colunaO Paiz, 9 de março de 1914).

 

 

 

 

 

Foi reaberto como teatro, arrendado a Luiz Alonso, em novembro de 1915, com a peça Champignol à força, um vaudeville em três atos dos dramaturgos franceses Georges Feydeau (1862 – 1921) e Maurice Desvallières (1857 – 1926), encenada pela Companhia Leopoldo Froes e estrelada pela atriz Lucilia Peres (1881 – 1962) (O Paiz, 3 de novembro de 1915).

 

 

Funcionou também como teatro, cinema, cassino e dancing, quando o arrendatário era, desde 1916, Djalma Moreira.  Em 1921, a Casa dos Artistas protestou contra a transformação do Theatro Phenix em tavolagem. Provavelmente, Djalma arrendou o teatro até 1923 (Correio da Manhã, 27 de outubro de 1916, penúltima colunaO Jornal, 4 de abril de 1920Revista da Semana, 31 de dezembro de 1921, primeira colunaO Jornal, 4 de abril de 1922, terceira colunaA Noite, 15 de fevereiro de 1923, primeira coluna; Crítica, 2 de dezembro de 1928, segunda coluna).

 

 

 

Voltou a ser um teatro, arrendado pelo calabrês Jácomo Rosário Staffa (c. 1867 – 1927), e foi reinaugurado em 30 de abril de 1926 com a revista Excelsior, do pernambucano Manuel Bastos Tigre (1882 – 1957). Uma curiosidade: Bastos Tigre era cunhado do fotógrafo Louis Piereck (1880 – 1931) e foi o responsável pelo slogan da Bayer que se tornou famoso em todo o mundo: “Se é Bayer é bom“. É também o autor da letra da música Chopp em Garrafa, com música de Ary Barroso (1903 – 1964), que foi interpretada por Orlando Silva (1915 – 1978). Foi inspirada no produto que a Brahma passou a engarrafar. Sucesso do carnaval de 1934, é considerado o primeiro jingle  publicitário do Brasil. Foi também o autor do livro Meu Bebê: livro das mamães para anotações sobre o bebê desde seu nascimento. O Dia do Bibliotecário, 12 de março, dia de seu nascimento, foi instituído, em 1980, em sua homenagem. (Correio da Manhã, 12 de julho de 1925, quinta coluna; Correio da Manhã, 10 de fevereiro de 1926, quinta colunaCorreio da Manhã, 16 de abril de 1926, antepenúltima colunaCorreio da Manhã, 30 de abril de 1926).

 

 

Voltando ao Phenix. Lembramos aqui que Staffa era o proprietário do Grande Cinematographo Pariziense, o segundo cinema do Rio de Janeiro, inaugurado em 9 de agosto de 1907. O primeiro foi o Chic, inaugurado em 1º de agosto do mesmo ano. O terceiro foi o cinema Pathé, do fotógrafo Marc Ferrez e Arnaldo Gomes de Souza. A firma de Arnaldo e Ferrez chamava-se Arnaldo & Cia, omitindo a participação de Ferrez, porque Charles Pathé (1863 – 1957), um dos proprietários da Pathé Frères, proibia que seus distribuidores e representantes possuíssem cinematógrafos e Ferrez era um de seus representantes. Staffa denunciou o fato em 1908. Foi também o proprietário do Palace Hotel de Caxambu (Correio da Manhã, 8 de maio de 1926, segunda coluna).

 

 

O Phenix foi palco de muitas peças e bailados, esses últimos criações da coreógrafa e bailarina russa Maria Oleneva (1896 – 1985) que, posteriomente, foi uma das fundadoras da Escola de Dança do Teatro Municipal.

Em seu prédio foi sediado, na década de 1920, o Partido Democrático (Correio da Manhã, 24 de julho de 1927, quarta colunaCrítica, 7 de dezembro de 1928, última coluna).

Em 1929, passou a exibir quadros de Nu Artístico e era proibida a entrada de menores e de senhoritas (Crítica18 de abril23 de abril18 de maio de 1929).

 

 

Em 31 de maio, estreia do vaudeville musicado A Ilha dos Prazeres, uma peça do gênero livre com quadros de nu artístico, tendo como estrela a atriz  Theda Diamant (Crítica, 31 de maio de 1929, segunda coluna).

 

 

Em junho, Carlos Machado (1908 – 1992), que ficou conhecido como o Rei da Noite, foi anunciado diretor artístico do Phenix (Crítica, 21 de junho de 1929, terceira coluna). Ainda em 1929, foi o palco da temporada das Operetas Vienenses e voltou a exibir filmes(Crítica, 21 de julho de 1929Crítica, 12 de setembro de 1929, terceira coluna).

Ficou fechado por um breve período, tendo sido reaberto, após uma reforma, em janeiro de 1930, como Cine Theatro Phenix , sob a direção da Empresa S. Kauffman apresentando espetáculos puramente familiares (Crítica, 26 de dezembro de 1929). Passou a ter “uma orquestra de 30 professores que darão vida e palavras às cintas mudas por intermédio da linguagem universal – a Música”. Lembramos aqui que o cinema sonoro estava ocupando o lugar dos filmes silenciosos (Correio da Manhã, 27 de dezembro de 1929, terceira colunaO Paiz, 29 de dezembro de 1929, quinta colunaJornal do Brasil, 9 de janeiro de 1930 e O Imparcial (MA), 17 de janeiro de 1930, quarta coluna).

 

 

 

Entre as décadas de 1930 e 1940, voltou a funcionar ora como teatro ora como cinema. Abrigou também conferências, bailes de carnaval e recitais de música. Pelo teor dos filmes lá exibidos, “verdadeiros atentados à moral e ao decoro públicos”, foi censurado (A Batalha, 17 de março 1931, terceira coluna).

 

 

Em 1937, arrendado por Vital Ramos de Castro (1879 – 1958), cineasta e empresário do ramo cinematográfico, o Phenix foi inaugurado como Ópera, uma nova casa de diversões. Ainda em 1937 passou a chamar-se Cine Theatro Ópera (Correio da Manhã, 15 de junho de 1937, penúltima coluna; Beira- Mar, 14 de agosto de 1937Diário Carioca, 19 de setembro de 1937, antepenúltima coluna; penúltima colunaA Nação, 9 de outubro de 1937, segunda colunaCorreio da Manhã, 27 de março de 1938). Não seria a primeira vez que os caminhos de Vital e Staffa se encontravam: em 1927, o Cine Parisiense, que era, como já mencionado, de Staffa, foi comprado por ele.

 

 

Vital foi o proprietário do Circuito independente Vital Ramos de Castro,  que chegou a ter vinte salas de cinema no Rio de Janeiro, entre eles o Cine Plaza, na Cinelândia, o Cinema Olinda, na Praça Sans Penha, que foi a maior sala de cinema que já existiu no Rio de Janeiro; o Cinema Colonial, futura Sala de Teatro Cecília Meirelles e o Cine Ritz, em Copacabana.

 

 

Em 1944, com o apoio do então prefeito do Rio de Janeiro, Henrique Dodsworth (1895 – 1975), voltou a ser teatro e foi reaberto com a encenação pela companhia de Bibi Ferreira (1922 – 2019) da peça Sétimo Céu, do dramaturgo norte-americano Austin Stroug (1881 – 1952) (Gazeta da Manhã, 15 de abril de 1943, quarta colunaJornal do Commercio, 20 de maio de 1944, terceira colunaGazeta da Manhã, 15 de julho de 1944, penúltima coluna; Jornal do Commercio, 17 e 18 de julho de 1944, quarta colunaJornal do Commercio, 20 de de julho de 1944). Nele se apresentaram, dentre outros, o Teatro do Estudante, de Paschoal Carlos Magno (1906 – 1980); Sandro Apolônio (1921 – 1995), Maria Della Costa (1926 – 2015) e Henriette Morineau (1908 – 1990).

Em 1948, Vital Ramos de Castro entrou com uma ação de despejo contra o grupo teatral de Sandro Apolônio que se apresentava no Phenix com a peça Estrada do Tabaco (A Scena Muda, 15 de junho de 1948, página 3 e página 24A Scena Muda, 8 de março de 1949).

 

 

Foi fechado, em 1951, e totalmente demolido entre 1957 e 1958. Assim se encerrava um capítulo da história do teatro no Rio de Janeiro (Jornal, 2 de dezembro de 1950, segunda colunaJornal do Commercio, 15 e 16 de janeiro de 1951, penúltima colunaJornal, 2 de dezembro de 1950, segunda coluna; Correio da Manhã, 6 de dezembro de 1957, quarta colunaJornal do Commercio, 27 de dezembro de 1957, sétima colunaCorreio da Manhã, 8 de julho de 1958, última coluna).

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BULCÃO, Clóvis. Os Guinle: a história de uma dinastia. Rio de Janeiro : Intrínseca, 2015.

BATISTA, Antonio José de Sena. Arquitetos sem halo: a ação dos escritórios M.M.M.Roberto e Henrique Mindlin Arquitetos Associados. Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em História Social da Cultura, do Departamento de História da PUC-Rio, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em História, março de 2013.

CATTAN, Roberto Correia de Mello. A Família Guinle e a Arquitetura do Rio de Janeiro Um capítulo do ecletismo carioca nas duas primeiras décadas do novecentos. Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em História do Departamento de História da PUC-Rio, novembro de 2013.

CAVALCANTI, Lauro, org., Quando o Brasil Era Moderno Artes plásticas no Rio de Janeiro 1905-1960, Rio de Janeiro : Aeroplano Editora, 2001.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MARCHESAN, Luiz Gonzaga. Antonio Cândido na revista Texto.

MORAES, Frederico. Cronologia das Artes Plásticas no Brasil 1816-1994. Rio de Janeiro : Topbooks, 2001.

Site Clube Naval

Site Estilos Arquitetônicos

Site Inepac

Veja Rio

Youtube – O LUXUOSO PALACE HOTEL DOS PRESIDENTES E ARTISTAS MODERNISTAS

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica sobre teatros e cinemas

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXpublicado em 26 de fevereiro de 2016.

Os teatros do Brasil, publicado em 21 de março de 2016

A inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, publicado em 14 de julho de 2017

Cinema no Brasil – a primeira sessão e um pouco da história do Cinema Odeon, publicado em 8 de julho de 2021

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XII – O Teatro Lírico (Theatro Lyrico), publicado em 16 de setembro de 2021

O Theatro de Santa Isabel, publicado em 28 de outubro de 2021

O Teatro Amazonas (Theatro Amazonas), em Manaus, a “Paris dos Trópicos”, publicado em 28 de dezembro de 2021

O Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, no Dia Mundial do Teatro, publicado em 27 de março de 2023

Dia do Cinema Brasileiro, publicado em 19 de junho de 2023

O Theatro da Paz, em Belém do Pará, inaugurado em 15 de fevereiro de 1878, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado em 15 de fevereiro de 2024

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro

Com imagens produzidas por Antônio Caetano da Costa Ribeiro (18? – 19?), Augusto Malta (1864 – 1957), Guilherme Santos (1871 – 1966) e por um fotógrafo ainda não identificado, a Brasiliana Fotográfica conta um pouco da história do luxuoso Palace Hotel, tema do 24º artigo da Série O Rio de Janeiro desaparecido. Diversas exposições de fotografia e de pintura foram realizadas no Palace, tornando-o um pólo da vanguarda artística do Brasil, tema da poesia Rondó do Palace Hotel, de Manoel Bandeira.  O escritório Januzzi e Irmão foi responsável por seu projeto e também pelo do Teatro Phenix – aprovado em 14 de novembro de 1906 -, dois empreendimentos da família Guinle. O Teatro Phenix, contiguo ao Palace, será tema de um futuro artigo do portal.

 

 

Convidamos nossos leitores a explorar as fotografias com a ferramenta zoom e, a partir daí, fazer um passeio pelo Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX, observando mais de perto a paisagem urbana carioca e seus personagens.

Acessando o link para as fotografias do Palace Hotel, na avenida Rio Branco, disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Um pouco da história do Palace Hotel

 

 

Localizado na Avenida Central , número 185, esquina com a rua Almirante Barroso, o Palace Hotel ficava na espinha dorsal do mundo das compras e do lazer dos elegantes, dos negócios e da cultura da então capital federal. Ficava no ponto mais nobre da avenida, onde também estavam situados os prédios do Jockey Club, projeto do arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), inaugurado em 1913 e demolido na década de 1970; e do Clube Naval, projetado pelo italiano Tommaso Bezzi (1844 – 1915), executado por Heitor de Mello, inaugurado em 1910, e tombado em 1987 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural.

A linha central da avenida havia sido inaugurada pelo presidente Rodrigues Alves (1848 – 1919), em 7 de setembro de 1904 (O Paiz, 8 de setembro de 1904, na sexta coluna, sob o título “Avenida Central” e Gazeta de Notícias, de 8 de setembro de 1904, na última coluna). No ano seguinte, 1905, sob um temporal, a avenida foi aberta oficialmente, em 15 de novembro (O Paiz, 16 de novembro de 1905, na quinta coluna, sob o título “15 de Novembro”).

 

 

A abertura da avenida foi uma das principais marcas da reforma urbana realizada por Francisco Pereira Passos (1836 – 1913), o bota-abaixo, entre 1902 e 1906, período em que foi prefeito do Rio de Janeiro. Essas transformações foram definidas por Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914), autor da seção “Binóculo”, da Gazeta de Notícias, com a máxima “O Rio civiliza-se”, que se tornou o slogan da reforma urbana carioca, que tornou o Rio uma cidade cosmopolita, moderna. A Avenida Central inaugurou um novo eixo da cidade em direção ao mar, a orla foi embelezada com a Avenida Beira-Mar, aberta em 1906, e a cidade, antes portuária, incorporou à sua vida urbana as praias de CopacabanaIpanema e Leblon.

 

 

O nome da Avenida Central foi mudado, por decreto, em 15 de fevereiro de 1912, para Avenida Rio Branco, uma homenagem ao diplomata e ministro das Relações Exteriores do Brasil, o barão de Rio Branco ( 1845 – 1912), que havia falecido cinco dias antes (O Paiz, 16 de fevereiro de 1912, sob o título “Barão do Rio Branco”).

No Álbum da Avenida Central, lançado em 1907 pelo fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), havia desenhos das fachadas do Palace, que ficava na avenida, e do Teatro Phenix, contiguo ao hotel, na Almirante Barroso, ainda Barão de São Gonçalo. Tanto o hotel como o teatro chamavam-se Avenida e fazian m parte do prédio 1885-187-189-191. Nenhum dos dois estava construído quando o álbum foi produzido, portanto não puderam ser fotografados. Quando foram construídos passaram a chamar-se Palace Hotel e Theatro Phenix. Esse álbum é um importante registro da reforma da principal via da então capital federal, onde ele contrapôs reproduções das plantas às fotografias das fachadas de cada edifício documentado. Esse tipo de fotografia foi fundamental para a construção e para a difusão de uma nova imagem do Rio de Janeiro, uma imagem associada aos ideais de civilização e progresso.

 

 

 

O Palace Hotel pertencia a Eduardo Palassin Guinle (1846 – 1912), patriarca de sua influente e abastada família. As obras do hotel foram concluídas em torno de 1915 e ele foi inaugurado, em julho de 1919. Foi o ponto de encontro da elite carioca, de celebridades nacionais e internacionais, além de ter sido o palco de diversos e importantes eventos culturais e mundanos. Na época, o Rio de Janeiro era tanto pólo de atração como modelo para as capitais estaduais.

 

 

Foi o primeiro empreendimento da família Guinle gerenciado pelo empresário Octávio Guinle (1886 – 1968), filho de Eduardo. O negócio contava com a sociedade do barão de Saavedra (1890 – 1956) e de Francisco Castro e Silva (18? – 19? que juntos comandavam a Companhia Hotéis Palace, fundada em 1919, mesmo ano da inauguração do Palace. Marcou o início de uma nova fase da indústria hoteleira no Rio de Janeiro. Eles também construíram o Copacabana Palace Hotel, quintessência do glamour carioca, inaugurado em 13 de agosto de 1923.

 

 

Pouco depois da inauguração do Palace Hotel foi realizado um grande banquete em um dos seus salões para autoridades que estavam no Rio de Janeiro para a posse do presidente Epitácio Pessoa (1865 – 1942) (O Paiz11 de julho de 1919, primeira coluna20 de julho de 1919, segunda colunaCorreio da Manhã, 30 de julho de 1919, antepenúltima coluna). Antes de se instalarem no Palácio do Catete, muitos  presidentes da República eleitos se hospedavam lá até o dia da posse. Washington Luis (1896 – 1957) esteve, em 1926, no quarto 309, e para o mesmo quarto voltou depois de seu exílio, 15 anos depois.

O Palace possuía 8 andares, servidos por seis elevadores, com 250 quartos de dormir. Sua imagem está mais próxima dos modelos dos palácios urbanos italianos, do barroco ou mesmo de exemplos maneiristas, inspirados na matriz renascentista de Florença. Sofreu uma intervenção do arquiteto francês Joseph Gire (1872 – 1933), provavelmente durante a década de 20. Gire foi o responsável pelos projetos dos hoteis Gloria (1922) Copacabana Palace (1923), dentre vários outros emprendimentos no Rio de Janeiro.

 

 

“Todos os quartos tem água quente e fria e o estylo do mobiliário é de muito bom gosto. A Empresa fez ligar para todos os quartos 10 linhas principaes de telephones. A sala de jantar, situada no sétimo andar, esta ricamente decorada, podendo conter 500 pessoas. As suas grandes janellas de sacada conduzem a grandes terraços com vista para a cidade e Bahia, tocando durante todas as refeições uma orchestra de primeira classe. O estabelecimento é dirigido segundo systema europeu, e tem serviço de cozinha irreprehnsível. O hotel tem ainda espaçosos salões de leitura, de visitas, recepção, baile, sala de concertos, bibliotheca, barbeiro, etc., etc. Na cave do edifício há grande stocks dos melhores vinhos. A Companhia emprega 230 pessoas. Todo o pessoal em contacto com os hospedes falla portuguez, inglez, francez, italiano, espanhol e allemão. Para o serviço de cosinha emprega 60 cosinheiros. A direção do hotel está entregue ao Snr. Jean Paul, da Dinamarca, tendo este senhor uma larga experiência nos hotéis das principaes cidades de Europa e dos Estados Unidos da América do Norte”.

Enciclopédia Comercial, Globe Encyclopedia Company, 1924, London.

 

Segundo o diplomata Maurício Nabuco (1891 – 1979) em seu livro Reflexões e reminiscências, o Palace Hotel teria sido a primeira grande hospedaria do Brasil e se tornado o centro de jovens casais. Em seu bar teria nascido o hábito de se tomar um aperitivo elegante à hora do jantar.  Ainda sobre o bar: sua entrada independente teria atraido, segundo Lucia Meira Lima, as mais formosas “francesas” que aqui aportaram e despertavam paixões entre a jeunesse dorée e os balzaqueanos das décadas de 1920 e 1930. Outros ambientes requintados do hotel eram o Salão Nobre, o Salão de Leitura e o Jardim de Inverno, que antecedia o salão que mais tarde abrigaria as exposições promovidas pela Associação dos Artistas Brasileiros (AAB), localizado ao fundo.

Várias homenagens, chás dançantes, recitais, almoços e jantares, bailes de carnaval eram realizados em seus salões. Foi no Palace Hotel que a poetisa gaúcha Iveta Ribeiro  (1886 – 1962) apresentou a revista Brasil Feminino, que dirigia (Revista da Semana, 6 de fevereiro de 1932).

 

 

 

 

 

 

Funcionou até 15 de setembro de 1950, quando o gerente sr. Rubens Bokel de Freitas mandou que fosse cerrada em definitivo a porta principal daquele estabelecimento, conforme informado no artigo O fim de uma época, de João Martins, publicado na revista O Cruzeiro, 7 de outubro de 1950. Teve seus bens leiloados. Foi demolido entre 1950 e 1951 (O Jornal, 17 de setembro de 1950, primeira coluna; Jornal do Brasil, 24 de setembro de 1950Jornal do Brasil, 5 de novembro de 1950, penúltima colunaJornal do Brasil, 20 de janeiro de 1951).

 

 

Em seu lugar foi erguido o Edifício Condomínio Marquês do Herval, projeto do escritório MMM Roberto, dos irmãos arquitetos Maurício, Marcelo e Milton; e uma das principais construções de arquitetura modernista do Rio de Janeiro. Foi inaugurado, em 1956,  com 36 andares, 35 mil metros quadrados de área construída e 600 unidades, incluindo as lojas e sobrelojas.

 

Edifício Marquês do Herval

Edifício Marquês do Herval

 

 

O Palace Hotel como referência de vanguarda artística

 

Foi uma referência da vanguarda artística desde os primeiros anos da década de 1920. Diversas exposições de pintura e fotografia aconteceram em seus salões.

 

Algumas exposições de fotografia realizadas no Palace Hotel

 

Algumas importantes exposições de fotografia aconteceram no Palace Hotel, dentre elas, o Salão do Branco e Preto, e uma de águas- fortes photographicas de Fernando Guerra Duval (18? – 1959), em outubro de 1932 (Revista da Semana, 8 de outubro de 1932O Malho, 15 de outubro de 1932).

 

 

 

Em outubro de 1933, realizou-se outra exposição de Fernando Guerra Duval (18? – 1959), um dos fundadores, em 1923, do Photo Club Brasileiro, uma associação de fotógrafos, no Rio de Janeiro, formada pelos associados do Photo Club do Rio de Janeiro, fundado em 1910, que se juntaram a fotógrafos de arte para debater as relações entre fotografia e arte. O Photo Club Brasileiro promovia cursos, concursos, exposições e excursões. Publicou as revistas Photo Revista do Brasil (1925 – 1926) e Photogramma (1926 – 1931). Também organizava salões anuais, o primeiro deles inaugurado em 4 de julho de 1924, no Liceu de Artes e Ofícios (Artigo de Fernando Guerra Duval, na Gazeta de Notícias, 9 de julho de 1924), além de divulgar novas técnicas e estéticas, mantendo correspondência com sociedades internacionais de fotografia. Até o fim da década de 1940, foi uma instituição fundamental na difusão da ideia da fotografia como arte. Uma matéria da revista Para Todos, de 17 de setembro de 1927, sobre a quarta exposição anual do Photo Club, ilustrava essa função primordial da associação. Alguns de seus membros de destaque foram Alberto Friedmann, Barroso Neto, Herminia Borges, João Nogueira Borges, Oscar de Teffé e Silvio Bevilacqua. Foi um reduto do pictorialismo.

 

 

Fernando, símbolo de elegância e frequentador dos mais requintados e intelectualizados salões cariocas desde as primeiras décadas do século XX, foi também poeta, ator e barítono. Foi casado com Stella de Carvalho Guerra Duval (1879 – 1971), fundadora da Pró-Matre e também da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, ao lado de Bertha Lutz  (1894 – 1976) e Jerônima Mesquita (1880 – 1972), dentre outras. Em 1939, era o presidente da Associação dos Artistas Brasileiros, cuja sede era o Palace Hotel. Em 1942, era seu coordenador-geral. Faleceu em novembro de 1959 (A Rua, 25 de outubro de 1916, última coluna; Vida Doméstica, junho de 1927O Paiz, 22 e 23 de setembro de 1930, penúltima colunaRevista da Semana, 7 de outubro de 1933; O Imparcial, 31 de julho de 1935, terceira colunaFon Fon, 2 de dezembro de 1939; O Malho, novembro de 1942; Correio da Manhã, 5 de dezembro de 1959, penúltima coluna).

 

 

Em 1935, foi realizada a Exposição Fotográfica do Touring Club do Brasil (Revista da Semana, 14 de dezembro de 1935).

 

 

Em 1937, realizou-se o Salão Pinturial Fotográfico (Revista da Semana, 30 de outubro 1937).

 

 

Em 1938, foram as seguintes as exposições de fotografia no Palace:

 

 

Em outubro de 1939, realização de mais um Salão em Preto e Branco.

 

 

No mês seguinte, no dia 4, foi inaugurada a exposição fotográfica de Jorge de Castro (? – 19?) intitulada Clichês, no Palace Hotel.  Foram exibidas imagens de paisagens rurais, de árvores, de habitações, de recantos poéticos do Rio de Janeiro, além de retratos de pessoas anônimas e também de registros do maestro Villa-Lobos, dos poetas Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Murilo Nery e Oswald de Andrade;, dos escritores Anibal Machado, Jorge Amado e José Lins do Rego; da pintora Adagisa Nery, do ministro Gustavo Capanema, dentre outros (Correio da Manhã, 4 de novembro de 1939, primeira coluna; Revista da Semana, 18 de novembro de 1939).

 

 

“Fundamentalmente realista, amando as visões da vida, ele as interpreta, porém, captando o momento e o ângulo rico ou compondo o ambiente em que a realidade capitula diante da luz e se converte numa expressão sugestiva e bela”.

Mário de Andrade sobre Jorge de Castro na crônica O homem que se achou,

1940

 

Algumas exposições de pinturas realizadas no Palace Hotel

 

 

… como a de artistas da Escola de Paris, trazida ao Brasil, em 1930 por Vicente do Rego Monteiro e Géo-Charle; a exposição de Arquitetura Tropical, em 1933; o Salão dos Novos, em 1926; o Salão de Maio, em 1936; Além das primeiras individuais de Cícero Dias, em 1928; Ismael Nery, Portinari e Tarcila do Amaral, em 1929; Bruno Lechovski, em 1931; e outras de Scliar, Segall, Armando Viana, Waldemar da Costa, Kaminagai, Nivouliés de Pierrefort, Manuel Constantino, Colette Pujol, Dimitri Ismailovitch etc. Na década de 50, o Palace Hotel seguia realizando exposições, porém menos significativas e provavelmente sem o aval da Associação dos Artistas Brasileiros.

Cronologia das Artes Plásticas no Brasil 1816-1994

 

 

De Ismael Nery, Exposição Foujita no Palace Hotel - 1931

De Ismael Nery, Exposição Foujita no Palace Hotel – 1931

 

O primeiro registro de uma exposição realizada no Palace é de 1923 quando Sylvia Meyer (1889 – 1955) mostrou, em um de seus salões, retratos em pastel que foram muito bem recebidos pela crítica e pelo público. Foi sua primeira exposição individual. Voltou a expor no Palace Hotel, em 1932, e a poetisa e feminista Anna Amélia Carneiro de Mendonça (1896 – 1971), uma das organizadoras do I Salão de Arte Feminina, em 1931, escreveu uma crítica muito favorável à artista (Diário de Notícias, 9 de outubro de 1932, primeira coluna).

 

 

A partir de 1929, o Palace Hotel sediou muitas exposições sob o patrocínio da Associação dos Artistas Brasileiros (AAB), fundada por iniciativa dos artistas plásticos e irmãos Armando e Mário Navarro Costa, e pelo jornalista, escritor, dramaturgo, professor, historiador e crítico de arte Celso Kelly (1906 – 1979). A Associação dos Artistas Brasileiros surgiu a partir do convívio de artistas plásticos dos mais variados ramos durante o 1º Salão dos Artistas Brasileiros, sediado no salão nobre da Biblioteca Nacional, em 1928. Sua sede, após passar pelo Liceu e Artes e Ofícios e pelo Teatro Cassino, passou a ser, em fins de 1929, o Palace Hotel, onde promoveu exposições antológicas.

Além das já citadas exposições, o Palace Hotel também recebeu, em 1927, uma exposição conjunta de Oswaldo Goeldi (1895 – 1961) com o príncipe russo Paulo Gagarin (1885 – 1980); de Tarsila do Amaral (1886 – 1973), em 1929; de Gilberto Trompovski (1908 – 1982), em 1930; de Levino Fânzeres (1884 – 1956), em 1931; de Haydéa (1896 – 1980) e Manoel Santiago (1897 – 1987) e de Eugenio Latour (1874 – 1942), em 1932; de Hernani do Irajá (1895 – 1969), de Georgina de Albuquerque (1895 – 1962), de Olga Mary (1891 – 1963) e Raul Pedrosa (1892 – 1962), de Oswaldo Teixeira (1905 – 1974) e do francês Marcel Féguide (1888 – 1968), em 1933; do retratista português Henrique Medina (1901 – 1988), do polonês Konstanty Brandel (1880 – 1970), do italiano José Boscagly (1862 – 1945), em 1935; de alunos de Cândido Portinari (1903 – 1962), em 1936; de Alberto da Veiga Guignard (1896 – 1962), de Sarah Villela de Figueiredo (1903 – 1958), em 1938; dentre inúmeras outras.

 

 

A já mencionada exposição organizada por Vicente do Rego Monteiro (1899 – 1970), foi a primeira mostra de arte moderna europeia na América do Sul e congregou obras de artistas do calibre de Fernand Léger (1881 – 1955), Georges Braque (1882 – 1963), Pablo Picasso (1881 – 1973) e Raoul Dufy (1877 – 1953).

 

 

 

 

Foi também no Palace Hotel que o mundialmente famoso arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright (1867 – 1959) proferiu sua  última palestra da temporada que passou no Rio de Janeiro, entre 2 e 24 de outubro de 1931.

Segundo Adriana Marta Irigoyen de Toucedo:

arquiteto

 

O Palace Hotel foi personagem de uma das poesias do grande Manuel Bandeira (1886 – 1968) que revelou, em uma entrevista ao cronista Paulo Mendes Campos (1922 – 1991), publicada na Revista Província de São Pedro, em 1949, que ela referia-se à Lembrança de uma farra de Carnaval com Cícero Dias no saguão do Palace HotelRondó do Palace Hotel foi publicada no livro Estrela da Manhã (1936).

 

 

 

Rondó do Palace Hotel

por Manuel Bandeira

No hall do Palace o pintor
Cícero Dias entre o Pão
De Açúcar e um caixão de enterro
(É um rei andrógino que enterram?)
Toca um jazz de pandeiro com a mão que o Blaise Cendrars perdeu na guerra.

Deus do céu, que alucinação!
Há uma criatura tão bonita
Que até os olhos parecem nus:
Nossa Senhora da Prostituição!
-“Garçom, cinco martínis!” Os
Adolescentes cheiram éter
No hall do Palace.

Aqui ninguém dá atenção aos préstitos
(Passa um clangor de clubes lá fora):
Aqui dança-se, canta-se, fala-se
E bebe-se incessantemente
Para esquecer a dor daquilo
Por alguém que não está presente
No hall do Palace.

 

 

 

Andrea C.T. Wanderley

Editora e Pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

 

BULCÃO, Clóvis. Os Guinle: a história de uma dinastia. Rio de Janeiro : Intrínseca, 2015.

BATISTA, Antonio José de Sena. Arquitetos sem halo: a ação dos escritórios M.M.M.Roberto e Henrique Mindlin Arquitetos Associados. Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em História Social da Cultura, do Departamento de História da PUC-Rio, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em História, março de 2013.

CATTAN, Roberto Correia de Mello. A Família Guinle e a Arquitetura do Rio de Janeiro Um capítulo do ecletismo carioca nas duas primeiras décadas do novecentos. Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em História do Departamento de História da PUC-Rio, novembro de 2013.

CAVALCANTI, Lauro, org., Quando o Brasil Era Moderno Artes plásticas no Rio de Janeiro 1905-1960, Rio de Janeiro : Aeroplano Editora, 2001.

COSTA, Helouise. Pictorialismo e Imprensa: O Caso da Revista O Cruzeiro (1928-1932). In: FABRIS, Annateresa (org.). Fotografia:  Usos e Funções no Século XIX. 2 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. (Texto & Arte, 3).

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MARCHESAN, Luiz Gonzaga. Antonio Cândido na revista Texto.

MENDES, Ricardo org. Pensamento crítico em fotografia – Antologia Brasil – 1890 – 1930. FUNARTE, 2013.

MORAES, Frederico. Cronologia das Artes Plásticas no Brasil 1816-1994. Rio de Janeiro : Topbooks, 2001.

Site Clube Naval

Site Estilos Arquitetônicos

Site Inepac

SOARES, Débora Poncio. ENTRE APAGAMENTOS E LEMBRANÇAS: A artista Sylvia Meyer (1889 – 1955). Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de bacharel em História da Arte, 2021.

TOUCEDO, Adriana Marta Irigoyen de. Frank Lloyd Wright e o Brasil.  Dissertação de Mestrado – Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo, 2000.

XAVIER, Roger Ferreira. Os comediantes: da gênese à formulação do teatro do futuro (1938-1942). Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Título de Mestre em Artes Cênicas. Linha de Pesquisa: História e Historiografia do Teatro e das Artes

Youtube – O LUXUOSO PALACE HOTEL DOS PRESIDENTES E ARTISTAS MODERNISTAS

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica sobre hotéis

 

Hotéis do século XIX e do início do século XX no Brasil, publicado em 5 de novembro de 2015 , de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

O Hotel Glória – antes e depois, publicado em 21 de dezembro de 2017, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

Copacabana Palace, símbolo do glamour carioca, publicado em 13 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

O Hotel Pharoux por Revert Henrique Klumb, publicado em 15 de junho de 2022, publicado em 13 de agosto de 2023, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

O centenário do Copacabana Palace, quintessência do “glamour” carioca, e seu criador, o arquiteto francês Joseph Gire, publicado em 13 de agosto de 2023, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

O “artista fotógrafo” Louis Piereck (1880 – 1931)

 

O “artista fotógrafo” Louis Piereck (1880 – 1931)

 

 

O fotógrafo Louis Jacques Piereck (1880- 1931) é o autor do retrato destacado no sexto artigo da série “Feministas, graças a Deus”, sobre Júlia Medeiros (1896 – 1972), publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de dezembro de 2020. De origem austríaca e nascido em Campinas, em 13 de outubro de 1880, ele atuou no Recife, entre fins do século XIX e nas primeiras décadas do XX. Pernambuco, a partir da década de 1850, com a chegada de vários fotógrafos estrangeiros e o estabelecimento de diversos ateliês fotográficos, tornou-se uma referência importante na história da fotografia no Brasil. Piereck foi contemporâneo do português Francisco du Bocage (1860 – 1919) e do pernambucano Manoel Tondella (1861 – 1921), dentre outros. Considerado talentoso, tinha muito prestígio na sociedade pernambucana e, em seu estabelecimento, a Photographia Piereck, eram produzidos “os mais perfeitos trabalhos“. Anunciava como sua especialidade “retratos, grupos de criança e o bello sexo“.

 

 

Muito provavelmente Louis aprendeu seu ofício de fotógrafo convivendo com profissionais em estabelecimentos fotográficos onde seu pai, o pintor acadêmico austríaco Ferdinand (Fernando) Piereck (1844 – 1925), trabalhou como, por exemplo, os ateliês de Henrique Rosén (1840 – 1892), em Campinas; Alberto Henschel (1827 – 1882), no Recife; e o de Carlos Hoenen (18? – ?), em São Paulo. Em 1870, Ferdinand esteve pela primeira vez no Brasil, onde todos os seus cinco filhos, que teve com a tcheca Elizabeth Taussig (1855 – 19?), nasceram: Wilhelmine Ernestine (Guilhermina Christiani) (1878 – 19?), Ferdinand Junior (1879 – ?), Louis (1880 – 1931), Babette (Elizabeth White) (1881 – 19?) e Laura Correia (1882 – 19?). Naturalizou-se brasileiro em 1896. A motivação de sua vinda para o Brasil é incerta. Teria vindo atraido pela natureza tropical? À procura de uma clientela desejosa de que sua prosperidade fosse retratada?

 

 

Em 1904, após uma estadia na Europa, Louis Piereck avisava a amigos, a antigos fregueses e ao público em geral que seu ateliê, a Photographia Piereck, no número 54 da rua dr. Rosa e Silva (1), antiga rua da Imperatriz, no Recife, tinha todos os requisitos necessários a fim de bem servi-los (Jornal Pequeno, 30 de abril de 1904, primeira coluna). Era o mesmo endereço onde havia se localizado o ateliê do fotógrafo Flosculo de Magalhães (18? – 19?).

Casou-se, no Recife, com Hermínia Bastos Tigre (? – 1949), em 31 de janeiro de 1907, e tiveram cinco filhos, Luiz (c. 1907 – 1923), Edgard (1909 – 1993), Carmelita (19? -19?) – que faleceu ainda criança de crupe em uma das viagens da família à Europa -, Helena (19? – 19?) e Hermínia (Baby) (1916 – 1987) (Jornal Pequeno, 31 de janeiro de 1907, quarta coluna).

Louis Piereck conquistou o Grande Prêmio na Exposição Nacional de 1908 e medalhas de ouro na Exposição Internacional de Bruxelas de 1910, na Exposição Internacional de Turim de 1911, na Exposição Internacional do Trabalho de Milão de 1915, e na Exposição Internacional do Centenário da Independência, no Rio de Janeiro, em 1922. Seu estabelecimento fotográfico era uma Casa honrada com a preferência da alta sociedade pernambucana, onde além de produzir e expor fotografias, Piereck vendia equipamentos fotográficos. Frequentemente ia à Europa, de onde trazia as “novidades da arte“.

“Essa conhecida casa, de que é proprietário o habilíssimo e competente artista sr. Luiz Piereck, acaba de ser dotada de importantes melhoramentos e novidades da arte, tonando-se desta sorte o principal estabelecimento do gênero desta capital”

Jornal Pequeno, 20 de fevereiro de 1913

 

A Photographia Piereck também foi palco de exposições de artistas plásticos como Vicente do Rego Monteiro (1899 – 1970), que se tornaria um pintor de renome internacional, e do chargista e caricaturista paraibano Fausto Silvério Monteiro, (? – 1935), o Fininho, pioneiro nas produções de materiais gráficos do cinema pernambucano (Diário de Pernambuco, 7 de janeiro de 1920, primeira colunaDiário de Pernambuco, 27 de agosto de 1922, quinta coluna).

 

 

Acessando o link para as fotografias de Louis Piereck disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Cerca de um ano antes de sua morte, Piereck foi o responsável pela última fotografia do então governador da Paraíba, João Pessoa  (1878 – 1930) que, no dia em que foi assassinado, 26 de julho de 1930, pelo jornalista João Dantas (1888 – 1930), no Recife, esteve na Photographia Piereck, onde tirou novas fotografias a fim de atender a pedidos que constantemente lhe eram feitos por jornalistas, amigos e parentes. O governador estava com o ex-deputado e futuro governador de Pernambuco, Agamenon Magalhães (1893 – 1952), e com o jornalista Caio Lima Cavalcanti (1898 – 1975). Piereck era grande admirador de Pessoa e, segundo noticiado no Correio da Manhã, o encontro dos dois se deu com grande emoção. O assassinato é considerado um dos estopins da Revolução de 30.

 

 

Link para o Hino a João Pessoa (o político), composto por Eduardo Souto e Oswaldo Santiago, cantado por Francisco Alves

O assassino de João Pessoa, João Dantas, e o engenheiro Augusto Caldas, seu cunhado, foram presos na Casa de Detenção do Recife, onde foram encontrados mortos em 6 de outubro (Diário de Pernambuco, 7 de outubro de 1930, primeira coluna). O motivo oficial das morte foi suicídio mas, anos depois, a descoberta de registros fotográficos produzidos por Piereck contribuíram para desacreditar essa versão.

Assim como Júlia de Medeiros, Louis Piereck teve um fim de vida trágico: suicidou-se, em 1931, ingerindo uma alta dose de oxianureto de mercúrio. Ele era viciado em jogo e havia perdido seu patrimônio em corridas de cavalo.

Além da fotografia de Júlia, que pertence ao acervo do Arquivo Nacional, a Brasiliana Fotográfica disponibiliza 12 imagens produzidas por Piereck que pertencem ao acervo da Fundação Joaquim Nabuco. Ambas são instituições parceiras do portal.

 

 assinatura

 

Cronologia de Louis Piereck (1880 – 1931)

 

O fotógrafo Louis Piereck / Blog de Fernando Machado

O fotógrafo Louis Piereck / Acervo da família Piereck

 

1844 – Em Viena, na Áustria, nascimento do pintor Ferdinand (Fernando) Piereck (1844 – 1925), pai de Louis, em 10 de setembro.

1870 – Em 15 de outubro, Ferdinand chegou ao Rio de Janeiro, a bordo do paquete francês Amazone (Jornal do Commercio, 16 de outubro de 1870, sexta coluna).

1875 - Em Viena, em 13 de março, casamento de Ferdinand com Elizabeth Taussig (05/11/1855 – ?), nascida em Praga, de origem judaica. Os dois primeiros filhos do casal, Wilhelmine Ernestine (Guilhermina Christiani) (1878 – 19?) e Ferdinand Junior (1879 – ?), nasceram em Pernambuco. O fotógrafo Louis (1880 – 1931), Babette (Elizabeth White) (1881 – 19?) e Laura Correia (1882 – 19?), em São Paulo.

 

Louis Piereck. Ferdiand e Elizabeth Piereck com três filhos de Louis Piereck: Louis, Edgard e Hermínia (Baby), c. 19?

Ferdinand e Elizabeth Piereck e três de seu netos: Louis, Edgard e Hermínia (Baby), fotografados por Louis Piereck em torno de 1920/ Acervo da família Piereck

 

1876 – Ferdinand partiu do Rio de Janeiro para Pernambuco (O Globo, 1º de janeiro de 1876, quinta coluna). Foi contratado para trabalhar na Photographia Allemã de  Alberto Henschel (1827 – 1882) no Recife (Jornal do Recife, 14 de janeiro de 1876).

1877 – Ferdinand  foi contratado para ser o responsável pela pela policromia das fotopinturas a óleo e aquarela da Photographia Allemã, de Carlos Hoenen (18?-?), inaugurada em 1º de setembro de 1875, na rua do Carmo, 74, em São Paulo (Correio Paulistano, 31 de agosto de 1875, última coluna; Correio Paulistano, 23 de novembro de 1877).

1878 – Ferdinand ainda trabalhava no estabelecimento de Hoenen (Correio Paulistano, 30 de julho de 1878) e foi, muito provavelmente, o autor da pintura do teto de um dos cômodos do Grande Hotel, da Rua São Bento (Revista do IPHAN, nº 10, 1946), de propriedade de dois comerciantes: o teuto-suíço Frederico Glette (? – 1886) e o alsaciano Victor Nothmann (? – 1905).

 

 

Foi também o autor de uma pintura de tema religioso realizada para a Igreja da Penha (A Província de São Paulo, 28 de julho de 1878).

Transferiu-se para Campinas, onde trabalhou no ateliê Photographia Campinense, do sueco Henrique Rosén (1840 – 1892), na época o mais importante fotógrafo do interior paulista, que, posteriormente, em janeiro de 1890, foi nomeado cônsul do Brasil da Suécia e da Noruega (Relatório do Ministério das Relações Exteriores, 1891; Jornal do Brasil, 12 de junho de 1891, primeira coluna). A expansão cafeeira no oeste paulista fez com que vários fazendeiros alojassem em suas casas artistas que retratavam suas famílias. Ferdinand pintou diversos barões do café e, neste ano, pintou o retrato de dom Pedro II, que está no casarão da Fazenda  Pinhal, em São Carlos, São Paulo.

 

 

Sua primeira filha, Wilhelmine (Guilhermina) (1878 -?), nasceu em Pernambuco.

1879 – Nascimento do segundo filho do casal Ferdinand e Elizabeth, Ferdinand Junior, em Pernambuco.

1880 – Nascimento de Louis Piereck, em 13 de outubro, em Campinas (Jornal Pequeno, 13 de outubro de 1919, terceira coluna; Jornal do Recife, 13 de outubro de 1923, primeira coluna; Diário de Pernambuco, 14 de outubro de  1930, sexta coluna). Algumas fontes informam o ano de nascimento 1878, e, por vezes, indicam como local de seu nascimento a Áustria ou a Suíça, mas documentação enviada da Áustria para familiares do fotógrafo apontam 1880 e Campinas como o ano e o local corretos do nascimento do fotógrafo.

1881 – 1882 – Em São Paulo, nascimento dos últimos filhos do casal Ferdinand e Elizabeth: Elizabeth (Babette) (1881 – 19?) e Laura (1882 – 19?) .

1886 - Ferdinand Piereck, que havia voltado de Viena, foi contratado pela Photographia Allemã, de Albert Henschel (1827 – 1882), localizada na rua do Barão da Vitória, nº 52, no Recife. O gerente do estabelecimento era o também austríaco Constantino Barza (Jornal do Recife, 3 de março de 1886).

 

 

1887 – Segundo passaporte emitido na Áustria, em 16 de abril de 1887, para Ferdinand (Fernando) Piereck, com validade de três anos, ele estava em Viena, e viria ainda naquele ano para o Brasil. Aqui, após ter visitado as principais galerias durante sua viagem, voltou a trabalhar na Photographia Allemã, ficando encarregado dos retratos a óleo (Jornal do Recife, 26 de maio de 1887, quarta coluna).

1892 – De acordo com propaganda veiculada em 1910, a fundação do ateliê fotográfico de Louis Piereck teria ocorrido neste ano (Jornal Pequeno, 14 de novembro de 1910). Em janeiro de 1892, foi inaugurada a Photographia Brazil, de Flosculo de Magalhães (18? – 19?),  na rua da Imperatriz 54 A (que em 1895 passou a chamar-se rua dr. Rosa e Silva), primeiro estabelecimento do gênero no bairro da Boavista (Jornal do Recife, 6 de janeiro de 1892, terceira coluna). Em 1901, 1902 e 1903 continuava a funcionar no mesmo endereço. Flosculo mudou-se, em 1904, com a família para o Rio de Janeiro (A Província, 6 de novembro de 1901, quinta colunaA Província, 21 de janeiro de 1902, penúltima colunaA Província, 30 de janeiro de 1904, segunda colunaA Província, 1º de setembro de 1904, segunda coluna). É o mesmo endereço que, a partir de 1904, foi anunciado como o da Photographia Piereck (Jornal Pequeno, 30 de abril de 1904, primeira coluna). Teriam os fotógrafos trabalhado juntos ou Piereck teria sucedido Flosculo no mesmo endereço?

1895 – Louis enviou um cartão de felicitações a sra. H. Barza. Seria uma parente de Constantino Barza (18? – ?), que havia sido o gerente da Photographia Allemã, de Henschel (1827 – 1882)? (Jornal do Recife, 1º de novembro de 1895, terceira coluna.

1896 - Seu pai, Ferdinand (Fernando) Piereck, naturalizou-se brasileiro, em 22 de maio de 1896 (Gazeta de Notícias, 25 de maio de 1896, quinta coluna).

1899 - Fazia parte de um Club de Photographia que distribuiu prêmios durante o ano de 1899 e 1900. O primeiro sorteio premiou o sócio Tito Rosas e o segundo, Alfredo Garcia (Jornal Pequeno, 2 de janeiro de 1899, terceira coluna).

Morava no Entroncamento nº 37 (Jornal do Recife, 30 de julho de 1899, sexta coluna).

1900 - Possuía um estabelecimento fotográfico, em Campina Grande, na Paraíba.

1904 – Seu estabelecimento fotográfico, a Photographia Piereck, ficava no número 54 A  da rua dr. Rosa e Silva (1), antiga rua da Imperatriz, no Recife, mesmo endereço onde havia se localizado anteriormente o ateliê do fotógrafo Flosculo de Magalhães (18? – 19?). Foi anunciado que Piereck havia chegado há pouco da Europa onde havia se dedicado com esmero à arte fotográfica. Avisava a amigos, a antigos fregueses e ao público em geral que seu ateliê tinha todos os requisitos necessários a fim de bem servi-los (Jornal Pequeno, 30 de abril de 1904, primeira coluna).

 

 

Na mesma rua dr. Rosa e Silva, no número 39, ficava a Modern Photograph, de Manoel Ribeiro Filho (18? – 19?) (Diário de Pernambuco, 20 de fevereiro de 1904, terceira coluna).

Piereck retratou a atriz e cantora Vittorina Cesana (1896? – 19?) caracterizada para o papel de militar da opereta Os 28 dias de Clarinha. Durante a apresentação da peça, no Teatro Santa Izabel, no Recife, esta fotografia foi distribuida aos espectadores (Jornal Pequeno, 21 de julho de 1904, terceira colunaDiário de Pernambuco, 23 de julho de 1904, penúltima coluna).

Na Photographia Piereck e na Maison Chic estavam sendo vendidos exemplares de A Linguagem dos selos pelo cartão postal ou o dicionário do amor pelo correio (Jornal Pequeno, 12 de outubro de 1904).

 

 

Seu pai, o pintor acadêmico Ferdinand (Fernando) Piereck, trabalhava na Photographia Piereck (Jornal Pequeno, 20 de outubro de 1904, quarta coluna).

1905 - Foi anunciada uma grande exposição artística na Photographia Piereck (A Província, 8 de abril de 1905).

Houve uma liquidaçao de cartões-postais em seu estabelecimento (Jornal Pequeno, 14 de junho de 1905, segunda coluna).

1906 – Estavam em exposição na Photographia Piereck o retrato de todos os presidentes da Câmara de Deputados Estaduais de Pernambuco desde a proclamação da República: José Maria, Moreira Alves, José Marcelino, Elpidio Figueireido, Mota Silveira e João Coimbra (Jornal do Recife, 20 de fevereiro de 1906, sétima coluna).

Anunciava seu estabelecimento fotográfico como uma Casa honrada com a preferência da alta sociedade pernambucana (Jornal do Recife, 23 de fevereiro de 1906, oitava coluna).

Anúncio da contratação do casamento com Hermínia Bastos Tigre, irmã do poeta, bibliotecário, publicitário e jornalista Manuel Bastos Tigre (1882 – 1957), filha do negociante Delfino Tigre (18? – 1932) e de Maria Leontina Bastos Tigre (18? – 1926) e publicação das proclamas (Diário de Pernambuco, 5 de outubro de 1906, penúltima coluna; e Jornal do Recife, 25 de dezembro de 1906, quarta coluna). Uma curiosidade: o cunhado de Piereck, Manuel Bastos Tigre, foi o responsável pelo slogan da Bayer que se tornou famoso em todo o mundo: “Se é Bayer é bom“. É também o autor da letra da música Chopp em Garrafa, com música de Ary Barroso (1903 – 1964), que foi interpretada por Orlando Silva (1915 – 1978). Foi inspirada no produto que a Brahma passou a engarrafar. Sucesso do carnaval de 1934, é considerado o primeiro jingle publicitário do Brasil. Foi também o autor do livro Meu Bebê: livro das mamães para anotações sobre o bebê desde seu nascimento. O Dia do Bibliotecário, 12 de março, dia de seu nascimento, foi instituído, em 1980, em sua homenagem.

1907 – Louis Piereck produziu as fotografias da turma de bacharéis de 1906 (Jornal Pequeno, 5 de janeiro de 1907, primeira coluna).

 

 

 

Casou-se, no Recife, com Hermínia Bastos Tigre (? – 1949), em 31 de janeiro de 1907, e tiveram cinco filhos, Luiz (c. 1907 – 1923), Edgard (1909 – 1993), Carmelita (19? -19?) – que faleceu ainda criança de crupe em uma das viagens da família à Europa -, Helena (19? – 19?) e Hermínia (Baby) (1916 – 1987) (Jornal Pequeno, 31 de janeiro de 1907, quarta coluna).

 

família piereck 2

Da esquerda para a direita: Louis (filho primogênito do fotógrafo), Hermínia, sua mulher; Edgard (seu filho), o fotógrafo Louis Piereck, duas irmãs de Hermína e a mãe de Hermínia, Maria Leontina Bastos Tigre, em um navio indo para a Europa, década de 10 / Acervo da família Piereck

 

Anunciava utilizar na Photografia Piereck o processo Van Bosch, garantido para os climas tropicais (Jornal Pequeno, 24 de maio de 1907).

 

 

Anunciou a Alta Novidade Photo-Pintura-Esmaltada como exclusividade da Photographia Piereck (Jornal Pequeno, 9 de dezembro de 1907). Com esta técnica foram realizados os retratos do desembargador Sigismundo Gonçalves (1845 – 1915) e do senador Rosa e Silva (1847 – 1929), expostos no depósito da Fábrica Lafayette (Jornal Pequeno, 13 de dezembro de 1907, primeira coluna).

1908 – A Photographia Piereck ficou incumbida pelo retrato do príncipe Luiz Felipe de Portugal (1887 – 1908), assassinado em 1º de fevereiro de 1908, que seria colocado na galeria do Real Hospital Português de Pernambuco (Jornal do Recife, 22 de fevereiro de 1908, oitava coluna).

Exposição na Fábrica Lafayette, na rua 1º de Março, do retrato em photo-pintura-esmaltada do coronel Cornélio Padilha (18? – 19?), realizado pela Photographia Piereck. O retrato seria dado ao coronel por amigos na ocasião de sua chegada da Europa (Jornal do Recife, 16 de setembro de 1908, última coluna).

A Photographia Piereck conquistou o Grande Prêmio na Exposição Nacional de 1908 (Diário de Pernambuco, 10 de dezembro de 1908, primeira colunaGutemberg, 31 de dezembro de 1908Jornal Pequeno, 3 de junho de 1909, última coluna).

 

 

1909 – Foi publicada uma lista de personalidades fotografadas pelo sistema “Esmalte Piereck” (Jornal Pequeno, 3 de junho de 1909).

 

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Exposição de um retrato do ex-presidente Afonso Pena (1847 – 1909) na Photographia Piereck (Diário de Pernambuco, 24 de junho de 1909, penúltima coluna).

Louis Piereck embarcou, em 10 de outubro, para a Europa, a bordo do Aragon, e anunciou que seu ateliê fotográfico continuaria funcionando. Retornou em 9 de dezembro de 1909 (A Província, 10 de outubro de 1909, terceira colunaJornal do Recife, 24 de outubro de 1909, terceira colunaA Província, 10 de dezembro de 1909, quinta coluna).

1910 – Na Fábrica Lafayette, exposição de retratos produzidos por Piereck, feitos por um novo e belíssimo processo, o mais moderno da arte fotográfica, imitação de fina gravura em relevo (A Província, 14 de janeiro de 1910, última coluna).

Venda de quadros e molduras a varejo e no atacado na Photographia Piereck (A Província, 30 de maio de 1910, quinta coluna).

A Photographia Piereck conquistou a Medalha de Ouro na Exposição Internacional de Bruxelas, realizada entre 23 de abril e 1º de novembro de 1910 (Diário de Pernambuco, 1º de novembro de 1910, última coluna). Também participaram da exposição os pintores brasileiros Lucilio de Albuquerque (1877 – 1939) e Antônio Parreiras (1860 – 1937). O encarregado pelos concertos de música brasileira no evento foi o maestro cearense Alberto Nepomuceno (1864 – 1920), então diretor do Instituto Nacional de Música. O pavilhão brasileiro foi projetado pelo arquiteto belga Franz van Ophen (18? – 19?).

 

 

Em 15 de novembro de 1910, foi inaugurada a instalação elétrica da Photographia Piereck (Jornal Pequeno, 14 de novembro de 1910).

 

 

O quadro das novas professoras formadas no Colégio Prytaneu foi confeccionado e exposto na Photographia Piereck (A Província, 28 de novembro de 1910, segunda coluna).

1911 A Photographia Piereck ganhou a Medalha de Ouro na Exposição de Turim, realizada entre 29 de abril e 19 de novembro de 1911 (Almanach de Pernambuco, 1912).

 

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Medalha de Ouro da Exposição de Turim / Acervo da família Piereck

 

Nessa mesma exposição, o fotógrafo amador alagoano Luis Lavènere Wanderley (1868 – 1966) também foi premiado com uma Medalha de Ouro exibindo fotografias sobre madeira, sobre porcelana e quadros de gênero  (Leituras para todos, janeiro de 1912).

 

 

O fotógrafo austríaco radicado no Brasil Otto Rudolf Quaas (c. 1862 – c. 1930) recebeu a Medalha de Prata. Segundo artigo de Boris Kossoy, publicado no O Estado de São Paulo, de 4 de março de 1973,  o fotógrafo Valério Vieira (1862 – 1941) participou da Exposição Universal de Turim, durante a qual foi agraciado com a comenda de Cavaleiro da Coroa, concedida pelo rei da Itália, por sua defesa da causa da imigração italiana para o fotógrafo Valério Vieira (1862 – 1941).

 

 

Em uma exposição do quadro de bacharéis em Ciências Jurídicas e Sociais da Faculdade de Direito na Photographia Piereck, a iluminação do ateliê foi descrita e referida como responsável por um surpreendente efeito luminoso. O evento, muito concorrido, contou com a apresentação da banda do 49º Batalhão de Caçadores (A Província, 6 de dezembro de 1911, quarta coluna).

1912 –  Exposição de um retrato de Eudoro Correia (1869 – 1961), prefeito do Recife, na Photographia Piereck. O retrato seria ofertado ao prefeito pelos carvoeiros da casa Cory Brothers (Jornal do Recife, 19 de abril de 1912).

Mais uma vez, o quadro de retratos das novas professoras formadas no Colégio Prytaneu foi confeccionado e exposto na Photographia Piereck (Jornal Pequeno, 16 de maio de 1912, quarta coluna).

A Photographia Piereck também confeccionava elegantes e custosas molduras (Jornal Pequeno, 20 de junho de 1912, última coluna).

Em julho, Louis Piereck foi passar uma temporada na Europa e deixou na direção de seu estabelecimento seu antigo auxiliar J. de Oliveira Lopes. Seu amigo Delfino da Silva Tigre cuidaria de seus assuntos particulares e comerciais (Jornal do Recife, 18 de julho de 1912, terceira coluna).

1913 – A bordo do Araguaya, Louis Piereck retornou de uma viagem à Europa quando visitou vários estabelecimentos fotográficos, especialmente em Viena e em Berlim. Comprou a patente para o processo fotográfico esmalte ouro para a América do Sul. Além disso, adquiriu uma utilíssima e magnífica máquina para operação em atelier, tipo 1912, a mais aperfeiçoada invenção e dotada de uma fina objetiva do importante cabricante Carl Zeiss…esse aparelho é o único que consegue apanhar clichês representando a maior naturalidade e nitidez, visto como o fotografado não vê diante de si a câmara, mas um grande espelho, onde se reflete a sua imagem, podendo desta natureza o artista, no momento crítico, apanhar uma fisionomia com a expressçao mais viva e natural. No interior da máquina  existe um aparelho instantâneo automático, de maneira que a pessoa que está sendo fotografada, por mais nervosa que seja, não pode modificar a expressão do rosto, evitando assim as tão frequentes reclamações de que “o trabalho não está bom a cópia não foi fiel”. Trouxe também fundos e decorações, uma coleção de animais para fotos com crianças, um projetor automático e elétrico, o maior do gênero em Pernambuco, que permitia apanhar no dia mais escuro qualquer clichê e um graduador automático de regulamentação de luz nas provas. Finalmente, comprou também uma rica e elegante cartonagem para a produção de um belíssimo efeito no acabamento dos retratos (Jornal do Recife, 1º de fevereiro de 1913, penúltima colunaJornal Pequeno, 20 de fevereiro de 1913, segunda coluna; e A Província, 25 de fevereiro de 1913, quarta coluna).

 

 

“Essa conhecida casa, de que é proprietário o habilíssimo e competente artista sr. Luiz Piereck, acaba de ser dotada de importantes melhoramentos e novidades da arte, tonando-se desta sorte o principal estabelecimento do gênero desta capital”.

Louis Piereck anunciou que havia reassumido a direção técnica de seu estabelecimento e a nova máquina fotográfica adquirida na Europa foi exposta na Photographia Piereck (Jornal Pequeno, 26 de fevereiro de 1913, terceira colunaJornal Pequeno, 1º de março de 1913, primeira coluna).

Anunciou possuir os aparatos mais modernos e necessários para transformar seu ateliê em um interior de igreja para os atos de 1ª Comunhão, casamentos e batizados (Jornal Pequeno, 7 de abril de 1913, primeira coluna).

 

A Photographia Piereck inaugurou seu serviço fotográfico noturno sem o processo do magnésio (Jornal Pequeno, 13 de junho de 1913, penúltima coluna).

 

 

A Photographia Piereck foi contratada para realizar o quadro dos formandos da Escola de Farmácia (A Província, 24 de julho de 1913, terceira coluna).

Em 14 de novembro, no Teatro Santa Izabel, no Recife, foi entregue a Medalha de Ouro conquistada por Louis Piereco, na Exposição Internacional de Turim, em 1911 (Jornal Pequeno, 15 de novembro de 1913, terceira coluna).

 

 

Foi noticiado que Louis Piereck embarcaria para a Europa com a família. Teria aceito a incumbência de realizar para o Jornal Pequeno reportagens fotográficas nas principais cidades que visitasse (Jornal Pequeno, 29 de novembro de 1913, segunda colunaJornal do Recife, 18 de abril de 1915, segunda coluna).

Na Photographia Piereck, exposição de um quadro com retratos da tripulação vencedora, do Club Náutico, do páreo de honra da última regata (Jornal Pequeno, 13 de dezembro de 1913, última coluna).

1914 – Exposição do quadro das professoras da Escola Normal Pinto Junior, confeccionado no ateliê fotográfico de Piereck que foi decorado, para o evento, em estilo japonês. Na ocasião, houve a apresentação de uma banda militar (A Província, 21 de novembro de 1914, última colunaJornal do Recife, 24 de novembro de 1914, última coluna).

1915 – Ganhou o Grande Prêmio de Honra e uma Medalha de Ouro na Exposição Internacional do Trabalho em Milão.

 

Grande Prêmio de Honra, em Milão, 1915 / Arquivo da família Piereck

Grande Prêmio de Honra, Milão, 1915 / Acervo da família Piereck

 

Após uma longa viagem pela Europa, iniciada em fins de 1913, quando esteve em Viena, Paris e Berlim, Louis Piereck e sua família voltaram para o Recife, a bordo do transatlântico Avon. Trouxe para seu ateliê recentes descobertas fotográficas, dentre elas o processo de Pigment ou carvon verdadeiro, em que se notam nas provas 20 e tantas cores diferentes. Adquiriu também aparelhos para a execução de trabalhos esmaltados em moldura de diversos formatos – ovais, medalhões, redondos, quadrados, dentre outros – , e máquinas fotográficas para a realização de instantâneos de toda natureza … podendo apanhar as imagens com a rapidez de 2500 de segundo (Jornal do Recife, 18 de abril de 1915, segunda coluna; A Província, 23 de abril de 1915, segunda coluna; A Província, 27 de abril de 1915, quinta colunaJornal Pequeno, 28 de maio de 1915, penúltima coluna). Reassumiu seu estabelecimento fotográfico em 1º de junho (A Província, 27 de maio de 1915, segunda coluna).

Era o único depositário para todo o Brasil do medicamento Expulsin, fabricado em Berlim para o combate à gota, reumatismo e artrite (A Província, 27 de junho de 1915, primeira coluna; A Província, 17 de março de 1917, última coluna).

O inspetor de higiente, dr. Gouveia de Barros, foi retratado na Photographia Piereck (Jornal Pequeno, 4 de agosto de 1915, última coluna).

Inauguração de diversos e importantes melhoramentos na Photographia Piereck, dentre eles o aumento da iluminação elétrica. Havia no ateliê um espaçoso laboratório para lavagem, revelação e fixagem de chapas, uma prensa automática e elétrica para a impressão de provas e também um aparelho para o serviço de ampliação. Havia também a seção de colagem, cortagem de cartão e abertura de firma da casa e outros distintivos, além da sala de fotografia e da seção de molduras. Nesta ocasião, trabalhavam no ateliê os artistas Gustavo Fischer e o alemão Phil Schafer, que havia trabalhado no ateliê Hubart & Cia, no Rio de Janeiro (Jornal Pequeno, 29 de dezembro de 1915, última coluna).

1916 - Piereck esteve por cerca de três meses na Europa e reassumiu a direção artística de seu ateliê, em 30 de junho de 1916. Trouxe para seu estabelecimento um aparelho para fotografias noturnas usado nas grandes casas da Europa. Adquiriu também uma belíssima cartonagem, o que havia de mais chic e novo no gênero (Jornal Pequeno, 1º de julho de 1916, última coluna).

Viajou a passeio para o Rio de Janeiro (Jornal Pequeno, 22 de agosto de 1916, última coluna).

1917 - Em um aviso publicado no jornal A Província, Piereck denunciou fotógrafos que, usando de má fé, apresentavam-se como seus representante (A Província, 3 de abril de 1917, última coluna).

 

 

Devido à manifestações contra a Alemanha ocorridas no Recife, Piereck procurou a redação do Jornal do Recife e declarou, mostrando documentos, ser brasileiro (Jornal do Recife, 12 de abril de 1917, primeira coluna).

A Photograhia Piereck foi escolhida para realizar o quadro de retratos dos bacharelandos de Direito de 1917 (Jornal Pequeno, 26 de maio de 1917, última coluna).

Anúncio da instalação, na Photographia Piereck, de uma importante e bem montada oficina para o fabrico de molduras, a cargo de competentes artistas (Jornal Pequeno, 26 de julho de 1917).

No quarto e mais importante páreo da regata promovida pelo Club Sportivo Almirante Barroso, foi disputado pela primeira vez o rico e elegante brinde “Photo Piereck”, oferecido pela conceituada Photographia Piereck  (Jornal Pequeno, 4 de agosto de 1917, quinta coluna).

 

medalhão

 

Foi noticiado que Gustavo Fischer havia deixado de ser o auxiliar de Louis Piereck, por sua livre e espontânea vontade. Ele passou a gerenciar a Photographia Chic (Diário de Pernambuco, 23 de outubro de 1917, primeira colunaJornal Pequeno, 24 de outubro de 1917, última coluna).

1918 - Mais uma vez, a Photographia Piereck foi a responsável pela realização do quadro de bacharéis da Faculdade de Direito (A Província, 7 de fevereiro de 1918, segunda coluna).

 

 

Exposição de diversos retratos na Photographia Piereck (Jornal Pequeno, 2 de agosto de 1918, terceira coluna).

1919 – As capas da revista Vida Moderna passaram a trazer fotografias cedidas pela Photographia Piereck (Vida Moderna (PE), 5 de julho de 1919).

 

 

Inauguração na Photographia Piereck do quadro dos engenheiros formados em 1919 na Escola Livre de Engenharia. O passe-partout havia sido confeccionado pelo artista Moser (Jornal do Recife, 16 de agosto de 1919, penúltima coluna).

Realização de um magnífico trabalho na Photographia Piereck. Quadro do corpo médico e da junta administrativa de 1948, do Hospital Português (Jornal Pequeno, 20 de agosto de 1919, segunda coluna).

Foi anunciada a venda, na Photographia Piereck, de novas tintas para artistas pintores (Jornal Pequeno, 7 de outubro de 1919, primeira coluna).

A Photographia Piereck foi, de novo, a responsável pela realização do quadro de bacharéis da Faculdade de Direito (A Província, 10 de dezembro de 1919, penúltima coluna).

Na Photographia Piereck, inauguração do quadro de retratos dos professores da Escola Normal: Julio Pires Ferreira, França Pereira, Arthur Cavalcanti e José Ferreira Muniz (A Província, 13 de dezembro de 1919, quarta coluna).

1920 – O pintor Vicente do Rego Monteiro (1899 – 1970) fez uma exposição de ilustrações e aquarelas na Photographia Piereck (Diário de Pernambuco, 7 de janeiro de 1920, primeira coluna). Rego Monteiro trouxe para o Recife, em 1930, uma exposição de artistas da Escola de Paris, que foi a primeira mostra internacional de arte moderna realizada no Brasil, com artistas ligados às grandes inovações nas artes plásticas, como o cubismo e o surrealismo. Foram expostas, dentre outras, obras de Fernand Léger (1881 – 1955), Georges Braque (1882 – 1963), Joan Miró (1893 – 1983) e Pablo Picasso (1881 – 1973), além de trabalhos dele.

 

 

Estavam à venda na Photographia Piereck, as chapas fotográficas de fabricação alemã que, devido à guerra e a consequente interrupção das exportações, passaram muito tempo em falta. Outros produtos fotográficos também eram vendidos no ateliê (A Província, 22 de julho de 1920, primeira colunaA Província, 20 de agosto de 1920, última coluna).

 

 

A Photographia Piereck foi escolhida para realizar o quadro de retratos dos formandos em odontologia (Jornal do Recife, 7 de agosto de 1920, quinta coluna).

Os retratos do presidente do Brasil, Epitácio Pessoa (1865 – 1942), e do governador de Pernambuco, José Rufino Bezerra Cavalcanti (1865 – 1922), realizados pela Photographia Piereck, foram expostos durante a realização da comemoração do primeiro ano de governo de Bezerra CAvalcanti (A Província, 18 de dezembro de 1920, quarta coluna).

1921 – A Photographia Piereck realizou o quadro de retratos dos formandos da Faculdade de Direito e dos farmacêuticos (Jornal do Recife, 13 de janeiro de 1921, sexta colunaA Província, 3 de dezembro de 1921, segunda coluna).

Piereck Irmãos vendiam carros (Diário de Pernambuco, 20 de janeiro de 1921).

A Photographia Piereck recebeu da Alemanha cartonagem para retratos de formatos visita e álbum em cores sortidas com os seus respectivos envelopes transparentes (A Província, 30 de janeiro de 1921, quarta coluna).

Exposição de diversos retratos na Photographia Piereck, uma das melhores de nosso país (A Província, 11 de fevereiro de 1921, primeira coluna).

Louis Piereck reassumiu, em 15 de setembro, a direção de seu estabelecimento (A Província, 20 de setembro de 1921, última coluna).

Phil Schafer, gerente da Photographia Piereck, anunciou que havia se desligado do estabelecimento e oferecia seus serviços profissionais de ampliação, sua especialidade, assim como outros ligados à fotografia. Posteriormente abriu um estabelecimento fotográfico na rua da Imperatriz, 285, bem perto da Photographia Piereck (Jornal Pequeno, 20 de setembro de 1921, última colunaAlmanak Laemert, 1927, última coluna).

O Club Sportivo Almirante Barroso conquistou algumas taças nas regatas realizadas na baciaa do Capiberibe, uma delas a Taça Photo Piereck (A Província, 20 de setembro de 1921, segunda coluna).

Houve um incêndio na Photographia Piereck devido a um curto-circuito na fiação elétrica (Jornal Pequeno, 6 de dezembro de 1921, quinta colunaA Província, 7 de dezembro de 1921, última coluna).

1922 – Foi premiado com a Medalha de Ouro na Exposição Internacional do Centenário da Independência, realizada no Rio de Janeiro (A Província, 11 de julho de 1924, primeira coluna).

A Photo Piereck anunciou a chegada de uma nova remessa de chapas alemães do afamado fabricante Schleussner. No mesmo anúncio aconselhava os fotógrafos e amadores: só usem chapas preparadas com emulsão tropical  (Diário de Pernambuco, 19 de janeiro de 1922, terceira coluna). No mesmo ano, foi anunciada a chegada de uma remessa da tinta Helios, especiais para a pintura de tecidos (Diário de Pernambuco, 14 de juho de 1922, terceira coluna).

A Photographia Piereck realizou o quadro de retratos das professoras formadas na Escola Normal de Pernambuco (Diário de Pernambuco, 2 de fevereiro de 1922, sexta coluna).

Nascimento de Fernando Carlos, filho de Elizabeth Piereck White, irmã de Louis, que era casada com Fernando White (Jornal Pequeno, 16 de fevereiro de 1922, quinta coluna).

Durante as exéquias celebradas, na basílica Nossa Senhora da Penha, em memória de José Rufino Bezerra Cavalcanti (1865 – 1922), foi exibido um retrato a óleo, realizado pela Photographia Piereck na época em que ele foi ministro da Agricultura, entre 1915 e 1917 (Diário de Pernambuco, 28 de abril de 1922, quarta coluna).

Após concorrer com o fotógrafo Fidanza – curiosamente, mesmo sobrenome do fotógrafo português Felipe Augusto Fidanza (c. 1847 – 1903) – , foi escolhido para realizar o quadro de retratos dos bacharéis da Faculdade de Direito (A Província, 12 de maio de 1922, quinta coluna).

Na Photographia Piereck, exposição do chargista e caricaturista paraibano Fausto Silvério Monteiro, (? – 1935), Fininho, pioneiro nas produções de materiais gráficos do cinema pernambucano. Pode ser considerado como um dos primeiros artistas gráficos a trabalhar para o cinema no Brasil (Diário de Pernambuco, 27 de agosto de 1922, quinta coluna).

 

 

A Photo Piereck anunciava-se como a única importadora em Pernambuco de produtos fotográficos.

 

 

Foi, de novo, o responsável pela realização do quadro de retrato de bacharéis da Faculdade de Direito (Diário de Pernambuco, 15 de dezembro de 1922, quinta coluna).

1923 - Ferdinand Piereck Junior noticiou que seu irmão, Louis Piereck, estava se retirando da firma Piereck Irmãos, que ficava na Praça da Independência 31 e que havia há pouco anunciado a venda de tintas e anilinas de Brauns (A Província, 24 de abril de 1923, segunda coluna).

Exposição na Photographa Piereck do retrato do senador Manoel Borba (1864 – 1928), que seria colocado na Prefeitura de Jaboatão (Jornal Pequeno, 9 de junho de 1923, primeira coluna).

Eram vendidas na Photographia Piereck máquinas fotográficas Kodack Goerz, além de outros produtos fotográficos da marca Gevaert (Jornal Pequeno, 16 de janeiro de 1923, última colunaJornal Pequeno, 10 de julho de 1923, segunda coluna).

 

 

O alemão Martin Schumann dirigia a seção de retratos a óleo, pastel, aquarelas e ampliações fotográficas da Photographia Piereck. Anteriormente, já havia dirigido uma academia em Dresden onde ensinava essas técnicas. Em homenagem à data da independência do Brasil, foi realizada uma exposição na Photo Piereck de quadros a óleo e trabalhos outros do gênero (Jornal Pequeno, 5 de setembro de 1923, quinta colunaA Província, 7 de setembro de 1923, quarta coluna).

 

 

Morte do primogênito de Louis e Hermínia Piereck, Luiz, que estudava no Colégio Synodal, em Santa Cruz, no Rio Grande do Sul (Jornal Pequeno, 30 de novembro de 1923, primeira coluna).

Publicação de propagandas das lentes Goerz, vendidas na Photographia Piereck (Diário de Pernambuco9  e 30 de dezembro de 1923).

 

 

“A memória nem sempre é fiel….É recem-casado?…De futuro a sua alegria será enorme” – de uma propaganda da Photo Piereck (Jornal Pequeno, 31 de dezembro de 1923, última coluna).

 

 

1924 - Mário Araújo Sobrino e Felipe Nery dos Santos trabalhavam como auxiliares na Photographia Piereck  (Diário de Pernambuco, 14 de fevereiro, segunda coluna; e Diário de Pernambuco, 27 de maio de 1924, terceira coluna).

Realizou o quadro de retratos dos bacharéis em ciências comerciais (A Província, 29 de março de 1924, quarta coluna).

Exposição, na Photographia Piereck, do quadro de retratos dos formandos da Escola de Engenharia de Pernambuco. O passe-partout foi de autoria do pintor H. Moser  (Diário de Pernambuco, 5 de abril de 1924, quarta coluna).

Na Photographia Piereck eram vendidos diversos equipamentos fotográficos (Jornal Pequeno, 21 de maio de 1924).

 

 

Exposição na vitrine da Photographia Piereck de um magnífico retrato busto em tamanho natural enfaixado em rica moldura do abastado comerciante e nosso particular amigo coronel Othon Mendes Bezerra de Mello (Jornal Pequeno, 2 de setembro de 1924, segunda coluna).

Ganhou uma Medalha de Ouro do Instituto Agrícola,  no Rio de Janeiro.

1925 – Inauguração, na Photographia Piereck, do quadro de retratos de bacharéis da Faculdade de Direito (Diário de Pernambuco, 12 de março de 1925, primeira coluna).

 

 

Publicação de fotografias de Piereck na Revista de Pernambuco (Revista de Pernambuco, março de 1925).

 

 

Anunciou a venda de vários produtos “Para photografia!” como prensa de copiar 13:18 9:12, bacias de porcelana e ágata, copas de graduar, balanças, vidros finos despolidos, rubi e calibres diversos. Vendia também papéis mate e brilhantes de diversos fabricantes, além de cartolinas (Diário de Pernambuco, 31 de maio de 1925, terceira colunaDiário de Pernambuco, 4 de julho de 1925, primeira coluna).

A Photographia Piereck foi responsável pelo quadro de retratos da primeira turma de médicos formados na Faculdade de Medicina do Recife (A Província, 6 de dezembro de 1925, terceira coluna).

Falecimento de seu pai, Ferdinand, em sua casa na estrada dos Aflitos, 192 (Jornal do Recife, 12 de dezembro de 1925, segunda coluna).

1926 – Falecimento da sogra de Piereck, Maria Leontina Bastos Tigre (Jornal Pequeno, 4 de janeiro de 1926)

A Photo Piereck anunciava uma grande novidade, o metallon, um papel fotográfico ideal para efeitos artísticos (Diário de Pernambuco, 28 de março de 1926).

 

 

O chargista  e caricaturista Fausto Silvério Monteiro (? – 1935), Fininho, trabalhava na Photographia Piereck, na rua da Imperatriz, 198  (Jornal do Recife, 10 de abril de 1926, quinta coluna).

A Photographia Piereck produziu o quadro de retrato das primeiras diplomadas em Comércio do Instituto Nossa Senhora do Carmo (Jornal do Recife, 20 de novembro de 1926, quarta coluna).

1927 – Foi o responsável pelo quadro de retratos da Turma do Centenário da Faculdade de Direito do Recife (Diário de Pernambuco, 21 de abril de 1927, sexta coluna).

Foi noticiada uma reforma na Seção de amadores da Photo Piereck (Jornal Pequeno, 18 de julho de 1927, última coluna).

1928 – Anunciou a chegada novas remessas de papel Leonar, chapas Eisenberger (Jornal Pequeno, 8 de março de 1928, última coluna).

A Photographia Piereck realizou a fotografia de dom Miguel de Lima Valverde (1872 – 1951), arcebispo de Olinda e Recife (Diário de Pernambuco, 22 de julho de 1928, quarta coluna).

Em um anúncio, convidava os fotógrafos amadores a ver a nova Vest pocket à venda na Photographia Piereck (Jornal Pequeno, 22 de novembro de 1928, segunda coluna)

1929 - Também eram vendidos na Photographia Piereck produtos da Kodak, da Agfa, da Hauff e de outros fabricantes (Jornal Pequeno, 2 de janeiro de 1929, segunda coluna).

Um retrato da Photographia Piereck era um dos prêmios oferecidos à vencedora do concurso de beleza que elegeu a Miss Pernambuco, Connie Brás da Cunha (Jornal Pequeno, 21 de março de 1929, quarta coluna).

A professora e feminista Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972) ofereceu à feminista e presidente da Federação Brasileira para o Progresso Feminino, Bertha Lutz (1894 – 1976), uma fotografia sua produzida por Louis Piereck, datada de 5 de maio de 1929.

 

 

1930 - No dia em que foi assassinado, 26 de julho de 1930, pelo jornalista João Dantas (1888 – 1930), no Recife, o então governador de Paraíba, João Pessoa (1878 – 1930), esteve na Photographia Piereck, onde tirou novas fotografias a fim de atender a pedidos que constantemente lhe eram feitos por jornalistas, amigos e parentes. O governador estava com Agamenon Magalhães (1893 – 1952), na época ex-deputado e futuro governador de Pernambuco; e com o jornalista Caio Lima Cavalcanti. Piereck era grande admirador de Pessoa e segundo o Correio da Manhã, o encontro dos dois se deu com grande emoção. Na ocasião, Piereck teria contado a Pessoa que tivera um pesadelo com a morte dele (Diário Carioca, 29 de julho de 1930, penúltima colunaCorreio da Manhã, 29 de julho de 1930, penúltima coluna). O assassinato é considerado um dos estopins da Revolução de 30.

 

 

Segundo o jornalista Domingos Meirelles em seu livro Órfãos da revolução, ao preparar os equipamentos, Piereck notou que João Pessoa continuava tenso, olhos baixos, expressão congelada, com tristeza na face. Produziu um segundo retrato, segundo o pesquisador Edival Varandas, ao se dar conta que as luvas no bolso do paletó do presidente estavam desalinhadas e, subitamente, solicitando que não se movesse, ajeitou as luvas, pediu que esboçasse um leve sorriso e tirou o outro retrato, que viria a ser o último de Pessoa (O Dia (PR)21 de novembro de 1931, quarta coluna).

O assassino de João Pessoa, João Dantas, e o engenheiro Augusto Caldas, seu cunhado, foram presos na Casa de Detenção do Recife, onde foram encontrados mortos em 6 de outubro (Diário de Pernambuco, 7 de outubro de 1930, primeira coluna). O motivo oficial das morte foi suicídio mas, anos depois, a descoberta de registros fotográficos produzidos por Piereck contribuiu para desacreditar essa versão:

 “João Dantas e seu cunhado Augusto Caldas estavam detidos, desde a morte de João Pessoa, na penitenciária em Recife, quando, na tarde de 6 de outubro, foram encontrados mortos. A notícia oficial apontou suicídio, e assim foi divulgado na imprensa. Somente após a morte do fotógrafo Piereck foi que uma nova versão para a morte foi trazida ao público – tratava-se de outras fotografias desconhecidas e que estavam guardadas no cofre do fotógrafo. Conta-se que Piereck, sabendo do que ocorrera, fotografou o local, mas foi obrigado a tirar novas fotos em que, num novo cenário fotografado, esconderia os sinais de luta e de assassinato. Essa versão se encontra no livro do irmão de Augusto Caldas, que foi recentemente publicado pela ONG “Parahyba Verdade”” e editado pela Gráfica e Editora Imprell  (Trecho da dissertação de mestrado Sacrifício, heroísmo e imortalidade: a arquitetura da construção da imagem do Presidente João Pessoa, de Genes Duarte Ribeiro – página 100).

Essas fotografias foram publicadas no livro de Joaquim Inojosa Andrade, A República de Princesa (José Pereira x João Pessoa, -1930) e reproduzidas no site princesapb.com.

 

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1931 – Piereck era viciado em jogo e havia perdido seu patrimônio em corridas de cavalo, motivo de seu suicídio, em 19 de novembro. Ingeriu uma alta dose de oxianureto de mercúrio em sua residência, na avenida Rosa e Silva, 192. Desesperada, sua mulher, Herminia Tigre Piereck, também tentou se matar ingerindo ácido arsênico.  O casal tinha, na época, dois filhos, Edgard e Herminia “Baby” Piereck. O primogênito, Luiz, havia falecido em 1923 (Diário de Pernambuco, 20 de novembro de 1931, penúltima colunaJornal Pequeno, 20 de novembro de 1931, quinta coluna; Diário de Pernambuco, 20 de novembro de 1931, sexta coluna).

“A dolorosa ocorrência repercutiu tristemente em nosso meio, onde o sr. Louis Piereck se tornara um homem popular, pela sua bondade, pelos seus dotes morais. E o seu gesto,não foi só uma desagradável surpresa para os que apenas o conheciam mas também para os que pertenciam a sua família que, de momento, não podiam atinar onde essa causa tão forte, que levava o chefe a praticar o ato de desespero que lhe roubara a vida. Entretanto, ao que se sabe, o sr.Louis Piereck, antes de objetivar a sua macabra resolução, teria escrito uma longa carta a seu filho de nome Edgard Piereck expondo-lhe com pormenores as causas que o levaram a procurar a morte de uma maneira tão violenta”.

Jornal Pequeno, 20 de novembro de 1931

 

Era diretor do Jockey Club e as corridas foram suspensas no domingo seguinte a seu falecimento. Estiveram presentes a seu enterro o interventor federal e figuras da maior represetação da alta sociedade pernambucana (Jornal Pequeno, 21 de novembro de 1931, primeira coluna).

1932 – Foi publicado um anúncio convocando todos os credores da Photographia Piereck a fim de se entenderem com Edgard Piereck, filho de Louis (Diário de Pernambuco, 5 e fevereiro de 1932).

O estabelecimento foi a leilão judicial, em abril de 1932.

 

 

1949 – A esposa de Louis Piereck, Hermínia, morava na rua República do Peru, 124, no Rio de Janeiro, com a filha, Herminia Baby. Tropeçou em um cachorro, caiu, foi hospitalizada e acabou falecendo (Diário de Pernambuco, 17 de setembro de 1949, última coluna).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

(1) De acordo com Lúcia Gaspar, da Fundaj, “curiosamente, a rua da Imperatriz Tereza Cristina mudou de nome três vezes. Em 1895, foi denominada Dr. Rosa e Silva. Passou para Floriano Peixoto. Finalmente, por meio da Lei nº 1.336, de 13 de março de 1923, voltou ao nome tradicional. De maneira espontânea, a população reduziu a sua denominação para Rua da Imperatriz, como é conhecida até hoje”. Por isso, apesar de entre 1904 e 1931 a Photographia Piereck ter existido no mesmo lugar, o endereço variou: rua dr. Rosa e Silva, 54; rua Floriano Peixoto, 54; rua Floriano Peixoto, 198; e rua da Imperatriz, 198.

 

Agradeço muitíssimo à família de Louis Piereck, especialmente à sua neta, Eliane Piereck, por inúmeras informações e pela cessão de registros do acervo pessoal da família.

Agradeço à bisneta de Louis Piereck, Chris Piereck, que contribuiu com novas informações, incorporadas ao artigo, em 30 de janeiro de 2023.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

 

Fontes:

ANDRADE, Joaquim Inojosa. República da Princesa (José Pereira x João Pessoa – 1930). Rio de janeiro/Brasília: Civilização Brasileira/INL-MEC, 1980.

Blog do Juan Esteves

BEZERRA, Dinarte Varela. 1930, a Paraíba e o inconsciente político da revolução: a narrativa como ato socialmente simbólico. 2009. 227 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Regional; Cultura e Representações) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2009.

CALDAS, Joaquim Moreira. Porque João Dantas assassinou João Pessoa: o delito do “Glória” e a tragédia da penitenciária do Recife em 1930. João Pessoa: Gráfica e Editora Imprell, 2008.

CAMPOS, Eudes. O antigo Beco da Lapa e o Grande Hotel. Informativo Arquivo Histórico Municipal, 4 (24): maio/jul. 2009

Google Arts and Culture

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

MEIRELLES, Domingos. Órfãos da revolução. Editora Record : Rio de Janeiro, 2006

RIBEIRO, Genes Duarte. Sacrifício, heroísmo e imortalidade: a arquitetura da construção da imagem do Presidente João Pessoa. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal da Paraíba, 2009.

Site CPDOC

Site Dezenovevinte.net

Site Enciclopédia Itaú Cultural

Site Imigração Histórica

Site Silvia Matos Ateliê de Criatividade

Site princesapb.com

Site Propagandas Históricas

TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Prefácio Pedro Karp Vasquez. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p., il. p&b. (Coleção Luz & Reflexão, 4). ISBN 85-85781-08-4.

VARANDAS, Edival Toscano. O último retrato do presidente João Pessoa.